sábado, 26 de julho de 2014

A BATALHA E A LENDA DO MILAGRE DE OURIQUE

História de Portugal
A BATALHA E A LENDA DO MILAGRE DE OURIQUE
O dia 25 e Julho comemora simultâneamente o nascimnto do nosso Rei D.Afonso Henriques e a batalha de Ourique, pois tudo indica que esta se realizou no aniversário do nosso Rei.

Texto: Português
Fonte: Wikipédia / Portugal Glorioso / ATI -Sínodo de Portugal


Batalha de Ourique




Batalha de Ourique
Reconquista
BatalhaOurique.jpg
Data 25 de Julho de 1139
Local Ourique
Resultado Vitória decisiva dos portugueses
Combatentes
PortugueseFlag1143.svg Portugueses Flag of Almohad Dynasty.svg Mouros
Comandantes
D. Afonso Henriques Ali ibn Yusuf, Emir Almorávida
Forças
N/D N/D
Baixas
N/D N/D
A Batalha de Ourique desenrolou-se muito provavelmente nos campos de Ourique, no actual Baixo Alentejo (sul de Portugal) em 25 de Julho de 1139 — significativamente, de acordo com a tradição, no dia do provável aniversário D. Afonso Henriques e de São Tiago, que a lenda popular tinha tornado patrono da luta contra os mouros; um dos nomes populares do santo, era precisamente "Matamouros".1
Foi travada numa das incursões que os cristãos faziam em terra de mouros para apreenderem gado, escravos e outros despojos. Nela se defrontaram as tropas cristãs, comandadas por D. Afonso Henriques, e as muçulmanas, em número bastante maior.
Inesperadamente, um exército mouro saiu-lhes ao encontro e, apesar da inferioridade numérica, os cristãos venceram. A vitória cristã foi tamanha que D. Afonso Henriques resolveu autoproclamar-se Rei de Portugal (ou foi aclamado pelas suas tropas ainda no campo de batalha), tendo a sua chancelaria começado a usar a intitulação Rex Portugallensis (Rei dos Portucalenses ou Rei dos Portugueses) a partir 1140 — tornando-o rei de facto, sendo o título de jure (e a independência de Portugal) reconhecido pelo rei de Leão em 1143 mediante o Tratado de Zamora e, posteriormente o reconhecimento formal pela Santa Sé em Maio de 1179, através da bula Manifestis probatum, do Papa Alexandre III.
A primeira referência conhecida ao milagre ligado a esta batalha é do século XIV, depois da batalha. Ourique serve, a partir daí, de argumento político para justificar a independência do Reino de Portugal: a intervenção pessoal de Deus era a prova da existência de um Portugal independente por vontade divina e, portanto, eterna.1

A visão de D. Afonso Henriques
A tradição narra que, naquele dia, consagrado a Santiago, o soberano português teve uma visão de Jesus Cristo rodeado de anjos na figura do Anjo Custódio de Portugal2 , garantindo-lhe a vitória em combate. Contudo, esse detalhe da narrativa, é semelhante ao da narrativa da Batalha da Ponte Mílvio, opondo Magêncio a Constantino, segundo a qual Deus teria aparecido a este último dizendo IN HOC SIGNO VINCES (latim, «Com este sinal vencerás!»).
Este evento histórico marcou de tal forma o imaginário português, que o referencia como um milagre e se encontra retratado no brasão de armas da nação de Portugal: cinco escudetes (cada qual com cinco besantes), representando as Cinco Chagas de Jesus3 e os cinco reis mouros vencidos na batalha.

O local da peleja

Não há consenso entre os historiadores acerca do local exato onde se travou a batalha de Ourique.1
A mais antiga descrição da batalha figura na Crónica dos Godos sob a entrada dos acontecimentos da Era Hispânica de 1177 (1139 da Era Cristã).
Séculos mais tarde, Alexandre Herculano opinou que "A grande religiosidade da Idade Média, foi um dos factores, para o desenvolvimento do carácter místico atribuído à batalha de Ourique - na crença que havia na existência de milagres interventivos na vida dos povos e neste caso colocando Portugal como país amparado pela vontade de Deus."1
Mais recentemente outros historiadores, entre eles José Hermano Saraiva, voltaram a abordar e a reinterpretar essa questão.
Entre as teorias consideradas, citam-se:
  • Hipótese de Ourique (Baixo-Alentejo), outrora conhecida como «Campo d'Ourique»: mais ou menos equidistante entre Évora e Silves, é a hipótese tradicionalmente sustentada. À época, o poder Almorávida estava em fragmentação na península Ibérica, e o território correspondente ao moderno Portugal, ainda em mãos muçulmanas, encontrava-se repartido em, pelo menos, quatro taifas, sediadas respectivamente em Santarém, Évora, Silves, e Badajoz. Neste cenário, uma razia do infante D. Afonso Henriques que incidisse numa zona tão a sul como o Baixo Alentejo, não seria, de todo, improvável, uma vez que era durante os períodos de maior discórdia entre os muçulmanos que as fronteiras cristãs mais progrediam para o Sul. Nesse sentido, a razia que seu filho, o infante D. Sancho, fez em 1178 a Sevilha, acha-se bem documentada, demonstrando na prática, a possibilidade de se percorrer uma distância tão significativa em território hostil.

Estátua de D. Afonso Henriques no Alentejo, comemorativa da vitória na batalha de Ourique.
  • Hipótese de Vila Chã de Ourique (c. 2 km do Cartaxo), no Ribatejo; a sua localização era ocidental demais para atrair o interesse e as forças do emir de Badajoz. Contudo é o mais forte dos quatro supramencionados, dado que nesta localidade foram encontradas imensas ossadas no Vale de Ossos.
  • Hipótese de Campo de Ourique (c. 7 km de Leiria), na Beira Litoral: tal como no caso de Vila Chã, a sua localização era próxima demais ao litoral para atrair da mesma forma o interesse e as forças do emir de Badajoz;
  • Hipótese de Campo de Ourique (Lisboa): Presente no imaginário popular, sem qualquer fundamentação.
  • Hipótese de Aurélia (possivelmente, a moderna Colmenar de Oreja, próxima a Madrid e Toledo): Há quem defenda uma confusão entre Ourique (Aurik) e Aurélia (Aureja, com o "j" aspirado como em castelhano), aumentando a dúvida sobre a localização da batalha. É possível que tivesse havido um plano acordado entre Afonso Henriques e o rei de Leão e Castela, Afonso VII; embora inimizados dois anos antes na batalha de Cerneja, a guerra ao inimigo comum (o Islão) constituía uma razão forte o suficiente para suscitar um entendimento entre ambos os soberanos cristãos, no sentido de este último poder atacar a fortaleza de Aurélia. Para evitar ser cercado pelo inimigo muçulmano, Afonso VII teria pedido ao primo D. Afonso Henriques que providenciasse uma manobra de diversão, que passaria por esta incursão portuguesa no Alentejo, e que forçaria os emires das taifas do Gharb al-Andalus a combatê-la em autodefesa. Com isso, Afonso VII esperava ter a sua retaguarda livre para atacar Aurélia, confiante em uma rendição rápida, dada a impossibilidade de resposta do inimigo, ocupado com a manobra dos portugueses.
De qualquer modo, como consequência, quando o Cardeal Guido de Vico, emissário do Papa, reuniu D. Afonso Henriques e Afonso VII em Zamora (1143), para tentar convencê-los que a animosidade entre ambos favorecia os infiéis, o soberano português escreveu ao Papa Inocêncio II, reclamando para si e para os seus descendentes, o status de «censual», isto é, dependente apenas de Roma, invocando para esse fim o «milagre de Ourique», o que ocorrerá apenas em 1179. Entretanto, naquele encontro, pelo tratado então firmado (Tratado de Zamora), Afonso VII considerou D. Afonso Henriques como igual: afirmava-se a independência de Portugal.
Nesta batalha combateu e foi ordenado Cavaleiro o futuro Grão-Mestre da Ordem dos Templários, Dom Gualdim Pais, fundador das cidades de Tomar e Pombal.







LENDA DO MILAGRE DE OURIQUE:A Batalha de Ourique é um episódio simbólico para a monarquia portuguesa, pois conta-se que foi nela que D. Afonso Henriques foi pela primeira vez aclamado rei de Portugal, em 25 de Julho de 1139. Faz hoje exactamente 875 anos.

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Foi no campo de Ourique que se defrontaram o exército cristão e os cinco reis mouros de Sevilha, Badajoz, Elvas, Évora e Beja e os seus guerreiros, que ocupavam o sul da península.

A lenda conta que um pouco antes da batalha, D. Afonso Henriques foi visitado por um velho homem que o rei já tinha visto em sonhos e que lhe fez uma revelação profética de vitória.
Contou-lhe ainda que "sem dúvida  Ele pôs sobre vós e sobre a vossa geração os olhos da Sua Misericórdia, até à décima sexta descendência, na qual se diminuirá a sucessão. Mas nela, assim diminuída, Ele tornará a pôr os olhos e verá." O rei deveria ainda, na noite seguinte, sair do acampamento sozinho logo que ouvisse a sineta da ermida onde o velho vivia, o que aconteceu.

O rei foi surpreendido por um raio de luz que progressivamente iluminou tudo em seu redor, deixando-o distinguir aos poucos o Sinal da Cruz e Jesus Cristo crucificado.

O rei emocionado ajoelhou-se e ouviu a voz do Senhor que lhe prometeu a vitória naquela e em outras batalhas: por intermédio do rei e dos seus descendentes, Deus fundaria o Seu império através do qual o Seu Nome seria levado às nações mais estranhas e que teria para o povo português grandes desígnios e tarefas.

D. Afonso Henriques voltou confiante para o acampamento e, no dia seguinte, perante a coragem dos portugueses os mouros fugiram, sendo perseguidos e completamente dizimados.

Conforme reza a lenda, D. Afonso Henriques decidiu que a bandeira portuguesa passaria a ter cinco escudos ou quinas em cruz representando os cinco reis vencidos e as cinco chagas de Cristo, carregadas com os trinta dinheiros de Judas.





 "25 de Julho de 1139, Afonso Henriques..."


25 de Julho de 1139, Afonso Henriques vence a Batalha de Ourique. Vamos então (re)lembrar a lenda:

in MARQUES, Gentil Lendas de Portugal Lisboa,
Círculo de Leitores, 1997 [1962] , vol II, pp. 365-369

Fins de Julho de 1130. Afonso Henriques, já com a retaguarda coberta por castelos e cidades cristãs, já na posse de Leiria, de Ourém, Penela, Almourol, Zêzere e Cera — que depois adoptou o nome de Tomar — julgou-se apto a poder aventurar-se pelo território dos mouros, levando as suas armas pelo Alentejo, talvez na direcção de Silves. Reuniu os seus homens e lançou-se ao caminho.
A notícia desta agressão do infante D. Afonso fez tremer de receio Ismael ou Ismar, que então governava esta parte da Península ainda em poder dos sarracenos. Imediatamente ele convocou os chefes e guerreiros de Sevilha, Badajoz, Elvas, Évora e Beja, bem como os de todas as praças fortes até Santarém. E os sarracenos acorreram de toda a parte. Os exércitos marchavam um contra o outro. Mas por alturas do Campo de Ourique fez-se alto de ambos os lados. Então, João Fernandes de Sousa, camareiro do infante, apressou-se a entrar na tenda do seu senhor. D. Afonso Henriques parecia dormitar, tendo sobre os joelhos o Velho Testamento.
— Senhor... Perdoai-me se vos acordo...
D. Afonso Henriques nem pestanejou. Aflito com o rumor dos homens, lá fora, pois começavam a recear a multidão enorme de mouros que estava em frente e à vista, João Fernandes tocou no ombro do vencedor da batalha de S. Mamede.
— Acordai, Senhor meu!
O Velho Testamento caiu no chão. D. Afonso Henriques olhou o seu camareiro como se o tivesse visto pela primeira vez:
— Que me quereis? Estava a dormir... e a sonhar...
— Perdoai-me se vos interrompi... Mas está lá fora um homem velho que vos quer falar.
— Donde vem?
— Vem daqui perto e insiste em ser recebido por vós.
— Se é cristão, pode entrar.
— Está aqui, meu Senhor.
E voltando-se para o velho, João Fernandes indicou com a mão direita a entrada da tenda.
— Por aqui. E não vos demoreis!
O velho entrou, olhando fixamente Afonso Henriques. Este, porém deu quase um salto no escabelo onde estava sentado.
— Senhor! Acabo de vos ver em sonhos! Que me quereis?
— Dizer-vos, Senhor, que deveis ter bom coração, porque vencereis e não sereis vencido. Sois amado do Senhor, porque sem dúvida Ele pôs sobre vós e sobre a vossa geração os olhos da Sua Misericórdia, até à décima sexta descendência, na qual se diminuirá a sucessão. Mas nela, assim diminuída, Ele tornará a pôr os olhos e verá! Ele me mandou dizer-vos que na noite que se seguirá a esta, se ouvirdes a sineta da minha ermida, na qual vivo há sessenta e seis anos, guardado no meio dos infiéis por alto favor de Deus — pois, como ia dizendo, se ouvirdes a sineta, deveis sair fora do arraial, sozinho.
D. Afonso arriscou:
— Devo sair de noite, sem companhia?
O velho voltou à sua fala serena:
— Sim, saireis sozinho, porque Ele vos quer mostrar a Sua grande Piedade.
— Senhor! Se sois um embaixador de Deus, eu vos venero e sabei que tudo farei para ser digno de tão grande mercê!
Sem mais palavras, o velho saiu da tenda. D. Afonso veio aliás dele. Em breve o perdia de vista. Entretanto, inquietos, os soldados discutiam. Logo se aproximou João Fernandes. Afonso Henriques perguntou-lhe:
— Que dizem os nossos homens?
— Acham uma temeridade o que ides fazer, Senhor! Os sarracenos têm aqui cinco reis e cinco exércitos para nos combaterem!
— Reúne-os! Quero falar-lhes.
Era quase noite quando D. Afonso Henriques se dirigiu aos seus homens:
— Companheiros! Nem paz, nem trégua, nem fuga se nos consente! É infalível, o pelejar aqui. Cinco exércitos nos cercam. Nós não poderemos ter mais socorros além daquele que nos vier de Deus. Mas n’Ele confio! Ele, Senhor de todos os exércitos, estará connosco! E connosco Ele vencerá em nós, e nós sobre esses homens que O não aceitam porque O não conhecem! Na madrugada de amanhã será a batalha. Encomendemos pois a Deus, esta noite, a nossa causa! E entretanto... esperemos que a hora soe!
Os homens entreolharam-se, sem saberem que dizer. Acreditavam no seu chefe e acreditavam na causa que os trouxera ali. Todavia, a vista da massa imensa do inimigo, muito maior do que eles em número, punha nesses homens um certo receio, perfeitamente humano...
O dia seguinte decorreu sereno. A noite chegou. Nem cá nem no arraial fronteiro havia movimento de tropas. Observava-se um silêncio enervante. De repente, esse silêncio foi cortado pela voz dorida de um sino que tangia ao longe. D. Afonso Henriques, curvado numa oração muda, ergueu-se e dirigiu-se lentamente para fora do arraial. A mão na espada, o olhar vivo e atento, D. Afonso Henriques caminhou sozinho. Já fora das vistas dos seus homens e em plena escuridão, o jovem chefe guerreiro deu conta de um raio resplandecente que surgia do seu lado direito. D. Afonso estacou. Mas o raio de luz foi alargando, alargando iluminando tudo em redor. De súbito, D. Afonso Henriques distinguiu o Sinal da Cruz mais resplandecente que o Sol e Jesus Cristo crucificado nela. De um lado e de outro, grupos de anjos, vestidos de branco, de um branco que resplandecia também!
O coração de D. Afonso Henriques bateu forte. Num gesto rápido, atirou para o chão a espada e o escudo. Descalçou-se em sinal de vassalagem e lançou-se de bruços, com as lágrimas a correrem-lhe pelo rosto. O peito arfante, nem atinava com o que queria dizer.
— Senhor!... Por que me apareceis?... Que me quereis dizer?... Desejareis, por ventura, acrescentar fé a quem tanta traz no peito? Se o inimigo Vos pudesse ver, como eu Vos estou vendo, talvez esse pudesse acreditar em Vós! Por mim, creio que sois Deus Verdadeiro, Filho da Virgem e do Padre Eterno!
Calou-se D. Afonso Henriques. Ergueu um pouco o busto, olhando uma vez mais a cruz levantada da terra cerca de dez côvados. E então a voz do Senhor fez-se ouvir, serena e bela:
— Afonso! Não te apareci deste modo para acrescentar a tua fé em mim, mas para fortalecer teu coração neste conflito, e fundar os princípios do teu reino sobre pedra firme. Confia, Afonso, porque não só vencerás esta batalha, mas todas as outras em que pelejares contra os inimigos da minha Cruz. Vai! Vai, que acharás a tua gente alegre, esforçada para a peleja, e pedir-te-ão que entres na batalha com o título de rei. Não ponhas dúvida! A quanto te pedirem, deves conceder facilmente. Eu sou o fundador e destruidor dos reinos e impérios. Em ti e teus descendentes, quero fundar para mim um império, por cujo meio seja meu nome publicado entre as nações mais estranhas. E para que teus descendentes conheçam quem lhes dá o reino, comporás o escudo de tuas armas com o preço com que eu remi o género humano. Olha para o meu corpo e contempla as minhas chagas! A elas juntarás o preço com que fui comprado aos Judeus. Assim esse reino ser-me-á santificado, puro na fé e amado por minha Piedade!
Calou-se, o Senhor. Os anjos vestidos de branco luzente sorriam. Então D. Afonso Henriques tentou dizer algo:
— Senhor!... Por que méritos me mostrais tão grande misericórdia? Olhai na verdade para os meus sucessores e guardai salva a gente portuguesa! Se acontecer que tenhais contra ela algum castigo, executai-o antes em mim e em meus descendentes, e livrai este povo que amo como único filho!
De novo a voz do Senhor voltou a cortar a escuridão e o silêncio:
— Não se apartará deles nem de ti nunca a minha Misericórdia, porque por sua via tenho em vista grandes searas e a eles escolhidos por meus segadores em terras mui remotas. E agora, volta para a tua tenda. Um novo caminho vai abrir-se!
Calou-se a voz e desapareceu a luz. Um silêncio quase aflitivo deu o braço à escuridão. D. Afonso Henriques ergueu-se. A hora devia ir avançada e no arraial já talvez tivessem dado pela sua ausência. Tomou o escudo e a espada, e voltou serenamente para a sua tenda. Ao chegar, João Fernandes de Sousa e mais três homens da sua confiança esperavam-no com certa impaciência.
— Senhor, como tardastes!
— Estai calmos, que a vitória será nossa. Como estão os nossos homens?
— Bem, Senhor. Ansiosos que a manhã chegue para que seja dado o sinal de combate!
— Pois se estão assim ansiosos, ide reuni-los e prepará-los. Iniciaremos a luta antes mesmo que a manhã desponte!
A batalha travou-se, dura. Desde as primeiras horas da manhã até à noite que os soldados de D. Afonso viam chegar hordas de sarracenos, como se fossem em número jamais capaz de extinguir-se. O arraial era acometido por todos os lados; e dir-se-ia que a sorte não ficaria com eles, quando um troço de cavalaria escolhida, caindo sobre a primeira coluna sarracena, a separou do resto do exército, dizimando-a. Perto, andava Ismael, que ao ver completamente derrotada a sua primeira coluna e vendo o arrojo com que os portugueses lutavam, indiferentes ao perigo, prontos a vencer ou a morrer, encheu-se de um pavor súbito e fugiu. Então o resto do exército, vendo em fuga o seu rei, seguiu-o em debandada. As forças portuguesas foram-lhe no encalço.
O desbarato dos sarracenos foi total. Um monte de cadáveres cobria o terreno desde Ourique até às Cabeças de Reis — onde os cinco reis mouros foram degolados. E em campo aberto, loucos pela vitória, os homens de D. Afonso Henriques aclamaram-no rei pela primeira vez! E ali mesmo o primeiro rei de Portugal resolveu que a bandeira portuguesa passasse a ter cinco escudos em cruz, representando os cinco reis vencidos e as cinco chagas de Cristo, carregadas com os trinta dinheiros por que Judas vendeu o Redentor. A 25 de Julho de 1139, a vitória de Ourique impôs para todo o sempre as cinco quinas na bandeira de Portugal!

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