segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A RAINHA Dª MARIA II E A REGENERAÇÃO

História de Portugal
A RAINHA Dª MARIA II E A REGENERAÇÃO
Sabiam que a tradição da árvore de Natal foi introduzida em Portugal na época da nossa Raínha Dª Maria II ? Pois saibam que foi introduzida pelo seu 2º marido, o Rei consorte D. Fernando Augusto de Coburgo Gotha. Um Homem excepcional, inteligente e que tanto ajudou Portugal, apesar de não ser o seu País natal.
Na nossa história há persinagens que se bateram por dividir os Portugueses - e ainda os há - com a finalidade de reinarem melhor; mas também há aqueles personagens superiores que lutaram toda a vida por unirem os Portugueses e resolver-lhes os problemas criando condições para governarem em paz e para superar as diferenças.
Sem dúvida é este último exemplo o da nossa Rainha Dª Maria II, que regenerou o País, apesar da sua curta vida e reinado e dos inúmeros problemas e dificuldades que desde cedo teve de enfrentar, e que duraram até ao final dos seus dias.
Poderá também entender o que foi e como se processou o período histórico dessa data a que se chamou "Regeneração".
Vou revelar-lhes então, o que foi a Regeneração e a vida e o reinado desta nossa monarca, através de um excelente documentário e de informação histórica escrita aqui publicada.

Texto: Português
Áudio: Português
Fontes: RTP - YouTube - Portal da História - Wikipédia


DOCUMENTÁRIO: Dª. MARIA II - A RAÍNHA DA REGENERAÇÃO




A Rainha D. Maria II



D. Maria II

Contava apenas 7 anos, quando seu pai, D. Pedro IV, abdicou do trono de Portugal em seu favor, em Abril de 1826. 
Devia casar, logo que tivesse idade, com o tio, D. Miguel, nomeado regente e lugar-tenente do reino, o que foi aceite pelo Infante, em Julho de 1826, assumindo a regência, ao chegar a Lisboa, em Janeiro de 1828, após ter jurado fidelidade à rainha e à Carta Constitucional. 
D. Maria foi enviada para a Europa em Julho de 1828, para defender os seus direitos ao trono, tendo ficado a residir em Londres, e a partir de  1831 em França.
Só em 24 de Setembro de 1834, com o fim da Guerra Civil, tendo quinze anos de idade, assumiu o governo do País.
Casou em 1835 com Augusto de Leuchtenberg, filho de Eugénio de Beauharnais, e neto da Imperatriz Josefina, primeira mulher de Napoleão Bonaparte, irmão mais velho da segunda mulher de D. Pedro IV, mas que morreu logo em Março desse ano.
Neste ano pôs-se à venda todos os bens de raiz nacionais, pertencentes à Igreja Patriarcal, às Casas das Rainhas e do Infantado, das corporações religiosas já extintas e das capelas reais.
D. Maria casou segunda vez com Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, irmão do rei dos Belgas, Leopoldo I, e primo do marido da rainha Vitória da Inglaterra, o príncipe Alberto. O casamento realizou-se em 9 de Abril de 1836.
Durante o seu curto reinado, passado num dos mais conturbados períodos da nossa história, o das lutas entre liberais e absolutistas, vários acontecimentos históricos se passaram: a Guerra Civil,  a revolução de Setembro, a Belenzada, Revolta dos Marechais, a Maria da Fonte, a Patuleia.
Sucedeu-lhe o seu filho mais velho, D. Pedro V.

Ficha genealógica:
D. Maria II nasceu no Rio de Janeiro, no Palácio de S. Cristóvão, a 4 de Abril de 1819, recebendo o nome de Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga. Morreu no Palácio das Necessidades, a 15 de Novembro de 1853, em consequência de parto.
Casou em primeiras núpcias com D. Augusto de Leuchtenberg, nascido em Munique a 9 de Dezembro de 1810, tendo morrido em Lisboa a 28 de Março de 1835, duque e príncipe de Leuchtenberg e de Santa Cruz, filho de Eugénio de Beauharnais, então vice-rei de Itália,  e da princesa Augusta Amélia, filha de Maximiliano José I da Baviera. Não tendo havido descendência.
Voltou a casar em Lisboa, a 9 de Abril de 1836, com D. Fernando Augusto, nascido em Coburgo a 29 de Outubro de 1816, e falecido em Lisboa, a 15 de Dezembro de 1885, filho de Fernando Augusto, príncipe e duque de Saxe Coburgo Gotha e de sua mulher Maria Antonieta Gabriela, princesa de Koari.
Do casamento nasceram:
1. D. Pedro V , que sucedeu no trono;
2. D. Luís, duque do Porto, que em 1861 sucedeu a seu irmão;
3. D. Maria. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 4 de Outubro de 1840, tendo falecido no mesmo dia;
4. D. João. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 16 de Março de 1842, e faleceu no Palácio de Belém em 27 de Dezembro de 1861. Era Duque de Beja e de Saxe Coburgo Gotha;
5. D. Maria Ana. Nasceu no Palácio das Necessidades, a 21 de Agosto de 1843, e faleceu em Dresda, a 5 de Fevereiro de 1884. Casou em Lisboa, a 11 de Maio de 1859, com Frederico Augusto (1832-1904) que foi rei da Saxónia, com o nome de Jorge III. Com descendência;
6. D. Antónia. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 17 de Fevereiro de 1845, e morreu em Sigmarinen, a 27 de Dezembro de 1913. Casou em Lisboa, a 12 de Setembro de 1861, com Leopoldo Estevão Carlos (1835-1905), príincipe de Hohenzollern. Com descendência;
7. D. Fernando. Nasceu em Lisboa, no Palácio de Belém, em 23 de Julho de 1846, e faleceu no Palácio das Necessidades, a 6 de Novembro de 1861, estando sepultado no Panteão Real de S. Vicente de Fora.
8. D. Augusto. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 4 de Novembro de 1847, e faleceu no mesmo local a 26 de Setembro de 1889.Está sepultado no Panteão Real de S. Vicente de Fora. Foi duque de Caminha e de Saxe Coburgo Gotha;
9. D. Leopoldo. Nasceu em Lisboa, no Palácio das Necessidades, a 7 de Maio de 1849, tendo falecido no mesmo dia;
10. D. Maria. Nasceu no Palácio das Necessidades, em 3 de Fevereiro de 1851, e morreu no mesmo dia.
11. D. Eugénio. Nasceu no palácio das Necessidades, a 15 de Novembro de 1853, e faleceu no mesmo dia.
 
 
Fontes:
Joel Serrão (dir.)
Pequeno Dicionário de História de Portugal,
Lisboa, Iniciativas Editoriais, 1976 Joaquim Veríssimo Serrão
História de Portugal, Volume VII: A Instauração do Liberalismo (1807-1832), e
História de Portugal, Volume VIII: Do Mindelo à Regeneração (1832-1851)
Lisboa, Verbo, 1984 e 1986



Dª. Maria II de Portugal


Maria II
Coat of arms of the Kingdom of Portugal (Enciclopedie Diderot).svg
Rainha de Portugal
Princesa do Brasil
Maria II, por Thomas Lawrence, na Royal Collection
Governo
Reinado 26 de maio de 1834
15 de novembro de 1853
Coroação 11 de julho de 1828, Lisboa
Consorte Augusto de Beauharnais
Fernando de Saxe Coburgo Gota,
Antecessor Pedro IV (1826)
Miguel I (1834)
Herdeiro Pedro de Alcântara (filho)
Sucessor Pedro V
Casa Real Bragança
Dinastia Bragança
Títulos A Educadora
Vida
Nome completo Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga
Nascimento 4 de Abril de 1819
Rio de Janeiro, Reino do Brasil
Morte 15 de Novembro de 1853 (34 anos)
Lisboa, Reino de Portugal
Sepultamento Panteão dos Braganças, Lisboa
Filhos Pedro V, Luís I, Maria, João, Maria Ana, Antónia, Fernando, Augusto, Leopoldo, Maria da Glória, Eugénio
Pai Pedro IV
Mãe Maria Leopoldina

Maria II GCNSC (Rio de Janeiro, 4 de Abril de 1819Lisboa, 15 de novembro de 1853) foi rainha de Portugal de 1834 a 1853. Era filha do Pedro IV de Portugal (Imperador do Brasil como Pedro I) e da arquiduquesa Dona Leopoldina de Áustria e irmã mais velha do imperador Pedro II, imperador brasileiro, também filho de Pedro IV com Leopoldina. Foi cognominada de A Educadora ou A Boa Mãe, em virtude da aprimorada educação que dispensou ao seus muitos filhos. Maria da Glória era loira, de pele muito fina, olhos azuis como a mãe austríaca. Foi a 31ª Rainha de Portugal e dos Algarves aquando da abdicação do pai, de 1826 a 1828, e de 1834 a 1853.

Biografia

Início do reinado


Maria II,
em 1833, na Royal Collection
Seu nome completo era Maria da Glória Joana Carlota Leopoldina da Cruz Francisca Xavier de Paula Isidora Micaela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança. Maria II tornou-se Rainha de Portugal depois da abdicação de seu pai, Pedro IV (Pedro I, no Brasil) em seu favor, em 1826. Deixou o Rio de Janeiro a 5 de julho de 1828, sob o título de duquesa do Porto, sendo reconhecidos os seus direitos à coroa de Portugal por algumas potências europeias. O marquês de Barbacena, Felisberto Caldeira Brant, foi o escolhido por Pedro IV para acompanhá-la.
Miguel de Bragança, seu tio, chegara a Lisboa a 9 de fevereiro de 1828 e desembarcara no dia 22, recebendo das mãos de Isabel Maria de Bragança a regência, e ratificando a 26 o juramento que prestara à Carta Constitucional perante as cortes que a infanta havia convocado, mas não tardou a mudar de resolução. A 13 de março dissolveu as cortes, convocando em 3 de maio o conselho dos três Estados para decidir a quem pertencia a coroa, segundo a antiga forma das cortes do país, quando se tratava de graves pontos de direito.
O conselho reuniu-se a 21 de junho e a 25, proclamando Miguel rei absoluto, em precipitada resolução, em vista do ato de reconhecimento do herdeiro da coroa prestado pela regência e real câmara dos pares, instituída pela Carta Constitucional, acerca da sucessão da Casa de Bragança nas duas coroas de Portugal e Brasil, e particularmente na do Portugal, já indicada nas conferências realizadas em Londres em agosto de 1823.
E também nos preliminares do tratado de 25 de agosto de 1823, que reconheceu a Independência do Brasil, onde a tal respeito foi apresentado na conferência de 9 de agosto o seguinte Artigo Secreto: «Como por causa da aceitação da renúncia pessoal do imperador do Brasil, Pedro, à Coroa de Portugal, as Cortes de Portugal devem determinar qual dos filhos do imperador será chamado à sucessão daquela coroa por morte do presente rei: entende-se que as ditas cortes podem chamar à sucessão o filho mais velho do dito imperador do Brasil, ou a filha mais velha, na falta de descendência masculina.» (Lido em Biker, Supplemento).
O infante Miguel residia em Viena, para onde fora mandado, por carta régia de 12 de maio de 1824, depois da revolta de 30 de abril ou Abrilada. Os brasileiros não aceitaram que o imperador cingisse a coroa portuguesa, o que resultaria na unidade da antiga monarquia, da qual haviam se libertado.
Pedro, depois de proclamado Rei de Portugal, resolveu abdicar a coroa portuguesa na filha mais velha, Maria da Glória, em 3 de maio, tendo em 29 de abril outorgado aos portugueses uma constituição livre, a Carta Constitucional. A abdicação era condicional: a princesa casaria com seu tio, Miguel, e enquanto se não realizasse o consórcio, e o novo regime não dominasse em Portugal, continuaria a regência de Isabel Maria em nome de Pedro IV.
A 31 de julho de 1826 foi jurada a constituição em Portugal. Miguel, em Viena, também a jurou em 4 de outubro, pronto a obedecer às vontades do irmão Pedro, e efetuou, por procuração, seus esponsais com a sobrinha perante a corte de Viena, a 29 de outubro. Foi dispensado o impedimento de consanguinidade por breve do papa Leão XII, estando a rainha representada no ato, em virtude do alvará que para tal fim fora conferido em 28 de abril de 1826, pelo barão de Vila Seca, enviado extraordinário e ministro plenipotenciário do Império do Brasil junto à corte do imperador Francisco I, como participado às cortes pela infanta regente.
Em vista do procedimento do infante Miguel no ato de jurar a Carta Constitucional, quando tempos depois, no meio da agitação dos partidos que se gladiavam, dos tumultos e das revoltas, Isabel Maria adoeceu, Pedro não hesitou em nomear, em nome da rainha Maria II, Miguel seu lugar-tenente e regente do reino, por decreto de 3 de setembro de 1827, resolvendo enviar a filha para Viena a completar a educação na corte de seu avô.
Após a revolução liberal, na sequência da reforma administrativa de 1836, a rainha Maria II entrega o foral de concelho ao Seixal, no dia 6 de novembro.

Levante absolutista


Maria II, 1849

Bandeira pessoal de João V e de Maria II.
O reinado foi interrompido pelo levantamento absolutista liderado por seu tio, noivo e regente Miguel I, que se proclamou rei de Portugal a 23 de Junho de 1828. Começaram então as Guerras Liberais que se prolongam até 1834, ano em que Maria foi reposta no trono e Miguel exilado para a Alemanha.
O marquês de Barbacena, chegando a Gibraltar com a princesa em 3 de setembro de 1828, teve conhecimento por um emissário do que se passava em Portugal. Teve a perspicácia de compreender que Miguel viera de Viena resolvido a pôr-se à frente do movimento absolutista, aconselhado pelo príncipe Metternich, que dirigia a política europeia, sendo assim perigoso a jovem rainha ir para Viena. Tomando a responsabilidade, mudou a direção da viagem, e partiu para Londres, onde chegou a 7 de outubro. A política inglesa nada favorecia seus intuitos. O gabinete de lorde Wellington patrocinava abertamente Miguel, de sorte que o asilo que o marquês procurara não era seguro. Maria II foi recebida na corte com as honras devidas à sua elevada hierarquia, mas os ingleses impediam os seus súbditos ali emigrados de irem reforçar a guarnição da ilha Terceira.
O golpe de Estado de Miguel não passara sem protestos. A 16 de maio de 1828 revoltava-se a guarnição do Porto, a 25 em Lagos um batalhão de infantaria. As revoltas foram sufocadas. Saldanha, Palmela, e outros, que tinham vindo para tomar a direção do movimento do Porto, reembarcaram no Belfast, que os trouxera; a guarnição do Porto, reforçada pelos voluntários académicos de Coimbra e por outras tropas liberais, emigrava para a Galiza e dali para Inglaterra. À frente duma pequena expedição liberal tentou Saldanha desembarcar na Terceira, mas não lho consentiu o cruzeiro inglês, cuja vigilância não pôde, contudo, evitar algum tempo depois que o Conde de Vila Flor, mais tarde da Terceira, conseguisse desembarcar. A tempo, porque em Agosto de 1829 aparecia na frente da ilha a grande esquadra miguelista que lançou em terra um corpo de desembarque. Deu-se então a batalha de 11 de agosto na vila da Praia, em que os miguelistas foram derrotados. Quando os emigrados na Inglaterra receberam a notícia da vitória, sentiram grande entusiasmo. Logo perderam as esperanças ao saber que a jovem rainha voltava para o Brasil. Na verdade, a situação de Maria II na corte inglesa, ao lado do ministério no poder, tornava-se embaraçosa e humilhante. A rainha saiu de Londres para ir encontrar com sua futura madrasta, Amélia de Leuchtenberg. Partiram juntas em 30 de agosto de 1829 para o Rio, chegando a 16 de outubro.
Julgava-se perdida a causa constitucional. Os emigrados dispersos (França, Inglaterra e Brasil) dividiam-se em facções rivais. Só a ilha Terceira reconhecia os princípios constitucionais, e mesmo ali apareciam guerrilhas miguelistas. A França estava já disposta a reconhecer o governo de Miguel quando em 1830 rebentou em Paris a revolução de julho, o que fez animar os liberais portugueses.

Abdicação do imperador Pedro I do Brasil


Maria II de Portugal
por John Simpson, no Museu Imperial

Maria II de Portugal, em nota de mil escudos de 1967
Em 1831, Pedro I abdicou, a 7 de abril, da coroa imperial do Brasil em nome do seu filho Pedro II, irmão de Maria II, e veio para a Europa com a filha e a segunda mulher, sustentar os direitos da filha à coroa de Portugal. Tomou o título de Duque de Bragança, e de Regente em seu nome.
Quase ao mesmo tempo a regência da ilha Terceira, nomeada por Pedro e composta do Marquês de Palmela, do Conde de Vila Flor e de José António Guerreiro, pode preparar uma expedição que em pouco tempo se apossou dos Açores. Enquanto se ampliava assim o território constitucional, Pedro desembarcava em França, sendo acolhido com simpatia pelo novo governo e por Luís Filipe I. O governo de Miguel desacatara as imunidades dos súbditos franceses, não satisfizera de pronto as reclamações do governo francês, que mandara uma esquadra comandada pelo almirante Roussin forçar a barra de Lisboa e impor humilhantes condições de paz.
Pedro deixou a filha em Paris para acabar a sua educação, entregue à madrasta, com bons mestres, e partiu para os Açores à frente duma expedição organizada na ilha de Belle-Isle, reunindo seus partidários. Chegando aos Açores a 3 de março de 1832, formou novo ministério, juntou um pequeno exército, cujo comando entregou ao Conde de Vila Flor, meteu-o a bordo duma esquadra que entregou ao oficial inglês Sartorius, e partiu para Portugal continental, desembarcando a 8 de julho na Praia da Memória, em Matosinhos. Seguiu-se o cerco do Porto e uma série de combates, até que, a 24 de julho de 1833, o Duque da Terceira entrou vitorioso em Lisboa, depois de ter ganho, na véspera, a batalha da Cova da Piedade. Porto e Lisboa, as principais cidades, estavam no poder dos liberais. Pedro veio para Lisboa, e mandou vir sua filha de Paris.
O Teatro Nacional D. Maria II, no Rossio (zona central de Lisboa), tem o seu nome por ter sido inaugurado no dia de aniversário da rainha.

Casamentos


Ceptro do dragão, feito para a aclamação da rainha Maria II, simbolizando a Coroa de Portugal, a carta constitucional de 1826, e um dragão emblemático da Casa de Bragança
  • Com dispensa papal, por procuração, em 29 de outubro de 1826 casou com seu tio, o infante Miguel (1802-66). O casamento foi dissolvido ou anulado em 1 de Dezembro de 1834.
  • Casou em Munique por procuração em 1 de Dezembro de 18341 e em pessoa em Lisboa em 26 de janeiro de 1835 com o príncipe Augusto de Beauharnais. Batizado Augusto Carlos Eugénio Napoleão de Beauharnais, nascera em Milão 9 de Dezembro de 1810 e morreria em 28 de março de 1835 de difteria, no Paço Real das Necessidades, em Lisboa. Segundo duque de Leuchtenberg, Príncipe de Eichstadt, feito príncipe de Portugal pelo casamento, 1° Duque de Santa Cruz no Brasil, feito em 5 de novembro de 1829 por seu sogro e cunhado Pedro I do Brasil. Era filho de Eugénio de Beauharnais e da princesa Augusta da Baviera, e irmão mais velho da imperatriz Amélia, madrasta de Maria II.
Havia necessidade de um segundo marido. Apareceram candidatos de França, Nápoles, Alemanha e Sardenha e foi escolhido o sobrinho do rei Leopoldo I dos belgas:
  • Casou com o príncipe Fernando de Saxe-Coburgo-Gotha, baptizado Fernando Augusto Francisco António de Saxe-Coburgo-Gotha, nascido em Viena em 29 de outubro de 1816 e falecido em Lisboa a 15 de dezembro de 1885 no Paço Real das Necessidades, estando sepultado em mosteiro de São Vicente de Fora. O contrato foi assinado no fim de 1835. Meses depois, chegou o marido. Haviam casado em Coburgo por procuração em 1 de janeiro de 1836 e, em Lisboa, em pessoa, na Sé patriarcal em 9 de Abril de 1836. Este passou a Rei Consorte, como Fernando II, em 16 de setembro de 1837, após o nascimento de um filho varão. Regente do reino durante a menoridade do filho Pedro V e, depois da morte deste, até à chegada a Portugal do filho Luís I. Tiveram 11 filhos. Era filho de Fernando Jorge Augusto (Coburgo 1785-1851 Viena) príncipe de Saxe-Coburgo-Gotha e de Maria Antonia Gabriela (Viena 1797-1862 Viena), princesa herdeira de Kohary de Csabrag e Szitna. Viúvo, Fernando casaria de novo em 1869 com sua companheira de longa data, a cantora Elisa Hensler, feita condessa de Edla.

Morte


Maria II,
por William Charles Ross, 1852
Desde sua primeira gravidez, aos dezoito anos de idade, Maria II enfrentou problemas para dar à luz, com trabalhos de parto prolongados e extremamente dificultosos. Exemplo disso foi sua terceira gestação, cujo trabalho de parto durou 32 horas, findas as quais, foi retirada a fórceps uma menina, batizada in articulo mortis com o nome de Maria (1840).2
Aos 25 anos de idade e em sua quinta gestação, a soberana tornou-se obesa e seus partos tornaram-se ainda mais complicados.3 Em 1847 o sofrimento fetal que precedeu o nascimento de seu oitavo filho – o infante Dom Augusto – trouxe ao mundo uma criança "bastante arrouxada e com pouca respiração".4
A perigosa rotina de gestações sucessivas, somada à obesidade (que terminou por causar-lhe problemas cardíacos) e à frequência de partos distócicos (preocupante, especialmente por tratar-se de uma multípara) levaram os médicos a alertarem a rainha sobre os sérios riscos que corria. Indiferente aos avisos, Dona Maria II limitava-se a retrucar: "Se morrer, morro no meu posto".
Em 15 de novembro de 1853, treze horas após o início do trabalho de parto do natimorto infante Dom Eugénio, seu 11º filho, Dona Maria II morreu, aos 34 anos de idade. O anúncio da morte foi publicada no Diário do Governo de 16 de novembro de 1853:
"Paço das Necessidades, 15 de Novembro de 1853, à meia hora depois do meio dia.
Sua Magestade a Rainha começou a sentir annuncios do parto às nove horas e meia da noite de hontem. Appareceram difficuldades no progresso do mesmo parto, as quaes obrigaram os facultativos a recorrer a operações, pelas quaes se conseguiu a extracção de um Infante, de tempo, que recebeu o baptismo antes de extrahido.
O resultado destas operações teve lugar às dez horas da manhã. Desgraçadamente, passada hora e meia, Sua Magestade, exhausta de todas as forças, rendeo a alma a Deos, depois de haver recebido todos os sacramentos.
- Francisco Elias Rodrigues da Silveira. Dr. Kessler. Ignacio António da Fonseca Benevides. António Joaquim Farto. Manuel Carlos Teixeira."
Em carta datada de 28 de novembro de 1853, a Duquesa de Ficalho, camareira da rainha, relata o desenlace a seu irmão, o 2° Conde do Lavradio:
"Às duas horas depois da meia-noite do dia 14 para 15, recebi ordem para ir para o Paço, onde cheguei perto das três. Achei já a Imperatriz no quarto da Rainha, para onde entrei logo, achando Sua Majestade incomodada e mesmo pouco fora do seu costume. Assim estivemos até às cinco horas, e então saímos do quarto imediato e perguntámos ao Teixeira 5 o que achava, dizendo-nos: "Sua Majestade vai bem mas devagar". Eu não gostei; e assim se foi passando até às oito horas e meia. Então é que o Teixeira chamou os facultativos, que estavam fora e que não tinham visto a Rainha, e, logo que a examinaram, decidiu-se a horrível operação. Os facultativos eram o Teixeira, o Farto 6 e o Kessler 7 , e os médicos eram o Elias 8 e o Benevides.9 O Kessler deu logo o caso por muito perigoso.
Começou-se a operação. Eu subi para cima da cama. Do lado direito, a Imperatriz, toda debulhada em lágrimas; a Rainha com ânimo, sem ter um desmaio, mas com muito mau parecer e, queixando-se de que sofria bastante, disse com a sua voz natural: "Ó Teixeira? Se tenho perigo, diga-mo; não me engane".
A Imperatriz desceu da cama, e disse-me: "A Rainha deve-se confessar"; e foi logo dizê-lo a El-Rei, que respondeu: "Chamem o Patriarca". Ora a este tempo já o Farto tinha baptizado o menino. O Patriarca entrou, e a operação não estava de todo acabada, e tudo era horroroso, mas eram mais de dez horas. Acabou-se, e o Patriarca falou com a Rainha, que estava bem mal, e disse-lhe que fizesse com ele o acto de contrição para a absolver, mas, depois disto, pôde Sua Majestade confessar-se, sacramentar-se e ungir-se, e às onze horas e meia expirou.
Não faço reflexões, mas tenho o maior sentimento de que não viessem o José Lourenço e Magalhães Coutinho 10 , que os foram buscar quando não havia remédio.
A Rainha dizia: "- Não é nada como das outras vezes". E Ela já tinha passado por uma operação. Não posso explicar a consternação de El-Rei D. Fernando e de todo o Paço.’’
Triste embalsamação, que se fez no dia 16, estando eu sempre, e durou a do Infante e a da Rainha sete horas. Acabada esta aflição, foi a de se vestir, o que era quase impossível, no estado da dissolução em que estava Sua Majestade, mas do modo possível se fez, levando as Ordens e manto Real, mas foi preciso fechar o caixão, porque não é possível pintar o estado de dissolução." 11
Jaz no Panteão dos Braganças, no mosteiro de São Vicente de Fora em Lisboa.

Títulos e tratamentos

Durante a sua vida, Maria arrecadou os seguintes tratamentos e títulos:

Descendência

Realeza Portuguesa
Casa de Bragança
Descendência
Duchy of Braganza (1640-1910).png
De Fernando de Saxe-Coburgo-Gota:
  1. Pedro V, rei de Portugal (1837-1861)
  2. Luís I, rei de Portugal (1838-1889)
  3. Maria (1840)
  4. João, Duque de Beja (1842-1861)
  5. Maria Ana (1843-1884) casou com o rei Jorge I da Saxónia
  6. Antónia (1845-1913), casou com o príncipe Leopoldo de Hohenzollern-Sigmaringen
  7. Fernando (1846-1861)
  8. Augusto, Duque de Coimbra (1847-1889)
  9. Leopoldo (1849)
  10. Maria da Glória (1851)
  11. Eugénio (1853)

Casa de Bragança
Nascimento: 4 de abril de 1819 de 1767; Morte: 15 de novembro de 1853
Precedida por
Nenhum
COA Imperial Prince of Brazil (alternative).svg
Princesa Imperial do Brasil
como Maria da Glória
1822—1825
Sucedida por
Pedro II
Princesa do Grão-Pará
como Maria da Glória
1825—1826
Sucedida por
Luísa Vitória
Duquesa do Porto
como Maria II
Sucedida por
Luís I
Precedida por
João Carlos
Princesa da Beira
como Maria da Glória
1819-1853 (Segunda vez)
1819-1853 (Primeira vez)
Sucedida por
Luís Filipe (neto)
Precedida por
Pedro IV
Sucedida por
Miguel de Bragança
Princesa Real de Portugal
como Maria da Glória
Sucedida por
Pedro V
Armas novas duques bragança.png
Duquesa de Bragança
como Maria II
Flag Portugal (1830).svg
Rainha de Portugal e dos Algarves,
d'Aquém e d'Além-Mar em África, etc.

como Maria II
1826—1828 (Primeiro Reinado)
1834—1853 (Segundo Reinado)
Sucedida por
Miguel I
Precedida por
Miguel I
Sucedida por
Pedro V



A Regeneração (história)


Regeneração é a designação dada ao período da Monarquia Constitucional portuguesa que se seguiu à insurreição militar de 1 de Maio de 1851 que levou à queda de Costa Cabral e dos governos de inspiração setembrista. Apesar do ministério que resultou do golpe ser presidido pelo marechal Saldanha, o principal personagem da Regeneração foi Fontes Pereira de Melo. Embora não possa ser claramente delimitada no tempo, o período da Regeneração durou cerca de 17 anos, terminando com a revolta da Janeirinha, em 1868, que levou o Partido Reformista ao poder. A Regeneração foi caracterizada pelo esforço de desenvolvimento económico e de modernização de Portugal, a que se associaram pesadas medidas fiscais.

Enquadramento histórico


Inauguração, a 28 de Outubro de 1856, da primeira linha de caminho-de-ferro em Portugal, num aguarela de Alfredo Roque Gameiro.
A ideia de regeneração, expressa pelas palavras regeneração e regenerador, fizeram parte da matriz inicial do pensamento vintista português e andaram sempre no pensamento e no discurso dos liberais portugueses desde os anos de 1817/1820. Atente-se que Gomes Freire de Andrade foi venerável de uma loja maçónica designada Regeneração e que o organismo secreto que encabeçava a conspiração de 1817 se designava o Conselho Supremo Regenerador de Portugal, Brasil e Algarves.
Também não foi por acaso que um dos patriarcas do vintismo, Manuel Borges Carneiro, escolheu o título de Portugal Regenerado para o seu principal manifesto político. Implantado o regime liberal, o objectivo quase mítico de se obter, finalmente, uma recuperação do prestígio e pujança perdidos por Portugal continuaria a dominar o pensamento e o discurso. Foi neste contexto que Manuel Fernandes Tomás celebrizou, em intervenção parlamentar, o conceito, sempre adiado da nossa feliz Regeneração.
Outra fonte inspiradora do movimento político da Regeneração, que preparou ideologicamente, foi Alexandre Herculano e o grupo de intelectuais, na maioria formados na Universidade de Coimbra, que inicialmente formaram o escol ideológico do liberalismo. Progressivamente alienados de uma governação que percebiam ser ineficaz e corrupta, sentindo-se traídos na pureza dos seus ideais, este grupo passou a aspirar por uma mudança profunda que libertasse Portugal do abatimento moral e do subdesenvolvimento em que se encontrava. Pouco a pouco, também eles passaram a aspirar por um movimento regenerador.
Não admira pois que face ao desprestígio dos órgãos constitucionais e ao apodrecimento da vida política portuguesa que resultou do esmagamento da Patuleia e das normas impostas pelos vencedores, o novo poder nascido do golpe de 1851 reclamasse a Regeneração para seu mote, apregoado que agora, finalmente, chegaria a tão decantada quanto elusiva nossa feliz Regeneração.

Objectivos da Regeneração

O movimento regenerador apresentava como ponto fulcral do seu programa político a renovação do sistema político e a criação das infra-estruturas básicas necessária ao desenvolvimento do país. O movimento tinha como objectivo central estabelecer de forma definitiva o liberalismo em Portugal e para tal adoptou os princípios estabelecidos na Carta Constitucional de 1826, introduzindo-lhe as necessárias reformas pelo Acto Adicional de 1852.
O programa político regenerador assentava num conjunto de reformas administrativas e económico-sociais, cuja aplicação tinha como objectivo fomentar o crescimento económico e ultrapassar os constrangimentos de natureza política e institucional que tinham impedido o país de se aproximar dos níveis de desenvolvimento da Europa. Atribuíam os bloqueios à má governança e ao tempo perdido com as múltiplas lutas político-ideológicas que até aí tinham assolado a vida política em Portugal.
Para dar corpo a esses objectivos,
A preponderância do vector do fomento foi tão grande que o referido ministério, rapidamente assumiu o principal protagonismo na acção governativa, passando o seu titular a ter um grau de reconhecimento público que em muito ultrapassava o que era dispensado ao presidente do governo. É assim que surge o fontismo, que mais do que uma doutrina política era uma forma de acção.
Na vertente desenvolvimentista das políticas regeneradoras foram encetadas algumas medidas, que apesar de nunca completamente concretizadas, contribuíram largamente para a evolução do país, entre as quais se destacam a construção ou renovação das redes rodoviárias e dos principais portos, a expansão acelerada da rede ferroviária e a instalação do telégrafo, o qual iria antecipar o aparecimento do telefone, surgido algumas décadas mais tarde.
Este acentuado esforço de desenvolvimento e de procura incessante do progresso material está bem patente na seguinte frase de Fontes Pereira de Melo: Acima do cavalo da diligência está o trâmuei, acima deste a locomotiva, e acima de tudo o progresso. Esta frase resume bem o estado de espírito que dominou a classe política portuguesa no início da Regeneração.
 

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