O PALÁCIO TOCHA - PRECISA DE AJUDA URGENTEMENTE
Texto: Português
Fonte: Do Tempo da Outra Senhora
Palácio Tocha – Quem lhe acode?
PALÁCIO TOCHA - O aspecto deslavado da fachada e o mau estado das janelas são um cartaz
vaticinador da degradação que por ali grassa. Fotografia de Brados do Alentejo, Julho de 2014.
O Palácio Tocha, no
Largo D. José I, 100, em Estremoz, foi classificado como monumento de
interesse público. Esse o teor da Portaria 40/2014 do Secretário de
Estado da Cultura, publicada no Diário da Republica - 2.ª Serie, Nº 14,
de 21-01-2014. O diploma define ainda a zona especial de protecção do
monumento.
História dum edifício
Para quem tem
acompanhado a novela Belmonte, trata-se do edifício onde supostamente
reside a família Milheiro e em cujo rés-do-chão funciona a clínica
veterinária da Drª Julieta Milheiro.
Trata-se dum
imponente solar setecentista também conhecido por Palácio dos Henriques
de Trastâmara, construído no início do século XVIII para residência do
capitão Barnabé Henriques e sua família, tendo sido transmitido a
herdeiros, passando em meados do séc. XIX para a posse do Eng. José
Rodrigues Tocha. Nele se hospedou em 1860, o rei D. Pedro V, quando da
sua visita à notável vila de Estremoz. No início do séc. XX funcionou
ali o Palace Hotel e a sede do Sindicato Agrícola, fundado em 1907 e
antecessor do Grémio da Lavoura. Foi pertença do cavaleiro tauromáquico
D. Vasco Jardim e do Dr. José Filipe da Fonseca, que o vendeu ao actual
proprietário, ASSOCIAÇÃO DE COLECÇÕES, constituída em Dezembro de 2005,
com NIF 507545389 e sede na Praça Marquês de Pombal, nº 1- 8º, em
Lisboa.
O edifício em si
Trata-se de um
edifício de três pisos com arquitectura residencial barroca, rococó e
neoclássica. Tem planta rectangular, prolongada nas traseiras em duas
alas laterais sobre um pátio interior, ao qual se segue um extenso
jardim. No interior, ao qual se acede através de vestíbulo calcetado a
preto e branco com motivos geometrizantes, destacam-se a escadaria de
dois patamares, em mármore, coberta com tecto de estuques, e as salas e
corredores forrados por painéis azulejares joaninos, rococós e
neoclássicos, representando cenas galantes, mitológicas, alegóricas ou
de caça. Nos salões nobres estão sempre presentes estuques, frisos
decorados, moldurações em mármore e cerâmicas, ostentando o salão
central (Sala das Batalhas), silhares alegóricos a campanhas militares
regionais e batalhas da Guerra da Restauração, condizentes com a
história local e a condição militar do fundador da casa.
A classificação do
Palácio reflecte os critérios constantes do artigo 17.º da Lei 107/2001,
de 8 de Setembro, relativos ao carácter matricial do bem, ao seu valor
estético, técnico e material intrínseco, e à sua concepção
arquitectónica e urbanística.
Implicações da classificação
De acordo com o
artigo 21.º da mesma Lei, os proprietários de bens que tenham sido
classificados têm o dever de conservar, cuidar e proteger devidamente o
bem, de forma a assegurar a sua integridade e a evitar a sua perda,
destruição ou deterioração. Devem além disso, observar o regime legal
instituído sobre acesso e visita pública, à qual podem, todavia,
eximir-se mediante a comprovação da respectiva incompatibilidade, no
caso concreto, com direitos, liberdades e garantias pessoais ou outros
valores constitucionais.
De acordo com o
artigo 33.º da mesma lei, compete ao órgão competente da administração
central, regional ou municipal, determinar as medidas provisórias ou as
medidas técnicas de salvaguarda indispensáveis e adequadas.
Uma dó de alma
O aspecto deslavado
da fachada e o mau estado das janelas são um cartaz vaticinador da
degradação que por ali grassa. Vidros partidos numa janela do terceiro
piso são um convite à nidificação de aves, entre elas os pombos, uma
praga que assola Estremoz. No telhado, a erva é senhora e rainha.
Fotografias de Pedro Godinho, colhidas em 2007 e disponíveis no SIPA
(Sistema de Informação para o Património Arquitectónico), são
reveladoras de infiltrações que há no edifício, fora aquilo que não se
vê. Os indícios de infiltrações começam logo no vestíbulo de entrada,
são também visíveis no primeiro patamar da escadaria principal e na
cobertura da escadaria.
É uma dó de alma
ver aquele edifício assim. Gostaríamos que ele tivesse um destino
diferente de outros como o edifício da Alfaia, o edifício Luís Campos ou
o Palace Hotel, que são uma mancha triste na malha urbana desta urbe
transtagana, a quem o nosso conterrâneo, o poeta Silva Tavares chamou um
dia “cidade branca”. Aqui fica um registo que gostaríamos de não ter
feito.
Quem lhe acode?
Urge travar o
estado de degradação do edifício e promover o seu restauro e
conservação. O proprietário e a administração pública têm
responsabilidades que devem ser assumidas. É que o edifício é uma jóia
arquitectónica da cidade e um tesouro em património azulejar, no qual
ressalta o envolvimento de Estremoz e do seu termo, na luta pela
independência nacional contra o jugo filipino. São páginas de História
Regional e Nacional que estão ali contadas.
O vetusto edifício parece pedir socorro. Quem lhe acode?
PALÁCIO TOCHA - Vidros partidos numa janela do terceiro piso são um convite à nidificação
de aves, entre elas os pombos, uma praga que assola Estremoz. Fotografia de Brados do
Alentejo, Julho de 2014.
PALÁCIO TOCHA - No telhado, a erva é senhora e rainha. Fotografia de Brados do Alentejo, Julho
de 2014.
PALÁCIO TOCHA - Indícios
de infiltrações no vestíbulo de entrada. Fotografia de Pedro Godinho, 2007.
SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
PALÁCIO TOCHA - Indícios de infiltrações, visíveis no primeiro patamar da escadaria principal.
SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
PALÁCIO TOCHA - Indícios de infiltrações, visíveis na cobertura da escadaria.
SIPA – Sistema de Informação para o Património Arquitectónico.
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