O IMPERADOR CARLOS V DA ALEMANHA - O 1º DE ESPANHA
Conheça a história deste importante personagem histórico e veja reveladas a sua vida e obras. Poucos monarcas reuniram tantos títulos nobiliários, como Carlos V. Criado em Flandres, foi herdeiro de 3 das princípais casas dinásticas Europeias. Muito se tem falado e escrito deste poderoso Imperador, mas talvez o facto mais curioso e insólito, para aqueles tempos, foi o da enorme paixão que surgiu desde o primeiro minuto, pela que seria a sua Rainha, Dª. Isabel de Portugal (Filha d'el Rei D. Manoel I de Portugal) e que se haveria de manter até ao fim da sua vida.
Herdeiro de um vasto império com terras espalhadas por vários continentes, aqui tem reveladas, as suas políticas, as batalhas, as suas obras e conquistas, e muito mais, num excelente documentário da TVE chamado "Memória de Espanha", complementado com rigorosa informação escrita acerca deste Monarca.
Texto: Português - Castelhano
Áudio: Castelhano
Fontes: TVE - YouTube - Wikipédia - Biografias y Vidas
DOCUMENTÁRIO
"MEMÓRIA DE ESPANHA: CARLOS V - UM MONARCA, UM IMPÉRIO E UMA ESPADA"
Carlos V, un monarca, un imperio y una espada:
Llega al trono de España Carlos de gante, hijo de Juana la Loca y de Felipe el Hermoso de Austria. Así entra en la Historia Carlos I de España y V de Alemania (1500-1558). Carlos era nieto por el lado materno de los reyes católicos y por el paterno de Maximiliano, emperador de Austria. Cuando llega a España los comuneros le hacen frente en Castilla. Pero Carlos afianza su poder. Vence a Francisco I de Francia en Pavía y al turco Solimán El Magnifico. En su época Lutero realiza la reforma protestante. Al morir Carlos, su hijo Felipe II hereda un gran imperio. Se utilizan planos del programa de TVE: 'Los comuneros' de José A. Páramo.
BREVE HISTÓRIA DE CARLOS V DE ALEMANHA E I DE ESPANHA :
Carlos I de Espanha
Carlos era o herdeiro de três das principais dinastias europeias: a Casa de Habsburgo da Monarquia de Habsburgo, a Casa de Valois-Borgonha dos Países Baixos Borgonheses e a Casa de Trastâmara das coroas de Aragão e Castela. Ele governou vastos domínios na Europa central, oriental e do sul, além das colônias espanholas nas Américas. Como o primeiro monarca a governar Castela, Leão e Aragão simultaneamente, ele se tornou o primeiro Rei da Espanha. Carlos tornou-se imperador em 1519. A partir de então seu império cobria mais de quatro milhões de quilômetros quadrados pela Europa, Oriente e Américas. Grande parte de seu reinado foi dedicado às guerras italianas contra a França, sendo militarmente bem sucedidas apesar dos enormes gastos, levando a criação do primeiro exército profissional europeu: o Terço. Suas forças recapturaram Milão e o Franco-Condado dos franceses depois de uma decisiva vitória na Batalha de Pavia em 1525, forçando o rei Francisco I de França a formar uma aliança franco-otomana. Solimão, o Magnífico, grande rival de Carlos, conquistou a parte central da Hungria em 1526 após derrotar os cristãos na Batalha de Mohács. Entretanto, o avanço otomano parou depois de não conseguirem capturar Viena em 1529.
Além de suas realizações militares, Carlos é mais conhecido por seu papel contra a Reforma Protestante. Vários príncipes germânicos abandonaram a Igreja Católica e formaram a Liga de Esmalcalda para poder desafiarem a autoridade de Carlos com força militar. Não desejando que guerras religiosas chegassem em seus domínios, ele forçou a convocação do Concílio de Trento que iniciou a Contrarreforma. A Companhia de Jesus foi estabelecida por Inácio de Loyola durante seu reinado para combater o protestantismo de forma pacífica e intelectual. No Novo Mundo a Espanha conquistou os astecas do México e os incas do Peru, extendendo seu controle por grande parte da América Central e do Sul. Carlos proveu Fernão de Magalhães com cinco navios, cuja viagem acabou se tornando a primeira circunavegação da Terra e criou as fundações para colonização das Filipinas.
Apesar de sempre em guerra, Carlos preferia a paz. "Não cobiça territórios", escreveu Marcantonio Contarini em 1536, "mas o mais ganancioso de paz e tranquilidade". Carlos abdicou em 1556 de todos os seus títulos. A Monaquia de Habsburgo passou para seu irmão Fernando enquanto o Império Espanhol ficou com seu filho Filipe. Os dois impérios permaneceriam aliados até o século XVIII. Carlos tinha apenas 54 anos na época de sua abdicação, porém estava fisicamente exausto depois de governar energicamente por 34 anos e procurava paz de um monastério, onde morreu dois anos depois.
Família
Era filho de Joana de Castela e de Filipe I de Castela. Neto de Maximiliano I, Sacro Imperador Romano-Germânico e de sua esposa Maria de Borgonha por via paterna e dos Reis Católicos por via materna. Duque da Borgonha em 1506, aos seis anos. Com a subida ao trono do primogênito de Filipe e Joana surgia na Espanha e na Alemanha a dinastia dos Áustrias. Carlos conseguiu unificar em sua pessoa o conjunto dos territórios da Coroa de Castela (herança de sua avó a rainha Isabel I), da Coroa de Aragão (herança do avô Fernando II) e as terras vindas por herança paterna (os Países Baixos, o Franco Condado) e do avô paterno (Áustria, Estíria, Tirol).Primeiros anos
Nasceu em Gante, onde sua mãe estava acompanhando o marido, governador dos Países Baixos como primogênito do imperador Maximiliano I e de Maria da Borgonha. Durante muitos anos foi chamado Carlos de Gante. Espanhol pela mãe, alemão pelo avô, borgonhês pelo pai e pela avó Maria, filha de Carlos o Temerário, duque da Borgonha. Morto seu pai em 1506, incorporou os Países Baixos e o Franco Condado, feudos do império.Passou a infância e a adolescência em terras da Borgonha (Flandres, atual Bélgica e Países Baixos). Estiveram encarregados de sua educação Margarida de Áustria, sua tia, a regente em seu nome, e o cardeal Adriano de Utrecht, humanista e professor de teologia em Lovaína, mais tarde Papa Adriano VI. Guilherme de Chièvres, principal conselheiro do pai, tinha a cargo sua Casa.
Em 1515, foi declarado maior de idade, encarregando-se do governo de Flandres. Morto seu avô Maximiliano, em 1516, incorporou os territórios austríacos dos Habsburgos: a Alta e Baixa Áustria, ducados da Estíria, Carniola e Caríntia, condado do Tirol, landgraviato da Alta Alsácia.
Rei da Espanha
Na Espanha, seu avô Fernando II de Aragão continuava como regente da filha Joana de Castela até morrer em 23 de janeiro de 1516. Em detrimento de sua mãe, Joana, encerrada num castelo, Carlos passou a possuir os reinos de Castela, Aragão, Nápoles e Sicília e as colônias americanas. Assim, uma série de heranças , preparadas pela política matrimonial do avô Maximiliano, reuniu em Carlos um império imenso em que se dizia que o sol jamais se punha. Sua herança, para alguns historiadores espanhóis, tem a dupla característica de ser ao mesmo tempo individual e universal. Individual, "en el sentido de que estaba hecha de un mosaico de diferentes territórios cada uno con su historia, su lengua, sus leyes y sus tradiciones". A relação que mantinham cada um de seus territórios com seu governante era privativa de cada um deles. Tinha que respeitar os direitos e os privilégios de cada território, e assim sendo, seu poder variava muito de uma a outra terra.A 30 de maio de 1516, ao falecer o seu avô materno Fernando II de Aragão e com o apoio económico dos banqueiros da família Fugger (conhecidos em Espanha como os Fúcares), foi proclamado rei de Espanha em Madrid. Graças à recente descoberta do Novo Mundo, por Cristóvão Colombo, muito em breve a Espanha seria senhora de um imenso império transatlântico.
Antes de ir para aquele país, no entanto, Carlos teve de conter uma rebelião camponesa nos Países Baixos, que havia tido início em 1515. No começo era um evento isolado, mas tomou proporções maiores e, em 1517, Carlos comandou o exército neerlandês contra os rebeldes, liderados por Pier Gerlofs Donia e Wijard Jelckama. O combate durou até 1523 quando, apesar do sucesso inicial da rebelião, os líderes foram derrotados e mortos.
Carlos foi para a Espanha aos 17 anos, em setembro de 1517, sem falar espanhol, com seu grupo de conselheiros flamengos - que cedo se indispuseram com os espanhóis. Em 1518], foi formalmente reconhecido rei, como a mãe, pelas cortes de Castela e depois de Aragão. Enfrentou a revolta dos Comuneros, que não aceitavam o regente Adriano de Utrecht, nem a sua corte flamenga. Finalmente os venceu na batalha de Villalar (Valhadolid). Em 1519, Carlos I jurou como conde de Barcelona (título que implicava ser rei dos reinos da confederação catalã-aragonesa). Durante sua estada em Espanha, seu avô Maximiliano I morreu e Carlos herdou as terras dos Habsburgos.
Os assuntos internos espanhóis tinham imensas necessidades de mudanças: as finanças em desordem, a dívida muito importante. Com o sistema de comunicações ainda primitivo, não podia vigiar o império todo, que decidiu dividir em distritos. Tornou a Espanha no centro de seus domínios, e partiu para lá em 1522. Afastado da Alemanha e de seus estados herdados dos Habsburgo, reservando para si próprio a Espanha e a política geral do império como um todo, deu suas possessões austríacas a seu irmão Fernando em 1522, tornando-o também seu representante na chefia do governo imperial.
Carlos governou a Espanha como governara os Países Baixos, ambos compostos originalmente de vários estados independentes, gradualmente unidos sob um só soberano, amarrados a seus antigos interesses, leis, costumes. A administração central foi reorganizada na Espanha em 1523 e nos Países Baixos em 1531, subordinada ao poder real, empregando funcionários que se consideravam servidores do rei. Nos Países Baixos tornou os funcionários judiciais e fiscais dependentes da administração central. Criou um sistema policial, um corpo de leis que incentivava a vida social e industrial. Promoveu a agricultura. Sua legislação comercial não foi restritiva. A criação de tais autoridades e desse sistema de leis teve por efeito limitar o poder das Cortes e Estados Gerais, corpos que doravante retinham apenas o direito aos impostos e taxas e mesmo assim, no exercício de tais direitos, Carlos conseguiu fazer com que se acostumassem a orçamentos regulares anuais.
A política econômica de Carlos teve mais sucesso nos Países Baixos do que na Espanha, onde o progresso industrial era mais lento, sem alterações políticas. Oposição surgia nas Cortes, no governo das cidades, na pequena nobreza, a Hidalgueria, que resistia ao progresso e à política externa do imperador.
Imperador
Morto seu avô Maximiliano I de Áustria, obteve os territórios austríacos dos Habsburgo e foi eleito imperador do Sacro Império Romano-Germânico como "Carlos V", 1519. O título tinha reminiscências do Império Romano, de Carlos Magno e dos imperadores medievais e impunha a missão divina de guardar a paz e a justiça na cristandade e defendê-la do infiel: o infiel era, naquela época, o Império Otomano e o Islão. Não foi eleição fácil, pois tinha como rival Francisco I de França, contava com oposição do Papa Leão X, e havia a corrupção dos eleitores principescos. Foi eleito, a despeito de Roma e da França, em 28 de junho de 1519.O Papa Leão X não lhe pôs dificuldades, e com isso preparou a base para seu império universal. Durante sua estadia de alguns meses nos Países Baixos, depois de voltar da Espanha, e ao chegar na Alemanha em 1520, tinha tomado as rédeas do Governo. Estava na Alemanha para fazer valer a sua proclamação de imperador, para o que contribuiu economicamente o banqueiro Fugger. Ficaria ausente da Espanha até 1522. Como fazia seu avô Maximiliano, viajou constantemente durante seu reinado, sem passar muito tempo na Espanha.
A cristandade estava ameaçada internamente por divisões políticas e religiosas. Lutero combatia a Igreja de Roma, os turcos avançavam sobre os Bálcãs e o Mediterrâneo.
Eleito imperador, foi visitar na Inglaterra Henrique VIII e sua rainha, sua tia Catarina de Aragão. Fez-se sagrar imperador em Aquisgrão em 23 de outubro de 1520.
Logo manifestou independência e maturidade, afetando o sucesso da Dieta de Worms. O movimento de Lutero se espalhara pela Alemanha e o legado papal na corte imperial pedia sua supressão.
Chegou a um esquema intitulado o Reichsregiment — para decidir como os gastos seriam cobertos, como os Estados forneceriam assistência militar ao imperador na guerra. Em abril de 1521, Lutero foi convocado à Dieta e não se retratou. No dia seguinte Carlos o recebeu nos Estados e expressou sua opinião de modo enfático. Em 8 de maio de 1521, preparou o banimento de Lutero, efetivo no dia seguinte.
O seu conselheiro Chièvres, de grande importância inicialmente, morreu em maio de 1521.
Guerras italianas
A derrota dos comuneros em 1521, em Villalar, provocou a aliança do imperador com a aristocracia latifundiária e levou à perda de efetividade das cortes de Castela. Em Valência e em Maiorca, a repressão das germanias (onde artesãos e burgueses eram maioria) de 1519 a 1523 provocou idêntico resultado.Em 8 de maio de 1521, data do edito contra Lutero, foi assinada aliança ofensiva contra a França com o representante do papa. A guerra, que duraria de 1521 a 1529, condicionava a extensão do poder papal na Itália. No primeiro ano de guerra, os generais de Carlos V venceram poucas batalhas, e pequenas, na Espanha e nos Países Baixos.
Em 1522, seus generais tomaram Milão dos franceses e invadiram a França, aliados ao condestável de Bourbon. Os franceses se recuperaram e invadiram a Lombardia.
Quando o Reichsregiment foi abrogado em 1525, Carlos conseguiu fazer com que seu irmão Ferdinando fosse eleito Rei de Roma em 1530. Manteve o governo dos Países Baixos, mas conseguiu ali estabelecer uma regência permanente desde 1522, escolhendo como regentes duas mulheres capazes e fiéis: até 1530 sua tia Margarida e a partir de então sua irmã Maria da Hungria, regente até que Carlos abdicou. Continuou a política do avô, deixando Nápoles ser governada por vice-reis.
Os espanhóis derrotaram Francisco I na Batalha de Pavia em 24 de fevereiro de 1525 e o tomaram prisioneiro. O rei francês foi levado preso para a Espanha e, para recuperar a liberdade, forçado a assinar o tratado conhecido como a Paz de Madrid, em janeiro de 1526, cujos termos enfraqueciam o poder francês e davam a Carlos V ampla liberdade na Itália. O papa Clemente VII, começou imediatamente a tentar uma coalizão contra ele, induzindo a França a recomeçar a guerra. Carlos dirigiu seu exército contra Roma em 1527, ocorrendo o saque de Roma. Os imperiais triunfaram, e os pequenos estados italianos aliaram-se a Carlos. O papa também assinou um tratado de paz em Barcelona em 29 de junho de 1529. O tratado com a França foi assinado em Cambrai, em 5 de agosto de 1529 e por ele se resolveu a situação política da Europa, sobretudo da italiana, por longos anos.
1530-1544
As linhas divisórias do seu reino seriam a coroação como imperador em Bolonha, 1530, e a paz de Crepy, 1544.Após vencer, em Bicoca, Francisco I em 1522 em Pavia e em 1525. Conseguiu o Milanesado (a região ao redor de Milão) em 1526, pelo Tratado de Madrid,. Mas Francisco I se aliou a Clemente VII e os príncipes italianos independentes na Liga de Cognac, declararam-lhe guerra.
A paz de Cambrai em 1529 resolvia a recuperação do ducado da Borgonha por Francisco I. Quando Carlos recebeu notícia sobre Cambrai, foi à Itália entrevistar-se com o papa. Encontraram-se em Bolonha e discutiram dois assuntos que afetavam a cristandade: os turcos e Lutero. Em 1521 os turcos haviam tomado Belgrado, estratégico para o Reino da Hungria; em 1522, tomaram Rodes, que até então lhes impedia o caminho a oeste do mar Egeu. Em 1523, o pirata Chaireddin Barbarossa, aliado do sultão, à testa de corsários do norte da África que atacavam constantemente o litoral italiano e espanhol, se fizera poderoso nos pequenos estados maometanos do norte da África. Por terra, os turcos derrotaram os húngaros em Mohács e se apoderaram de quase todo o reino. O caminho se abriu e entraram em Viena em 1529.
Na Dieta de Habsburgo, Carlos mostrou atitude conciliadora diante do problema religioso alemão, mas fracassou com os príncipes protestantes alemães. O luteranismo avançava sempre, o edito contra Lutero não era aplicado, houve movimentos sociais e revolucionários na Alemanha de 1522 a 1525. Em 1526, uma Igreja independente estatal fora organizada pelos protestantes em muitas províncias, com ajuda de seus soberanos, os quais em 1529 declararam na Dieta de Spires que não permitiriam ataques a tais organizações, nem tolerar culto católico em seus Estados.
Carlos informou o papa de que só a convocação imediata de um concílio geral traria paz. Tornou-se um de seus objetivos mais desejados, assim como a guerra contra os turcos, que tinha querido desde a Paz de Madrid em 1526.
Ao receber em 24 de fevereiro de 1530 a coroa imperial do Papa Clemente VII em Bolonha, desde 1 de fevereiro de 1530 tinha concluído uma paz geral com o papa e com a maior parte dos estados cristãos.
A retirada dos turcos de Viena permitiu que Carlos, antes de começar guerra contra eles, fizesse um esforço em prol da unidade religiosa na Alemanha. No verão, apareceu na Dieta de Augsburgo, com um legado papal, ouvir os protestantes. Os fiéis do novo credo estavam bem dispostos quanto a ele, que tinha desconvocado suas tropas.
Igualmente importantes foram a batalha do Danúbio contra os turcos em 1532, sua conquista pessoal de Túnis em 1533, a invasão da Provença em 1536, a rebelião de Gante em 1540, e a paz de Crepy.
O novo ataque turco chegou em 1532, por terra. Carlos V conseguiu repeli-los, recuperando parte do Reino da Hungria, mas sem uma derrota decisiva. Transferiu a guerra para o Mediterrâneo. Em 1530, a conselho do papa, dera a ilha de Malta aos Cavaleiros Hospitalários, defensores de Rodes, para evitarem que os turcos entrassem no mar toscano.
Em 1531 e 1532, o almirante genovês Andrea Doria buscara os turcos em suas próprias águas, mas a frota turca escapara. O sultão ofereceu o principal comando de sua marinha a Chairaddin, fazendo sua a causa dos piratas. Em 1555, Carlos tomou parte na campanha contra Túnis, sob a liderança de Doria. Vencedores, encareceu um ataque a Argel, mas seus comandantes, como a estação estava avançada, se opuseram.
Enquanto Carlos golpeava o Islão no Mediterrâneo, o Papa Paulo III, para sucessor de Clemente VII, convocava um concílio - mas houve dificuldades, pois Carlos logo descobriria que teria que combater novamente a França. Francisco I de França não só se opunha ao concílio quanto entrara em entendimentos tanto com o sultão quanto com a Liga Smalkaldiana que os príncipes alemães protestantes haviam formado contra Carlos depois da Dieta de Augsburgo.
Morto o último Sforza, Francisco reclamou o Ducado de Milão como feudo.
Em 1539, os rivais se encontraram em Nice. Mas ao visitar os Países Baixos e a Alemanha, Carlos descobriu que o esperavam novas perturbações, fomentadas outra vez pela França. Em 1538, se extinguira a linha dos condes de Gueldres, mas o último da dinastia dispusera que o condado passasse ao duque de Cleves-Julich, o mais forte dos principados temporais do Reno inferior. Assim, Gueldres resistiu à anexação tentada pela Borgonha. Carlos não consentiu que fosse anexada pelo ducado de Cleves-Julich, como desejavam a liga e Francisco I. E Henrique VIII de Inglaterra, naquela altura casado com Ana de Cleves, filha do Duque, ameaçava se unir à coalizão.
Turcos e franceses preparavam-se para unir suas frotas no Mediterrâneo. Francisco buscou ajuda dos dinamarqueses e escandinavos. Carlos procurava evitar hostilidades até poder romper a coalizão formidável de seus inimigos. Conseguiu separar Henrique VIII, e durante a dieta e conferência em Ratisbona em 1541, passou a controlar Filipe de Hesse, o principal líder da liga.
Decidiu atacar os turcos, tencionando que o exército imperial operasse na Hungria enquanto atacava Argel, mas os planos falharam. Os franceses penetraram nos Países Baixos, a liga (com Hesse) atacou Henrique de Brunwswick, o único aliado que Carlos tinha no norte da Alemanha, e ocuparam suas terras. Enquanto o patriotismo neerlandês mantinha os franceses em cheque, Carlos voltou da Espanha e em 1543 atacou Cleves. Em poucos dias, Gueldres se tornou parte da Borgonha, protegida assim do lado alemão embora ainda exposta do lado da fronteira francesa. Carlos construiu uma linha de fortalezas e, em 1544, invadiu a França. Francisco tinha esgotado suas forças, Carlos estava igualmente cansado de guerra e a paz foi concluída em 17 de setembro de 1544 em Crespy.
Américas
Durante o seu reinado, Hernán Cortés conquistou o México e Juan Sebastián Elcano completou a primeira volta ao mundo (1522), que havia sido iniciada por Fernão de Magalhães.Como em qualquer período inicial de colonização as considerações econômicas eram mais importantes, a administração dos negócios da América foi entregue a uma Casa de contratacion em Sevilha. Ao mesmo tempo, estabeleceu em nível político o Conselho das Índias. Nas colônias, havia dois vice-reinados e 29 governadores, quatro arcebispados, 24 bispados sendo gradualmente organizados. Os grandes problemas foram quanto a metrópole deveria monopolizar o produto das colônias, a questão da colonização em si, a questão do tratamento dos nativos, duplamente difícil porque seu trabalho era indispensável mas ao mesmo tempo indesejável; como estabelecer-se o cristianismo e a civilização.
Concílio de Trento e abdicação
Carlos enfrentava a questão de conceder ou não liberdade de ação aos príncipes protestantes da Alemanha aos quais, pressionado pela guerra, fizera concessões, sobretudo na Dieta de Speyer em 1544. Até então, tinha deixado os acontecimentos evoluírem, assim como seu irmão Fernando. O poder dos príncipes, aumentando sempre, já era firme. Na ausência do Imperador, tinham suprimido sozinhos perturbações que teriam levado o país à guerra civil, primeiro a Liga dos Cavaleiros, depois a Guerra dos Camponeses, as desordens do clero luterano, depois a rebelião dos anabatistas. Ao apoiar Lutero contra Carlos, asseguravam-se o meio de manter o poder. Carlos decidiu combatê-los. Para retirar o apoio religioso, esperava pela abertura do Concílio de Trento, em 1545.Abriu as hostilidades no verão de 1546. Conquistou o sul da Alemanha, invadiu a Saxônia, derrotou e capturou seu príncipe-eleitor em Muhlberg, em 24 de abril de 1547. Aprisionou Filipe de Hesse, mas não por traição, como foi difundido. Acreditava que deveria humilhar os príncipes de modo a poder reorganizar o império com seu auxílio, numa dieta em Augsburgo, como já reorganizara os Países Baixos e a Espanha.
A solução das dificuldades religiosas devia ser a base da reconstrução. O concílio deveria ter a palavra final sobre assuntos de doutrina mas até que sua decisão fosse tomada, o imperador desejava a paz e faria concessões aos protestantes. Entretanto, seu sentido de justiça impedia que tais concessões abrangessem a retenção das propriedades eclesiásticas tomadas pelos Reformados e a abdoragão temporária da autoridade episcopal. Assim sendo, não entusiasmou os príncipes evangélicos.
Para a reconstrução política do império, Carlos reconheceria a condição da Alemanha, mas apenas como resultado de evolução histórica. Exigiu dos feudatários obediência ao poder imperial em casos que afetassem o bem estar geral, reconhecendo determinadas fórmulas, sem buscar lucro individual a pretexto do bem do império. As concessões seriam semelhantes às que fizera a seus sú(b)ditos espanhóis: um certo grau de autonomia em muitos estados, em troca de ajuda para necessidades inquestionáveis do império. O resultado foi nulo. Os católicos exigiram que as medidas se aplicassem também a eles, os protestantes continuavam a resistir. Adiaram até que as condições pioraram para o imperador.
Carlos, nessa altura, resolveu fazer seu testamento.
Em 1551, os turcos e o filho de Francisco I, Henrique II, novo rei francês, abriram novas hostilidades. No ano seguinte alguns príncipes protestantes alemães, chefiados por Maurício de Saxe, atacaram inesperadamente o exército imperial. Enquanto Carlos estava doente em Innsbruck, Henrique II ocupou os bispados de Metz, Toul e Verdun. Carlos abandonou seu plano da reorganização do governo imperial. Deu plenos poderes ao irmão, Fernando, para assinar com os revoltosos o Tratado de Passau em abril de 1552, pelo qual finalmente os príncipes tomaram papel preponderante no império alemão. Falhou sua tentativa de recuperar Metz, no outono de 1552, e a guerra se transferiu aos Países Baixos, onde permaneceu indecisa.
A situação se tornou crítica na África do Norte e na Itália, onde os turcos, os franceses e alguns estados italianos atacavam o imperador. Carlos ainda esperava uma vitória decisiva. A subida ao trono inglês em 1553 de Maria Tudor, rainha católica, dava esperanças. Estava comprometida com seu filho o infante Filipe, casamento que se realizou em 1554 apesar do parentesco e da diferença de idade. Quando o casamento não produziu frutos, Carlos decidiu entregar a conclusão da paz a Filipe e a Fernando.
Seu irmão insistia em que a autoridade dos príncipes no império, decidida desde Passau, deveria ser legalmente confirmada por um decreto da dieta, e aceitada a igualdade de católicos e protestantes, o que foi feito em Augsburgo, em 1555. Reuniu os Estados Gerais dos Países Baixos em Bruxelas e, diante deles, em 25 de outubro de 1555 transferiu o governo a Filipe.
Três meses mais tarde, em 16 de janeiro de 1556, transferiu para o filho a coroa da Espanha, suas colônias, terras na península Itálica e nos Países Baixos. No Sacro Império, Carlos pediu aos eleitores para aceitarem sua abdicação, e eleger Fernando como seu sucessor, o que foi feito em 28 de fevereiro de 1558. Carlos V deixou ao irmão as propriedades dos Habsburgo na Alemanha.
Mesmo assim, permaneceu preso a questões políticas e só em setembro de 1556, com suas duas irmãs (Leonor de Áustria e Maria da Hungria) viajou para a Espanha. Mesmo em seu retiro, ao lado do mosteiro em Cuacos de Yuste, chegavam-lhe mensageiros com despachos, embora não mais tomasse parte ativa no governo.
Carlos morreu em 21 de setembro de 1558 com malária.1 Vinte e seis anos depois, os seus restos mortais foram transferidos para o Panteão Real do Mosteiro de São Lourenço de El Escorial.
Avaliação
As dissidências religiosas produziram a crise do erasmismo na concepção política de Carlos. Os príncipes alemães que repeliram a Dieta de Augsburgo uniram-se na Liga de Esmalcalda, que se aliou a Francisco I em 1532, e este com o sultão otomano Solimão, o Magnífico. Carlos obrigou o sultão a levantar o cerco a Viena e tomou Túnis em 1535, sem evitar que a França tomasse a Saboia. Tal situação foi confirmada pela Trégua de Nice, em 1538. Em 1541], os turcos tomaram Budapeste e Francisco I combateu o imperador, conflito que teve fim pela Paz de Crépy em 1544, comprometendo-se a França a romper a aliança com o Império Otomano e a lutar pela unidade dos cristãos.O final do seu reinado esteve ocupado por problemas alemães. Combateu e venceu os príncipes alemães em Mühlberg em 1547, mas o rei francês Henrique II se aliou à Liga de Esmalcalda. O desastre de Innsbruck em 1552, o obrigou a negociar a Paz de Augsburgo em 1555, que reconhecia a liberdade religiosa na Alemanha e significava a renúncia do imperador a seu ideal de unidade religiosa no império. Assinou com Henrique II, que tomara Metz, Toul e Verdun, a trégua de Vancelles.
Com Carlos I, a Espanha conheceu uma etapa de grande prosperidade econômica: a conquista e início da colonização da América abriram novos mercados e a chegada de metais preciosos em enorme quantidade do México e da América do Sul (ver Potosí) serviu como impulso a todas as atividades e facilitou suas campanhas bélicas. Mas a subida constante dos preços e a política imperialista terminariam por arruinar as atividades econômicas de Castela e deixar a origem da decadência que já se sentia nos anos finais do século XVI.
Sua atividade se espalhou em três frentes de resistência e ação: Europa central, submetida à ameaça dupla de protestantes e de turcos: a recuperação do horizonte norte-africano, abandonado depois das primeiras tentativas de Fernando, e a defesa do Mediterrâneo central, com bases na Itália e na Sicília, para frear o avanço turco.
Ascendência
Desde 1504, comprometido com a filha de Luís XII de França , Cláudia de França, que mais tarde terminaria casada com Francisco I de Valois. No entanto, casou com sua prima a Infanta Isabel de Portugal (1503-1539), filha de D. Manuel I.
De Isabel de Portugal (1503-1539), filha de Manuel I, nasceram sete filhos:
- Filipe II de Espanha (21 de maio de 1527-1598)
- Maria de Espanha, Imperatriz da Alemanha (Madri, junho de 1528 - fevereiro de 1603). Foi imperatriz do Sacro Império Romano e Rainha da Boêmia, da Hungria e da Croácia pois casou em 13 de setembro de 1548 com Maximiliano II de Habsburgo (1527-1576), seu primo, filho de seu tio Fernando I e de Ana Jagellon da Boêmia e Hungria.
- Isabel (nascida e morta em 1529)
- Fernando, nascido e morto em 1530.
- Joana de Habsburgo (Madri, junho de 1537 - setembro de 1573) casada em 11 de janeiro de 1552 em Toro com o infante João Manuel de Portugal, quarto filho de D. João III e de D. Catarina da Áustria, pais do rei D. Sebastião) o desejado.
- João, nascido e morto em 1538
- Fernando, nascido e morto em 1539.
- João de Áustria. Batizado Jerônimo, nasceu em Ratisbona, em 24 de fevereiro de 1547 e morreu de peste ou tifo em Bourges, na vizinhança de Namur, Flandres, em 1 de outubro de 1578.
- Isabel (20 de agosto de 1518 - depois de 1538), filha de sua madrasta Germana de Foix, viúva de seu avô Fernando II de Aragão. Educada pelo inquisidor Josep Corretger, em Perpignan, morreu pouco depois da mãe e segundo o confessor de ambas, foi envenenada por ordem de Carlos V.
- Margarida de Parma, de Espanha ou de Áustria, filha de uma flamenga de Oudenarde, chamada Margarida ou Joana (von Gante, van der Gheyst, van den Gheynst?).
- Joana de Áustria (1522-1524), filha de uma jovem dama de aristocracia, pertencente aos círculos do Conde de Nassau. Foi transferida com a mãe para o convento de Madrigal de las Altas Torres.
- Tadea (nasceu em 1522), filha de Ursolina della Pena, de Perugia, que se achava em Bruxelas com o marido. O imperador a viu em Roma, em 1536, ao retornar da campanha em Túnis. A mãe morreu, e Tadea teve que conviver com irmãos violentos. Casou sem consultar o pai, e escreveu-lhe em 1562 solicitando reconhecimento. Passou o resto da vida no retiro de um convento.
- Joana, filha de uma dama cujo nome permaneceu no anonimato. Viveu sempre reclusa no convento de las Angustias em Madrid e morreu aos oito anos.
- Joana de Áustria, filha de Diana de Talanga, senhora de Sorrento. Casada com o Príncipe de Butera, morreu em 1650.
Estilos de Carlos
Lista de títulos nobiliárquicos mais importantes
Pariato | Inicio de Governo ou Reinado | Fim do Governo ou Reinado | Nome com que foi soberano | |
---|---|---|---|---|
Duque de Brabante | 25 de Setembro de 1506 | 25 de Outubro de 1555 | Carlos II | |
Conde de Artois | 25 de Setembro de 1506 | 25 de Outubro de 1555 | Carlos II | |
Conde da Holanda | 25 de Setembro de 1506 | 25 de Outubro de 1555 | Carlos II | |
Rei de Castela e Leão | 14 de Março de 1516 | 16 de Janeiro de 1556 | Carlos I (com Joana, 14 de Março de 1516 – 12 de Abril de 1555) | |
Rei de Aragão e Sicília | 14 de Março de 1516 | 16 de Janeiro de 1556 | Carlos I (com Joana, 14 de Março de 1516 – 12 de Abril de 1555) | |
Conde de Barcelona | 14 de Março de 1516 | 16 de Janeiro de 1556 | Carlos I | |
Rei de Nápoles | 14 de Março de 1516 | 25 de Julho de 1554 | Carlos IV (com Joana III, 14 de Março de 1516 – 25 de Julho de 1554) | |
Rei dos Romanos | 28 de Junho de 1519 | 24 de Fevereiro de 1530 | Carlos V | |
Sacro Imperador Romano-Germânico | 24 de Fevereiro de 1530 | 24 de Fevereiro de 1558 | Carlos V | |
Arquiduque da Áustria | 12 de Janeiro de 1519 | 12 de Janeiro de 1521 | Carlos I |
Estilo real de tratamento de Carlos I de Castela, Leão, Aragão & da Sicília, Carlos IV de Nápoles & Carlos V dos Romanos |
|
Brasão da Espanha | |
Estilo real | Sua Alteza |
---|---|
Estilo alternativo | Senhor |
Estilo imperial e real de tratamento de Carlos V do Sacro Império Romano Germânico & I da Espanha |
|
Brasão Ornamentado da Espanha |
|
Estilo imperial | Sacra Cesárea Católica Real Majestade (como se fosse imperial & real no mesmo território) |
---|---|
Estilo real | Sua Majestade (como Rex Catholicissimus) |
Estilo alternativo | Sua Alteza ou Senhor |
Títulos nobiliárquicos e estilos mais famigerados
- 1506-1555: Sua Alteza, o Duque de Brabante
- 1516-1556: Sua Alteza, o Conde de Barcelona
- 1519-1521: Sua Alteza, o Arquiduque da Áustria
- 1516-1554: Sua Alteza, o rei de Nápoles
- 1516-1556: Sua Alteza, o rei de Castela Leão, Aragão & Sicília
- 1519-1530: Sua Alteza, o Rei dos Romanos
- 1530-1558: Sacra Cesárea Católica Real Majestade, o Sacro Imperador Romano-Germânico & Rei da Espanha
- 1558-1558: O Sr. Carlos de Habsburgo.
Referências
Precedido por Joana I de Castela |
Rei de Espanha 1516 — 1555 |
Sucedido por Filipe II |
Precedido por Maximiliano I |
Imperador do Sacro Império Romano-Germânico 1519 — 1556 |
Sucedido por Fernando I |
*Biografías y Vidas | |
Carlos V |
Biografía | Cronología | Su reinado | Fotos | Vídeos |
Cuenta el místico español San Juan de la Cruz,
en una carta conservada en el Archivo de Simancas, que Juana la Loca,
hija de Isabel la Católica y madre del futuro Carlos V, decía cosas
tales como que "un gato de algalia había comido a su madre e iba a
comerla a ella", extrañas fantasías de una mujer misteriosa. Sobre la
regia locura de Juana se han esgrimido las más caprichosas hipótesis,
desde la que afirma que no padecía enajenación ninguna, sino un
intolerable protestantismo cruelmente castigado con el apartamiento,
hasta la versión más común que pretende, según la tesis de Marcelino
Menéndez y Pelayo, que "la locura de Doña Juana fue locura de amor,
fueron celos de su marido, bien fundados y anteriores al luteranismo".
Tampoco los historiadores han dejado de tachar a su hijo Carlos I de
España y V de Alemania, a quien las circunstancias convirtieron en el
más acendrado valedor del catolicismo de su época, de haber incurrido en
la heterodoxia, y ello amparándose en el proceso que el papa Paulo VI
mandó formar al emperador como cismático y factor de herejes.
Carlos V (retrato de Jan Cornelisz Vermeyen, c. 1530)
Pero
aquello fue un episodio motivado por aviesos intereses políticos, cuyas
razones se compadecen mal con la rectitud de los sentimientos
religiosos del emperador, quien en su retiro en Yuste confesaba a los
frailes: "Mucho erré en no matar a Lutero, y si bien lo dejé por no
quebrantar el salvoconducto y palabra que le tenía dada, pensando de
remediar por otra vía aquella herejía, erré, porque yo no era obligado a
guardarle la palabra, por ser la culpa de hereje contra otro mayor
Señor, que era Dios, y así yo no le había ni debía guardar palabra, sino
vengar la injuria hecha a Dios." Marcelino Menéndez y Pelayo apostilla
que "al hombre que así pensaba podrán calificarle de fanático, pero
nunca de hereje".
El 24 de febrero de 1500, fecha en
que los estados flamencos celebraban su día en Prinsenhof, cerca de
Gante, el archiduque Felipe el Hermoso y la archiduquesa Juana, más
tarde llamada la Loca, rendían pleitesía al nuevo rey de Francia, Luis
XII, a pesar del enfado del emperador Maximiliano y de los Reyes
Católicos. En medio de la ceremonia, Juana corrió al evacuador (un
excusado especial) y se encerró en él sin que Felipe se inmutara. Al
cabo de una espera excesiva las damas de honor, alarmadas, hicieron
derribar la puerta, y Juana mostró la razón de su encierro. Sola y sin
ayuda había dado a luz a su segundo hijo. Lo bautizaron con el nombre de
Carlos en honor a Carlos el Temerario, bisabuelo del niño.
La familia del emperador Maximiliano; en el centro,
su nieto Carlos V (retrato de Bernhard Strigel)
Como
hijo de Felipe el Hermoso y Juana la Loca, llegó a manos de Carlos V
una vasta y heterogénea herencia, en la que mucho tuvieron que ver la
combinación de matrimonios dinásticos y una serie de muertes prematuras
de los herederos directos de distintos tronos. Por parte de su abuelo
paterno, el emperador Maximiliano de Habsburgo, recibió los estados
hereditarios de la casa de Austria, en el sudeste de Alemania; por parte
de su abuela paterna, María, obtuvo el ducado borgoñón, que sin embargo
estaba en poder de Francia, y además los Países Bajos, el
Franco-Condado, Artois y los condados de Nevers y Rethel. De su abuelo
materno, Fernando el Católico, recibió el reino de Aragón, Nápoles,
Sicilia, Cerdeña y sus posesiones de ultramar; y de su abuela materna,
Isabel la Católica, Castilla y las conquistas castellanas en el norte de
África y en Indias.
Una herencia fabulosa y conflictiva
El
verdadero problema residiría en la falta de cohesión de todos estos
dominios, por lo que Carlos se propuso durante todo su reinado superar
el concepto feudal del imperio y darle una nueva dinámica a través de un
ideal común que justificase la reunión de territorios tan dispares bajo
una sola corona. La figura del imperio surgió ante él como la entidad
política idónea para aglutinar los distintos dominios y fundarlos sobre
una universalidad religiosa. El ideal común era el cristianismo y,
conforme al mismo, Carlos se erigió en el «guardián de la cristiandad»,
en momentos en que la unidad de convicciones que habían mantenido
cerrado el mundo medieval estaban a punto de romperse. Según Menéndez
Pidal, Carlos V asumió el papel de coordinador y guía de los príncipes
cristianos contra los infieles «para lograr la universalidad de la
cultura europea», de modo que la idea de cristianismo pasó a ser una
realidad política. Sin embargo, ésta no fue tarea fácil en un siglo como
el XVI, en el que los sentimientos nacionales se oponían al
universalismo y los príncipes cristianos buscaban consolidar, cuando no
ensanchar, su espacio vital en el viejo continente.
Carlos
se formó intelectualmente con Adriano de Utrecht, que sería promovido
al pontificado con el nombre de Adriano VI, y con Guillaume de Croy,
señor de Chièvres, personaje sobre el que recaen las acusaciones de
avaricia y fanfarronería. Pasó su infancia en los Países Bajos, y en sus
estudios siempre mostró gran afición por las lenguas, las matemáticas,
la geografía y, sobre todo, la historia. Paralelamente, sus educadores
no olvidaron que un hombre llamado a tan altos designios debía poseer un
organismo robusto, de modo que estimularon los ejercicios físicos del
joven Carlos, quien sobresalía en la equitación y en la caza, al tiempo
que se mostraba singularmente diestro en el manejo de la ballesta. La
firmeza de su carácter, rasgo del que dio sobradas muestras en el curso
de su vida, parece ponerse en entredicho en sus primeros años, pues,
llamado a gobernar Flandes en 1513, fue en realidad su ayo, el señor de
Chièvres, quien llevó las riendas del Estado. Pero este hecho se
comprende fácilmente cuando se cae en la cuenta de que Carlos tenía por
entonces sólo trece años.
Juana la Loca con sus hijos Fernando y Carlos
En
1516, con la muerte de su abuelo Fernando el Católico, se convirtió en
Carlos I de España, pese a la oposición de los partidarios de su
hermano, el príncipe Fernando, educado en España. Si bien Castilla dio
su consentimiento al nombramiento de Carlos como rey de España, Aragón
puso como condición que el nuevo rey jurara su Constitución en Zaragoza,
lo que significaba que el monarca debía trasladarse de Flandes a
España. Su viaje se retrasó de forma injustificada durante varios meses,
y en este interregno había ejercido la más alta magistratura en España
el cardenal Jiménez de Cisneros. Este último emprendió viaje, para
recibirle, a las playas de Asturias, pero cayó enfermo y hubo de
refugiarse en el monasterio de San Francisco de Aguilera, donde recibió
la noticia de la llegada del rey con un séquito extranjero. El 18 de
septiembre de 1517, después de una dificultosa travesía, Carlos V
desembarcaba en el puerto asturiano de Villaviciosa. Lo acompañaban su
hermana Leonor, el señor de Chièvres, el canciller de Borgoña y
numerosos nobles flamencos. Unos días antes, el 31 de octubre, un monje
alemán llamado Lutero había pronunciado las noventa propuestas contra el
comercio de las indulgencias, que darían pie al movimiento de Reforma
contra la Iglesia católica romana.
Cisneros mandó con
urgencia una recomendación al monarca rogándole que despidiese a su
séquito, temeroso, y con razón, de que ello no haría sino irritar a los
cortesanos españoles. Desatendiendo tan prudentes consejos, Carlos
mantuvo a su lado a sus amigos y se dirigió a Tordesillas, donde estaba
recluida su madre. Obtuvo de ella que abdicara en su favor, formalidad
sin la cual le hubiese sido imposible gobernar. Antes de llegar a
Valladolid, Carlos recibió la noticia de la muerte de Cisneros. El
cardenal había muerto sin lograr entrevistarse con el mozo flamenco y
atribulado por un inminente porvenir que él, mejor que nadie, preveía
conflictivo.
Rey de España
De
todos los países que heredó, España fue el más difícil de consolidar
bajo su dominio. Carlos se propuso reinar con el exclusivo apoyo de sus
compatriotas, repartiendo entre ellos prebendas y altos cargos, lo cual
indignó sobremanera a la nobleza local. El partido formado alrededor de
su hermano Fernando, su condición de extranjero y el desconocimiento de
la lengua castellana pesaron en su contra. Los tropiezos comenzaron
inmediatamente después de que la ciudad de Valladolid recibiese con
grandes agasajos, fiestas, justas y torneos al monarca extranjero. En
febrero de 1518, durante la primera reunión de las cortes castellanas,
se exigió al rey el respeto de las leyes de Castilla y que aprendiera el
castellano. Carlos no dudó en aceptar estas exigencias, pero a cambio
pidió y obtuvo un sustancioso crédito de 600.000 ducados. Las cortes de
Aragón se demoraron hasta enero del año siguiente para reconocerlo como
rey, y lo hicieron junto a su madre. También le concedieron un crédito
de 200.000 ducados.
En las cortes de Cataluña las
negociaciones fueron más arduas. El rey se encontraba aún en Barcelona
cuando recibió la noticia de que el 28 de junio había sido elegido
emperador con el nombre de Carlos V. El título imperial le era
imprescindible para llevar a cabo el gobierno de las numerosas
posesiones bajo el signo de la unidad. La corona de su abuelo paterno,
el emperador Maximiliano, no era hereditaria sino electiva, y la Dieta
reunida en Francfort, tras la renuncia de Federico el Prudente, hizo
recaer la designación en su persona. Para conseguirla, Carlos había
invertido un millón de florines, la mitad del cual fue financiado por
los banqueros Fugger, quienes vieron en él la clave del desarrollo
económico de Europa.
Un joven Carlos V (retrato de Bernard van Orley)
Carlos
regresó a Castilla a fin de preparar la coronación imperial y solicitar
un nuevo crédito. La existencia de una fuerte oposición a concedérselo,
que encabezaba Toledo, lo llevó a convocar las cortes en Santiago y a
continuarlas en La Coruña. La multiplicación de oportunidades facilitada
por los consiguientes aplazamientos de las sesiones y el curso
itinerante de las mismas allanó las reticencias al crear el clima
adecuado que permitió que los representantes de las ciudades fueran
presionados y sobornados para la causa del rey. Después de violentas
discusiones, los procuradores traicionaron el mandato de sus ciudades y
otorgaron el nuevo empréstito. Tras esta votación, la mayoría no regresó
a sus ciudades, y quienes lo hicieron fueron ejecutados. Carlos salió
de España dejando tras de sí al reino castellano sumido en la «guerra de
las Comunidades». Nunca recogió el dinero del préstamo.
El
desprecio que los asesores flamencos del rey mostraban por los
españoles, el favoritismo en el nombramiento de extranjeros para
desempeñar cargos públicos de importancia, las grandes cantidades de
dinero sacadas del reino y la designación de Adriano de Utrecht como
regente durante la ausencia del rey fueron algunas de las causas de la
revuelta de los comuneros. Ésta fue en un principio una verdadera
rebelión contra la aristocracia terrateniente y el despotismo real. Fue
ante todo una defensa de la dignidad y los intereses castellanos nacida
en el municipio como un movimiento burgués.
Sin
embargo, antes de la derrota de los últimos rebeldes en Villalar, el 23
de abril de 1521, el levantamiento había degenerado en una revuelta
incoherente, identificada más con las tradiciones feudales que con las
reivindicaciones económicas y políticas de la burguesía. También el
reino de Valencia se sublevó por entonces. El movimiento fue animado por
las germanías (asociaciones de artesanos) de Valencia y Mallorca, que
lanzaron contra la aristocracia a las milicias reclutadas para hacer
frente a los piratas del Mediterráneo. Carlos no pudo menos que
respaldar a la aristocracia en su acción represiva. Las germanías fueron
derrotadas en 1523 y sus seguidores duramente castigados.
Emperador del Sacro Imperio
Mientras
tanto, antes de que el rey se dirigiera a Alemania con objeto de ser
coronado, visitó a sus tíos Enrique VIII y Catalina de Aragón para
conseguir el apoyo de Inglaterra frente a Francisco I de Francia. En
esos momentos, la flota española comandada por Hugo de Moncada aplastaba
a los turcos, que eran así expulsados del Mediterráneo. Esta acción fue
de vital importancia para los planes del monarca, ya que aseguraba las
vías comerciales de los Fugger y saldaba la deuda contraída con los
banqueros para sobornar a los electores que lo nombraron emperador. El
23 de octubre de 1520, Carlos V fue coronado emperador en la ciudad de
Aquisgrán. En una ceremonia de gran pompa, le fue colocada la casulla de
Carlomagno y recibió su legendaria espada Joyeuse, la corona, el cetro y
el globo. A sus veinte años era el jefe de la cristiandad.
El emperador Carlos V (detalle de un
retrato de Jakob Seisenegger)
Entretanto,
el reciente invento de la imprenta servía tanto para difundir las
antiguas como las nuevas ideas, y la doctrina protestante había
alcanzado una gran popularidad en Alemania. Las tesis luteranas se
habían transformado no sólo en una crítica religiosa, sino en el germen
de un movimiento político con fines de emancipación territorial y de
secularización de los bienes eclesiásticos. Carlos, educado entre
humanistas, coincidía con los luteranos en criticar las estructuras de
la Iglesia. Consideraba que era ésta, y no la fe, la que debía ser
objeto de una profunda reforma; había que acabar con la corrupción de
los obispos, las ansias de riqueza, la intromisión en los asuntos
públicos y el escandaloso comercio de las indulgencias. El mismo papa
había llegado a autorizar a las mujeres la firma de contratos de
indulgencias que luego debían pagar sus maridos.
Carlos
V consideró oportuno situarse por encima de estas disputas, y durante
años trató de conciliar las posiciones más radicales. Seguía en ello las
enseñanzas de Erasmo de Rotterdam, que postulaba la sencillez del
cristianismo primitivo, el rechazo de los formalismos y boato rituales y
de las supersticiones, y una piedad religiosa «en espíritu». Pero en
1521, tras la dieta de Worms, el emperador comprobó que el acercamiento
de las posiciones de Martín Lutero y la Iglesia de Roma era imposible, y
las diferencias, irreductibles. Sus acciones se encaminaron entonces a
dirimir cuanto antes estas disputas, a resolver los asuntos internos de
sus reinos, a acabar con el bandolerismo y a fortalecer su gobierno para
unir a la cristiandad y dirigirla contra el Islam. Éste fue el momento
que Francisco I de Francia, decidido a terminar con el predominio de los
Habsburgo, aprovechó para iniciar una guerra que consideraba
inevitable.
La acción de Francisco I, aliado con el
papa Clemente VII, obligó a Carlos V a responder enérgicamente. Su
ejército derrotó a las tropas francesas e hizo prisionero al rey francés
en Pavía, el 10 de marzo de 1525. Dos años más tarde, Carlos atacó al
papa y su ejército entró en Roma. Las tropas españolas y alemanas
saquearon la ciudad durante una semana. Poco después, la deserción de
Andrea Doria de Francia dotó a Carlos de una potente flota y forzó al
papa a recibirlo en Roma. La Paz de Cambrai, firmada el 3 de agosto de
1529, obligó a Francisco I a reconocer la soberanía del emperador sobre
Milán, Génova y Nápoles.
Carlos V (detalle de un retrato de Rubens)
Resueltos
momentáneamente los enfrentamientos militares, Carlos V creyó que era
la ocasión de solucionar pacíficamente las diferencias doctrinales. A
tal fin convocó la dieta de Augsburgo, aun con la oposición papal, en
1530. El intento fue vano, ya que ni luteranos ni católicos romanos
quisieron ceder en sus posiciones. La influencia conciliadora de Erasmo
había perdido fuerza. Se inició entonces una larga guerra civil que
enfrentó al ejército imperial con los príncipes luteranos, aliados de
Francisco I, quien a su vez había pactado con los turcos. La paz no se
firmaría hasta 1555 en Augsburgo. Conforme a la misma, Carlos V
reconoció a los protestantes la libertad de culto y la propiedad de los
bienes expropiados a la Iglesia antes de 1552.
La organización del imperio
Carlos
V regresó a España en 1522, una vez sofocada la rebelión comunera, y
permaneció en el país durante los siete años siguientes. Durante esa
etapa realizó un gran esfuerzo para comprender el carácter español y
acercarse a las preocupaciones de sus súbditos. Aprendió a hablar el
castellano e hizo de él el idioma de la corte. Los pasos políticos que
dio en este periodo tendían a congraciarse con los españoles, a pesar de
que ya no existía un peligro real para la corona. Su boda en 1526 con
su prima Isabel, hija del rey de Portugal Manuel I, fue bien recibida.
Igualmente lo fue, al año siguiente, el nacimiento del primogénito, el
futuro Felipe II. Los españoles empezaron a reconocer en Carlos a un rey
con autoridad moral, que aceptaba paulatinamente y de buen grado la
españolización de su administración imperial.
Isabel de Portugal
Carlos
gobernó sus dominios como el más alto exponente de una organización
dinástica, y en cada estado designó un regente o un virrey, a veces
miembro de la familia de los Habsburgo o elegido de la nobleza española.
En cada país de la monarquía, como llamaban sus contemporáneos al
imperio de Carlos V, había un virrey, como en Aragón, Cataluña,
Valencia, Sicilia, Cerdeña, Nápoles y Navarra. En los Países Bajos tenia
un gobernador general, que fue su tía Margarita de Austria (hasta su
muerte en 1530) y posteriormente, hasta 1558, su hermana María de
Hungría. Los dominios alemanes habían quedado en manos de su hermano
Fernando. Su pensamiento se asentaba en la idea de que la unión familiar
constituía el mejor soporte para su vasto imperio. También las Indias,
Perú y Nueva España estaban gobernados por virreyes.
Tanto
en España como en sus otros reinos, el gobierno de Carlos V constituyó
una monarquía personal ejercida a través de instituciones centralizadas,
pero no unificadas. De este modo el monarca, antes que rey de España,
lo era de Castilla, Aragón, etc., y su poder estaba condicionado por las
leyes locales. Carlos se valió del Consejo Real, heredado de sus
abuelos, los Reyes Católicos, y lo reorganizó en consejos especiales,
según las distintas tareas administrativas. Había dos tipos de consejos,
el de Estado y los que integraban el cuerpo administrativo propiamente
dicho. La modernización de los órganos de gobierno requirió, conforme a
los criterios del emperador, la progresiva exclusión de los consejos de
los miembros de la nobleza y del clero, incluyendo en su lugar a
consejeros procedentes de la clase media y juristas. Como dato
revelador, en las cortes de Toledo de 1538 fueron expulsados nobles y
eclesiásticos con el pretexto de su oposición a la sisa, impuesto
directo sobre el consumo de carne, harina y otros alimentos.
En
la práctica, Carlos V tenía contacto con los consejos a través de sus
secretarios, motivo por el cual la figura de éstos cobró gran
importancia durante su reinado. Como los otros órganos de gobierno, las
secretarías se asentaban sobre criterios nacionales y no imperiales.
Entre la masa de secretarios de Carlos, destacaron Francisco de los
Cobos y Nicholas de Perrenot, señor de Granvelle. Carlos tuvo siempre
plena conciencia del poder y las banderías de los secretarios. Así,
cuando en 1543 dejó a su hijo Felipe como regente de España, le remitió
las famosas Instrucciones Secretas de Carlos V a Felipe II,
verdadero compendio de consejos para gobernar un imperio, en las que le
indicaba cómo valerse de las rivalidades de los consejeros y de sus
ambiciones personales. Asimismo, en ellas recomendaba a su hijo que no
otorgara cargo importante alguno a ningún grande de España; sólo debía
utilizarlos para asuntos militares.
Gran parte del
esfuerzo desarrollado por el complejo cuerpo burocrático de Carlos V
estaba destinado a resolver los problemas financieros derivados de las
guerras en los distintos frentes. Castilla llevó el mayor peso de los
gastos del imperio, aunque los dominios que más le importaban no eran
los europeos sino los de América. De allí procedían los cargamentos de
oro y plata, al tiempo que se ensanchaba una vía de comercio de
importancia vital para el desarrollo del reino. Las finanzas marcaron
desde el principio el imperio de Carlos V. Fueron los Fugger, los
banqueros alemanes, quienes propiciaron la elección de Carlos y quienes
en varias ocasiones procuraron empréstitos para financiar las continuas
guerras imperiales. Pero no fue hasta 1540 cuando empezaron las
verdaderas dificultades financieras de la corona. La situación llegó a
extremos tan graves que los ingresos ordinarios por impuestos estaban
gastados de antemano cuando se cobraban, y hasta los ingresos de Indias
estaban comprometidos. Las campañas de Argel y las guerras contra
Francia y contra los príncipes luteranos esquilmaron las arcas reales.
En 1541, fracasada por segunda vez la cruzada africana contra el turco,
la crisis económica se agudizó.
Un sueño derrotado
El
principal objetivo de la política francesa fue resistir al poder de los
Habsburgo, aliándose tanto con los alemanes como con los turcos. Carlos
V tuvo en el Imperio otomano un enemigo poderoso por tierra y mar. Si
bien en 1529 Carlos contribuyó a detener a las huestes de Solimán, el
emperador turco, en las mismas puertas de Viena, el ejército cristiano
debió ceder en Argel. El poderío marítimo de los turcos se hizo sentir
en el Mediterráneo: la toma de Bizerta y Túnez en 1534 requirió del
emperador un esfuerzo personal para su conquista, que se produjo al año
siguiente.
Carlos V anuncia al papa la conquista de Túnez
La
expedición contra Túnez, que reunió cuatrocientas veinte embarcaciones y
cerca de treinta mil soldados, salió del puerto de Barcelona el 30 de
mayo de 1535, y el terrible choque con las también abultadas fuerzas de
su adversario se produjo el mes de junio. En los combates dio prueba
Carlos de gran ardor y temeridad, acudiendo siempre a los enclaves de
mayor peligro y lidiando, lanza en ristre, contra los jinetes enemigos.
Por fin, tras el asalto general a la fortaleza de la Goleta (14 de junio
de 1535), se internó hasta la ciudad de Túnez, donde puso en fuga al
pirata Barbarroja, brazo de Solimán. Antes de entrar en la ciudadela
algunos comisionados se llegaron hasta el emperador para entregarle las
llaves y pedir su protección, pero Carlos no pudo sujetar la violencia
de sus encrespadas tropas, los cuales se entregaron a toda suerte de
atropellos y desafueros. No obstante, Barbarroja continuaría asolando
desde Argel las costas baleares y levantinas. En 1538 Andrea Doria, al
mando de la flota cristiana (mucho más potente que la turca), resultó
derrotado en la costa de Epiro. Fue el principio del descalabro
cristiano que culminó en 1554 con la pérdida de Bugía, en la costa
argelina.
Derrotado en este frente, Carlos V también
se vio forzado, al año siguiente, a firmar la Paz de Augsburgo con los
príncipes luteranos y a ceder en gran parte de sus pretensiones. Ante el
cariz que tomaban los acontecimientos, el emperador había dirigido su
testamento político a su hijo Felipe ya en enero de 1548, y dos años más
tarde comenzó a escribir sus memorias. A lo largo de su vida, el
emperador había dado sobradas muestras de heroísmo en múltiples
batallas, como por ejemplo cuando sus tropas desembarcaron en Argel el
13 de octubre de 1541 y al día siguiente una espantosa tempestad
dispersó los barcos de su escuadra, destruyó las tiendas de campaña y
causó la muerte de numerosos soldados. En aquella ocasión, Carlos vendió
sus magníficos caballos para socorrer en algo a sus hombres, y en la
retirada combatió a pie. Como sus soldados temían que los abandonase, el
emperador embarcó en la última galera de forma que todos pudieran
verlo. Pero en 1555 su ánimo estaba definitivamente abatido y padecía
terribles dolores a causa de la gota. Sostener su colosal imperio había
agotado sus fuerzas.
La abdicación de Carlos V
El
25 de octubre de 1555, en un emotivo discurso ante la asamblea de los
Estados Generales reunida en Bruselas, Carlos abdicó en favor de Felipe,
que reinaría como Felipe II, la soberanía de los Países Bajos. Tres
meses más tarde le cedió las coronas de Castilla y León, Aragón y
Cataluña, Navarra y las Indias. Lo mismo hizo con el reino de Nápoles,
el de Cerdeña, la corona de Sicilia y el ducado de Milán. En el mes de
septiembre de 1556 cedió el imperio a su hermano Fernando I y, dejando a
Felipe en Bruselas, se embarcó hacia España. Había comprendido que el
título imperial carecía de valor sin el sustento de las armas y por ello
no había dudado en repartir sus dominios entre las que consideró las
cabezas más importantes de su dinastía: su hermano Fernando y su hijo
Felipe.
Obsesionado por la muerte, el temor a Dios y
la angustia religiosa, vivió los dos últimos años de su vida en el
retiro monástico. El lugar de reposo elegido fue el austero monasterio
de Yuste, en la provincia española de Cáceres, situado en un abierto
valle y rodeado de hermosos robledales y grandes castaños. Ingresó allí
el 3 de febrero de 1557, pero siguió manteniendo una intensa
comunicación con Felipe II, que a menudo requería sus consejos, y no
dejó nunca de interesarse por los asuntos públicos.
Carlos V en Yuste (1837), de E. Delacroix
Llevó
a aquel apartado lugar sus preciosos muebles, su vajilla de plata, su
magnífico vestuario y cincuenta servidores; una vez instalado, ocupaba
sus horas en largas charlas sobre religión con el jesuita Francisco de
Borja, que antes había sido el gran duque de Gandía, y pudo de nuevo
consagrarse a sus aficiones, las matemáticas y la mecánica, e incluso
llegó a construir algunos relojes. De hecho, sus embajadores en el
extranjero, conocedores de su debilidad por ellos, le enviaban los más
preciosos y artísticos relojes procedentes de diversos países europeos,
piezas únicas en su género con las que entretenía su tiempo. Coleccionó
además pintura de los grandes artistas de la época, como Tiziano, y de
los primitivos italianos y flamencos. Leía libros piadosos y de historia
(sobre todo a Julio César, Tácito, Boecio y San Agustín), cantaba con
los monjes en el coro y organizaba solemnes funerales por su alma que
presenciaba tétricamente en la iglesia del monasterio.
Tras
recibir la extremaunción, falleció en la madrugada del 21 de septiembre
de 1558, dejando tres hijos legítimos de su matrimonio con doña Isabel
de Portugal (Felipe II, María, reina de Bohemia, y Juana, princesa de
Portugal), además de varios bastardos, entre los cuales el más célebre
sería don Juan de Austria, concebido por la rolliza campesina Barbara
Blomberg en 1545. Joven de simpatía arrolladora, Juan de Austria habría
de comandar, años más tarde, las fuerzas españolas frente a las turcas
en la batalla de Lepanto, y llegaría a ser gobernador de los Países
Bajos.
Su ambición de resucitar el Sacro Imperio
Romano, fundado en la unidad religiosa, había fracasado. Había creado,
en cambio, el primer imperio colonial moderno, el imperio en que nunca
se ponía el sol. Los más bellos retratos del emperador, a quien no
desagradaba posar para los pintores, se conservan en el Museo del Prado
de Madrid y son obra del gran pintor veneciano Tiziano Vecellio. En el
que tuvo ocasión de realizar en 1533 en Bolonia, el modelo viste el
suntuoso traje con el que fue coronado por el pontífice Clemente VII y
sujeta con la mano izquierda el collar de un lebrel. El más majestuoso
lo muestra a caballo según apareció en la batalla de Mühlberg,
pomposamente cubierto de armadura, portando una larga lanza y tocado con
yelmo empenachado. Aunque éste es quince años posterior, en ambos el
genio de Tiziano supo revelar en la mirada de Carlos V el más acusado de
los rasgos de su carácter: su inextinguible tristeza, su pertinaz
melancolía.
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