terça-feira, 8 de julho de 2014

FAZ 617 ANOS VASCO DA GAMA RUMOU À INDIA

História de Portugal
FAZ HOJE 617 ANOS VASCO DA GAMA LARGOU AMARRAS RUMO À INDIA
As Náus Portuguesas tornaram-se pequenas para tamanha carga de sonhos e esperança que o Almirante levava. Nada mais, nada menos do que o destino e o futuro de uma Nação, o esforço de um Povo dedicado a uma causa, junto ao seu Rei. Todos percebiam da importância deste projecto para a subsistência de um País pequeno em território, mas enorme em sonhos e empenho, em arte e engenho ...!!!
ONDE ESTÁ ESSE ESPÍRITO, PASSADOS ESTES ANOS ?
TEMOS UM POVO COMPLETAMENTE DESMOTIVADO E FLAGELADO PELOS ENGANOS E EMBUSTES POLÍTICOS. É URGENTE VOLTARMOS A SER PORTUGAL E NÃO O MESQUINHO QUINTAL DE MEIA DÚZIA ...!!!

A 8 de Julho de 1497, a armada de Vasco da Gama parte rumo à Índia

Vasco da Gama provém de uma família nobre. Seu pai, Estêvão da Gama havia prestado relevantes serviços ao reino, não só combatendo no Norte de África, mas muito especialmente em actividades de espionagem no seio da antiga Anafé (Casablanca-Marrocos). Aí, disfarçado de vendedor de figos, buscava informações sobre a real capacidade defensiva da cidade, e o seu sucesso foi tal que D. João II logo se prontificou a recompensar tal argúcia e bravura, nomeando-o alcaide de Sines.

Terá sido provavelmente aí que nasceu o jovem Vasco, por volta de 1468/69, o segundo de quatro irmãos. O seu local de nascimento encontra-se envolto em alguma polémica, havendo quem lhe aponte Évora ou Santarém, respectivamente os locais de nascimento dos pais, como sua cidade natal. Seja como for, denota-se uma clara afectuosidade de sua parte em relação a Sines. Os esforços que mais tarde, no regresso da sua primeira viagem à Índia, Vasco da Gama levará a cabo de maneira a recuperar a alcaidaria de seu pai, onde quereria fixar a sua família, denotam esse apreço à então vila de Sines.
Em fins do séc. XV, a vila tratava-se de uma pequena povoação piscatória, que não chegava aos 200 habitantes, mas que, no entanto, se distinguia pela posição estratégica que ocupava no contacto com o mar, cabendo mesmo ao seu alcaide o título de “Alcaide do mar”.

Assim, terá sido nesse lugar que, já antes de se tornar alcaide, Estêvão da Gama terá exercido a prática da navegação, envolvendo provavelmente o filho na sua actividade. Conhecendo-se muito pouco da vida de Vasco da Gama, anteriormente a 1496, é esta preferência e este apego à sua terra de família que nos permite compreender a sua vocação e bases científicas. Uma prática náutica vivida desde a adolescência, no decorrer da qual adquiriu as necessárias noções de Matemática, Cosmografia, Astronomia, bem como o manuseamento de instrumentos náuticos como a bússola ou o astrolábio.

Vasco da Gama era fidalgo da casa de real, por isso conheceu e lidou desde muito cedo com D. Manuel I. Ora, em 1495 dá-se a morte de D. João II, falecendo sem que deixasse um herdeiro legítimo que ocupasse o trono. É, por isso, o seu primo D. Manuel que lhe sucede, retomando muitas das políticas e projectos desenvolvidos por D. João. Entre eles, encontrava-se a concretização da chegada à Índia por mar, projecto acalentado e cuidadosamente preparado por D. João II, que acabava sem tempo para o realizar. Pois essa é uma empresa à qual D. Manuel dará imediato seguimento, convocando Vasco da Gama para preparar a expedição logo a partir de 1496, cabendo-lhe ainda a sua liderança.

Estando então em Montemor-o-Novo, D. Manuel manda-o chamar, para que se apresentasse com seus capitães em audiência pública. Aí, diante de alguns notáveis do reino, D. Manuel passou à leitura das suas razões e objectivos, elogiando e depositando a sua confiança em Vasco da Gama. Posto isto, e estando ajoelhado, apresentam-lhe uma bandeira de seda com uma cruz ao meio, das da Ordem de Cristo (da qual D. Manuel era administrador), perante a qual Vasco da Gama se compromete a atingir o seu objectivo, desfraldando-a perante todos os povos que avistasse, defendendo-a com a vida e trazendo-a de volta no seu regresso vitorioso.
Posto isto, foi-lhe entregue a bandeira, dizendo-lhe D. Manuel que decidisse o que levar, e encarregando seus oficiais de providenciarem tudo quando fosse requerido por Vasco da Gama, incluindo os mestres e pilotos que entendesse.

A par do apetrechamento dos navios, que eram três (S. Gabriel, S. Rafael e S. Miguel), Vasco da Gama pediu aos seus marinheiros que procurassem aprender ofícios enquanto não embarcassem, pagando-lhes para tal um excedente do soldo base. Assim se ganharam carpinteiros, cordoeiros, calafates, ferreiros e torneiros que garantiriam a manutenção das embarcações no decorrer da viagem.

Na véspera da partida, estando já os navios prontos e ancorados no Restelo, procederam os capitães a uma vigília na Igreja de Nossa Srª da Vocação de Belém (que aí o Infante D. Henrique havia mandado erguer. Hoje, o Mosteiro dos Jerónimos), onde receberam os sacramentos.
A partida decorreria então a 8 de Julho, um Sábado consagrado a Nossa Senhora, pelo que, aliando a natureza votiva deste templo ao propósito de se ver partir a armada, muita gente acorreu ao Restelo. Após a realização de missa solene, prosseguiu-se uma grande procissão que deveria acompanhar os mareantes até junto dos batéis.

A Caravela Vera Cruz é a mais exacta réplica das antigas caravelas
usadas pelos portugueses na Era dos Descobrimentos.
Assim, de tochas na mão, caminhando Vasco da Gama com os seus à frente, junto com os sacerdotes, sucedia-lhes a imensa população que ia repetindo a ladainha à frente cantada. Chegados à beira rio, todos se ajoelham e silenciam. O sacerdote faz a confissão geral e absolve os mareantes, que podiam perecer na viagem. Entrando nos batéis espalhados pela praia, cerca de 150 homens rumam às pesadas embarcações ancoradas no Tejo, por elas se distribuindo.

Seguem-se os Adeus, as lágrimas, o contentamento de uns, a apreensão de outros. Entre quem parte e quem vê partir multiplicam-se as reacções. O sentimento de perda e fatalismo mistura-se com exortações de sucesso e glória. Enquanto se reconhecem os rostos prolongam-se as emoções, à medida que aumentava a distância. Consta que D. Manuel os seguiu ainda no seu batel, dando-lhes palavras de alento e coragem. Com as velas plenamente soltas e à mercê do vento do Norte, os navios aceleram e el-Rei fica para trás, sempre a observa-los até desaparecerem no horizonte.



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