domingo, 14 de dezembro de 2014

GUERRA DO ULTRAMAR: MOÇAMBIQUE - HISTÓRIAS DE CAMPANHA

Guerra Colonial
GUERRA DO ULTRAMAR: MOÇAMBIQUE - HISTÓRIAS DE CAMPANHA
Um dos episódios mais relevantes da nossa história contemporânea, a guerra do ultramar condicionou o nosso País. Ainda está bem presente, pois todos nós conhecemos, ou temos na nossa família até, alguém que tenha combatido numa das 3 frentes dessa guerra.
Aqui tem revelados alguns factos e histórias da campanha militar em Moçambique. Conheça como se organizou e desenvolveu a guerra nesse território, os avances e recuos, as tácticas e os inimigos. A operação militar Nó Górdio levada a cabo pelo General Caluza de Arriaga, fez com que a guerra estivesse practicamente ganha em Moçambique, mas uma decisão do Goberno sem consultar as Forças Armadas no terreno, viria a desiquilibrar a guerra a favor das guerrilhas Moçambicanas. Essa decisão chamou-se Cabora Bassa.

Texto: Português
Áudio: Português
Fontes: YouTube - Wikipédia - Guerra Colonial.org


* DOCUMENTÁRIO: GUERRA COLONIAL: MOÇAMBIQUE - Parte 1







* DOCUMENTÁRIO: GUERRA COLONIAL: MOÇAMBIQUE - Parte 2


CLICK AQUI PARA VER LIGAÇÃO PARA 2ª PARTE DE DOCUMENTÁRIO










A Operação Nó Górdio:


Operação Nó Górdio
Guerra Colonial Portuguesa
Data 1 de Julho a 6 de Agosto de 1970
Local Moçambique
Desfecho Sucesso parcial das forças portuguesas
Combatentes
Portugal Forças Armadas Portuguesas Moçambique FRELIMO
Comandantes
Kaúlza de Arriaga
Forças
+8000 militares
Baixas
132 militares mortos
4 civis mortos
27 feridos graves
55 feridos ligeiros
15 viaturas destruídas e danificadas
651 guerrilheiros mortos
; capturados: 1840
155 minas detectadas
165 campos
61 bases
40 toneladas de armamento capturadas
(a destruição de equipamento e bases é relativa ao primeiros 2 meses da operação)
 
A Operação Nó Górdio foi a maior e mais dispendiosa campanha militar portuguesa na província ultramarina de Moçambique, na África Oriental. Decorreu em 1970, durante a Guerra Colonial Portuguesa (1961 - 1974). Os objectivos desta campanha consistiam em erradicar as rotas de infiltração das guerrilhas independentistas ao longo da fronteira com a Tanzânia e destruir as suas bases permanentes em Moçambique. A Nó Górdio durou sete meses, mobilizou no total trinta e cinco mil militares e foi parcialmente bem-sucedida.
A operação consistia num cerco intenso com vista ao isolamento do núcleo central do Planalto dos Macondes, onde se encontravam as grandes bases de Gungunhana (objectivo A), Moçambique (objectivo B) e Nampula (objectivo C). Após conseguido o isolamento, estava programado o assalto e destruição destes objectivos. Atingindo estes objectivos, esperava-se uma desarticulação e desmoralização da FRELIMO, embora esta não tenha sido impedida de actuar em qualquer dos teatros de operações, conforme se verificou posteriormente.
A Nó Górdio foi lançada sob ordens de Kaúlza de Arriaga, entretanto promovido a comandante-chefe após oito meses de comando de forças terrestres no teatro de operações moçambicano, e executada pelo Comando Operacional das Forças de Intervenção (COFI). O início da Operação Nó Górdio foi marcado para 1 de Julho de 1970, com a presença do general Comandante-Chefe e do seu Estado-Maior em Mueda, prolongando-se até 6 de Agosto, tendo participado mais de oito mil homens, onde se incluía a totalidade das forças especiais (Comandos, pára-quedistas e Fuzileiros) e dos Grupos Especiais e a quase totalidade da artilharia de campanha, unidades de reconhecimento e de engenharia.
Esta operação incluía acção psicológica, com uma secção instalada em Mueda, e equipas de acção psicossocial em Mueda e no Sagal.
Segundo os relatórios em Portugal, terão sido mortos 651 guerrilheiros e 1840 capturados contra 132 militares portugueses mortos. Kaúlza de Arriaga reivindicou também que as suas tropas teriam destruído 61 bases e 165 campos, e capturadas 40 toneladas de munição, apenas nos primeiros dois meses.


Operação Nó Górdio

A situação em Cabo Delgado, em finais de 1969, era de acentuada pressão sobre os aquartelamentos militares portugueses, com a minagem dos itinerários e ataques às colunas tácticas e logísticas, tentando a Frelimo expandir as suas acções para sul do rio Messalo.

Espalhava-se a ideia de que o Planalto Central era zona inacessível às tropas portuguesas depois de, no final desse ano, unidades de pára-quedistas e comandos não terem conseguido alcançar as grandes bases da guerrilha - Gungunhana e Moçambique. Em Dezembro, dois terços das acções da Frelimo estavam concentrados em Cabo Delgado, servindo o triângulo serra do Mapé-Macomia-Chai como apoio dos guerrilheiros, no seu avanço para sul. No primeiro trimestre de 1970, verificou-se a intensificação da guerra, com a Frelimo a ultrapassar o rio Messalo, em direcção ao rio Lúrio, e a confirmação de acções em Tete/Cahora Bassa. A actividade da guerrilha aumentou mais de 40 por cento, continuando a caber a maior percentagem ao emprego de minas. A Frelimo demonstrava um maior interesse pelo sector de Tete, onde se instalavam os grandes empreendimentos económicos de Cahora Bassa. O contínuo agravamento da situação militar e a impossibilidade de aumentar o esforço de guerra, quer em efectivos metropolitanos quer em material de combate, levaram o general Kaúlza de Arriaga, ainda como comandante do Exército, a intensificar a formação de unidades de recrutamento local, que utilizaria intensamente como comandante-chefe. Nos finais de 1969, foi criado o Batalhão de Comandos e formada a 1.ª Companhia de Comandos de Moçambique. Logo em Janeiro de 1970, a Região Militar anunciou a formação dos primeiros seis grupos especiais (GE) de milícias, com o total de quinhentos e cinquenta homens.

Em Abril de 1970, foi referenciada a presença de Samora Machel em Cabo Delgado, para apresentar os planos de uma grande ofensiva a executar em Junho e Julho. Esta visita fez aumentar a actividade militar da Frelimo a nível nunca igualado. De facto, enquanto no segundo trimestre de 1969 o movimento realizou 154 acções, das quais 98 foram minas, no primeiro trimestre de 1970 essas acções subiram para 685 (646 eram minas) e no segundo para 759 (652 eram minas). Com este cenário por pano de fundo, o general Kaúlza de Arriaga, já comandante-chefe, decide lançar a Operação Nó Górdio, atribuindo a sua execução ao Comando Operacional das Forças de Intervenção (COFI), criado em Novembro de 1969 para o emprego conjunto de forças do Exército, Marinha e Força Aérea em missões de grande envergadura, em situações de emergência e em operações especiais. A preparação pode dizer-se que foi iniciada com a primeira experiência do COFI, em Maio de 1970, na condução de uma operação ao longo da estrada Mueda-Mocímboa da Praia, envolvendo unidades de comandos, pára-quedistas e fuzileiros, apoiadas por artilharia e aviação, a qual serviu de treino ao estado-maior do COFI e permitiu aliviar a pressão sobre um itinerário fundamental para o apoio logístico à grande operação que se preparava.

Entretanto, desde a tomada de posse do general Kaúlza de Arriaga que o seu Quartel-General em Nampula trabalhava nos preparativos que iriam concretizar o seu conceito de manobra em acções de contraguerrilha: executar operações de grande envergadura sobre objectivos materializados no terreno, com o máximo de forças.
Para tal, processou-se intensa acção de reparação e reunião de materiais, sobretudo artilharia e auto-metralhadoras; transferiram-se depósitos de munições, combustíveis e víveres para o Norte; prolongou-se a pista de Mueda, de modo a nela poderem operar aviões Fiat G-91, e a de Nangololo, para receber Nord-Atlas de transporte; deslocaram-se efectivos do Sul para o Norte, incluindo algumas unidades em fim de comissão; receberam-se novos materiais, especialmente alguns detectores de minas e rádios; e preparou-se, finalmente, um plano de acção psicológica destinado às populações e forças portuguesas. A maioria destes meios foi reunido em Mueda, que se transformou em enorme base de operações. O início da Operação Nó Górdio foi marcado para 1 de Julho de 1970, com a presença do general Comandante-Chefe e do seu Estado-Maior em Mueda, prolongando-se até 6 de Agosto. Nela participaram mais de oito mil homens, que representavam cerca de 40 por cento dos efectivos das tropas de combate no território (vinte e dois mil), uma concentração que esgotou as reservas disponíveis, pois empenhou a totalidade das unidades de forças especiais (comandos, pára-quedistas e fuzileiros) e os grupos especiais (GE), recém-criados, mais a quase totalidade da artilharia de campanha, unidades de reconhecimento e de engenharia. O conceito da operação assentava num cerco e batida com grandes meios, prevendo o isolamento da área do núcleo central do Planalto dos Macondes, onde se encontravam as grandes bases Gungunhana, Moçambique e Nampula, através de um cerco ao longo dos itinerários Mueda-Sagal-Muidumbe-Nangolo-Miteda-Mueda, com a extensão de 140 quilómetros e, após conseguido o isolamento da área, o assalto e destruição dos principais objectivos do núcleo central:

objectivo A - base de artilharia Gungunhana;
objectivo B - base provincial Moçambique;
objectivo C - base Nampula.

A manobra seria apoiada no terreno com fogos de artilharia e de aviação, em acções de flagelação e de concentração sobre os objectivos. Para criar condições de aproximação a estes e actuar sobre eles, seriam organizados agrupamentos de forças para procederem à abertura simultânea de picadas em direcção aos objectivos A e B, o mesmo sucedendo posteriormente para atingir o objectivo C, e, por fim, previa-se manter o cerco e continuar a bater e a eliminar todas as organizações referenciadas ou a referenciar. As acções militares deveriam ser conjugadas com intensa campanha de acção psicológica, para provocar a rendição e a desmoralização do inimigo. Os agrupamentos de cerco seriam constituídos por unidades de caçadores e por unidades de reconhecimento, realizando as primeiras emboscadas em permanência, enquanto as segundas patrulhariam os itinerários. Os agrupamentos de assalto disporiam de uma composição inter armas, do tipo task force, incluindo unidades de forças especiais, forças regulares, de apoio de fogos (artilharia e morteiros) e de engenharia. A esta cabia papel de grande sacrifício e risco na abertura das picadas tácticas desde as estradas Mueda-Miteda e Miteda-Nangololo até à proximidade dos objectivos, onde seriam criadas as bases de ataque para as forças de assalto. A operação era concebida como manobra do tipo convencional, em que se pretendia alcançar com um ataque em força o que do antecedente não fora conseguido, empregando a surpresa.

 Execução da Operação:

Para cumprimento deste plano foram constituídos sete agrupamentos: dois para o cerco (Norte e Sul) e quatro de intervenção, um para cada objectivo e um para reserva.

- 1 Julho - Início. Os agrupamentos de cerco começaram a sua instalação. Os agrupamentos de assalto A e B principiaram o movimento para os objectivos.
- 3 Julho - O agrupamento de assalto B (pára-quedistas) iniciou a progressão de Nangololo para o objectivo B - base Moçambique - , com o apoio da engenharia na abertura da picada desde Capoca até Gole.
- 4 Julho - O agrupamento de assalto A (comandos) chegou à base de ataque, a dois quilómetros do objectivo - base Gungunhana.
- 5 Julho - Realizou-se a primeira tentativa de assalto à base Gungunhana, que não se encontrava na localização prevista .
- 6 Julho - Foi localizada e assaltada a base Gungunhana, que fora abandonada recentemente. Estava localizada na encosta de uma pequena colina, no interior de mata densa, ocupava a área de 100x500 metros, dispunha de mais de cem palhotas, era circundada por uma vala e tinha abrigos contra morteiros e ataques aéreos.

Foi assaltada a base Moçambique pelas forças pára-quedistas. Era constituída por cerca de duzentas palhotas e encontrava-se abandonada havia cerca de dois meses.

- 12 Julho - O agrupamento de assalto C (fuzileiros) iniciou o deslocamento de Mueda para o objectivo C - base Nampula.
- 15 Julho - Foi atingido o objectivo C. A base Nampula era constituída por cerca de cinquenta palhotas e encontrava-se abandonada há dois meses.
- 16 Julho a 6 Agosto - Realizaram-se acções de permanência.

Após os ataques aos objectivos A, B e C, foram organizadas bases temporárias nas suas proximidades e atribuídas áreas de responsabilidade aos agrupamentos de ataque, com a finalidade de eliminar da zona as unidades de guerrilha ainda activas.
As forças de cerco mantiveram-se em posição até 2 de Agosto, realizando emboscadas e implantando armadilhas, para completar e melhorar a manobra.
Em coordenação com as acções militares foram realizadas operações psicológicas com a finalidade de separar as populações dos guerrilheiros, desmoralizar os combatentes e fomentar as apresentações, considerando-se que a Frelimo controlava cerca de sessenta mil pessoas na zona do planalto.
Para este efeito, foi instalada em Mueda uma secção de acção psicológica, constituídas equipas de recepção de refugiados em Sagal, Diaca, Miteda e Muidumbe e equipas de acção psicossocial em Mueda e no Sagal. Também as autoridades administrativas receberam instruções para armazenar reservas de víveres, a fim de fazerem face às necessidades imediatas de apresentados e capturados.
Contudo, «não obstante a acção psicológica realizada pelas forças nacionais, as populações não se apresentaram. De forma geral, afastaram-se para fora do alcance das forças militares e construíram novas palhotas, ou então regressaram para a proximidade das antigas, logo que lhes foi possível» (extracto do relatório de operação).
Apreciação final da situação pelo comando português:

«Em relação ao inimigo, ele foi:
- Desarticulado, em consequência da destruição das suas organizações;
- Atemorizado, pelo potencial e espírito ofensivo das NT, em que não acreditava;
- Desmoralizado, pelas carências de toda a ordem;
- Desprestigiado perante as populações.

As populações, cansadas de luta tão prolongada, apresentavam acentuado desequilíbrio psicológico. Chegou a "sentir-se" claramente que a população vacilava entre continuar a resistência ou entregar-se.
As forças nacionais, em resultado da consumação, com êxito, de uma operação duríssima e da sua superioridade sobre o inimigo, mostravam-se confiantes em si próprias e nos seus chefes e compreendiam a necessidade de continuar a luta até à vitória final.
Com a destruição do "mito" do núcleo central, toda a iniciativa no distrito de Cabo Delgado passou, sem qualquer dúvida, para as forças nacionais» (extracto do relatório da operação).
A Frelimo, apesar da Operação Nó Górdio, não foi impedida de actuar em qualquer dos teatros de operações. A sua actividade no terceiro trimestre de 1970 provocou as seguintes baixas e destruições às forças portuguesas, nas zonas não abrangidas pela operação:

                             Mortos       Feridos graves       Viaturas destruídas

Niassa                    17                       77                                14
Cabo Delgado       25                       70                                33
Tete                            9                       45                                13

Total                          51                     192                               60

RESULTADOS

Frelimo
Guerrilheiros mortos (em acção directa de combate) 67
Capturados (homens) 31 (mulheres) 42 (crianças) 28

Forças portuguesas
Mortos (militares) 22 *(15)
             (civis) 4
Feridos graves 27 *(27)
Feridos ligeiros 55 *(31)
Viaturas destruídas e danificadas 15
Minas detectadas 155

*( ) Devido a minas

De facto, só em Cabo Delgado, onde se desenrolou a Operação Nó Górdio, as forças da Frelimo realizaram, durante o período em que ela durou (Julho) e depois de anunciada a vitória portuguesa (Agosto e Setembro), as seguintes acções fora da zona de operações:

- 12 de Julho - Ataque a Miteda com um grupo de cerca de cem guerrilheiros, que só se retiraram após as forças portuguesas terem utilizado helicópteros armados e canhão sem recuo;
- 15 Julho - Colocação de 73 minas na estrada Montepuez-Nancatari-Mueda;
- 15 e 16 Julho - Colocação de engenhos explosivos perto de Omar (a norte do núcleo central);
- 21 de Julho - Emboscada na estrada Muaguide-Meluco, a sul do rio Messalo, na região de Macomia;
- 28 e 29 de Julho e 17, 27 e 29 de Agosto - Ataques ao aquartelamento de Omar, sempre com forte potencial de fogo (canhões sem recuo e metralhadoras pesadas) e muito próximo do aquartelamento.

Estas acções da Frelimo, fora da área em que se desenrolou a Operação Nó Górdio, demonstram que o movimento manteve operacionais as suas estruturas em todos os sectores. No Niassa, durante este período, realizou 142 acções, mais 23 do que no trimestre anterior e mais 34 do que em igual período do ano de 1969. Em Tete, efectuou neste trimestre 239 acções, mais 100 do que nos três meses anteriores e mais 141 do que em igual período do ano de 1969.
Em resumo, na zona de Cabo Delgado a Operação Nó Górdio não fez diminuir as acções militares da Frelimo nas áreas exteriores ao núcleo central, onde as forças portuguesas concentraram o seu esforço. Nas frentes do Niassa e de Tete, o movimento aumentou significativamente o número das suas acções.
Em 3 de Agosto, ainda antes do final oficial da Operação Nó Górdio, em ofício enviado pelo Comando-Chefe de Moçambique ao Secretariado-Geral da Defesa Nacional (SGDN), Kaúlza de Arriaga transmitia a opinião de que «vencida e ultrapassada esta fase da guerra em Moçambique, outra poderá ter lugar na qual o inimigo disporá de meios mais evoluídos, como carros de combate, foguetões terra-terra e aviões de combate».
Em Dezembro de 1970, também em ofício para o SGDN, o comandante-chefe de Moçambique afirmava: «Não é possível garantir o sucesso em Moçambique com efectivos actuando em terra inferiores a 105 companhias de caçadores, nove companhias de comandos e quatro companhias de pára-quedistas.»
Em Outubro de 1970, dois meses após o final da operação, o Comando-Chefe de Moçambique considerava como possibilidade mais perigosa que a Frelimo afectasse gravemente o distrito de Tete pelo incremento das acções de guerrilha e pelo seu alastramento à Angónia e a Tete, o que, de facto, veio a verificar-se.
Na sequência da Operação Nó Górdio, as forças portuguesas planearam a Operação Fronteira,canalizando o seu esforço para Norte, enquanto a Frelimo reorientava a sua prioridade para Tete e para o Sul, mantendo contudo pressão suficiente no Norte, para não permitir que as forças portuguesas deslocassem efectivos.
Em contraguerrilha, as operações de grande envergadura ficam, de modo geral, aquém dos resultados esperados, mas a verdade é que surgem sempre comandantes tentados a lançá-Ias.
A Frelimo seguiu as máximas de Sun Tsu, de retirar quando o inimigo ataca e de o atacar quando ele se movimenta. Não admira, por isso, que se verificasse reacção violenta dos guerrilheiros à movimentação das forças portuguesas, em especial na abertura das picadas tácticas, quando estas se encontravam mais vulneráveis; que não defendessem as suas bases, porque o terreno não é importante na guerra de guerrilha; e que o cerco das forças portuguesas não produzisse os resultados desejáveis, pois era muito extenso, os guerrilheiros e as populações conheciam o terreno e a localização das emboscadas, os efectivos disponíveis eram escassos em relação às missões e constituídos ou por unidades recém-chegadas ou que já tinham terminado as suas comissões.
Mesmo o objectivo de conquistar as populações ficou longe de ser alcançado, pois a área era demasiado extensa para as possibilidades de exploração das forças de assalto aos objectivos, o que deu às populações a possibilidade de aguardar o resultado dos acontecimentos em relativa segurança, fora do alcance das forças de cerco. Não admira, por isso, que não se tivesse verificado o êxodo das populações com as consequentes capturas. Acresce que as intensas campanhas de acção psicológica, utilizando meios aéreos de difusão de mensagens, também não motivaram apresentações.













Sem comentários:

Enviar um comentário