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sábado, 13 de dezembro de 2014
AS FEITICEIRAS DE SALEM
Documentário
AS FEITICEIRAS DE SALEM
Aqui tem revelados os acontecimentos históricos que ficaram conhecidos como "As bruxas de Salem", por ter ocorrido na Aldeia medieval de Salem, na colónia Norte Americana da Nova Inglaterra, há 3 séculos atrás.
O episódio histórico mostra onde pode levar o fanatismo religioso e a intolerância, que victimaram quase 20 pessoas. No entanto, estes acontecimentos serviram para assegurar os princípios de liberdade religiosa que viriam a imperar nos Estados Unidos da América.
Texto: Português
Áudio: Castelhano
Fonte: Canal História - YouTube - Educa Terra
DOCUMENTÁRIO: WITCH HUNT - AS BRUXAS DE SALEM
Una iglesia protestante, llamados los puritanos, desataron una cazeria
de brujas. Ya se tratase de demonios, brujas, apariciones de fantasmas o
"alteraciones espectrales", reales o imaginarias, el caso es que el
resultado final del juicio de las brujas de Salem en 1692 fue espantoso:
veinte personas fueron torturadas y colgadas hasta morir. Los
estudiosos modernos de esta oscura parte de la historia de Nueva
Inglaterra en EE UU han suscitado nuevas preguntas y teorías: ¿Se trató
de una alucinación en masa? ¿O de un síndrome postraumático tras las
brutales guerras con los indios? ¿Fue un malvado acto de venganza? ¿Un
episodio de histeria y psicosis causado por las drogas? ¿Pudo la
posesión demoníaca haber sido real? Recreaciones realistas, y en algunos
casos sorprendentes, mostrarán la terrible dureza de la vida en Nueva
Inglaterra EE UU en la última década del siglo XVII.
As feiticeiras de Salem
Há três séculos, o vilarejo de Salem, na colônia americana da Nova
Inglaterra, foi tomado de assalto por uma onda de intolerância e de
fanatismo religioso, vitimando quase vinte pessoas. Esse infeliz
incidente, e a caça às feiticeiras que então se desencadeou, serviu como
um alerta para que os princípios de liberdade religiosa fossem
assegurados na história dos Estados Unidos.
Salem é visitada por Satanás
"É uma certeza que o demônio apresenta-se por vezes na forma de pessoas não apenas inocentes, mas também muito virtuosas."
Rev. John Richards, século XV
O inquérito de Salem, atrás de sinas das bruxas
Mister
Parris, o pobre reverendo de Salem, estava exasperado. Betty, a sua
única filha de apenas nove anos, acometida por uma série de estranhos
espasmos, jogou-se petrificada sobre o leito, negando-se a comer.
Naquela perdida cidadezinha, ao norte de Boston, não existiam muitos
recursos além de um velho médico que por lá se perdera. Chamado para
diagnosticar a doença, atestou para o aterrado pai que a menina estava
era enfeitiçada e que nada lhes restava a fazer além de uma boa e
sincera reza. A conclusão do doutor correu de boca em boca e em pouco
tempo os pacatos habitantes do pequeno porto tomaram conhecimento de que
Satanás resolvera coabitar com eles.
Simultaneamente outras garotas, as amiguinhas de Betty, começaram a
apresentar sintomas semelhantes aos da filha do clérigo. Rolavam pelo
chão, imprecavam, salivavam, grunhiam e latiam. Foi um pandemônio.
Pressionado a tomar medidas, Parris resolveu chamar um exorcista, um
caçador de feiticeiras, que prontamente começou sua investigação.
No século XVII, poucos punham em dúvida a existência de bruxas ou de
feiticeiras porque uma das máximas daqueles tempos é de que "é uma
política do Diabo persuadir-nos que não há nenhum Diabo".
A inquisição
Cotton Mather, bruxas em toda a parte
Inquiridas
por Cotton Mather, que iria se revelar uma espécie de Torquermada
americano, as garotas contaram que o que havia desencadeado aquela
desordem toda fora uns rituais de vodu que elas viram Tituba fazer. Essa
era uma escrava negra que viera das Índias Ocidentais, e que iniciara
algumas delas no conhecimento da magia negra. Durante o último longo
inverno da Nova Inglaterra, ela apresentara várias vezes os feitiços
para uma platéia de garotas impressionáveis. Educadas no estreito
moralismo calvinista e no ódio ao sexo que o puritanismo devota, aquele
cerimonial animista deve ter despertado as fantasias eróticas nelas.
Provavelmente culpadas por terem cedido à libido ou apavoradas por
sonhos eróticos, as garotas entraram em choque histérico. Seja como for o
caso, merecia ser ouvido num tribunal. Toda a Salem se fez então
presente no salão comunitário.
O tribunal
Quando colocadas num tribunal especial, presidido pelo juiz S. Sewall, e
inquiridas pelos juízes Corwin e Hathorne, as meninas começaram a
apontar indistintamente para várias pessoas que estavam na sala apenas
como curiosas. O depoimento mais sensacional foi o da escrava Tituba,
que não só confessou suas estranhas práticas como afirmou que várias
outras pessoas da comunidade também o faziam.
A partir daquele momento, a cidadezinha que já estava sob forte tensão se transformou. Um comportamento obsessivo
Roger Conant, fundador de Salem
tomou conta dos moradores. Uma onda de acusações devastou o lugarejo.
Vizinhos se denunciavam, maridos suspeitavam das suas mulheres e
vice-versa, amigos de longa data viravam inimigos. Praticamente ninguém
escapou de passar por suspeito, de ser um possível agente do demônio.
Não demorou para que mais de 300 pessoas fossem acusadas de práticas
infames. O tribunal que entrou em função em junho de 1692 somente parou
em outubro. Resultou que dezenove pessoas foram enforcadas.
A luta contra a bruxaria
Um mundo de demônios e torturas
Apesar de existirem disposições papais que datam do século XV, como a Summis desiderantes affectibus, de Inocêncio VIII, e o volumoso tratado dos dominicanos (o Malleus Maleficarum,
de 1486), que orientavam na luta contra a bruxaria, o mundo anglo-saxão
aderiu a ela muito mais tarde. Na Inglaterra, os procedimentos
jurídicos antifeitiçaria somente foram fixados em 1664, com os Suffolk Assizes,
de sir Mathew Hale, mas nunca chegaram às trágicas dimensões que a caça
às bruxas dos países católicos. A explicação para isso deve-se a que
não existia entre os protestantes uma instituição tão poderosa como a
Igreja Católica, que via na heresia a marca da subversão. Também não
parece acertado o argumento de Rossell Hope Robbins, autor da Encyclopedia of witchcraft and demonology,
(Enciclopédia de feitiçaria e demonologia), de 1959, de que a caça às
bruxas, "nunca foi do povo", mas sim um hábil instrumento de padres e
advogados para enriquecer por meio do seqüestro dos bens dos
denunciados.
O povo e a bruxaria
É certo que feitiços e envolvimentos com bruxas se perdem nos tempos
imemoriais da humanidade, mas somente no século XV é que passou a ser
considerado herético. Não parece ser possível acreditar que tal
sentimento não correspondesse aos anseios mais profundos do povo, às
fobias tenebrosas do homem comum. Keith Thomas, no seu monumental Religião e o declínio da magia,
refuta existirem interesses econômicos nas perseguições, eis que a
maioria das vítimas das caçadas era extremamente pobre, o que George
Tindall confirma no seu capítulo sobre os acontecimentos de Salem.
Reunião de feiticeiras
É inquestionável que o povo acreditava sinceramente no maleficium,
isto é, no dano causado pelas bruxas. Por um ou outro motivo, ele
acumpliciava-se com as autoridades nas medidas tomadas para persegui-las
e julgá-las. Na sociedade pré-iluminista, a existência do demônio era
coletivamente aceita porque servia como uma explicação conveniente para
acontecimentos estranhos, para as agressões injustificadas ao que lhes
parecia inusitado, ao inesperado. Por outro lado, socorrer-se de
feiticeiras e de bruxas sempre foi uma maneira de tentar influenciar
pessoas ou coisas sobre as quais se tinha escasso poder.
A tentação do anonimato
É uma tentação irresistível poder fazer o mal a alguém sem correr riscos
de ser descoberto. Arma do impotente, do covarde ou do fraco, o feitiço
era uma maneira astuta de causar prejuízos a alguém odiado. A vítima,
por sua vez, não tinha a mínima prova do que ou quem a mandou atingir. O
malefício lançado contra alguém atuava igualmente como um poderoso
instrumento de compensação psíquica largamente recorrido pelos
desgraçados da vida. É uma forma, ainda que bem primitiva, de se
alcançar a justiça. Os atos mágicos ou as seções endemoniadas, por sua
vez, agem como anestesia aos padecimentos sofridos. De alguma forma, a
possibilidade de ser atingido por um feitiço qualquer atua como um fator
dissuasivo entre os poderosos. Um mandão, um prepotente, um déspota,
poderia temer ser atingido por um "mau olhado" ou cair vitimado por
poção encantada qualquer. Afinal eram as únicas coisas que os poderiam
atemorizar, já que a justiça comum e mesmo Deus pareciam sempre estar do
seu lado.
Os céticos frente à bruxaria
É sintomático esse medo das elites aos possíveis efeitos da bruxaria. O
fato de que no influente Grande Catecismo do jesuíta Pedro Canísio,
editado no século XVI, o nome de Satã aparecer 67 vezes, bem superior às
dedicadas a Jesus. Mas deve-se a essas mesmas elites porém um freio às
perseguições. Montaigne nos ensaios, de 1580, já ridicularizava esse
tipo de coisa e na Inglaterra observou-se um número crescente de juízes
que começaram a desconsiderar as sucessivas denúncias de bruxarias que
chegavam às cortes, apesar de a legislação contra aquelas práticas só
ter sido revogada em 1736. A perda do medo às bruxas também pode ser
creditada à crescente expansão das luzes, aos avanços da razão, da
educação e da lógica científica que culminaram na máxima "se não há
diabo, não há Deus."
O fim da caçada
Cena do julgamento em Salem (1692)
Deteve-se
a matança em Salem quando as denúncias envolveram figuras eminentes da
colônia, tal como a esposa do governador de Massachusetts e o pastor
Samuel Willard, presidente do Harvard College. Enquanto a arraia-miúda
foi enclausurada, acusada de práticas escusas, poucos se indignaram. O
basta naquilo tudo foi dado quando os dedos dos fanáticos ousaram
apontar para a elite local. Ainda em oito de outubro de 1692, circulou
uma carta redigida por um intelectual da região, Thomas Brattle, que se
horrorizara com os enforcamentos, revelando a loucura coletiva que
tomara conta dos aldeãos. Segundo Perry Miller, que estudou as idéias
que circulavam pelas colônias americanas daquele século, a letter de
Brattle teria sido o primeiro documento iluminista produzido na América
do Norte, pois criticou veementemente os prejuízos do fanatismo
religioso. Entre outras coisas, Battle escreveu: "temo que os anos não
apagarão essa desgraça, esta nódoa que essas coisas lançaram sobre nossa
terra." E os processos dos endemoniados de Salem assim como começaram,
num repente terminaram.
O macartismo
Clima de denúncias
As
perseguições às bruxas de Salem serviram, dois séculos e meio depois,
como tema para que o teatrólogo Arthur Miller - sofrendo as intimidações
feitas pelo Comitê de Atividades Anti-Americanas do senador MacCarthy
-, escrevesse a peça The Crucible (traduzida por nós como As bruxas de Salem).
Encenada no início dos anos de 1950, eram evidentes as analogias que
Miller fez entre os padecimentos da esquerda americana na época da
Guerra Fria, com os tormentos sofridos pelos injustamente acusados em
Salem.
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