sexta-feira, 4 de julho de 2014

GUERRA COLONIAL: ELEFANTE DUNDUM - MISSÃO, TESTEMUNHO E RECONHECIMENTO - Parte 2/3

Guerra Colonial
ELEFANTE DUNDUM - MISSÃO, TESTEMUNHO E RECONHECIMENTO - Parte 2/3
Transmitindo o espírito de Cavaleiro.
O Major de Cavalaria Mendes Paulo, conta-nos através da sua experiência nas missões em que tomou parte, a história das armas da Cavalaria do exército Português nos anos 60. As aventuras, os esforços, s treinos e formação e as horas difíceis. Um documento essencial para quenm gosta das nosss forças armadas e ara entender a guerra colonial e o desempenho das nossas tropas.

- «O Major de Cavalaria João Luiz Mendes Paulo, leva-nos à Índia onde, como Tenente, comandou o 1ºPelRec4 em 1959-61, depois a Moçambique no BCav571 em 1963-65, e a Angola no BCav1927 em 1967-69. E acaba a sua carreira dramaticamente no BCav2922, em Fevereiro de 1971 no leste da Guiné, após a acção mal sucedida, denominada Operação Mabecos.
ELEFANTE DUNDUM, é um "Manual de Cavalaria", que nos relata toda uma carreira dedicada à Família, ao Exército e à sua Arma.
Com ele, através da sua escrita superiormente ilustrada com fotos, vamos viver a guerra nos quatros teatros em que interveio e, ainda, a descrição minuciosa com imagens e diagramas de todos os carros de combate de todos os tempos.»
- «Organizou e esteve presente em inúmeros convívios das unidades a que pertenceu. Presença assídua, interessada e amiga nos seus encontros, deixou saudades pela sua afabilidade, disponibilidade e sobretudo pela camaradagem que patenteava aos seus subordinados. Faleceu a 06 de Setembro de 2006.
O Guerreiro descansa em paz... »
(excertos de comentários, publicados em 11Out2010 no facebook)

«M5A1 "Stuart" em Angola - Um pouco de história»
Produzidos em 1943 em Detroit, os M5A1 seguiram para Inglaterra onde foram baptizados "Stuart" e preparados para a iminente invasão de França, desembarcaram na Normandia, entraram em Paris com a 2ª Divisão Blindada do General Jacques Leclerc, rolaram pela Bélgica e terminaram a guerra na Alemanha, onde receberam a rendição de Neustadt a 16 de Abril de 1945. Foram depois vendidos ao Canadá, tendo servido no exército canadiano como blindados de instrução até 1956, ano em que após terem sido completamente revistos, recondicionados e motorizados de novo [2 Cadillac-V8 c/120Cv cada], receberam "guia-de-marcha" para Portugal.
Noventa M5A1 vieram para Portugal em 1956 ao abrigo da NATO. Quando chegaram ao nosso País, estes carros eram já obsoletos. O Exército Português estava já nessa altura equipado com os mais modernos M-24 "Chaffee" e M-47 "Patton".
Em 1967, dos noventa M5A1 portugueses, o Regimento de Cavalaria 6 (RC6) possuía 2, a Academia Militar (AM) tinha 3, a Guarda Nacional Republicana (GNR) tinha 20 e finalmente o Depósito Geral de Material de Guerra (DGMG) em Beirolas albergava os restantes 65, dos quais apenas 13 estavam operacionais, ou seja prontos para serviço imediato. Destes 13, apenas 10 tinham lagartas de ferro, as ideais para o tipo de terreno que iriam encontrar em África, embora menos confortáveis do que as de borracha, mas mais resistentes ao desgaste.
Resgatados a muito custo do DGMG onde enferrujavam, estes veteranos de muitas batalhas tiveram nova oportunidade de emprego.
O Capitão Mendes Paulo, acompanhado de um condutor e de um mecânico, esteve em Beirolas durante uma semana, tendo sido seleccionados seis M5 (os carros já não estavam no parque mas sim no "cemitério", última etapa antes de serem desmantelados pelo maçarico do ferro-velho): os carros eram sujeitos a um primeiro exame e, se aprovados, eram tirados do "cemitério" para testes de andamento mais completos.
Escolhidos os três definitivos, foram levados para as Oficinas Gerais de Material de Engenharia (OGME) em Belém, onde se procedeu a uma revisão completa. Na Direcção do Serviço de Transmissões (DST), foram equipados com rádios iguais aos dos M-24 e M-47. No paiol de Sacavém estavam as munições -- 1500 perfurantes de 37mm e 61500 de 7.62mm para as metralhadoras Browning --, que embarcaram com os carros no navio "Beira", a 26 de Setembro de 1967; (mais tarde foram recebidas as munições explosivas, porque estas na altura estavam adstritas à GNR).
Graças à determinação e entusiasmo do então Capitão de Cavalaria Mendes Paulo, três velhinhos carros de combate M5A1 "Stuart" da 2ª Guerra Mundial, foram os protagonistas de uma aventura sem igual em terras africanas, ficando para a História como os únicos Tanques usados na Guerra do Ultramar e os únicos a ver combate em toda a história do Exército Português.
Embarcaram três (o Milocas, o Gina e o Licas) para Angola, em 1967. E até 1972 distinguiram-se em muitas missões de escolta e reconhecimento, sendo apelidados pelos guerrilheiros da FNLA, "Elefante Dundum".
O carro ME-08-98 Milocas ficou no Grafanil, o ME-08-77 Gina em Luanda e o ME-07-70 Licas em Zala. São hoje esqueletos de ferro ferrugento, relíquias de uma guerra muito particular.
Actualmente em Portugal existem 13 M5A1, distribuídos da seguinte forma:
- 4 no Regimento de Cavalaria 6
- 2 na Escola Prática de Cavalaria
- 2 no Quartel de Cavalaria (ex-RC4)
- 1 no Regimento de Lanceiros nº2
- 1 na Escola Prática de Serviço de Material
- 1 no Museu Militar do Porto
- 1 no Museu da Liga dos Combatentes, no Forte do Bom Sucesso em Belém (transferido do Regimento de Cavalaria 3)
(Alexandre Gonçalves, in "Cadernos Militares do Lanceiro", nº3)


Género: Documentário
Audio: Português

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