quarta-feira, 17 de setembro de 2014

A DINASTIA DE BORGONHA - 1139/1385

História de Portugal
A DINASTIA DE BORGONHA - 1139/1385
Aqui tem revelada esta gloriosa dinastia, com os seus personagens e suas obras de relevo que ficaram para sempre inscritas na história do nosso País.

Texto: Português
Fonte: Visit.Pt

A DINASTIA DE BORGONHA – 1139-1385

D.Afonso I – (1139 – 1185 ) -” O Conquistador” Ainda que no principio do seu reinado, D. Afonso Henriques fosse obrigado a submeter-se a seu primo Alfonso VII, começou a usar o título de rei, depois da sua vitória sobre os Muçulmanos em Ourique ( 25 de Julho de 1139 ).
Em 1143 o seu primo aceitou a sua autonomia, mas o título de rei só foi formalmente concedido em 1179, quando Afonso Henriques colocou Portugal sob a protecção directa da Santa Sé ( no pontificado de Alexandre III ), prometendo um tributo anual.
Em 1131 muda a capital de Guimarães para Coimbra. Em 1135 conquista Leiria. Em 1137 vence os Leoneses na batalha de Cerneja, mas os mouros aproveitando-se das quezílias entre D. Afonso Henriques e o seu primo Afonso VIIconquistam o castelo de Leiria, e ameaçam Coimbra. D. Afonso Henriques convence o rei de Leão e Castela a fazer as pazes, em Tui, e reconquista Leiria (1145). A seguir lança-se sobre os mouros e vence-os na batalha de Ourique em 25 de Julho de 1139. A partir deste momento D. Afonso Henriques considera-se rei de facto. Comunica essa decisão a Afonso VII,mas este não aceita.
Tratado de Zamora – Acordo de paz celebrado, em 1143, entre D. Afonso Henriques e D. Afonso VII de Leão. Após cerca de três anos sem hostilidades entre os dois territórios vizinhos, o encontro de Zamora serviu para definir as cláusulas da paz e, possivelmente, os limites de cada Reino.
Ao mesmo tempo, foi reconhecido o título de rei a D. Afonso Henriques, reafirmando-se os seus laços de vassalagem em relação a Leão, porque Afonso VII considerava-se Imperador e portanto podia ter reis como vassalos.
Conquistou Santarém (Março de 1147) e Lisboa (Outubro de 1147), esta com a ajuda de cruzados Ingleses, Franceses, Alemães e Flamengos que iam para a Palestina. Um padre inglês, Gilbert of Hastings, tornou-se o primeiro bispo ( depois da reconquista ) da restaurada sé de Lisboa.
Fundou o mosteiro de Santa Cruz de Coimbra (1131), propiciando assim a reunião das dioceses portuguesas à metrópole de Braga, e mandou erigir numerosos castelos fronteiriços, datando de 1135, como já se disse, a fundação do castelo de Leiria, um dos pontos estratégicos para o desenvolvimento da Reconquista. D. Afonso Henriques convoca as primeiras cortes em Lamego em 1143 ( Lendárias)
Tomaria ainda Almada e Palmela, que se entregaram sem luta, conquistando posteriormente, em 1159, Évora e Beja, que perderia pouco depois a favor dos mouros. A reconquista de Beja foi de novo possível em 1162, reocupando-se também Évora, com a ajuda de Geraldo Sem Pavor, em 1165.Em 1168 um exército português comandado pelo futuro D. Sancho I atacou Ciudad Rodrigo, mas os portugueses foram derrotados pelo rei leonês.
Em 1169, D. Afonso Henriques teve que socorrer Geraldo Sem Pavor, que cercava Badajoz, na posse dos muçulmanos mas que o rei de Leão pretendia para si. Geraldo já tinha conseguido ultrapassar a muralha exterior mas os mouros resistiam fechados na alcáçova, no entanto os portugueses foram surpreendidos pela chegada de reforços leoneses, que chegaram a ajudar os muçulmanos por interesse, vendo-se obrigados a fugir.
Na fuga, porém, D. Afonso Henriques sofreu um acidente, bateu de encontro a uma das portas da muralha, partiu uma perna e foi feito prisioneiro pelos cavaleiros leoneses que o levaram a presença do rei D. Fernando II de Leão, que o tratou com respeito que lhe merecia como pessoa e como sogro, pois tinha casado com D. Urraca filha do rei português. A libertação do rei foi conseguida em troca de um resgate em dinheiro (cerca de duas toneladas e meia de ouro). e da entrega das praças de Trujillo, Cáceres, Santa Cruz, Monfrague e Montanchez. Os dois soberanos assinaram um tratado de paz em Pontevedra, estabelecendo as fronteiras dos dois reinos. Mais tarde quando os sarracenos atacaram Santarém, Fernando II acudiu em socorro do sogro.
Este incidente pôs fim à carreira militar do 1º rei de Portugal, na altura com cerca de 61 anos, visto que naquele tempo era impossível recuperar de uma fractura profunda e nunca mais pode montar a cavalo, passando a deslocar-se numa carreta de madeira. Seu filho, o futuro D. Sancho I passou a comandar os exércitos portugueses. Em 1158 conquista Alcácer do Sal, de 1165 a 1169 conquista Évora, Beja e Serpa, que voltam a ser perdidas para os muçulmanos que recuperaram grande parte do Alentejo.

A bula “Manifestis Probatus”
Portugal Reino Independente ( 1179 ) – Ainda que realmente Afonso VII de Leão, primo de D. Afonso Henriques,aceitasse em 1143 pelo tratado de Zamora, que D. Afonso Henriques usasse o título de Rei de Portugal, só em 1179 a autonomia ou independência de Portugal foi reconhecida pela Santa Sé com a bula “Manifestis Probatus”.
Ainda que a dinastia Marroquina dos Almohads voltaram a atacar ( 1179-84 ), quando Afonso I morreu, a fronteira Portuguesa estava firmemente estabelecida no Tejo.
As novas ordens militares, Templários , Calatrava (desde 1156), e Santiago ( desde 1170), etc., governaram castelos e territórios na fronteira, e os Cistercienses foram responsáveis pela introdução da agricultura e arquitectura no centro de Portugal (Alcobaça).
D. Afonso Henriques , filho do conde D. Henrique e de D. Teresa, nasceu provavelmente na alcáçova de Coimbra nos fins de 1108 ou princípios de 1109. Há no entanto historiadores, que fixam o seu nascimento em Viseu ou Guimarães. Casou em 1146 com Mafalda de Sabóia, filha de Amadeu III de Sabóia, e do matrimónio tiveram pelo menos sete filhos, um dos quais o futuro rei Sancho I. Morreu em 6 de Dezembro de 1185 e está sepultado na igreja de Santa Cruz em Coimbra. D. Afonso Henriques arma-se cavaleiro na antiga Igreja de São Salvador em Zamora.

A Figura de D. Afonso Henriques
D. Afonso Henriques foi pedra fundamental na fundação da nacionalidade portuguesa. Embora Oliveira Martins o tenha considerado “um Pelágio”lusitano, corajoso e valente, mas actuando mais como um guerrilheiro do que como general experimentado, é mais merecedor do elogio de Alexandre Herculano, que pede aos portugueses que quando passarem por Coimbra, visitem o seu túmulo na Igreja de Santa Cruz, e lhes prestem homenagem, porque se não fosse ele, não só não existiria a Nação com não existiria o próprio nome de Portugal.
Realmente D. Afonso Henriques foi um brilhante guerreiro e comandante militar e conquistou mais território aos muçulmanos que qualquer outro rei da Península

O reino e a reconquista.
D.Sancho I (1185-1211) – “O Povoador
Nos últimos anos do seu reinado, Sancho envolveu-se numa disputa com o Papa Inocêncio III sobre o pagamento do tributo devido à Santa Sé e com o Bispo do Porto, que recebia apoio de Inocêncio III. Mas a paz foi feita depois da sua morte, e deixou ao seu filho Afonso II, o Gordo (1211-1223), o esforço de aumentar o poder do trono à custa da Igreja.
Sancho I casou em 1174 com Dulce de Aragão, irmã do seu soberano reinante Afonso II.
Conquista a importante cidade de Silves, a 3 de Setembro de 1189. No entanto a conquista dura pouco, e Silves que já tinha sido anteriormente conquistada por Fernando Magno de Leão em 1060 e depois perdida, volta a cair nas mãos dos árabes em Abril de 1191, conquistada por Ibne Juçufe.
Durou pouco o título que D. Sancho I tinha adoptado de :” Sancius, Dei Gratia, Portugallis Rex, Silvis et Algarbii Rex”. Concedeu diversos forais, em especial a localidades da região da Beira e de Trás-os-Montes, entre as quais Gouveia, Covilhã, Viseu, Avô, Bragança, Pontével e a futura cidade daGuarda. Doou terras e castelos às ordens militares (Hospitalários, Templários, Calatrava, Santiago) reconhecendo e reforçando o papel militar e económico que estas últimas desempenharam.
O Foral da Guarda foi concedido em 27 de Novembro de 1199. D. Sancho I nasceu a 11 de Novembro de 1154, em Coimbra, filho de D. Afonso Henriques e de D. Mafalda. Casou em 1174 com D. Dulce de Aragão e morreu também em Coimbra em 26 de Março de 1211.

D. Afonso II – “O Gordo” ou o “Gafo” (1211 – 1223)
Ainda que Afonso II não fosse um rei com ardor guerreiro, os seus homens de armas estiveram ao lado dos Castelhanos comandados por Afonso VIII de Castela, na grande victória Cristã de Navas de Tolosa em 1212, e novamente com a ajuda dos cruzados, reconquistou Alcácer do Sal em 1217.
Entretanto Afonso II não aceitou as doações de grandes terras e propriedades feitas pelo seu pai aos seus irmãos, aceitando só as dadas às suas irmãs, depois de uma guerra com Leão, e com a condição, garantida pelo papa, de que lhe reconheceriam a sua soberania.
No primeiro ano do seu reinado, Afonso II convocou as cortes em Coimbra, para as quais só foram citados a nobreza e o clero ( os representantes do povo não apareceram nas Cortes até 1254). Ambos os estados obtiveram grandes concessões; de facto, a posição da igreja e das ordens religiosas era agora tão forte que Afonso II e os seus sucessores viram-se envolvidos em constantes conflitos com Roma.
O próprio Afonso II instituiu ( desde 1220) AS INQUIRIÇÕES, ou comissões reais, para investigar a natureza das concessões e retomar tudo aquilo que tinha sido ilegalmente tomado à coroa. Nos seus últimos anos, Afonso II que sofria de lepra e obesidade, teve problemas com o arcebispo de Braga, que era apoiado pelo papa Honório III, desafiou o papado e foi excomungado.
D. Afonso II era filho de D. Sancho I e de D. Dulce, nasceu em Coimbra 1185 e morreu na mesma cidade ( provavelmente de lepra ) em 1223. Casou com D. Urraca filha de D. Afonso VIII de Castela.

D. Sancho II ” O Capelo” (1223-1248)
Pouco se sabe do reinado de Sancho II (1223-talvez 1246), mas no seu reinado efectuou-se a reconquista total do Alentejo e de algumas partes do Algarve. Na sua subida ao trono, Sancho II encontrou a igreja em grande ascendência, devido às concessões feitas pelo seu pai antes de morrer
Existem alguns documentos do próprio governo de Sancho II relatando os conflitos, mas os últimos anos do seu reinado parecem ter deslizado em pura anarquia.
Durante estes acontecimentos, ao seu irmão mais novo Afonso, que se tornou conde de Bolonha por casamento (1238) com Matilde, filha do conde Conde Raynald I de Dammartin, foi apresentada uma comissão enviada pelo papa (1245) pedindo-lhe que tomasse o poder em Portugal, e depondoSancho II por uma bula papal.
Quando Afonso chegou a Lisboa ( finais de 1245 ou princípio de 1246), recebeu o apoio da Igreja e dos habitantes de Lisboa e outras cidades. Depois de uma guerra civil que durou dois anos, Sancho II retirou-se para Toledo, morrendo ali em Janeiro de 1248.
D. Sancho II, quarto rei de Portugal, nasceu em Coimbra em 1209, e morreu em Toledo em 4 de Janeiro de 1248. Era filho de D. Afonso II e de Urraca, neto, pelo lado materno do rei de Castela, Afonso VIII, e de Leonor de Inglaterra. Subiu ao trono em Março de 1233.
Herdou o trono com 13 anos e embora sendo bom guerreiro, digno continuador de D. Afonso Henriques, foi fraco administrador e político, completamente incapaz de resolver os problemas do reino, deixados pelo seu pai e vítima da sua falta de habilidade política acabou por ser deposto pelo Papa, a favor de seu irmão D. Afonso III.
Casou em data incerta, mas não antes de 1240, com D. Mécia Lopes neta de Afonso IX de Leão. Não teve filhos.

D. Afonso III ( 1248- 1279 ) – O Bolonhês
Á sua chegada o conde de Bolonha ( por ser casado com D. Matilde condessa de Bolonha ) tinha-se auto-proclamado rei como Afonso III, mas a morte de Sancho II sem descendentes deu a esta usurpação um manto de legalidade.
D. Afonso foi regente ( visitador, procurador ou defensor do reino de 1245-1248)
Uniu o reino dividido, completou a reconquista do Algarve, transferiu a capital de Coimbra para Lisboa em 1256, e, fortificou-a com a edificação de torres, convocou as Cortes em Leiria nas quais foram convocados pela primeira vez em Portugal os representantes das municipalidades ( Representantes do Povo).
A sua conquista do Algarve provocou a inveja de Castela. Travaram-se duas campanhas, nas quais seguramente Afonso III foi perdedor, porque a paz foi feita através do seu pacto de casamento com a filha do rei de Castela.
Ainda que marido de Matilde de Bolonha, Afonso III casou com Beatriz, filha ilegítima de Afonso X de Castela, mantendo-se o território em disputa do Algarve como um feudo de Castela até ao momento em que o filho mais velho do matrimónio atingisse a idade de sete anos, altura em que o Algarve passaria para Portugal.
Este casamento levou-o a uma disputa com a Santa Sé, na qual Afonso III foi declarado interdito. Apesar da sua ligação inicial com Roma, recusou-se a obedecer ao Papa; e em 1263 o seu casamento bígamo foi legalizado, e o seu filho mais velho, Dinis, foi legitimado. Afonso III lançou INQUIRIÇÕES, que resultaram com que a igreja fosse privada de muitas propriedades.
Os prelados protestaram contra estas acções das comissões reais, e a maioria deles abandonou seguidamente o país. Ainda que Afonso III fosse excomungado e ameaçado com a deposição, continuou a desafiar a igreja até pouco antes da sua morte em 1279.
Os logros conseguidos no reinado de Afonso III foram principalmente:
Completar a reconquista
Assegurar o poder real perante a igreja
Incorporar os representantes do povo nas Cortes indicando para a época, importantes avanços institucionais.
Em 1254, D. Afonso III convocou representantes das três ordens estatais (clero, nobreza e povo) para a realização de um conselho magno, em Leiria. A partir dessa data, a velha cúria de nobres e clero deu origem a uma nova instituição, surgindo o conceito de “pacto político” entre o monarca e os seus súbditos. Em 1255 mudou a capital de Coimbra para Lisboa.
Com o passar dos séculos, as Cortes que se realizaram na igreja de São Pedro, dentro da muralha do Castelo de Leiria, deram origem ao moderno Parlamento.
D. Afonso III era o segundo filho de D. Afonso II e de D. Urraca, e nasceu provavelmente em Coimbra em 5 de Maio de 1210. Casou inicialmente com D. Matilde, condessa de Bolonha em 1238, e o seu segundo casamento com D. Beatriz filha ilegítima de D. Afonso X – O Sábio, só foi legalizado em 1263. Morreu a 16 de Fevereiro de 1279 e está sepultado em Alcobaça. D. Afonso III e sucessores, passam a denominar-se “Reis de Portugal e dos Algarves”,
Em 1269, Os primeiros monges do Mosteiro de Alcobaça, abrem a primeira escola pública.

D. Dinis I (1279 – 1325) – “O Lavrador”
O rei D. Dinis I , que foi mandado educar esmeradamente pelo seu pai, foi modelar como soberano, no domínio da politica. Fomentou a agricultura; incentivou a distribuição e circulação da propriedade, favorecendo o estabelecimento de pequenos proprietários. ; mandou enxugar pântanos para distribuir a terra a colonos; semeou pinhais (Leiria etc.); concedeu várias minas e mandou explorar algumas por sua conta; desenvolveu as feiras.
Reorganizou a marinha, contratando para isso o almirante genovês Emmanuele Pesagno (13R17); resolveu habilmente o problema dos Templários ( perseguidos por Filipe o Belo rei de França, que conseguiu do Papa a sua extinção), criando para isso a Ordem de Cristo.
Finalmente fundou a Universidade de Coimbra em 1290 (primeiro em Lisboa) e foi ele próprio um protector da literatura. No entanto ficou famoso como “o rei lavrador” pelo seu interesse pela terra. O português torna-se a língua oficial do país. A corte régia era um centro de cultura, distinguindo-se o próprio monarca pelos seus dotes de poeta. D. Dinis preocupou-se também com a defesa do reino, promovendo a construção de castelos e novas muralhas em redor das cidades.
Apesar do seu apego às artes e à paz, Portugal esteve muitas vezes envolvido em lutas durante o seu reinado. Em 12 de Setembro de 1297 o Tratado de Alcañices com Castela confirmava-lhe a posse do Algarve e dava-lhe uma aliança entre Portugal e Castela.
O acordo fixava os limites fronteiriços de Portugal, e estabelecia que a Portugal pertenciam as povoações de Campo Maior, Olivença e territórios vizinhos, em troca de Aroche e Aracena.
O rei de Castela abandonou ainda todas as pretensões sobre o Sabugal, Castelo Rodrigo, Almeida, Castelo Melhor, Monforte, Valência, Ferreira e Esparregal. O tratado estabelecia ainda dois casamentos reais entre portugueses e castelhanos: D. Constança (filha de D. Dinis) com D. Fernando IV, e D. Beatriz (irmã do rei castelhano) com o herdeiro do trono português, o futuro D. Afonso IV.
D. Dinis convoca as suas primeiras cortes em Évora ( 1282).
Nos últimos anos do reinado de Dinis I, o seu filho, o futuro Afonso IV, rebelou-se contra o pai mais do que uma vez, sendo persuadido a submeter-se pela influência da sua mãe D. Isabel, filha de Pedro III de Aragão.

Rainha Santa Isabel de Portugal
Esta mulher extraordinária, depois canonizada como Santa Isabel de Portugal, e popularmente conhecida como a Rainha Santa, exerceu sucessivamente a sua influência a favor da paz.
Por ironia do destino, e talvez um pouco pela divulgação do Milagre das Rosas atribuído à Rainha Santa Isabel. sua mulher, onde o Rei foi retratado como avarento, tornou possível que um dos melhores soberanos portugueses, fosse retratado e imortalizado por Dante na sua Divina Comédia, enfileirando-o como um dos grandes avarentos daquele tempo.
D. Dinis era filho de D. Afonso III e de D. Beatriz de Castela nasceu a 9 de Outubro de 1261. Casou com D. Isabel de Aragão. Morreu a 7 de Janeiro de 1325. Está sepultado em Odivelas.

Disputas com Castela.
D.Afonso IV ” O Bravo” ( 1325 – 1357 )
Afonso IV (125-57) esteve envolvido em várias disputas com Castela. D.Isabel, que se tinha retirado para o Convento de Santa Clara em Coimbra, continuou a intervir a favor da paz, mas com a sua morte em 1336 a guerra rebentou de novo, e o problema não foi resolvido até 1340, quando o próprioAfonso IV à frente dum exército Português se juntou a Alfonso XI de Castela na grande vitória sobre os muçulmanos no Salado na Andaluzia.
O filho de Afonso IV, Pedro, tinha-se casado (1336) com Constança (morreu em 1345), filha do infante castelhano Juan Manuel; mas logo a seguir ao seu casamento enamorou-se duma das suas damas de sua mulher, Inês de Castro, de quem teve vários filhos.
Filho de D. Dinis e de D. Isabel de Aragão, D. Afonso IV nasceu em Lisboa a 8 de Fevereiro de 1291. Casou em 1309 com D. Beatriz filha de Sancho IV de Castela. Faleceu em Lisboa a 28 de Maio de 1357 e está sepultado na capela-mor da Sé de Lisboa.
D. Afonso IV convoca as suas primeiras cortes em Évora (1325).

A peste negra
Peste negra é a designação por que ficou conhecida, durante a Idade Média, a pestebubónica, pandemia que assolou aEuropa durante o século XIV e dizimou em torno de 25 a 75 milhões de pessoas, pois alguns pesquisadores acreditam que o número mais próximo da realidade é de 75 milhões de pessoas , um terço da população da época .
A doença é causada pela bactéria Yersinia pestis, transmitida ao ser humano através das pulgas dos ratos pretos (Rattus rattus) ou outros roedores.

A peste em Portugal
Em Portugal a peste entrou no Outono de 1348. Matou entre um terço e metade da população, segundo as estimativas mais credíveis, e entretanto reduziu a nação ao caos. Foram inclusivamente convocadas as Cortes em 1352 para restaurar a ordem.
Um dos efeitos indirectos da peste em Portugal seria a revolução após o reinado de D. Fernando (Crise de 1383-1385).Este interregno, mais que uma guerra civil pela escolha de novo rei, terá antes sido a luta da nova classe de pequena nobreza e burguesia que subira a escada social aproveitando as oportunidades após os desequilíbrios sociais provocados pela peste, contra o “antigo regime” desacreditado, a enfraquecida e esclerótica alta nobreza que presidira à catástrofe e cujos titulares, nascidos e criados nos anos da doença, não terão adquirido as capacidades necessárias à governação eficaz.
De facto esta elite da alta nobreza, clero e Casa Real, terá respondido à substancial perda de rendimentos e aumento de custos de mão de obra devido à peste com maior autoritarismo e tirania. Assim se explica a tendência desta frágil alta nobreza de se aliar com a sua também atacada congénere castelhana.
A peste, que nunca antes existira na Península Ibérica, voltou a Portugal várias vezes até ao fim do século XVII, ou seja sempre que nasciam suficientes novos hóspedes não imunes. Nenhuma foi nem remotamente tão devastadora como a primeira, mas aGrande Peste de Lisboa em 1569 terá matado 600 pessoas por dia, ao todo 60 000 habitantes da cidade terão sucumbido.
A última grande epidemia foi em 1650. No entanto, no seguimento da Terceira Pandemia (ver à frente), a peste foi importada para o Porto em 1899 do Oriente (provavelmente de Macau onde grassou desde 1895 até ao fim do século). A epidemia doPorto foi estudada por Ricardo Jorge, que instituiu as medidas de Saúde Pública necessárias, e que a conseguiram limitar.

Efeitos culturais e pogroms
As perseguições às minorias aumentaram drasticamente, e especialmente os pogroms contra os judeus. O facto de a maioria dos médicos judeus pouco poder fazer, e do fanatismo religioso que se apossou das populações aterrorizadas, terá contribuído para a acusação e perseguição a essa minoria. Além disso os judeus tornaram-se suspeitos quando, devido às suas leistalmúdicas de higiene (cumpridas rigorosamente), as suas vítimas foram em menor número que as de comunidades cristãs.
Houve mais de 150 massacres e dezenas de comunidades judaicas menores foram exterminadas pelos motins dos cristãos, facilmente incitados pelos priores locais, apesar das condenações pelos altos clérigos. A perseguição dos judeus na Alemanhalevou à sua emigração em massa para a Polónia e para a Rússia, onde mantiveram a língua alemã ou o seu dialecto hebraico, oYiddish.
Os leprosos também foram perseguidos, culpados como os judeus de disseminar a doença (a lepra naturalmente não tem nenhuma relação com a peste).

D.Pedro I (1357-1367) – “O Cruel ou O Justiceiro”
Afonso IV foi convencido pelos seus conselheiros a autorizar o assassínio de Inês em 1355, e um dos primeiros actos de Pedro I quando subiu ao trono, foi vingar-se de forma selvagem dos seus assassinos.
Durante o seu curto reinado, (1357-1367), Pedro que é lembrado principalmente por esse amor trágico com Inês de Castro, teve alguns actos de grande importância, como o de reduzir os abusos de poderosos, e aumentar o poder real.
Reformou a administração da Justiça, (1361), e fez muito para tornar a igreja Portuguesa, numa igreja nacional, insistindo nobeneplácito régio, que era a aprovação real prévia, das bulas papais e cartas antes que elas pudessem ser publicadas em Portugal.
É interessante salientar que esse beneplácito régio se manteve em vigor até ao advento da República, sendo abolido em 1918, tendo apenas um interregno entre 1487 e 1495 no reinado de D. João II. Em assuntos externos seguiu sempre uma politica neutral.
D. Pedro I convoca cortes em Elvas (1361).

Fernando I – (1367-1383) “O Formoso”
O filho de Pedro I e Constança, Fernando (1367-83), herdou um trono saudável, isento de problemas com vizinhos, mas a disputa entre Pedro o Cruel e Henrique de Transtamara (mais tarde Henrique II) para o trono de Castela trouxe-lhe problemas; com a morte (1369) do primeiro,. Muitas cidades castelhanas ofereceram a sua obediência a Fernando I, e este foi pouco avisado em aceitá-la.
Henrique II invadiu Portugal em 1369, e pela paz de Alcoutim (1371) Fernando foi obrigado a renunciar a esse pedido, e a casar-se com a filha de Henrique. Mas não cumprindo a palavra dada, Fernando I tomou uma portuguesa, (“louçã, aposta e de bom corpo”) Leonor Teles, sendo ela ainda casada e apesar dos protestos do povo de Lisboa.
Fez também uma aliança com a Inglaterra na pessoa de Jonh of Gaunt, duque de Lancaster, que era casado com a filha mais velha de Pedro o Cruel, e reclamava o trono de Castela. Em 1372 Fernando I provocou Henrique II, que invadiu Portugal e cercou Lisboa. Incapaz de resistir, Fernando I foi obrigado a repudiar a sua aliança com Jonh of Gaunt e a actuar como um aliado de Castela, deixando vários castelos e pessoas como reféns.
Só com a morte de Henrique (1379) voltou Fernando I a desafiar abertamente Castela. Em 1380 voltou à ligação com Inglaterra, e no ano seguinte o irmão de Jonh of Gaunt, Edmund of Langley, depois duque de York, embarcou um exército para Portugal para a invasão de Castela e combinou o casamento do seu filho Eduardo com a única filha legítima de Fernando II, Beatriz.
No meio da campanha, Fernando I chegou a acordo com o inimigo ( Agosto de 1382), concordando em casar a filha com Juan I de Castela; e quando morreu prematuramente decrépito, Leonor Teles tornou-se regente e Castela reclamou o trono português.
Entre 1383 e 1385 D. Beatriz foi rainha tendo D. Leonor Teles como regente, seguida por D. João, Mestre de Avis, regedor e defensor do reino.

D. Beatriz I – ( 1383 – 1385 ) (10º Rei de Portugal)
Rainha de jure e de facto (era a única herdeira legítima do trono deixado vago pela morte de D. Fernando I), D. Beatriz, casada com João I de Castela, foi aclamada Rainha em grande do Reino, exercendo a regência em seu nome, durante quase dois anos, a rainha-viúva, sua mãe D. Leonor Teles de Menezes; o seu marido D. João de Castela acrescentou mesmo o senhorio dos Reinos de Portugal e Algarve aos seus títulos, e mandou cunhar moeda com as armas de Leão e Castela partidas com as de Portugal.
Contudo, desde o início do reinado, várias vilas e cidades do reino começaram-se a revoltar, temendo a perda da independência, vindo paulatinamente a engrossar o partido que se foi constituindo à roda do Mestre de Avis.

D. Leonor Teles
Leonor Teles regente de Portugal em nome de sua filha D. Beatriz, era agora amante de João Fernandes Andeiro, conde de Ourém, que tinha intrigado com Inglaterra e Castela e cuja influência era odiada pelos patriotas portugueses que se reuniram em Coimbra ( Março – Abril de 1385) e declararam rei o Mestre de Aviz como João I e fundador de uma nova dinastia.

Sem comentários:

Enviar um comentário