TITANIC & CARPATHIA - O FILME, A HISTÓRIA DA TRAGÉDIA E O RESGATE
Muito se falou do desastre do Titanic, mas pouco se falou do navio Carpathia. Foi o primeiro e único navio a responder ao pedido de socorro e a chegar ao local do acidente. Procedeu ao resgate das victimas de uma forma ordeira e heróica, navegando com mestria a todo vapor por entre os icebergs, mostrando o seu capitão e tripulação, terem uma formação e capacidade, que provávelmente não tivesse a tripulação do Titanic.
Aqui está revelada toda a história dos acontecimentos. Primeiro, pelo excelente filme de 1997, com Leonardo di Caprio, que nos conta todo o ambiente que se viveu na viagem e a história do acidente. Depois poderão ler através de documentos da época, as notícias e as pergntas então sem respostas, acerca desta tragédia, mas também, como foi organizado e levado a cabo, o resgate por parte do Carpathia, o projecto do Titanic, os convidados se honra e o luxo do navio, a chegada dos sobreviventes a Nova York, etc...
Por fim poderá ver um documentário excepcional intitulado "Titanic - Histórias Inéditas" que nos leva numa viagem com imagens impressionantes do fundo do mar e dos restos do Titanic, assim como nos conta algumas histórias verdadeiras de passageiros do barco, retiradas dos diários e cartas resgatadas do acidente.
Prepare-se para uma viagem no tempo e ver revelados os segredos da tragédia do Titanic e dos heróis do Carpathia.
Texto: Português
Áudio: Espanhol - Latino + Inglês - Legendado em Português
Fontes: YouTube - Veja na História - Discovery Civilization
FILME TITANIC :
DOCUMENTÁRIO
TITANIC - HISTÓRIAS INÉDITAS
DOCUMENTO DE ABRIL DE 1912:
Triunfo da engenharia náutica, o Titanic
naufraga em sua
viagem inaugural e deixa mais de 1.500 mortos. Com circunstância
nebulosa, tragédia é investigada nos EUA e Grã-Bretanha
viagem inaugural e deixa mais de 1.500 mortos. Com circunstância
nebulosa, tragédia é investigada nos EUA e Grã-Bretanha
Pesadelo nas águas geladas do Atlântico: ilustração mostra a cena caótica do naufrágio e do resgate nos pequenos botes |
Totem da ousadia humana, orgulho da engenharia náutica, colosso de 269 metros de comprimento e 46 mil toneladas, obra-prima de 7,5 milhões de dólares, o RMS Titanic, tido e havido como inexpugnável pelos mais insuspeitos especialistas, soçobrou em sua viagem inaugural. Ao colidir com um iceberg, nas últimas horas do dia 14 de abril, o navio afundou e levou consigo a vida de mais de 1.500 pessoas nas águas gélidas do Atlântico norte. Ao choque e à incredulidade pela notícia, soma-se agora, no rescaldo da acachapante tragédia, a ânsia pelas respostas às perguntas que não querem calar. Como um gigante do porte do Titanic pode ter simplesmente afundado pelo choque com um iceberg? Porque o maior e mais moderno navio de nosso tempo não oferecia plenas condições de segurança a todos os seus passageiros? Autoridades dos Estados Unidos e da Inglaterra já se mobilizam para investigar as causas do sinistro e atribuir possíveis responsabilidades.
O navio saindo do cais de Southampton para a viagem inaugural: destino tenebroso |
Aqui começam as interrogações. Os especialistas não compreendem o motivo pelo qual o Titanic não alterou sua rota, já que recebeu diversas mensagens pelo telégrafo alertando sobre a presença de icebergs flutuantes (notadamente na região 42º Norte e entre a 49º e 51º Oeste) na véspera da colisão. Mesmo sabendo do caminho potencialmente acidentado na rota do majestoso transatlântico, o capitão optou por manter a rota e a velocidade, confiando na calmaria do oceano - "o mar estava como grama", declarou o segundo oficial, tenente Charles Lightoller - e na observação de sua equipe na torre (que, entretanto, estava sem binóculos). Assim, quando, às 23h40 os vigias Frederick Fleet e Reginald Lee avistaram um grande bloco de gelo imediatamente à frente do navio, havia pouco a ser feito. "Iceberg logo à frente!", anunciaram, em vão. O primeiro oficial, tenente William Murdoch, ainda tentou uma manobra para desviar o navio pela esquerda, mas não houve tempo: menos de um minuto depois, veio a colisão.
A experiente tripulação: capitão Smith (de barba) pediu socorro, mas não houve tempo |
Apenas quando a água gelada começou a invadir as cabines e os salões de jogos é que a irreversibilidade da situação ficou patente. Engenheiros calculam que, uma hora após o choque, mais de 25.000 toneladas de água tenham inundado o navio. Por volta da 1h30, a proa estava totalmente submersa. Pouco mais de 45 minutos depois, quando todos os botes salva-vidas já estavam ao mar, a popa inclinou-se num ângulo de 45 graus, e o peso titânico da estrutura fez a embarcação rachar-se entre a terceira e quarta chaminés. Às 2h20, o Titanic, pérola da White Star Line, foi completamente engolido pelo oceano Atlântico. Era o fim do mais rico e moderno transatlântico já concebido pelo homem - e apenas o início do martírio de seus outrora orgulhosos passageiros.
O iceberg: o gelo tinha marcas de tinta |
Ainda assim, a tragédia poderia ter sido ainda maior caso o Carpathia, transatlântico pertencente à Cunard Line que viajava de Nova York para Gibraltar, não tivesse captado os pedidos de socorro do Titanic e imediatamente alterado sua rota em direção à última posição conhecida da embarcação estreante no Atlântico. Entrou em cena, então, o capitão Arthur Rostron. Com destreza e presença de espírito que talvez tenham faltado aos superiores no navio da White Star Line, o timoneiro britânico, antes mesmo de localizar o Titanic, confiou à sua tripulação uma lista de 23 tarefas a fim de preparar o Carpathia para um eventual procedimento de resgate dos possíveis sobreviventes do naufrágio.
Uma das famílias a bordo: o pai morreu, mas a mulher e a criança sobreviveram |
O capitão ainda destacou marinheiros para obter a identificação dos sobreviventes para enviar pelo telégrafo e comandou a desocupação de todas as cabines dos oficiais, incluindo a própria, para acomodar as vítimas, dispondo também das bibliotecas, salão de fumantes e restaurantes para o mesmo fim. Navegando habilmente por entre blocos de gelo a toda velocidade, o Carpathia chegou ao local telegrafado pelo Titanic por volta das 4 horas. E nas quatro horas seguintes, o transatlântico recuperou catorze botes salva-vidas. Já com o dia claro, sem esperança de encontrar novos sobreviventes, o capitão Rostron decidiu voltar com o Carpathia para Nova York a fim de desembarcar os sobreviventes do Titanic, que chegaram finalmente à cidade na noite de 18 de abril.
No dia 16, quando ainda não se sabia ao certo a extensão da tragédia no oceano, o político americano Willian Alden Smith, senador republicano do estado de Michigan, consultou um dos assessores do presidente William Taft para saber se o comandante-em-chefe pretendia tomar alguma providência em relação ao ocorrido. Como a resposta fosse negativa, Smith, na manhã seguinte, levou ao Senado uma proposta para que o Comitê de Comércio da Casa investigasse o desastre, obtendo autoridade para distribuir intimações a todas as testemunhas que pudessem fornecer alguma informação relevantes ao caso. O projeto foi aprovado sem oposição, e Smith ganhou a nomeação para a presidência de um subcomitê formado por sete senadores para esquadrinhar a tragédia.
Estupefação em todo o planeta: jornais americanos noticiam a tragédia no Atlântico |
Ao lado do senador democrata Francis Newlands, de Nevada, Smith embarcou então de imediato para Nova York. No Píer 54, distribuiu intimações a diversos tripulantes do Titanic e a J. Bruce Ismay. As audiências começaram no dia seguinte, no Hotel Waldorf-Astoria, e prosseguiam até o fechamento desta edição. Até agora, mais de 60 pessoas foram ouvidas, incluindo Ismay. O aguardado relatório final da investigação deverá ser apresentado nos últimoss dias de maio perante o Senado. Na Grã-Bretanha, o governo também decidiu agir. Charles Bigham, o lorde Mersey of Toxteth, foi nomeado pelo lorde Chancellor Robert para chefiar a comissão britânica de apuração do acidente, que contará com a ajuda de cinco especialistas no campo marítimo-naval. As audiências estão marcadas para começar no próximo dia 2 de maio, no Royal Scottish Drill Hall, em Buckingham Gate, Westminster. Cabe então aos nobres políticos a difícil tarefa de resgatar a verdade mergulhada nas profundezas do Atlântico.
EDIÇÃO
EXTRA: A engenharia
VEJA, Abril de 1912
O naufrágio não era uma hipótese para os projetistas:
o Titanic poderia flutuar com até quatro compartimentos inundados.
O iceberg, entretanto, rasgou cinco deles na colisão
o Titanic poderia flutuar com até quatro compartimentos inundados.
O iceberg, entretanto, rasgou cinco deles na colisão
O colosso no cais na Inglaterra, ao lado do Olympic (à dir.): tecnologia revolucionária que não impediu rompimento do casco |
O arquiteto naval Thomas Andrews, diretor do departamento de projetos e construção do estaleiro irlandês Harland & Wolff, responsável pela concepção do Titanic, jamais poderia antecipar o fatídico destino que o aproximaria para sempre de sua principal criação (ele sucumbiu junto com o navio). Planejado à exaustão desde meados da década passada, em parceria com William Pirrie e Alexander Carlisle, construído ao longo de três anos de trabalho árduo em Belfast, o transatlântico parecia acima de qualquer suspeita em termos de segurança. Seu naufrágio não era uma hipótese, nem mesmo quando os primeiros relatos do acidentes chegaram aos ouvidos dos construtores. Todos imaginavam que nada de errado aconteceria com o gigante dos mares.
Força titânica: os enormes propulsores |
Rombo e inundação - Por mais pesado que seja um navio, ele se mantém na superfície da água por conta de um equilíbrio entre sua capacidade de flutuação, que o empurra para cima, e a gravidade, que o puxa para baixo. O ar presente nos dezesseis compartimentos do Titanic tornava o navio menos denso que a água. Isso, claro, até o momento em que a embarcação atingiu o iceberg. O rombo provocado pelo gelo perfurou o casco do navio e a água rapidamente ganhou cinco desses compartimentos, eliminando o ar dessas salas. A estabilidade foi obviamente interrompida. Com isso, a frente do Titanic, muito mais pesada por conta da inundação, começou a submergir, fazendo a traseira levantar para fora da água.
A planta do transatlântico: orgulho ferido dos trabalhadores do porto de Southampton |
EDIÇÃO
EXTRA: O luxo
VEJA, Abril de 1912
As
instalações majestosas do malfadado transatlântico
britânico atraíram diversas figuras da alta sociedade para sua viagem
inaugural. Houve, entretanto, pouco tempo para aproveitá-las
britânico atraíram diversas figuras da alta sociedade para sua viagem
inaugural. Houve, entretanto, pouco tempo para aproveitá-las
A Grande Escadaria: símbolo do esplendor do navio, era coberta por painéis de carvalho entalhados com detalhes renascentistas |
Tão superlativo quanto o nome ou as dimensões do titânico transatlântico da White Star Line era o requinte de suas faraônicas instalações, agora lamentavelmente submersas. Cada detalhe foi constituído para impressionar, desde a decoração das suítes da primeira classe até a varanda de treliça de seu restaurante principal. Os operadores também não economizaram no luxo e nas mordomias dos serviços oferecidos: banhos turcos, academias, três bibliotecas, salão de jogos, uma quadra de squash e até mesmo duas orquestras que se revezavam para entreter os passageiros. Não por coincidência, as distintas características do navio atraíram para sua viagem inaugural uma extensa lista de célebres personalidades da society britânica e americana, que desembolsaram estrepitosas quantias que chegavam a até 4.000 dólares por um tíquete de primeira classe.
O conceito de um verdadeiro castelo flutuante foi perseguido à obsessão pela White Star Line e pela Harland & Wolff, de Belfast, construtora do Titanic. Para fazer frente aos famosos Lusitania e Mauretania, da Cunard Line, detentora da Fita Azul, outorgada somente aos navios mais rápidos do planeta, a linha marítima britânica lançou sua tríade de transatlânticos da classe Olympic, do qual o Titanic era o mais majestoso. Entretanto, a velocidade e a potência, obsessão destes tempos, foram preteridas em detrimento do conforto e da grandiloquência. A preocupação com o bem-estar dos passageiros era tanta que, dos cerca de 890 membros da tripulação, mais de 500 eram garçons, cozinheiros e artistas em geral.
Lazer: academia com modernos equipamentos de ginástica; depois, ida ao banho turco |
Lances do destino - Atraídas pelas novidades, algumas figuras notáveis do jet-set anglo-saxão compraram suas passagens e embarcaram no Titanic. Mas pouco puderam aproveitar todas as benesses oferecidas no transatlântico. Ainda que a maioria dos passageiros da primeira classe tenha sobrevivido (um índice de 60,5%, o maior entre todas as categorias do navio), alguns desses nobres turistas pereceram. É o caso do milionário John Jacob Astor IV (sua esposa Madeleine foi resgatada com vida) e do industrial Benjamin Guggenheim. Outro figurão, o comerciante Isidor Straus, dono da famosa loja de departamentos americana Macys, também está no rol das vítimas fatais, assim como sua mulher, Ida. A lista de falecidos inclui ainda o major Archibald Butt, assessor dos presidentes Theodore Roosevelt e William H. Taft, e Thomas Andrews, construtor de navios da Harland & Wolff, que, segundo relatos, recusou-se a ocupar seu assento no bote salva-vidas, procurando ajudar os outros passageiros no momento da tragédia.
Um dos impressionantes corredores: espaços para contato social e banhos de sol |
EDIÇÃO EXTRA: Os sobreviventes
VEJA, Abril de 1912
Desinformação e apreensão marcaram a espera
das
famílias das vítimas do naufrágio. A chegada do Carpathia com
os sobreviventes - pouco mais de 700 - parou Nova York
famílias das vítimas do naufrágio. A chegada do Carpathia com
os sobreviventes - pouco mais de 700 - parou Nova York
Expectativa e desencontros: multidão se aglomera diante de painel de notícias em Nova York à espera de informações sobre mortos |
Se o marinheiro britânico Harold Cottam tivesse decidido ir para a cama alguns minutos antes, provavelmente o mundo estaria chorando a maior tragédia marítima da história, um desastre de proporções homéricas que teria vitimado mais de 2.000 pessoas. Operador do sem-fio do RMS Carpathia, que viajava de Nova York para Gibraltar, Cottam vestia seus trajes noturnos nas primeiras horas do dia 15 de abril e, por acaso, deixou o rádio ligado enquanto se trocava. Nesse momento ouviu o pedido de socorro do Titanic, e correu para acordar o capitão Arthur Rostron, já recolhido aos seus aposentos. Rostron decidiu colocar todas as forças do Carpathia em uma corrida acelerada rumo à última posição conhecida do Titanic. Com isso, mais de 700 vidas foram salvas. Não à toa, Cottam, Rostron e toda a tripulação do Carpathia foram saudados como heróis no retorno a Nova York, em 18 de abril, um evento que parou a metrópole onde o Titanic deveria chegar mas jamais aportou.
Sobreviventes a bordo do Carpathia: resgate heróico e chegada conturbada aos EUA |
A pior das notícias - Antes do desembarque dos sobreviventes do Titanic, os passageiros originais do Carpathia foram orientados pelo capitão Rostron a descer primeiro. Quando aqueles finalmente apareceram no píer, familiares, repórteres e curiosos não se contiveram e furaram os bloqueios da polícia em busca de informações. A maioria dos passageiros, especialmente os homens, instintivamente justificava o motivo de estarem nos botes salva-vidas, ocupando o lugar de outras pessoas - especialmente J. Bruce Ismay, diretor da White Star Line, sobre quem pairaram dúvidas sobre sua fuga do Titanic. De qualquer forma, eram cenas de alívio e emoção de parentes que encontravam sobreviventes, de desesepero e aflição daqueles que receberam a pior das notícias, ou ambas - já que dezenas de mulheres perderam seus maridos na tragédia e voltaram sozinhas para casa. Apenas 20% dos homens sobreviveram; a proporção para mulheres e crianças foi de 75%.
Os botes usados no resgate do transatlântico: só 20% dos homens sobreviveram |
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