quarta-feira, 28 de maio de 2014

S. TOMÁS DE AQUINO E A CONCEPÇÃO HILEMÓRFICA DO SER HUMANO

Gnosticismo
S. TOMÁS DE AQUINO E A CONCEPÇÃO HILEMÓRFICA DO SER HUMANO
Aqui tem revelada a filosofia e a concepção filosófica de S. Tomás de Aquino acerca do Homem.

Fonte: ATI - Sínodo de Portugal
Texto: Português








Sº Tomás de Aquino - Pensamento.

Partindo de um conceito aristotélico, Aquino desenvolveu uma concepção hilemórfica do ser humano, definindo o ser humano como uma unidade formada por dois elementos distintos: a matéria primeira (potencialidade) e a forma substancial (o princípio realizador). Esses dois princípios se unem na realidade do corpo e da alma no ser humano. Ninguém pode existir na ausência desses dois elementos.

A concepção hilemórfica é coerente com a crença segundo a qual Jesus Cristo, como salvador de toda a humanidade, é ao mesmo tempo plenamente humano e plenamente divino. Seu poder salvador está diretamente relacionado com a unidade, no homem ou na mulher, do corpo e da alma. Para Aquino, o conceito hilemórfico do homem implica a hominização posterior, que ele professava firmemente. Uma vez que corpo e alma se unem para formar um ser humano, não pode existir alma humana em corpo que ainda não é plenamente humano.16 O feto em desenvolvimento não tem a forma substancial da pessoa humana. Tomás de Aquino aceitou a ideia aristotélica de que primeiro o feto é dotado de uma alma vegetativa, depois, de uma alma animal, em seguida, quando o corpo já se desenvolveu, de uma alma racional. Cada uma dessas "almas" é integrada à alma que a sucede até que ocorra, enfim, a união definitiva alma-corpo.16 Conforme as próprias palavras de Aquino:

Em latim: "Anima igitur vegetabilis, quae primo inest, cum embryo vivit vita plantae, corrumpitur, et succedit anima perfectior, quae est nutritiva et sensitiva simul, et tunc embryo vivit vita animalis; hac autem corrupta, succedit anima rationalis ab extrinseco immissa (…) cum anima uniatur corpori ut forma, non unitur nisi corpori cuius est proprie actus. Est autem anima actus corporis organici".16

Em português: "A alma vegetativa, que vem primeiro, quando o embrião vive como uma planta, corrompe-se e é sucedida por uma alma mais perfeita, que é ao mesmo tempo nutritiva e sensitiva, quando o embrião vive uma vida animal; quando ela se corrompe, é sucedida pela alma racional induzida do exterior (…) Já que a alma se une ao corpo como sua forma, ela não se une a um corpo que não seja aquele do qual ela é propriamente o ato. A alma é agora o ato de um corpo orgânico".

Não obstante a sua crença na animação tardia e infusão da alma, Tomás de Aquino também ensinava que a prática do aborto era errada já desde o momento da concepção. Ele acreditava que esta prática seria pecado mortal pela manifestação de uma vontade homicida, mesmo que, como ele pensava, o homicídio não fosse realmente cometido nos primeiros estágios da gravidez.

Mas por que Tomás de Aquino acreditava que a infusão da alma ocorria só algum tempo após a concepção? Porque ele aceitava a ciência de seus dias, que ensinava a teoria da geração espontânea da vida (a ideia de que a vida brota espontaneamente a partir da matéria não-viva). Aplicada à reprodução humana, esta teoria sugeria que (aparentemente) os elementos não-vivos de contribuição de cada genitor — “matéria fetal” no caso da mãe e fluído seminal no caso do pai — eram sucessivamente transformados de matéria não-viva em vida vegetativa, vida animal, e finalmente em vida humana.

Como os primeiros cientistas não observavam nada distintamente humano nos primeiros estágios do desenvolvimento embrionário (eles nada conheciam de genética, nem possuíam microscópios), concluíam que não havia alma humana presente. Mas a biologia moderna tem demonstrado que o “concepto” possui traços distintivamente humanos. Ele está vivo e tem um código genético humano para guiar seu crescimento e desenvolvimento. Se Tomás de Aquino tivesse acesso a esses dados, seria levado a concluir que a infusão da alma se dava no momento da concepção.

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