sábado, 26 de julho de 2014

DOM JOÃO I E A TOMADA DE CEUTA

História de Portugal
DOM JOÃO I E A TOMADA DE CEUTA
599 anos se passaram sobre aquele dia 25 de Julho de 1415 quando se partiu para a conquista de Ceuta. Tendo sido obra de grande importância e esforço para o Reino, pelo que significou e por suas consequências, não quis que a data passasse mais uma vez desapercebida.
Aqui se revela como foi levada a cabo tal empresa, a época e o Rei que a tornou possível.

Texto: Português
Áudio: Português
Fontes: Canal História - Portugal Glorioso - Infopédia - Wikipédia


Documentário
A CONQUISTA DE CEUTA - DOM JOÃO I






A CONQUISTA DE CEUTA A 25 de Julho de 1415 (seis dias depois do falecimento de Dª. Filipa de Lencastre) sob o comando do Rei D. João I, largaram de Lisboa, em direcção ao Norte de África, 242 navios, alguns armados de guerra e galés, nos quais seguiam D. Henrique, D. Pedro e D. Duarte.

A 21 de Agosto de 1415, os botes dos navios do Infante D. Henrique começaram a despejar gente na praia. Depois de um pequeno ataque, cheios pânico, os Mouros recolheram-se espavoridos às portas da cidade, e 500 dos Portugueses, que correram logo sobre eles, entraram também de roldão, sendo depois auxiliados pelos infantes D. Henrique e D. Duarte com mais forças. Também o Rei ao tomar conhecimento da situação, foi em auxílio com as suas tropas.

Conquista de Ceuta - 1415
Ao anoitecer, os Mouros, sem comando, batidos por toda a parte, abandonaram a luta sem tentar sequer defender a cidade, que não tardou em cair nas mãos dos Portugueses.
A manhã de 22 veio encontrar os vencedores ainda no auge da colheita e na surpresa de uma fácil vitória.
Depois procedeu-se solenemente à sagração da mesquita e à cerimónia de armar cavaleiros os três infantes e muitos fidalgos moços que valorosamente haviam recebido o baptismo dos combates.
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Ceuta tornou-se diocese em 1417 por bula do Papa Marinho. A partir de 1645 a diocese de Ceuta deixou de pertencer a Portugal, e passou a ser espanhola.
No contexto da Dinastia Filipana, que se seguiu à morte de D.Sebastião  em 1580, Ceuta manteve a administração portuguesa, tal como Tânger e Mazagão. Todavia, quando da Restauração Portuguesa em 1640 não aclamou o Duque de Bragança como rei de Portugal, ficando sob domínio espanhol. 
A situação foi oficializada em 1668 com o Tratado de Lisboa, assinado entre os dois países e que pôs fim à guerra da Restauração, no entanto, a cidade decidiu manter a sua bandeira que é composta por gomos brancos e pretos, à semelhança da bandeira da cidade de Lisboa, ostentando ao centro o escudo português.




A TOMADA DE CEUTA

Fruto de uma intenção expansionista que se vinha manifestando já desde D. João I, conheceram-se planos para atingir esse objetivo. Um deles era a conquista de Granada, ideia discutida desde 1411, com um claro propósito de ganhar terreno aos infiéis com a perpetuação e continuação da "Reconquista". O outro plano era o ataque às praças fortes de Marrocos. A proposta da conquista de Ceuta acabou por prevalecer, dada a sua importância económica.
Assim, após uma minuciosa preparação da viagem que começara em 1412, e para se dar cumprimento à vontade, partiu de Lisboa, a 25 de julho de 1415, uma frota composta de 212 navios (59 galés, 33 naus e 120 embarcações pequenas) rumo a Ceuta. Um contingente militar que rondava os 20 mil homens conquistou a praça a 22 de agosto de 1415. Depois da conquista regressaram a Portugal com inúmeros despojos, deixando a D. Pedro de Meneses o pesado encargo do governo e manutenção da cidade, juntamente com 2700 homens. Após a conquista, a mesquita maior de Ceuta foi transformada em igreja cristã, numa política usual de substituição de símbolos de poder efetuada pelos vencedores. Constituía também a confirmação e o sucesso da cruzada contra os infiéis proposta por D. João I e muito bem acolhida pelo Papa. Entre as motivações que presidiram ao objetivo de conquistar Ceuta toma especial relevância a económica. Relativamente à moeda, durante os séculos XIV e XV, verificou-se um fenómeno de desvalorização acentuada sem paralelo, quer em toda a história económica do País, quer em comparação com o estrangeiro. Este problema, que começara já no reinado de D. João I, época de grandes desvalorizações da moeda, devia-se à falta de metal e à crise que o comércio português atravessava.
Várias medidas de resolução da crise foram implementadas, embora sem grande resultado, e a expedição a Ceuta afigurava-se uma boa estratégia pela perspetiva de ali poderem adquirir ouro e prata. Como veremos, esta tentativa resultou num fracasso, pois exauriu ainda mais os cofres do Estado. Os gastos da conquista foram enormes e tornava-se necessário manter a praça, vítima de ataques constantes. Em 1419 forças marroquinas e granadinas puseram cerco a Ceuta. A Coroa enviou reforços que partiram de Portugal em auxílio dos seus compatriotas e os muçulmanos acabaram por se render.
A manutenção da praça de Ceuta implicava abastecimentos regulares de provisões, nomeadamente de trigo. A fraca produção, associada a uma população em crescimento, sobretudo nas cidades, provocou uma acentuação das necessidades alimentares e, consequentemente, um maior volume de exportações já que se recorria ao estrangeiro, em grande parte à Inglaterra, para colmatar as falhas neste campo. Para além deste encargo, foi também necessário proceder ao pagamento da dívida quer a nacionais quer a estrangeiros, devido aos empréstimos pedidos para financiamento da expedição. Na sequência de tratados de aliança efetuados no reinado de D. João I e de D. Duarte, Portugal pôde recorrer ao auxílio aragonês para a tomada de Ceuta, retribuindo aos espanhóis garantias de privilégios.
As dificuldades com que a Coroa se deparou para manter a praça refletiram-se nas opiniões divergentes acerca da continuidade da política expansionista de fixação em praças no Norte de África. Estava-se num impasse: ou se interrompia a conquista, o que implicava a perda de Ceuta, pois como praça isolada não se conseguiria defender, ou prosseguia-se com a conquista de mais praças, para que se pudesse constituir um verdadeiro empório comercial capaz de fazer frente aos ataques corsos. Seguindo esta última via, deparariam novamente com as mesmas dificuldades sentidas com a manutenção da praça de Ceuta. As hesitações marcaram a tomada de decisão e por isso houve necessidade de pedir opinião e pareceres às pessoas de maior influência. Todas elas eram unânimes em concordar que o país era pobre e despovoado, o que dificultaria o prosseguimento da campanha.
Teria de se esperar pelo governo de D. Duarte para se levar por diante o movimento expansionista. Em 1433, a decisão era continuar a guerra em África apesar da divergência de opinião manifestada pelos infantes D. Pedro e D. João contra D. Henrique, D. Fernando e o conde de Arraiolos, que estavam em maioria. D. Duarte concedeu a aprovação para uma nova fase de conquista, cujo primeiro objetivo era a praça de Tânger, que redundou num fracasso. D. Henrique rendeu-se (outubro de 1437), o infante D. Fernando foi aprisionado como refém e comprometeu-se a entregar Ceuta em troca da liberdade do irmão. Na reunião de Cortes, convocadas para se resolver o problema, os infantes D. Pedro e D. João, juntamente com os procuradores dos concelhos, eram a favor da entrega imediata de Ceuta aos marroquinos, opinião que não era partilhada pelos nobres e pelo conde de Arraiolos. As Cortes acabaram por ser dissolvidas e a questão ficou em aberto.
O benefício para Portugal da conquista de Ceuta advinha da possibilidade de consolidar uma posição de destaque perante os outros países da Europa. O rei surgia à frente da cruzada que era necessário empreender contra o Islão, e por isso interessava ao Papa e aos outros monarcas protegê-lo. Isso mesmo se refletiu nas concessões papais. A conquista de Ceuta por outro lado constituía igualmente o trampolim para as viagens e povoamento da Madeira (1419) e dos Açores (1427), com incursões também nas Canárias.

Conquista de Ceuta


A cidade islâmica de Ceuta, localizada no Norte de África, na península de Almina, sempre foi alvo dos conquistadores ibéricos (tanto da Espanha como de Portugal), já que possui uma favorável posição estratégica ao ser um passo forçado do Estreito de Gibraltar. A conquista de Ceuta era sempre uma mais valia.
O dia 22 de Agosto de 1415 o porto foi tomado por uma incursão militar portuguesa, comandada pelo próprio Rei D. João I, fundador da Dinastia de Avis, junto com seus dois filhos, os infantes D. Duarte e D. Henrique.
Esta ocupação seria conhecida como uma das primeiras tentativas do reino português para tomar posse de terras em África, e estabeleceu-se como momento fundador do projeto de expansão ultramarina dos lusitanos.
Com a assinatura em 1411 do Acordo de Paz entre os dois reinos ibéricos, o Rei e, sobretudo sua nobre descendência, precisava encontrar novas formas de afiançar sua legitimidade soberana.
Sem as honras e escudos outorgados pelo conflito bélico, o olhar da coroa portuguesa dirigiu-se novamente a recuperar as cruzadas como fonte para aumentar suas conquistas, mas também como afirmação da cristandade sob os valores muçulmanos.
Índice da página

[ Editar ]Direitos Ancestrais

Sob o suposto de possuir o direito legítimo concedido a ambos os reinos por ter se constituído em propriedade ancestral do patrimônio africano, herdado da monarquia visigótica e determinado com o Acordo de Sória assinado no ano de 1291, onde os dois impérios dividiram-se as regiões a conquistar no futuro em Marrocos.
A cidade islâmica de Ceuta, localizada no Norte de África, na península de Almina, sempre foi alvo dos conquistadores ibéricos (tanto da Espanha como de Portugal), já que possui uma favorável posição estratégica ao ser um passo forçado do Estreito de Gibraltar. A conquista de Ceuta era sempre uma mais valia. (Autor: The Red Hat of Pat Ferrick)
A cidade islâmica de Ceuta, localizada no Norte de África, na península de Almina, sempre foi alvo dos conquistadores ibéricos (tanto da Espanha como de Portugal), já que possui uma favorável posição estratégica ao ser um passo forçado do Estreito de Gibraltar. A conquista de Ceuta era sempre uma mais valia. (Autor: The Red Hat of Pat Ferrick)
Dois séculos depois, a nobreza portuguesa destacou dois pontos possíveis de interesse, que podiam se converter na pedra angular do projeto português de ocupação: a cidade muçulmana de Granada, objetivo permanente da reconquista castelhana, ou a cidade de Ceuta, reino dos Herínidas, importante porto de comercio e de controle de rotas mercantis.

[ Editar ]Somatória de Interesses na Conquista de Ceuta

Do começo, a conquista de Ceuta desenvolveu-se sob uma conjugação de interesses que ainda hoje são debatidos. Por um lado, encontra-se a necessidade dos descendentes do Rei por achar novas batalhas e glórias e se armar cavaleiros. Existe também a motivação religiosa de expandir o Cristianismo em territórios infiéis.
Outra possível causa da invasão era dada por motivos econômicos, o desejo de possuir e controlar as rotas comerciais deste poderoso ponto no estreito, além da razão política de constituir o reino de Portugal numa importante potência europeia, com o projeto expansionista, para o qual a conquista de Ceuta seria o lugar de partida.
Assim, os expedicionários portugueses encaminharam-se a conquista de Ceuta o dia 25 de julho, numa viagem sem contratempos até o dia 21 de agosto, momento no que o exército realizou o desembarco no porto e onde se apodera da cidade sem encontrar mor resistência por parte dos muçulmanos. Em anos posteriores os mouros intentaram reconquistar duas vezes a cidade, mas sem sucesso.
Depois da incursão no território africano, o Rei D. João decidiu manter a ocupação permanente da cidade com o intuito de estabelecer a soberania e a autoridade de sua dinastia e do reino lusitano em ultramar.
A determinação de constituir uma colônia através da conquista de Ceuta seria um fracasso no longo prazo, já que significou um grande desperdiço de dinheiro e homens para sua defesa, despesas que não foram sufragadas com a expectativa inicial de gerar riqueza por tomar o controle comercial da zona e assim sufragar em boa parte os gastos da empresa.
Esta perspectiva foi rapidamente extinta com o desvio das rotas para outros lugares pelos muçulmanos.
Contudo, a conquista de Ceuta seria vista como exemplo da determinação do Rei que manteve o domínio sobre ela como único baluarte português na África até sua fortificação com a tomada de Alcácer-Ceguer em 1458, e de Arzila e Tânger em 1471. A cidade foi reconhecida como posse portuguesa pelo Tratado de Alcáçovas em 1479 e, mais tarde, pelo Tratado de Tordesilhas em 1494.
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João I de Portugal


João I
Brasao de Aviz.PNG
Rei de Portugal
Governo
Reinado06 de abril de 1385
14 de agosto de 1433
Coroação6 de Abril de 1385Coimbra
ConsorteD. Filipa de Lencastre
AntecessorD. Fernando I
HerdeiroDuarte I (filho)
SucessorD. Duarte I
DinastiaAvis
TítulosO de Boa Memória
Vida
Nascimento11 de abril de 1357
LisboaPortugal
Morte14 de agosto de 1433 (76 anos)
LisboaPortugal
SepultamentoMosteiro da BatalhaBatalha
FilhosD. Branca, D. AfonsoD. Duarte ID. PedroD. HenriqueD. Isabel, D. Branca, D. JoãoD. FernandoD. Afonso ID. Beatriz
PaiD. Pedro I
MãeD. Teresa
AssinaturaAssinatura de João I
João I de Portugal (Lisboa11 de Abril de 1357 – Lisboa, 14 de Agosto de 1433), foi o décimo Rei de Portugal e o primeiro da Dinastia de Avis, cognominado O de Boa Memória pelo legado que deixou.
Filho ilegítimo (bastardo) do rei D. Pedro I e 3.º Mestre da Ordem de Avis (com sede em Avis), foi aclamado rei na sequência da Crise de 1383-1385 que ameaçava a independência de Portugal.
Com o apoio do condestável do reino, Nuno Álvares Pereira, e aliados ingleses travou a batalha de Aljubarrota contra o Reino de Castela, que invadira o país. A vitória foi decisiva: Castela retirou-se, acabando bastantes anos mais tarde por o reconhecer oficialmente como rei.
Para selar a aliança Luso-Britânica casou com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, dedicando-se desde então ao desenvolvimento do reino.
Em 1415 conquistou Ceuta, praça estratégica para a navegação no norte de África, o que iniciaria a expansão portuguesa. Aí foram armados cavaleiros os seus filhos D. DuarteD. Pedro e o Infante D. Henrique, irmãos da chamada ínclita geração.
Escrito entre esse mesmo ano de 1415 e 1433, terá escrito um "notável" livro versado em montaria[1] , uma das artes de caçar[2] .

Juventude

D. João era filho ilegítimo (bastardo) do rei D. Pedro I e de D. Teresa, uma dama galega (ms. 352 do Arquivo Nacional da Torre do Tombo da Crónica de el-rei D. Pedro I, de Fernão Lopes) ou de Vasco Lourenço da Praça, um mercador de Lisboa, segundo Caetano de Sousa e que fez eco em outros conceituados historiadores contemporâneos como Maria Helena Cruz Coelho e o olisipógrafo José Sarmento de de Matos. Em 1364 foi consagrado Grão Mestre da Ordem de Avis.

Crise de 1383–85

À data da morte do rei D. Fernando I, Portugal parecia em risco de perder a independência. A rainha D. Leonor Teles de Menezes era impopular e olhada com desconfiança. O facto de se ter tornado pública a sua ligação amorosa com o nobre galego João Fernandes Andeiro, personagem influente no paço, atraiu todas as críticas contra a sua pessoa e a do seu amante. Para além do mais, a sucessão do trono recaía sobre a princesa D. Beatriz, única filha de Fernando I e de Leonor Teles de Menezes, casada aos onze anos de idade com o rei João I de Castela.
No entanto, a burguesia e parte da nobreza juntaram-se à voz popular que clamava contra a perda da independência, tão duramente mantida por D. Fernando I. Dois pretendentes apareceram para competir com João I de Castela e D. Beatriz pela coroa portuguesa:

Morte do Conde Andeiro (Museu Nacional Soares dos Reis, Porto).
Acicatado por um grupo de burgueses e nobres, entre os quais Álvaro Pais e o jovem D. Nuno Álvares Pereira, e tomando em linha de conta o descontentamento geral, o Mestre de Avis assassina o conde de Andeiro no paço a 6 de Dezembro de 1383. Com a posterior fuga de Leonor Teles de Lisboa para Alenquer inicia-se a sucessão de acontecimentos que lhe entregará a regência, a qual de início planeia exercer em nome de seu meio-irmão, o Infante D. João. Mas como este último já fora aprisionado por D. João I de Castela, abria-se então a possibilidade política de o Mestre de Aviz vir a ser rei. este rei foi uma ma escolha
O assassinato do conde Andeiro explica-se, bem mais do que pela vontade de vingar a honra do falecido rei Fernando I, ainda que este tenha sido um dos motivos, pela razão de que João I de Castela havia começado a violar o pacto antenupcial de Salvaterra de Magos logo no primeiro dia em que se fez aclamar, em Toledo, «Rei de Castela e Portugal». Aquele tratado antenupcial apenas conferia a si e à sua mulher Beatriz, sendo esta herdeira de Fernando I, o título nominal de reis e senhores de Portugal, mas sem deterem poderes de efectiva governação. Além disso, os reinos de Castela e Portugal deviam manter-se separados. Para além de logo ter mesclado as armas dos dois reinos, João I de Castela, continuando a desrespeitar o tratado, entra em Portugal pela Guarda nos finais de Dezembro de 1383. Queria ser soberano pleno, e não de dois reinos separados mas dum único, considerando que não tinha que atender em nada ao tratado de Salvaterra porque a sua mulher Beatriz era a herdeira do trono português. Quem o diz de forma mais clara não é Fernão Lopes, mas sim o cronista castelhano Pero Lopez Ayala, contemporâneo dos acontecimentos, na sua Crónica do Rei Dom João o primeiro de Castela e Leão. Consultem-se, para o constatar, os capítulos IX e XI do ano quinto e os capítulos I e II do ano décimo segundo desta Crónica. Seguiu-se a crise de 1383–1385, ou Interregno, um período de anarquia e instabilidade política onde as diferentes cidades e vilas de Portugal se declaravam umas por D. Leonor Teles (a maioria destas até ela abdicar da regência em benefício de João I de Castela e da filha), outras por D. Beatriz e o seu marido, outras ainda pelo Mestre de Aviz, além das que se mantiveram neutras, na expectativa do desenlace.
A guerra civil arrastou-se por mais de um ano. D. Nuno Álvares Pereira, posteriormente Condestável de Portugal, revelou-se um general de grande valor, ao contrário, ao início, do próprio pretendente ao trono. Fernão Lopes é um crítico feroz das acções militares do Mestre durante o primeiro ano de guerra, dado que tinha tendência a preferir os cercos e a assistência dos grandes fidalgos, sem outros resultados que não fossem traições, ao contrário da luta militarmente inovadora e terrivelmente eficaz de Nuno Álvares, que arrancou muitas vitórias no Alentejo e deu boa ajuda a Lisboa, onde o Mestre ficou sitiado sem se ter podido abastecer das provisões necessárias para aguentar durante muito tempo o cerco. No entanto, depois das Cortes de Coimbra em 6 de Abril de 1385, o rei D. João I mostrou-se um bom seguidor das tácticas militares de D. Nuno Álvares, e do conselho de guerra deste constituído por escudeiros.

O génio militar de Nuno Álvares Pereira foi decisivo na Batalha de Aljubarrota.
Finalmente a 6 de Abril de 1385, as Cortes portuguesas reunidas em Coimbra elevam o Grão-Mestre de Aviz, como D. João I, a rei de Portugal[3] . Esta tomada de posição significava na prática que a guerra com Castelaprosseguiria sem quartel, visto que declarava nulo o estatuto de D. Beatriz de Portugal, rainha consorte de Castela, como herdeira de D. Fernando, e isto devido em especial à violação do tratado de Salvaterra tanto pelo seu marido como por ela (com 11 anos de idade tivera de jurar o tratado em Badajoz, aquando do casamento). «Venhamos a outra maior contradição», disse João das Regras, ao começar a falar da «quebra dos trautos» no seu discurso perante as Cortes de Coimbra (Crónica de el-rei D. João I, cap. CLXXXV). E como os quebrara, não podia suceder ao pai, o «postumeiro (último) possuidor» destes reinos. É por isso que na História de Portugal Beatriz não figura como Rainha, pois foram as próprias Cortes de 1385 a proclamar que ao rei D. Fernando I, postumeiro possuidor do reino de Portugal, quem sucedeu foi o rei D. João I.
Pouco depois, em Junho de 1385, João I de Castela invade pela 2.ª vez Portugal com o objectivo de tomar Lisboa e ver-se livre do «Mestre d’Avis que se chamava rei» (era o modo como os castelhanos o designavam). Com os castelhanos vinha então um grande contingente de cavalaria francesa. A França era aliada de Castela enquanto os ingleses haviam tomado o partido de D. João I (Guerra dos Cem Anos). Como resposta D. João I prepara-se com Nuno Álvares para a batalha decisiva. O Condestável de Portugal, que o rei nomeara aquando das Cortes de Coimbra, e o seu conselho de escudeiros montaram então uma tremenda armadilha ao exército castelhano.
A invasão castelhana transformou-se em debandada durante o Verão, depois da decisiva batalha de Aljubarrota travada a 14 de Agosto, perto de Alcobaça, onde o exército castelhano foi quase totalmente aniquilado, apesar de se encontrarem em vantagem numérica de 4 para 1. Castela teve de retirar-se do combate e a estabilidade da coroa de D. João I ficou solidamente garantida. Em 1400 termina a guerra com Castela e em 1411 é assinado um tratado de aliança e de paz com aquele país definitivamente confirmado, reconhecendo Castela sem quaisquer reservas D. João I como rei de Portugal.

Casamento de D. João I com D. Filipa de Lencastre.
Em 1387, D. João I casa com D. Filipa de Lencastre, filha de João de Gaunt, Duque de Lencastre, fortalecendo por laços familiares os acordos do Tratado de Aliança Luso-Britânica, que perdura até hoje. Depois da morte em 1390 de João de Castela, sem herdeiros de D. Beatriz, a ameaça castelhana ao trono de Portugal estava definitivamente posta de parte. A partir de então, D. João I dedicou-se ao desenvolvimento económico e social do país, sem se envolver em mais disputas com a vizinha Castela ou a nível internacional. Teve como chanceler João das Regras que defendia a centralização do poder real. A partir de certa altura associou ao governo o filho D. Duarte.
Quando o rei quis armar os seus filhos cavaleiros, estes propuseram a conquista de Ceuta, no Norte de África, em1415, uma praça de importância estratégica no controle da navegação na costa de África que é conquistada a 21 de Agosto. Após a sua conquista são armados cavaleiros, na anterior mesquita daquela cidade, os príncipes D. Duarte, D. Pedro e D. Henrique. Entretanto, na véspera da partida de Lisboa, falecera a rainha D. Filipa de Lencastre.

Legado


Bandeira pessoal de D. João I com a sua divisa: «Pour bien».
Cronistas contemporâneos descrevem D. João I como um homem arguto, cioso em conservar o poder junto de si, mas ao mesmo tempo benevolente e de personalidade agradável. Na juventude, a educação que recebeu como Grão Mestre da Ordem de Aviz transformou-o num rei invulgarmente culto para a época.
O seu amor ao conhecimento passou também para os filhos, designados por Luís Vaz de Camões, nos Lusíadas, por «Ínclita geração»: o rei D. Duarte de Portugal foi poeta e escritor, D. Pedro, Duque de Coimbra o «Príncipe das Sete Partidas», foi um dos príncipes mais esclarecidos do seu tempo e muito viajado, e o Henrique, Duque de Viseu, «o navegador», investiu toda a sua fortuna em investigação relacionada com navegação, náutica e cartografia, dando início à epopeia dos Descobrimentos.
A sua única filha, D. Isabel de Portugal, casou com o Duque da Borgonha e entreteve uma corte refinada e erudita nas suas terras.
No reinado de D. João I foram descobertas as ilhas de Porto Santo (1418), da Ilha da Madeira (1419) e dos Açores (1427), além de se fazerem expedições às Canárias. Teve início, igualmente, o povoamento dos arquipélagos dos Açores e da Madeira.
D. João faleceu a 14 de agosto de 1433. Jaz na Capela do Fundador, no Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Foi cognominado O de Boa Memória, pela lembrança positiva do seu reinado na memória dos portugueses, também podendo ser chamado de O Bom ou O Grande.
Foi impressa uma nota de 1.000$00 Chapa 6 de Portugal com a sua imagem.

Títulos, estilos, e honrarias

Títulos e estilos

O estilo oficial de D. João I enquanto Rei de Portugal, até 1415:
Pela Graça de Deus, João I, Rei de Portugal e do Algarve
Em 1415, após a conquista de Ceuta, a titulatura evolui para:
Pela Graça de Deus, João I, Rei de Portugal e do Algarve, e Senhor de Ceuta

Descendência

Realeza Portuguesa
Casa de Avis
Descendência
Ordem Avis.svg
Do seu casamento com Filipa de Lencastre (13591415) nasceram nove filhos. Destes, os seis que chegaram à idade adulta seriam lembrados como a ínclita geração:
D. João teve ainda dois filhos naturais de Inês Pires:

Conquista de Ceuta


A cidade islâmica de Ceuta, localizada no Norte de África, na península de Almina, sempre foi alvo dos conquistadores ibéricos (tanto da Espanha como de Portugal), já que possui uma favorável posição estratégica ao ser um passo forçado do Estreito de Gibraltar. A conquista de Ceuta era sempre uma mais valia.
O dia 22 de Agosto de 1415 o porto foi tomado por uma incursão militar portuguesa, comandada pelo próprio Rei D. João I, fundador da Dinastia de Avis, junto com seus dois filhos, os infantes D. Duarte e D. Henrique.
Esta ocupação seria conhecida como uma das primeiras tentativas do reino português para tomar posse de terras em África, e estabeleceu-se como momento fundador do projeto de expansão ultramarina dos lusitanos.
Com a assinatura em 1411 do Acordo de Paz entre os dois reinos ibéricos, o Rei e, sobretudo sua nobre descendência, precisava encontrar novas formas de afiançar sua legitimidade soberana.
Sem as honras e escudos outorgados pelo conflito bélico, o olhar da coroa portuguesa dirigiu-se novamente a recuperar as cruzadas como fonte para aumentar suas conquistas, mas também como afirmação da cristandade sob os valores muçulmanos.
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[ Editar ]Direitos Ancestrais

Sob o suposto de possuir o direito legítimo concedido a ambos os reinos por ter se constituído em propriedade ancestral do patrimônio africano, herdado da monarquia visigótica e determinado com o Acordo de Sória assinado no ano de 1291, onde os dois impérios dividiram-se as regiões a conquistar no futuro em Marrocos.
A cidade islâmica de Ceuta, localizada no Norte de África, na península de Almina, sempre foi alvo dos conquistadores ibéricos (tanto da Espanha como de Portugal), já que possui uma favorável posição estratégica ao ser um passo forçado do Estreito de Gibraltar. A conquista de Ceuta era sempre uma mais valia. (Autor: The Red Hat of Pat Ferrick)
A cidade islâmica de Ceuta, localizada no Norte de África, na península de Almina, sempre foi alvo dos conquistadores ibéricos (tanto da Espanha como de Portugal), já que possui uma favorável posição estratégica ao ser um passo forçado do Estreito de Gibraltar. A conquista de Ceuta era sempre uma mais valia. (Autor: The Red Hat of Pat Ferrick)
Dois séculos depois, a nobreza portuguesa destacou dois pontos possíveis de interesse, que podiam se converter na pedra angular do projeto português de ocupação: a cidade muçulmana de Granada, objetivo permanente da reconquista castelhana, ou a cidade de Ceuta, reino dos Herínidas, importante porto de comercio e de controle de rotas mercantis.

[ Editar ]Somatória de Interesses na Conquista de Ceuta

Do começo, a conquista de Ceuta desenvolveu-se sob uma conjugação de interesses que ainda hoje são debatidos. Por um lado, encontra-se a necessidade dos descendentes do Rei por achar novas batalhas e glórias e se armar cavaleiros. Existe também a motivação religiosa de expandir o Cristianismo em territórios infiéis.
Outra possível causa da invasão era dada por motivos econômicos, o desejo de possuir e controlar as rotas comerciais deste poderoso ponto no estreito, além da razão política de constituir o reino de Portugal numa importante potência europeia, com o projeto expansionista, para o qual a conquista de Ceuta seria o lugar de partida.
Assim, os expedicionários portugueses encaminharam-se a conquista de Ceuta o dia 25 de julho, numa viagem sem contratempos até o dia 21 de agosto, momento no que o exército realizou o desembarco no porto e onde se apodera da cidade sem encontrar mor resistência por parte dos muçulmanos. Em anos posteriores os mouros intentaram reconquistar duas vezes a cidade, mas sem sucesso.
Depois da incursão no território africano, o Rei D. João decidiu manter a ocupação permanente da cidade com o intuito de estabelecer a soberania e a autoridade de sua dinastia e do reino lusitano em ultramar.
A determinação de constituir uma colônia através da conquista de Ceuta seria um fracasso no longo prazo, já que significou um grande desperdiço de dinheiro e homens para sua defesa, despesas que não foram sufragadas com a expectativa inicial de gerar riqueza por tomar o controle comercial da zona e assim sufragar em boa parte os gastos da empresa.
Esta perspectiva foi rapidamente extinta com o desvio das rotas para outros lugares pelos muçulmanos.
Contudo, a conquista de Ceuta seria vista como exemplo da determinação do Rei que manteve o domínio sobre ela como único baluarte português na África até sua fortificação com a tomada de Alcácer-Ceguer em 1458, e de Arzila e Tânger em 1471. A cidade foi reconhecida como posse portuguesa pelo Tratado de Alcáçovas em 1479 e, mais tarde, pelo Tratado de Tordesilhas em 1494.
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Conquista de Ceuta


A cidade islâmica de Ceuta, localizada no Norte de África, na península de Almina, sempre foi alvo dos conquistadores ibéricos (tanto da Espanha como de Portugal), já que possui uma favorável posição estratégica ao ser um passo forçado do Estreito de Gibraltar. A conquista de Ceuta era sempre uma mais valia.
O dia 22 de Agosto de 1415 o porto foi tomado por uma incursão militar portuguesa, comandada pelo próprio Rei D. João I, fundador da Dinastia de Avis, junto com seus dois filhos, os infantes D. Duarte e D. Henrique.
Esta ocupação seria conhecida como uma das primeiras tentativas do reino português para tomar posse de terras em África, e estabeleceu-se como momento fundador do projeto de expansão ultramarina dos lusitanos.
Com a assinatura em 1411 do Acordo de Paz entre os dois reinos ibéricos, o Rei e, sobretudo sua nobre descendência, precisava encontrar novas formas de afiançar sua legitimidade soberana.
Sem as honras e escudos outorgados pelo conflito bélico, o olhar da coroa portuguesa dirigiu-se novamente a recuperar as cruzadas como fonte para aumentar suas conquistas, mas também como afirmação da cristandade sob os valores muçulmanos.
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[ Editar ]Direitos Ancestrais

Sob o suposto de possuir o direito legítimo concedido a ambos os reinos por ter se constituído em propriedade ancestral do patrimônio africano, herdado da monarquia visigótica e determinado com o Acordo de Sória assinado no ano de 1291, onde os dois impérios dividiram-se as regiões a conquistar no futuro em Marrocos.
A cidade islâmica de Ceuta, localizada no Norte de África, na península de Almina, sempre foi alvo dos conquistadores ibéricos (tanto da Espanha como de Portugal), já que possui uma favorável posição estratégica ao ser um passo forçado do Estreito de Gibraltar. A conquista de Ceuta era sempre uma mais valia. (Autor: The Red Hat of Pat Ferrick)
A cidade islâmica de Ceuta, localizada no Norte de África, na península de Almina, sempre foi alvo dos conquistadores ibéricos (tanto da Espanha como de Portugal), já que possui uma favorável posição estratégica ao ser um passo forçado do Estreito de Gibraltar. A conquista de Ceuta era sempre uma mais valia. (Autor: The Red Hat of Pat Ferrick)
Dois séculos depois, a nobreza portuguesa destacou dois pontos possíveis de interesse, que podiam se converter na pedra angular do projeto português de ocupação: a cidade muçulmana de Granada, objetivo permanente da reconquista castelhana, ou a cidade de Ceuta, reino dos Herínidas, importante porto de comercio e de controle de rotas mercantis.

[ Editar ]Somatória de Interesses na Conquista de Ceuta

Do começo, a conquista de Ceuta desenvolveu-se sob uma conjugação de interesses que ainda hoje são debatidos. Por um lado, encontra-se a necessidade dos descendentes do Rei por achar novas batalhas e glórias e se armar cavaleiros. Existe também a motivação religiosa de expandir o Cristianismo em territórios infiéis.
Outra possível causa da invasão era dada por motivos econômicos, o desejo de possuir e controlar as rotas comerciais deste poderoso ponto no estreito, além da razão política de constituir o reino de Portugal numa importante potência europeia, com o projeto expansionista, para o qual a conquista de Ceuta seria o lugar de partida.
Assim, os expedicionários portugueses encaminharam-se a conquista de Ceuta o dia 25 de julho, numa viagem sem contratempos até o dia 21 de agosto, momento no que o exército realizou o desembarco no porto e onde se apodera da cidade sem encontrar mor resistência por parte dos muçulmanos. Em anos posteriores os mouros intentaram reconquistar duas vezes a cidade, mas sem sucesso.
Depois da incursão no território africano, o Rei D. João decidiu manter a ocupação permanente da cidade com o intuito de estabelecer a soberania e a autoridade de sua dinastia e do reino lusitano em ultramar.
A determinação de constituir uma colônia através da conquista de Ceuta seria um fracasso no longo prazo, já que significou um grande desperdiço de dinheiro e homens para sua defesa, despesas que não foram sufragadas com a expectativa inicial de gerar riqueza por tomar o controle comercial da zona e assim sufragar em boa parte os gastos da empresa.
Esta perspectiva foi rapidamente extinta com o desvio das rotas para outros lugares pelos muçulmanos.
Contudo, a conquista de Ceuta seria vista como exemplo da determinação do Rei que manteve o domínio sobre ela como único baluarte português na África até sua fortificação com a tomada de Alcácer-Ceguer em 1458, e de Arzila e Tânger em 1471. A cidade foi reconhecida como posse portuguesa pelo Tratado de Alcáçovas em 1479 e, mais tarde, pelo Tratado de Tordesilhas em 1494.
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