Dª CATARINA DE BRAGANÇA
Texto: Português
Fonte: P.P.M. Braga
D.CATARINA DE BRAGANÇA
Princesa Portuguesa, filha do rei D.João IV, que foi rainha de
Inglaterra, por ter casado com o rei Carlos II. A cerimónia do casamento
realizou-se em Maio de 1662, e assim, começou a parte infeliz da vida de
Catarina de Bragança, uma princesa nascida e criada no seio de uma família com
cultura, educação e hábitos tradicionais portugueses que, por sua infelicidade,
foi desterrada para uma corte que, contrariamente ao que alguns escritores e
cineastas de pacotilha nos querem fazer crer, era rude e atrasada, em relação à
restante Europa.
Catarina, teve um papel importantíssimo na modernização da
Inglaterra e na alteração da filosofia de vida dos ingleses pelo que, embora
não suficientemente, ainda hoje é admirada e homenageada.
Provocou uma autêntica revolução na corte de Inglaterra, apesar de
ter sido sempre hostilizada por ser diferente mas nunca desistiu da sua maneira
de ser, nem consentiu que as damas portuguesas do seu séquito o fizessem.
Tinha uma personalidade tão forte que conseguiu que aqueles
(principalmente aquelas) que a criticavam, em breve, passassem a imitá-la.
E assim, se derem grandes alterações na corte inglesa:
O conhecimento da laranja :
Catarina adorava laranjas e nunca deixou de as comer graças aos
cestos delas que a mãe lhe enviava.
O costume do “CHÁ DAS 5” :
Costume que levou de casa e que continuou a seguir organizando
reuniões com amigas e inimigas. Este hábito generalizou-se de tal maneira que,
ainda hoje, há quem pense que o costume de tomar chá a meio da tarde é de
origem britânica.
A compota de laranja :
Que os ingleses chamam de “marmelade”, usando,
erradamente, o termo português marmelada, porque a marmelada portuguesa já
tinha sido introduzida na Inglaterra em 1495. Catarina guardava a compota de
laranjas normais para si e suas amigas e a de laranjas amargas para as inimigas,
principalmente, para as amantes do rei.
Ifluenciou o modo de vestir :
Introduziu a saia curta. Naquele tempo, saia curta era acima do
tornozelo e Catarina escandalizou a corte inglesa por mostrar os pés, o que era
considerado de mau-gosto e que não admira devido aos pés enormes das inglesas.
Como ela tinha pés pequeninos, isso arranjou-lhe mais inimigas.
Introduziu o hábito de vestir roupa masculina para montar.
O uso do garfo para comer :
Na Inglaterra, mesmo na corte, comiam com as mãos, embora o garfo
já fosse conhecido, mas só para trinchar ou servir. Catarina estava habituada a
usá-lo para comer e, em breve, todos faziam o mesmo.
Introdução da porcelana :
Estranhou comerem em pratos de ouro ou de prata e perguntou porque
não comiam em pratos de porcelana como se fazia, já há muitos anos, em Portugal. A partir de
aí, o uso de louça de porcelana generalizou-se.
Música :
Do séquito que levou de Portugal fazia parte uma orquestra de
músicos portugueses e foi por sua mão que se ouviu a primeira ópera em
Inglaterra.
Mobiliário :
Catarina também levou consigo alguns móveis, entre os quais
preciosos contadores indo-portugueses que nunca tinham sido vistos em
Inglaterra.
O nascimento do “Império Britânico” :
Como já se disse, o dote de Catarina foi grandioso pela quantia em
dinheiro mas, muito mais importante para o futuro, por incluir a cidade de
Tânger, no Norte de África e a ilha de Bombaim, na Índia.
Traindo os Tratados que tinham assumido e com a desculpa de que o
rei de Portugal era espanhol, os ingleses conseguiram, apesar do controle da
Marinha Portuguesa, navegar até à Índia onde criaram um entreposto em Guzarate.
Em 1670, depois de receber Bombaim dos portugueses, o rei Carlos
II autorizou a Companhia das Índias Orientais a adquirir territórios.
Nasceu, assim, o Império Britânico !
Hoje, há pouca gente que saiba a importância que a raínha Catarina
teve para os ingleses e o carinho que eles tiveram por ela. A sua popularidade
estendeu-se até à América, onde um dos cinco bairros de Nova Iorque (Queens)
foi batizado em sua homenagem.
Em 1998, a associação “Friends of Queen Catherina” fez
uma coleta de fundos para lhe erguer uma estátua; não o conseguiu, devido à
oposição de alguns movimentos cívicos que acusaram Catarina de ser uma das
promotoras da escravidão.
Mais uma vez, a ignorância venceu ! ...
Arnaldo Norton
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