O REAL PAÇO DA NOSSA SENHORA DA AJUDA - O PALÁCIO DA AJUDA
As suas origens e histórias.
Texto: Português
História
O
Real Paço de Nossa Senhora da Ajuda foi mandado erguer por D. José I
(1714-1777) no alto da colina da Ajuda. Este edifício, construído em
madeira para melhor resistir a abalos sísmicos, ficou conhecido por Paço
de Madeira ou Real Barraca. Substituía o sumptuoso Paço da Ribeira que
fora destruído no Terramoto que arrasou Lisboa em Novembro de 1755.
Construção do Real Paço da AjudaCoube a Manuel Caetano de Sousa, Arquitecto das Obras Públicas, a tarefa de projectar um novo palácio de pedra e cal, que foi traçado ainda de acordo com as tendências arquitectónicas do Barroco. Este projecto, iniciado em 1796 sob a regência do príncipe real D. João, foi suspenso decorridos cinco anos de construção, quando, em 1802, Francisco Xavier Fabri e José da Costa e Silva, arquitectos formados em Itália, foram encarregues de o adaptar à nova corrente neoclássica. Esta tarefa, continuada mais tarde por António Francisco Rosa, responsável pelo traçado de “redução” do projecto, nunca veio a ser concretizada integralmente.
Partida da Corte para o Brasil em 1807
Quando, em 1821, a Corte regressou do Brasil, o Palácio permanecia inacabado, sendo nele realizadas apenas cerimónias protocolares. Em 1826, após a morte de D. João VI (1767-1826), estando as alas nascente e sul já habitáveis, a infanta regente D. Isabel Maria (1801-1876) e duas das suas irmãs escolheram-no para sua residência.
D. Miguel viveu no Real Paço da Ajuda
Dois anos depois, o rei D. Miguel (1802-1866) também elegeu a Ajuda para morar e muito impulsionou a prossecução das obras. Para permitir a continuidade dos trabalhos, ao fim de seis meses o rei mudou-se para o Palácio das Necessidades e nunca chegou a voltar. Os confrontos entre liberais e absolutistas mergulharam o país numa frágil estabilidade e, em 1833, a construção paralisou por completo, para não mais ser retomada nos moldes projectados. Após a vitória liberal, D. Pedro assumiu o Governo como regente, na menoridade da filha, D. Maria da Glória, e jurou a Carta Constitucional na Sala do Trono do Paço da Ajuda, em 1834.
Ao longo do reinado de D. Maria II (1819-1853) e do curto reinado de D. Pedro V (1837-1861), que fixaram residência nas Necessidades, o Paço da Ajuda assumiu um plano secundário.
Com D. Luís I o Palácio ganha nova vida
monarca.
As verdadeiras alterações na decoração dos interiores começaram em 1862, ano do casamento do rei com a princesa de Sabóia, D. Maria Pia (1847-1911). Foi então iniciado um longo trabalho de reformulação que se estendeu a diversos níveis: das paredes aos tectos – forrados, estucados ou pintados de novo –, ao revestimento dos soalhos com parquets e alcatifas, à escolha do mobiliário para as salas. Tudo encomendado a casas especializadas, portuguesas ou estrangeiras, fornecedoras da Casa Real. Os presentes de casamento e bens trazidos de Itália pela rainha ajudaram á decoração dos apartamentos remodelados.
Nova disposição e decoração das salas
A nova disposição e decoração das salas, entregues ao arquitecto Joaquim Possidónio Narciso da Silva, acompanhou os então recentes padrões de conforto, privacidade e higiene, característicos da mentalidade burguesa do século XIX. Os espaços queriam-se agora mais íntimos e resguardados. Introduziram-se novas dependências no piso térreo: a Sala de Jantar, para as refeições diárias da família, uma sala de estar – a Sala Azul – e zonas de lazer, de que são exemplo a Sala de Mármore e a de Bilhar; por fim, as casas de banho dotadas de água corrente, quente e fria. O andar nobre fora reservado para as recepções de gala e o piso térreo, a partir da Sala de Música e ao longo da fachada poente, destinado aos aposentos privados. O Palácio foi-se tornando palco das reuniões do conselho de Estado, dos dias de grande gala – os banquetes e as recepções oficiais – e do quotidiano familiar: aqui nasceram os príncipes D. Carlos (1863-1908) e D. Afonso (1865-1920).
Após a morte de D. Luís I, em 1889, a vida agitada do Palácio da Ajuda alterou-se profundamente. No novo reinado, a Corte dividira-se entre três Paços: a Ajuda, onde D. Maria Pia permaneceu com D. Afonso; Belém – onde nasceram os príncipes D. Luís Filipe (1887-1908) e D. Manuel (1889-1932) – e as Necessidades, residências alternativas de D. Carlos I e D. Amélia (1865-1951). O andar nobre da Ajuda manteve-se reservado para a realização de cerimónias oficiais.
Instauração da República e o Palácio Hoje
Desde 1996, tem vindo a proceder-se à reconstituição, tão aproximada quanto possível, desta residência real, e várias salas foram restauradas com base em rigorosa investigação histórica.
Em 2007, o Palácio, juntamente com os outros palácios nacionais passou a integrar o conjunto de imóveis tutelados pelo Instituto dos Museus e da Conservação.
Além de constituir uma das mais importantes instituições museais de Artes Decorativas do país, o Palácio Nacional da Ajuda é, ainda hoje, cenário das cerimónias protocolares de representação de Estado.
E
Para saber mais sobre o Palácio:
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