domingo, 13 de julho de 2014

BOM POVO PORTUGUÊS

Documentários
BOM POVO PORTUGUÊS

Um documentário precioso, sobre a Sociedade Portuguesa entre 1974 e 75, na sua vertente social, política e cultural. Trata-se de um documento sem dúvida incómodo e por isso esteve sujeito a censura. É possível ver através deste testemunho no tempo, como os objectivos da Revolução do 25 de Abril de 74 se foram desvirtuando e afastando do sonho idealista com que foi levada a cabo inicialmente, passando a ser conduzida ao sabor das ambições e interesses de cada um, manipulando-se o ingénuo Povo Português, a fim de seguirem a direcção pretendida. É notória a mudança de ideologia de alguns dos dirigentes da altura, que começaram por se aliar à esquerda para reivindicarem vitórias e ideologias para destruição do Fascismo,assaltando e roubando propriedades aos seus legítimos donos, destruindo fortunas, talvez mal distribuídas sim, mas esbanjando-as, levando os pilares económicos da Nação à falência.
Quando se aperceberam do falhanço desta política, alguns, como Mário Soares e não só, desmarcam-se da esquerda e do Partido Comunista, e manipulam o povo para uma onda de assaltos às Sedes do Partido Comunista,de norte a sul do País (ainda me lembro bem disso) com espancamento e morte das pessoas que se encontrassem afectas a esse partido. Uma Revolução que foi feita em nome da Liberdade, transforma-se então em repressora de certas ideologias. São boicotados programas de TV E Rádio e destruídas instalações, e o Povo, levado na manipulação, acredita e rejubila com a nova manipulação.
O problema, é que se fizeram, ou tentaram fazer muitas revoluções em Abril (ao sabor de cada um) desde políticas a económicas, mas esqueceram-se da principal, da que deveria ter sido feita calmamente e em primeiro lugar - a Revolução Cultural, para termos um Povo bem informado, que soubesse escolher e decidir por si próprio, os seus destinos, sem manipulações de qualquer género.
O resultado é que ainda hoje, 40 anos após a Revolução, o Povo, por desconhecimento, tem um completo descrédito, na política e políticos Nacionais, continuando neste alternar ridículo entre dois partidos que não sabe diferenciar (se é que realente há diferenças).

- Texto. Português
- Áudio: Português
- Fonte: Arquivo RTP - YouTube
- Côr: Preto e Branco


Filme português de Rui Simões, um documentário histórico de longa-metragem que descreve a situação social e política de Portugal entre o 25 de Abril de 1974 e o 25 de Novembro de 1975, «tal como ela foi sentida pela equipa que, ao longo deste processo, foi ao mesmo tempo espectador, actor, participante, mas que, sobretudo, se encontrava totalmente comprometida com o processo revolucionário em curso (PREC)».
Estreou em Lisboa nos cinemas Estúdio e Quarteto a 18 de Novembro de 1981.

Ficha técnica:

Argumento: Rui Simões 
Realizador: Rui Simões 
Produção: Cooperativa Virver 
Texto: Teresa Sá 
Narrador: José Mário Branco (voz over) 
Formato: 35 mm p/b 
Género: Documentário histórico 
Duração 135' 
Distribuição: Cooperativa Virver 
Antestreia: 9º Festival Internacional de Cinema da Figueira da Foz (1980) 
Sinopse
Portugal entre dois momentos históricos cruciais. O PREC: entre o dia 25 de Abril de 1974 e o dia 25 de Novembro de 1975.
A Revolução dos Cravos e o Primeiro Governo Provisório. As manifestações do PS e do PCP. António de Spínola e o «bom povo». O direito à greve. Camponeses e operários, os campos e as fábricas. Vasco Gonçalves, as coligações políticas e o MFA. Mário Soares perante a contaminação fascista da administração pública. Álvaro Cunhal e o Portugal democrático e independente. Os actos de repressão pela GNR, as manifestações pela descolonização. A radicalização da vida política: o 28 de Setembro, o 11 de Março, o caso Torrebela. As ocupações de prédios abandonados, a Reforma Agrária, o Norte e o Centro, Os Três Efes: Fátima, Futebol e Fado. Os retornados. Os avanços da social-democracia. Os casos do jornal República e da Rádio Renascença Os recuos do PS na revolução democrática. Os ataques a sedes dos partidos de esquerda. A Santa da Ladeira, a prisão de Otelo Saraiva de Carvalho e a entrada em cena de Ramalho Eanes.

Enquadramento histórico:

Bom Povo Português é um filme que cobre os acontecimentos sociais e políticos de um momento crucial da história de Portugal. É por isso um filme histórico. Assume-se porém como filme de intervenção, na linha do cinema militante, amplamente praticado durante a Revolução dos Cravos, inspirado pelos ideais de Maio 68 e por Jean-Luc Godard, na sua fase maoista. O filme de intervenção caracteriza-se por implicar uma tomada de posição ideológica perante a injustiça social, tomada de posição essa que intencionalmente é explícita, sendo geralmente implícita e ténue em obras que não se assumem como tal, mesmo quando o propósito interventivo existe, mas não transparece.
Fernando Solanas define assim o género: «Utilizar o cinema como uma arma ou uma espingarda, converter a própria obra num facto, numa acto, numa acção revolucionária» (Cinema fora do sistema, entrevista com Godard em Cinema Arte e Ideologia -- antologia de A. Roma Torres, pág. 257, ed. Afrontamento, Porto, 1975), Rui Simões, como muitos dos cineastas portugueses dessa época, serve-se da câmara como uma arma, algo que, na arte ou na cidadania, pode ser considerado imperativo ético e legítimo recurso: Godard e outros bem se esforçaram por o demonstrar e hoje em dia, como sempre, vários movimentos cívicos que se afirmam como idóneos e progressistas fazem cinema de intervenção. Em língua inglesa cabe na designação, mais lata, de cinema político.
O documentário Bom Povo Português ilustraria, como pano de fundo, realidades invocadas por outros filmes portugueses também presentes, em 1980, no 9º Festival Internacional da Figueira da Foz: realidades do passado, anteriores à Revolução dos Cravos, invocadas por Cerromaior (filme) e Manhã Submersa e outras, relacionadas com a revolução, aludidas por A Culpa, Verde por Fora, Vermelho por Dentro, Kilas, o Mau da Fita e Oxalá.





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