segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

A CRIAÇÃO DO HOMEM

Documentários
A CRIAÇÃO DO HOMEM
A todos nós nos é ensinado nas escolas a teoria de Darwin acerca da criação do Homem. Mas a acreditar nessa teoria, não houve realmente uma criação, mas sim um desenvolvimento através da selecção natural de outras espécies inferiores de hominídeos, até chegarmos ao Homo-Sapiens.
No entanto, há cada vez mais provas de que essa teoria está completamente errada, por várias razões. Se as espécies estão em evolução através duma selecção natural, como é que o Homem parece estar a regredir em vez de evoluir ? Porque é que o resto dos Primatas/Hominídeos não evoluem ? Longe da evolução, cada vez são mais as espécies que estão em extinsão.
Este excelente documentário do Canal História, apresenta-nos uma teoria bastante diferente e interessante, que longe de ser novidade, é cada vez mais considerada nos meios científicos.
Após o documentário, poderá ler aqui um interessante texto que explica o que a Bíblia diz acerca da criação do Homem e da sua posição face às outras espécies criadas por Deus.
Veja aqui reveladas algumas respostas para algumas das perguntas e alguns dos maiores mistérios da humanidade - De onde veio o Homem ? Porque só o Homem tem a capacidade de falar ? Será a escrita o maior mistério alienígena de todos ?

Áudio: Brasileiro
Texto: Português
Fonte: Canal História - YouTube - Wordpress








A CRIAÇÃO DO HOMEM SEGUNDO A BÍBLIA




O homem é criado por Deus (cf. Mt.19.4; Rm.5.12-19; 1Co.15.45-49; 1Tm.2.13). Somente Deus seria a causa suficiente e razoável para explicar a complexidade da vida humana. Somente na palavra de Deus pode-se encontrar uma revelação especial das atividades de Deus na CRIAÇÃO do universo e de tudo o que nele existe. “Nenhuma outra literatura no mundo é tão repleta de revelação direta destinada a informar a mente do homem e orientar pesquisas científicas como essas primeiras páginas da Bíblia[1]”.
A criação é relatada em dois textos distintos em Gênesis: 1.26,27 e 2.7, 21-23. Essa duplicidade de relatos tem feito com que alguns teólogos questionem sua validade e veracidade. Alguns afirmam que existe certa contradição entre os relatos ou até que existem duas fontes na qual o autor deve ter pesquisado. “A alta crítica é de opinião que o escritor de Gênesis juntou duas narrativas da criação (…) e que as duas são independentes e contraditórias[2]”.
No entanto, seguindo o plano do autor de Gênesis nota-se que a segunda narração trata-se de uma descrição mais detalhada da criação. “O primeiro registro da criação do homem reporta com simplicidade sublime um tema muito difícil”, mas não de maneira insuficiente. “No detalhe acrescentado que caracteriza o segundo registro, está declarado que homem e mulher são parecidos no aspecto físico, por ter sido diretamente – como no caso do homem – e indiretamente – como no caso da mulher – do pó da terra[3]”.
Para os cristãos convictos pouco importa se a ciência afirma, em caráter científico bem fundamentado ou não que a historicidade de terra é bem maior que a sustentada por alguns teólogos, visto que não viola o texto bíblico de maneira nenhuma. “Seja num tempo ou noutro, permanece verdadeiro que Deus Criou o homem imediata e diretamente[4]”. Segue-se, então que é possível concordar com Strong quando se propõe a definir o ato da criação da seguinte maneira:
“Criação é o ato livre do Deus trino pelo qual, no princípio, para sua glória, ele fez, sem uso de matéria preexistente, todo o universo visível e invisível[5]”.
Criação pode ser compreendida como origem com desígnio, pois é impossível que o homem tenha capacidade de imaginar um Ser Pessoal como criador, sem que o tenha conhecido como tal. Outro fato interessante, é que na criação Deus preocupou-se em formar todos os outros seres vivos a fim de que o homem pudesse ter o ambiente perfeito para viver. Ou seja, tudo o que era essencial para a existência do homem já havia sido criado por Deus.

Introdução – A Literalidade de Gênesis

Este tópico visa detalhar ainda um pouco mais que as informações colhidas nos tópicos anteriores podem ser verídicas pelo fato de que o texto base para tal é literal e demonstrado com real diante das demais Escrituras.

1.         Jardim Literal

“E plantou o SENHOR Deus um jardim no Éden, na direção do Oriente, e pôs nele o homem que havia formado. Do solo fez o SENHOR Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal. (…) Tomou, pois, o SENHOR Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar”  (Gn.2.8,9,15)
Após o ato imediato da criação do homem, nota-se o seguinte texto que demonstra claramente a criação do Ambiente do Primeiro homem. Nota-se que Deus é a causa primeira deste Jardim que está localizado na terra, que já havia sido criada. A localização descrita pelo autor bíblico sugere que este Jardim estava situado na região da Palestina. Nos versículos que seguem podemos notar esse fato:
E saía um rio do Éden para regar o jardim e dali se dividia, repartindo-se em quatro braços (…) O nome do terceiro rio é Tigre; é o que corre pelo oriente da Assíria. E o quarto é o Eufrates” (Gn2.10, 14)
Dois dos nomes de rios mencionados neste texto são muito bem conhecidos e Norman Geisler chega a sugerir que a Bíblia situa os rios na Assíria, atual Iraque. As informações bíblicas são muito bem arranjadas, e isso faz com que alguns teólogos acreditem em uma inserção de informações posteriores. Mas tal informação é especulativa, visto não existir informações que sustentem essa opinião.
Por causa das especulações teológicas colocadas sobre o texto de Gênesis, é importante demonstrar que as evidências dão suporte para a interpretação normal do texto, que neste caso é literal.
Normalmente as objeções lançadas sobre a mitologia relacionada com o Jardim do Éden é colocada em função da inexistência de artefatos arqueológicos que evidenciem tal existência. Contudo, é necessário que se demonstre que após a queda Deus selou o Jardim (Gn.3.24), isso impossibilitaria que qualquer evidência arqueológica fosse encontrada. Outro detalhe que merece atenção é que não existem evidências de que Adão ou Eva tenham se aplicado à produção de artefatos neste Jardim, nem mesmo se empenhado a qualquer espécie de construção. Ou seja, sem tais fatos é impossível que se encontre evidências arqueológicas. Se existisse, ainda, qualquer evidência, com o Dilúvio elas seriam destruídas (Gn.6-9; cf. 2Pe.3.5, 6).
A inclusão dos rios Tigre e Eufrates, que são reais, parece sugerir que o Jardim seja igualmente literal. A preocupação do autor bíblico em demonstrar os rios deve reportar-se ao fato de que tal Jardim seja também real.
Um ponto que merece destaque dentre os mencionados, é que o Novo Testamento testemunha sobre os fatos relacionados ao Jardim como reais. Fala da criação de Adão e Eva (Mt.19.4; 1Tm.2.13) e de seu pecado original (1Tm.2.13; Rm.5.12) . Assim, esses eventos reais precisam de um Ambiente Real para acontecer, um lugar geográfico.

2.         Adão Histórico-literal

A argumentação que proporciona a interpretação mítica ou irreal é a consideração de que o autor utiliza-se de um estilo poético, repleto de paralelismo com outros mitos antigos e a suposta contradição entre o relato e a ciência. No entanto, para os escritores bíblicos, tanto Adão quanto Eva, são personagens históricos, e encontrados em uma leitura literal de Gênesis.
O primeiro fato que evidencia a condição histórica de Adão é a própria narrativa de Gênesis. Embora muita discussão exista neste ponto, para aqueles que consideram o texto como fonte fidedigna de informações é o ponto de partida. Observe que o autor sempre demonstra Adão como uma pessoa real. Se Adão fosse irreal não poderia ter gerado filhos, e na narrativa de Gênesis ele perpetua a espécie humana, gerando filhos à sua imagem (Gn.5.3).
Outro detalhe importante dentro da narrativa de Gênesis é que a sentença “Este é o registro”, ou “são estas as gerações” encontradas para registrar a história do povo hebreu (cf. Gn.6.9; 10.1; 11.10, 27; 25.12, 19) é usada para o registro da Criação (2.4) e para Adão e Eva e seus descendentes (5.1).
Fora da narrativa de Gênesis é possível encontrar Adão como personagem histórico. Na cronologia encontrada em 1Cr.1.1, Adão encabeça a genealogia mais extensa das escrituras (1.1 – 9.44), que demonstra a historicidade das tribos de Israel e a importância da linhagem davídica. Mas para que esta genealogia tenha valor real é necessário que os personagens envolvidos seja igualmente reais.
O Novo Testamento testemunha a favor da historicidade de Adão. Em Lc.3.38 Adão é designado como um ancestral literal de Jesus,  e este, posteriormente, referiu-se a Adão e Eva como os primeiros “homem e mulher” literais, fazendo da união deles a base para o casamento (Mt.19.4).
Paulo em Romanos declara que a morte foi trazida ao mundo por um homem real (Rm.5.12, 14). Em Coríntios, Paulo faz uma comparação entre Cristo e Adão (1Co.15.45). Para Timóteo, Paulo afirma que primeiro foi criado o homem e depois a mulher (1Tm.2.13, 14). Ou seja, se as comparações e citações paulinas sobre os diversos assuntos que aborda fossem baseadas em mitologia, as asseverações morais seriam nada mais do que afirmações equivocadas e inválidas. Entretanto, não parece ser esse o caráter que Paulo escreve. Tanto ele, como os autores do Novo Testamento tem por certo de que os acontecimentos narrados em Gênesis são fatos. Assim, é impossível não crer na historicidade de Adão.

A.     Conceituações gerais da Criação do homem

Três características são percebidas em relação a criação do homem: (1) Ele foi criado diretamente por Deus; (2) Em distinção das outras criaturas e (3) colocado em uma posição exaltada.

1.         O homem foi criado diretamente por Deus

Ao observar o primeiro relato bíblico da criação, não se pode chegar à outra conclusão senão que o homem é resultado da intervenção direta de Deus. Observe o versículo: “Criou Deus, pois, o homem…” (Gn.1.27). Esse versículo inibe a possibilidade da utilização de um processo evolutivo para a formação do homem. Deus não utilizou formas “preexistentes” ou subumanas de vida para formar Adão. Assim Deus não soprou o fôlego da vida em um “macaco-quase-homem” que veio a ser o primeiro homem.
No segundo relato da criação podemos percebem que Deus não se utilizou de formas orgânicas menos desenvolvidas para formar o homem, mas “formou o Senhor Deus o homem do pó da terra”. Dessa maneira podemos dizer que “essa passagem reforça o fato da criação especial a partir de materiais inorgânicos, não apoiando a idéia de uma criação derivada de alguma forma de vida prévia[6]”.
Entretanto alguns atestam que a referência ao pó da terra pode ser considerado como uma forma alegórica para um ser vivo preexistente. Mas devemos desconsiderar essa possibilidade, pois o próprio Deus afirmou que o homem voltaria ao pó quando morresse, mas o homem nunca volta a um estado animal na sua morte (Gn.3.19).
Portanto, temos que admitir, se cremos que a Palavra de Deus é infalível e inerrante como ela afirma ser, que não existe outra possibilidade verdadeira para a origem do homem fora das escrituras. Deus criou o homem de fato, e isso não pode ser negado.

2.         O homem foi criado em distinção das outras criaturas

Outro fato que deve ser percebido na criação do homem é que ele não foi criado nem derivado de outras criaturas. Na descrição de Gênesis, Deus cria o reino vegetal distinto do animal, e o homem distinto de ambos. Observe:
“E disse: Produza a terra relva, ervas, que dêem fruto semente, e árvores frutíferas que dêem fruto segundo a sua espécie, cujo a semente esteja nele” (Gn.1.11)
Essa identificação exata de Deus em relação ao reino vegetal inclui até mesmo a condição da semente do fruto das árvores. Mas não se encontra aqui nenhuma referência ou semelhança com os animais ou o homem, mas declara que sua reprodução é única e exclusiva segundo a sua espécie, ou como declara o próximo versículo “conforme a sua espécie”. Fato similar acontece com os animais marinhos e as aves:
“Criou, pois, Deus os grandes animais marinhos e todos os seres viventes que rastejam, os quais povoavam as águas, segundo as suas espécies” (Gn.1.21)
Note que cada ser criado por Deus é criado segundo a sua espécie. E o mesmo acontece com os animais selváticos:
“E fez Deus os animais selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie.” (Gn.1.25)
Assim, cada categoria de animal foi criada em conformidade com sua própria espécie, bem como a sua reprodução de acordo com essa conformidade. Segue-se que não se pode afirmar a partir do relato bíblico que houve nalgum momento da criação um processo evolutivo, mas cada animal foi criado segundo a sua espécie.
E, tendo isso como fundamento, na criação do homem não podemos atribuir a utilização de um outro ser vivo para a sua formação. Pois além de ser criado a partir do pó da terra, não pertence à espécie de nenhum outro ser vivo. Portanto, o homem é distinto de qualquer outra forma de vida.

3.         O homem foi colocado numa posição exaltada

O fato de que o homem não pertence à categoria dos animais pode ser percebido em função da criação distinta dos outros seres vivos, como uma espécie distinta de ser vivo e pela posição distinta que tem das demais criaturas. Esse distinção em termos de posição pode ser observada na declaração:
“Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toa a terra e sobre todos os répteis que rastejam pela terra” (Gn.1.26)
Essa identificação demonstra que existe algo especial, não somente na criação, mas na formação. Além da intervenção especial, o homem é criado à imagem e semelhança de Deus. Isso faz toda diferença entre o homem e os outros seres vivos. Mas é ainda reforçado por sua posição exaltada, pois é criado para ter domínio sobre todos os outros seres vivos. Portanto, o homem está colocado numa posição privilegiada em relação a demais criaturas.
Essa posição exaltada é ainda demonstrada de forma poética em Salmos, quando Davi escreve uma exaltação das obras de Deus dizendo:
“Quando contemplo os teus céus, obra de teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem para que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus, e de glória e de honra o coroaste. Deste-lhe domínio sobre as obras de tua mão, e sob teus pés tudo lhe puseste” (Sl.8.3-6)
Portanto, o homem é considerado como ápice da criação, a coroa da criação, e por isso tem sua distinção de todas as outras criações e criaturas e está acima de todas elas.  Outro fator que evidencia essa verdade é que como a criação do homem a Obra Criativa de Deus chegou ao fim. Isso pode ser observado pela frase dita pelo próprio Deus após a criação do homem: “Viu Deus tudo quanto fizera, e eis que era muito bom” (Gn.1.31).

B.     A dignidade do homem (1.26-31)[7]

Desde que o capítulo dois é construído sobre os detalhes básicos de 1:26-31, vamos começar por considerar esses versos mais cuidadosamente. O homem, como dissemos anteriormente, é a coroa do programa criativo de Deus. Isto fica evidente em muitos pormenores.
Primeiro, o homem é a última das criaturas de Deus. Todo o relato é montado para a criação do homem. Segundo, só o homem é criado à imagem de Deus. Enquanto há considerável discussão do que isso significa, muitas coisas estão implícitas no próprio texto. O homem é criado à imagem e semelhança de Deus em sua sexualidade:
“Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.” (Gn. 1:27)
Isso não quer dizer que Deus seja homem ou mulher, mas que Deus é ambos unidade e diversidade. O homem e a mulher no casamento se tornam um e ainda assim são distintos um do outro. Unidade na diversidade como refletida na relação do homem com sua mulher reflete uma faceta da personalidade de Deus.
Também, o homem, de alguma forma, é parecido com Deus naquilo que o distingue do mundo animal. O homem, enquanto distinto dos animais, é feito à imagem e semelhança de Deus. O que distingue o homem dos animais deve então ser uma parte de seu reflexo de Deus. A habilidade do homem de raciocinar, de se comunicar e de tomar decisões morais deve ser uma parte dessa distinção.
Ainda mais, o homem reflete a Deus no fato de que ele domina sobre a criação de Deus. Deus é o Dirigente Soberano do universo. Ele delegou uma pequena porção de Sua autoridade ao homem no domínio da criação. Nesse sentido, também, o homem reflete a Deus.  Repare também que é o homem e a mulher que dominam: “… dominem eles…” (Gn. 1:26, cf. v. 28).
Ele se refere ao homem e a mulher, não somente aos homens que Ele fez. Enquanto que Adão tem a função de liderar (como evidenciado em sua prioridade na criação[8], seu ser a origem de sua esposa [9], e a nomeação de Eva[10]), a função de Eva era ser a auxiliadora de seu marido. Nesse sentido ambos estão no domínio da criação de Deus.
Mas, mais importante que isso é o fato de que a dignidade e o valor do homem não são imputados por ele mesmo, mas são intrínsecos a ele como aquele que foi criado à imagem de Deus. O valor do homem está diretamente relacionado à sua origem. Não é de se admirar que hoje estejamos ouvindo tais propostas éticas e morais assustadoras.
Qualquer opinião a respeito da origem do homem que não o veja como produto do projeto e desígnio divino, não pode atribuir a ele o valor que Deus lhe dá. Para colocar de outra forma, nossa avaliação do homem é diretamente proporcional à nossa opinião a respeito de Deus. O sólido princípio sobre o qual tais decisões devem ser tomadas, em minha opinião, é o fato de que todos os homens são criados à imagem de Deus. Sob essa luz, agora posso ver porque nosso Senhor pôde resumir todo o Velho Testamento em dois mandamentos:
“Respondeu-lhe Jesus: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o primeiro e grande mandamento. O segundo, semelhante a este, é: amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas.” (Mt. 22:37-40)
A atitude do futuro parece ser amar apenas aqueles “próximos” que são contribuidores na sociedade, apenas aqueles que podem ser considerados vantajosos. Quão diferente é o sistema de valores de nosso Deus, que disse:
“O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que, sempre que fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes.” (Mt. 25:40).
Em minha opinião, eis onde nós cristãos seremos colocados à prova. Alguns estão fortemente sugerindo que, aqueles que nosso Senhor chamou de “pequeninos”, são justamente aqueles que devem ser eliminados da sociedade. Possa Deus nos ajudar a ver que a dignidade do homem é aquela que é divinamente determinada.

C.     O dever do homem (2.4-17)[11]

Enquanto Gênesis um descreve a progressão do caos para o cosmos, ou da desordem para a ordem, o capítulo dois segue um padrão diferente. Talvez a linha literária que permeie toda a passagem seja aquela da atividade criativa de Deus em complemento àquelas coisas que estão ausentes.
O verso 4 serve como introdução aos versos restantes. H.C. Leupold, em seu livro, Exposition of Genesis, defende que o uso de “toledoth” expressa exatamente isso, observe:
“Hoje é um fato bem conhecido que o livro de Gênesis é dividido em 10 seções por seu próprio autor, que dá a cada uma o título de “estória” (toledoth); cf. 5:1; 6:9; 10:1; 11:10, 27; 25:12, 19; 36:1, (9); 37:2. Apenas esta circunstância, mais o uso do número dez redondo, apontariam definitivamente para o fato de que, aqui, a expressão “estes são toledeth” deva também ser um cabeçalho. Em todos os outros exemplos de seu uso em outros livros o mesmo fato é observável; cf. Nm. 3:1; Rt 4:18; I Cr. 1:29; ele está sempre como um cabeçalho[12]
O verso 5 nos informa quais são as ausências que são supridas nos versos 6 e 7: sem arbusto, sem planta, sem chuva e sem o homem. Estas são preenchidas pela neblina (verso 6), pelos rios (versos 10 e 14), o homem (verso 7), e o jardim (versos 8 e 9).
A ausência dos versos 18 a 25 é simplesmente afirmada “nenhuma auxiliadora idônea para Adão” (cf. versos 18, 20). Esta auxiliadora é providenciada de uma linda maneira na parte final do capítulo dois.
Outra vez, deixe-me enfatizar que Moisés não pretendia nos dar aqui uma ordem cronológica dos eventos, mas uma ordem lógica, ao menos essa parece a opinião de Leupold:
“O verso 4b nos leva de volta ao tempo da obra da criação, mais especificamente ao tempo antes da obra do terceiro dia começar, e chama nossa atenção para certos detalhes que, sendo detalhes, dificilmente teriam sido inseridos no capítulo um: o fato de que certos tipos de planta, isto é, as espécies que requerem um cuidado maior e mais atento por parte do homem, não tinham brotado. Aparentemente, toda a obra do terceiro dia está na mente do escritor[13]”.
Seu propósito é mais especificamente descrito na criação do homem, de sua esposa, e o contexto no qual eles são colocados. Estes se tornam o fator chave na queda que ocorre no capítulo três.  Embora até agora não houvesse chovido, Deus providenciava a água que era necessária à vida das plantas. “Mas uma neblina subia da terra e regava toda a superfície do solo.” (Gn. 2:6).
Há alguma discussão a respeito da palavra “neblina”. Poderia significar uma névoa ou neblina, como alguns afirmam.[14] A Septuaginta usou a palavra grega πηγὴ (pegè) que significa “fonte”. Alguns entendem a palavra hebraica como sendo derivada de uma palavra suméria, se referindo a águas subterrâneas. . Young, sobre isso diz:
“O que entendemos por “ed”? Não uma neblina! A palavra está aparentemente relacionada à palavra suméria. Parece se referir a águas subterrâneas, e o que temos aqui ou é um rompimento de água de algum lugar abaixo do solo, ou possivelmente um rio transbordando de seu leito. Não acho que possamos ser dogmáticos aqui[15]
Derek Kidner, também parece ter opinião similar, observe:
“Apenas subia constantemente (6, o bervo está no imperfeito) uma neblina ou provavelmente uma enchente, de modo que toda a cena era uma devastação de águas – pois o sentido de regava pode variar de um sentido benéfico, como em 10, para o de uma inundação completa (cf. Ez.32.6) e o último parece mais coerente com o contexto[16]
Pode ser que fontes fluíssem para fora do solo e que a vegetação talvez fosse regada por irrigação ou canais. Isto poderia explicar, em parte, o trabalho de Adão na manutenção do jardim. A água sendo suprida, Deus criou o jardim, que seria o lugar da morada do homem, e objeto de sua atenção. Era bem suprido com muitas árvores que proviam beleza e comida:
“Do solo fez o Senhor Deus brotar toda sorte de árvores agradáveis à vista e boas para alimento; e também a árvore da vida no meio do jardim e a árvore do conhecimento do bem e do mal.” (Gênesis 2:9).
Especificamente duas árvores são mencionadas, a árvore da vida e a árvore do conhecimento do bem e do mal. Esta última árvore foi a única coisa proibida ao homem.
“E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore do conhecimento do bem e do mal não comerás; porque, no dia em que dela comeres, certamente morrerás,” (Gênesis 2:16-17).
É interessante que, aparentemente, só para Adão é dito por Deus que o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal não devia ser comido. Alguém pode conjecturar em como a ordem de Deus para Adão foi comunicada a Eva. Poderia isto explicar a avaliação imprecisa de Eva em 3:2-3?
O homem foi colocado dentro desse paraíso. Note que a palavra hebraica Éden, significa exatamente isso:
“A palavra “Éden” em hebraico pode significar deleite ou prazer. Não estou certo de que é isto o que significa aqui. Há uma palavra suméria que significa estepe, ou planície, vasta planície, e a leste desta planície Deus plantou o jardim. Sem ser categórico dou minha opinião de que é isto o que “Éden” significa. Assim o jardim é plantado[17]”.
Apesar de certamente se regozijar nesse país das maravilhas, ele também estava lá para cultivá-lo. Olhe outra vez o verso 5:
“Não havia ainda nenhuma planta do campo na terra, pois ainda nenhuma erva do campo havia brotado; porque o Senhor Deus não fizera chover sobre a terra, e também não havia homem para lavrar o solo.” (Gn. 2:5)
Quando colocado no jardim, Adão teve que trabalhar lá: “Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar.” (Gn. 2:15)
A criação de Adão é descrita mais amplamente em 2:7 do que no capítulo um. Ele foi formado[18] do pó da terra:
“O verbo aqui empregado está mais de acordo com o caráter de “Senhor” de Deus; yatsar significa “moldar” ou “formar”. É a palavra que descreve especificamente a atividade do oleiro (Jr. 18:2 e ss). A idéia a ser enfatizada é aquela do cuidado especial e atenção pessoal que esse oleiro dá ao seu trabalho. Deus dá toques de Seu interesse no homem, Sua criatura, ao moldá-lo como Ele o faz”.
Ainda que isso seja um fato humilhante, é óbvio também que a origem do homem não é do mundo animal, nem o homem é criado da mesma maneira que os animais. Em parte, a dignidade de Adão provém do fato de que seu fôlego de vida foi soprado por Deus (verso 7).
Este não foi jardim mítico. Todas as partes da descrição deste paraíso nos levam a entender que foi um jardim real numa localização geográfica especial. São dados pontos de referência específicos. Quatro rios são nomeados, dois dos quais são conhecidos ainda hoje. Não deveríamos nos surpreender que pudessem ter ocorrido mudanças, especialmente depois do evento cataclísmico do dilúvio, o que tornaria impossível sua localização precisa.
O que acho mais interessante é que o paraíso do Éden foi um lugar um pouco diferente daquilo que visualizamos hoje. Prá começar, foi um lugar de trabalho. Os homens hoje pensam no paraíso como uma rede pendurada entre dois coqueiros numa ilha deserta, onde o trabalho nunca mais será encarado. Além do mais, o céu é tido como o fim de todas as proibições. O céu freqüentemente é confundido com hedonismo. É puro egocentrismo e auto-satisfação. Enquanto que o estado de Adão foi de beleza e felicidade, não se pode pensar que foi de prazer irrestrito. O fruto proibido também era uma parte do Paraíso. O céu não é experimentar todos os desejos, mas a satisfação de desejos benéficos e sadios.
A subserviência não é um conceito novo no Novo Testamento. Serviço significativo dá satisfação e significado à vida. Deus descreve Israel como um jardim cultivado, uma vinha (Isaías 5:1-2 ss). Jesus falou de si mesmo como uma Videira e nós como os ramos. O Pai ternamente cuida de Sua vinha (João 15:1 e ss). Paulo descreve o ministério como o trabalho de um lavrador (II Timóteo 2:6).
Ainda que a igreja do Novo Testamento possa ser melhor descrita como um rebanho, ainda assim a imagem do jardim não é inapropriada. Há um trabalho a ser feito pelo filho de Deus. E esse trabalho não é penoso, nenhum dever a ser relutantemente cumprido. É uma fonte de alegria e satisfação. Hoje muitos não têm senso real de sentido e propósito porque não estão fazendo o trabalho que Deus designou para que façam.

D.     O deleite do homem (2.18-25)[19]

Ainda resta uma ausência. Agora há água adequada, a bela e generosa provisão do jardim, e o homem para cultivá-lo. Mas ainda não há uma companhia apropriada para o homem. Esta necessidade é encontrada nos versos 18 a 25. O jardim, com seus prazeres e provisões para alimento e atividade significativa não era suficiente a menos que os deleites pudessem ser compartilhados. Deus daria a Adão aquilo que ele mais necessitava.
“Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea.” (Gênesis 2:18)
A companheira de Adão deveria ser uma criação muito especial, uma “auxiliadora idônea para ele” (verso 18). Ela deveria ser uma “auxiliadora”, não uma escrava, não uma inferior. A palavra hebraica ezer é muito interessante. Era uma palavra que Moisés obviamente gostava, pois Êxodo 18:4 diz que este foi o nome que ele deu a um de seus filhos.
“e o outro, Eliézer, pois disse: o Deus de meu pai foi a minha ajuda e me livrou da espada de Faraó.” (Êxodo 18:4).
Ainda três outras vezes encontramos ezer sendo usada por Moisés em Deuteronômio (33:7, 26, 29), e se refere a Deus como auxiliador do homem. Como também nos Salmos (20:2, 33:20, 70:5, 89:19, 115:9, 121:1-2, 124:8, 146:5).
A característica da palavra mais empregada no Velho Testamento é que o auxílio não implica absolutamente em inferioridade. De uma maneira compatível com seu uso, Deus está auxiliando o homem através da mulher. Que belo pensamento. Como isso é superior a algumas concepções. Então, ela é também uma auxiliadora que “corresponde a” Adão. Em certa tradução se lê: “…Farei uma auxiliadora como ele.”[20]
Ainda que isto seja o que muitas vezes consideramos a mulher perfeita – alguém que é exatamente como nós, é precisamente o oposto da questão. Muitas vezes a incompatibilidade está no desígnio divino. Como Dwight Hervey Small corretamente observa:
A incompatibilidade é um dos propósitos do casamento! Deus designa conflitos e sobrecargas como lições para o crescimento espiritual. Estes existem para que haja submissão aos altos e santos propósitos.[21]
Assim como Eva foi feita para se ajustar a Adão de uma forma física, ela também o completava socialmente, intelectualmente, espiritualmente e emocionalmente.
Em conseqüência, quando aconselho àqueles que planejam se casar, não procuro descobrir tantas características semelhantes quanto possível. Em vez disso, preocupo-me com que cada parceiro tenha uma visão acurada do que o outro realmente é, e que eles se comprometam com o fato de que Deus os tenha unido permanentemente. O reconhecimento de que Deus fez o homem e a mulher diferentes por desígnio, e a determinação em atingir a unidade nessa diversidade é essencial para um casamento sadio.
Antes de criar sua contraparte, Deus primeiro aguçou o apetite de Adão. As criaturas que Deus criara agora são trazidas a Adão para que ele lhes dê nomes. Esta nomeação refletia o domínio de Adão sobre as criaturas, como Deus planejara (cf. 1:28). Isto provavelmente envolveu um cuidadoso estudo por parte de Adão para registrar as características particulares de cada criatura.[22]
Este processo de nomeação deve ter tomado algum tempo. No processo, Adão observaria que nenhuma simples criatura poderia preencher o vazio de sua vida. Mais ainda, eu usaria um pouco de santa imaginação para supor que Adão observou cada criatura com sua companheira, uma contraparte maravilhosamente designada. Adão deve ter percebido que ele, só ele, estava sem uma companheira.
Nesse momento de intensa necessidade e desejo, Deus colocou Adão num sono profundo[23], e de sua costela e carne [24] formou a mulher [25] Ele então deu a mulher de presente ao homem.
Que excitamento há na resposta entusiástica de Adão:
“E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada.” (Gênesis 2:23).
Gosto da maneira como a versão ARA traduz a resposta inicial de Adão: “…afinal…[26]. Nessa expressão há uma mistura de alívio, êxtase e deleitosa surpresa. “Esta (pois Adão ainda não lhe tinha dado nome) é agora osso dos meus ossos e carne de minha carne” (verso 23a). O nome da companheira de Adão é mulher. A tradução em inglês agradavelmente capta o jogo de sons semelhantes. Em hebraico, homem seria pronunciado ‘ish; mulher seria ‘ishshah. Embora os sons sejam semelhantes, as raízes das duas palavras são diferentes. Convenientemente ‘ish pode vir de uma raiz paralela arábica, levando à idéia de “exercendo o poder”, enquanto o termo ‘ishshah pode ser derivado de um paralelo arábico, significando “ser suave[27]”. O comentário divinamente inspirado do verso 24 é extremamente importante:
“Por isso deixa o homem pai e mãe e se uma à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne.” (Gênesis 2:24).
Por este texto é imperativo que o homem deixe sua mãe e seu pai e se uma à sua mulher. Qual é a relação entre este mandamento de deixar e se unir e a criação da mulher? O verso 24 começa “Por isso…” Qual é a causa disto? Podemos compreender a razão apenas quando explicamos o mandamento. O homem deixa seus pais, não no sentido de evitar sua responsabilidade para com eles (cf. Mc. 7:10-13, Ef. 6:2-3), mas no sentido de ser dependente deles. Ele deve parar de viver sob sua liderança e começar a agir sozinho, como cabeça de um novo lar[28].
A mulher não recebe o mesmo mandamento porque simplesmente ela é transferida de uma liderança para outra. Enquanto uma vez ela esteve sujeita a seu pai, agora ela está unida a seu marido. O homem, no entanto, tem uma transição mais difícil. Ele, como uma criança, era dependente e submisso a sua mãe e a seu pai.
Quando um homem se casa, ele deve passar pela transição mais radical de um dependente filho submisso para um líder independente (de seus pais), que age como o cabeça de seu lar.
Como muitos observam, a relação marido e mulher é permanente, enquanto a relação pai e filho é temporária. Mesmo se os pais forem relutantes em encerrar a relação dependente de seus filhos, o filho é responsável por fazê-lo. Falhar em agir assim é recusar uma espécie de vínculo necessário com sua esposa.
Agora, talvez, estejamos em posição de ver a relação deste mandamento com o relato da criação. Qual é a razão para sua menção aqui em Gênesis? Antes de mais nada, não há pais dos quais Adão e Eva tenham nascido. A origem de Eva é diretamente de seu marido, Adão. A união ou vínculo entre Adão e sua esposa, é a união que vem de uma só carne (a carne de Adão) e se torna uma só carne (numa união física). Esse vínculo é maior do que aquele entre pai e filho. Uma mulher, é claro, é o produto de seus pais, como o homem é dos seus. Mas a união original não envolvia pais, e a esposa era uma parte da carne de seu marido. Este primeiro casamento, então, é a evidência da primazia da relação marido e mulher sobre a relação pai e filho.
O último verso não é incidental. Ele nos diz muito do que precisamos saber. “Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam.” (Gênesis 2:25).
Aprendemos, por exemplo, que o lado sexual desta relação era uma parte da experiência do paraíso. O sexo não se originou com ou depois da queda. A procriação e intimidade física foram intencionadas desde o princípio (cf. 1:28). Também vemos que o sexo podia ser apreciado em sua amplitude no plano divino. Desobediência a Deus não intensifica o prazer sexual; o diminui. Hoje, o mundo quer acreditar que inventou o sexo e que Deus apenas tenta impedi-lo. Mas sexo, sem Deus, não é o que poderia ou deveria ser.
Ignorância, se me perdoam dizê-lo, é felicidade. Em nossa geração somos bacanas, ou se preferir, sofisticados, apenas se sabemos (por experiência) tudo o que há para saber sobre sexo. “Que ingênuos são aqueles que nunca tiveram sexo antes do casamento”, somos levados a crer. Há muitas coisas que é melhor não saber. O sexo nunca foi tão apreciado como quando era uma doce ignorância.
A revelação posterior lança muita luz sobre este texto. Nosso Senhor, significativamente, cita o capítulo um e o capítulo dois de Gênesis como se fosse um único relato (Mt. 19:4-5), um golpe fatal aos críticos do documento original.
A origem divina do casamento significa que não é uma mera invenção social ou convenção, mas uma instituição divina para o homem. Porque Deus une um homem e uma mulher em casamento, ela é uma união permanente: “O que Deus uniu, não o separe o homem.” (Mt. 19:6).
O fato de que Adão precedeu sua esposa na criação e de que Eva foi feita de Adão, também estabelece as razões pelas quais o marido está no exercício da liderança sobre sua mulher no casamento (cf. I Co. 11:8-9, I Tm. 2:13). O papel das mulheres na igreja não é apenas idéia de Paulo restrita ao tempo e à cultura dos cristãos de Corinto. O papel bíblico da mulher é estabelecido no relato bíblico da criação (cf. também I Co. 14:34).

[1] CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. Hagnos:São Paulo, 2003. Vol. II pp.545
[2] BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Cultura Cristã:São Paulo, 2001. pp.167
[3] Chafer, Vol. II, pp546.
[4] Idem, pp.547.
[5] STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemática. Hagnos:São Paulo, 2003. Vol. I, pp.547
[6] RYRIE, Charles. Teologia básica. Mundo Cristão:São Paulo, 2004. pp.271.
[7] Material adaptado de: From Paradaise to Partriarchs, de Robert L. Deffinbaugh, IN: http://bible.org/seriespage/meaning-man-his-duty-and-his-delight-genesis-126-31-24-25
[8] I Timóteo 2:13.
[9] I Coríntios 11:8,12..
[10] Gênesis 2:23.
[11] Material adaptado de: From Paradaise to Partriarchs, de Robert L. Deffinbaugh, IN: http://bible.org/seriespage/meaning-man-his-duty-and-his-delight-genesis-126-31-24-25
[12] H. C. Leupold, Exposition of Genesis (Grand Rapids: Baker Book House, 1942), I, p. 110.- Veja também: PINTO, Carlos Osvaldo, Foco e Desenvolvimento do Antigo Testamento. pp.23; YOUNG, Edward, Introdução ao Antigo Testamento. pp.54-68; ARHCER, Gleason, Merece Confiança o Antigo Testamento, pp.200.
[13] Idem, p. 112
[14] Tal parece ser o ponto de vista Leupold, I, pp. 113-114.
[15] Young, pp. 67-68.
[16] Derek Kidner, Gênesis – Introdução e Comentário. pp.56.
[17] Young, p. 71.
[18] Leupold, p. 115.
[19] Material adaptado de: From Paradaise to Partriarchs, de Robert L. Deffinbaugh, IN: http://bible.org/seriespage/meaning-man-his-duty-and-his-delight-genesis-126-31-24-25
[20] Cf. Leupold, p. 129.
[21] Dwight Hervey Small, Design For Christian Marriage (Old Tappan, New Jersey: Fleming H. Revell, 1971), p. 58. Em outro lugar Small observa: “Como Elton Trueblood sugere, um casamento de sucesso não é aquele no qual duas pessoas, que combinam perfeitamente, encontram um ao outro e seguem adiante sempre felizes, por causa de sua afinidade inicial. É, em vez disso, um sistema por meio do qual pessoas que são pecaminosas e briguentas são então alcançadas por um sonho e um propósito maior do que eles mesmos, que trabalham ao longo dos anos, a despeito de repetidos desapontamentos, para tornar o sonho verdadeiro.” p. 28.
[22] “Pois a expressão “dar nomes”, no uso hebraico da palavra “nome”, envolve uma designação expressiva da natureza ou caráter daquele que é nomeado. Esta não foi uma fábula rude, onde, de acordo com a opinião hebraica, os nomes para o futuro foram tirados de exclamações acidentais à vista de uma nova e estranha criatura.” Leupold, p. 131.
[23] “Tardemah é, de fato, um “sono profundo”, não um estado de êxtase, como os tradutores gregos apresentam; nem um “transe hipnótico”(Skinner), pois vestígios de hipnose não são encontrados nas Escrituras. Um “transe”pode ser permissível. A raiz, no entanto, é aquela do verbo usado em referência a Jonas quando adormeceu profundamente durante a tempestade.” Ibid, p. 134.
[24] “A palavra tsela traduzida por “costela”, definitivamente contém esse significado (contra V. Hofman), apesar de não ser necessário pensar apenas em osso puro; pois, sem dúvida, osso e carne foram usados por ela daquele homem que posteriormente disse: “osso dos meus ossos e carne da minha carne” (v. 23). Ibid.
[25] “A atividade de Deus no modo de tomar a costela do homem é descrita como uma construção (wayyi ‘bhen). Antes de ser uma indicação da obra de um autor diferente, o verbo desenvolve a situação como sendo a mais apropriada. Não teria sido próprio usar yatsar, um verbo aplicável no caso do barro, não da carne. “Construir” aplica-se ao modelamento de uma estrutura de alguma importância; envolve esforço construtivo.” Ibid, p. 135.
[26] Ou, como Leupold sugere “Agora, finalmente” (p. 136).
[27] Leupold, pp. 136‑137.
[28] Creio que devemos ter muita cautela na aplicação do princípio de Bill Gothard “corrente de conselho”. Embora o sensato procurará conselho e alguns possam vir de seus pais, dependência é um perigo real. O problema não é tanto com o princípio, mas com a aplicação.


domingo, 25 de janeiro de 2015

AS LINHAS DE TORRES VEDRAS

História de Portugal
AS LINHAS DE TORRES VEDRAS
Foram invioláveis e invencíveis ás tropas do grande exército imperial de Napoleão.
Aqui fica revelada a sua história, que é a de nais uma gloriosa obra do nosso Portugal e dos grandes Portugueses de outrora.

Texto: Português
Fonte: Portugal Glorioso - Wikipédia


A MELHOR DEFESA MILITAR DA HISTÓRIA

Sim, podemos dizer que a melhor defesa (ou complexo de defesas) militar da História, ou pelo menos aquela que foi mais eficaz por ter sido intransponível, fica em Portugal. Provavelmente, quando se fala em grandes e eficazes defesas pensa-se em grandes e altos castelos medievais ou em arrojados e recortados fortes pós renascentistas.

Mas, a aquela defesa a que me refiro não se assemelha a nada disso. Falo das Linhas de Torres Vedras, o complexo de fortificações construído para defender Lisboa durante as Invasões Francesas. Este sistema era constituído por redutos, baterias, paliçadas, taludes e por um magistral aproveitamento do terreno, potenciando ainda mais os obstáculos naturais - os grandes declives e as linhas de água - na sua capacidade defensiva. No fundo, mais do que um majestoso e resplandecente conjunto de muralhas, morro, torres, baluartes e afins, a Linha de Torres Vedras era composta por elementos simples, improvisados - sem grande estética ou beleza -, pouco duráveis - dai pouco hoje sobrar -, mas que permitiam e davam uma confortável vantagem defensiva a quem as ocupasse.

Vantagem tão grande que nunca foi ultrapassada pelo exércitos agressores contra os quais foi construída - os exércitos de Napoleão. Para as Linhas de Torres Vedras foram construídas 152 fortificações, contendo 523 peças de artilharia, munições e outros mantimentos, muitas vias de ligação e sistemas próprios de comunicação - sistema de balões e bandeiras -, tal como sistemas de drenagem de águas e esgotos

O projecto foi liderado e conduzidos pelos Ingleses - os velhos aliados da nação Lusa -, que vieram, propositadamente, no inicio do século XIX para ajudar no combate aos Franceses, mas executado por mão-de-obra nacional. Parece que foi também incrivelmente barato, tendo em conta o volume, complexidade e celeridade dos trabalhos. Estima-se que tenha custado, à moeda actual, 300.000 euros.

Passados hoje já quase 2 séculos sobre estas construções, que podemos nós aprender dela e por ela para a nossa actualidade? Será que somente com lideranças estrangeiras e força de trabalho nacional conseguimos construir algo barato, funcional e cumprindo os prazos? Bem, penso que não, pois isso seria demasiado pessimista! Mas parece-me que podemos concluir que, trabalhando em equipa, aproveitando os pontos mais fortes de todos os envolvidos e dos recursos disponíveis, tanto ontem como hoje, seremos capazes de feitos consideráveis.


Nota: A grande maioria destas informações foram retiradas do artigo "Adeus, Napoleão! - a defesa mais eficaz da história é Portuguesa" da edição de Novembro de 2010 da revista Super Interessante. O texto do artigo original pode ser consultado, quase na integra, no blogue "Clube de história de Valpaços" em: http://clubehistoriaesvalp.blogspot.com/2011/02/adeus-napoleao.html.
Micael Sousa - blog A Busca pela Sabedoria



AS LINHAS DE TORRES - HISTÓRIA:
 
As Linhas de Torres Vedras, ou simplesmente Linhas de Torres, são o conjunto de fortificações e outros trabalhos defensivos situados na península de Lisboa. No contexto da Guerra Peninsular foram concebidas com a finalidade de impedir um exército invasor de atingir a capital do Reino de Portugal ou, em caso de derrota, permitir o embarque, em segurança, do Exército Britânico em retirada. A ordem para a sua construção foi dada em Outubro de 1809 por Arthur Wellesley, então comandante do exército anglo-luso. Na Terceira Invasão Francesa, as Linhas de Torres Vedras impediram o exército de André Masséna de atingir Lisboa e acabaram por provocar a sua retirada de Portugal. 

 

Antecedentes

A Segunda Invasão Francesa terminou com a retirada do II CE1 do marechal Nicolas Jean de Dieu Soult para a Galiza. Wellesley tinha agora de se preocupar com o I CE do Marechal Victor, que se encontrava na Estremadura Espanhola e deu então início à Campanha de Talavera. A ameaça sobre as linhas de comunicações com Lisboa e a falta de apoio logístico por parte das autoridades espanholas obrigaram Wellesley a retirar para Portugal apesar da vitória obtida na Batalha de Talavera.
Frustrados os planos para a conquista de Portugal em 1809, Napoleão Bonaparte nomeou o marechal Massena comandante do novo “Exército de Portugal”, constituído por três corpos de exército, cerca de 65.000 homens.
Wellesley, já visconde Wellington, manteve o seu exército afastado da luta contra os franceses após a Campanha de Talavera, situação provocada pela falta de colaboração por parte das autoridades e dos generais espanhóis durante aquela campanha. A defesa da Andaluzia ficava entregue unicamente aos exércitos espanhóis. Por outro lado, Wellesley compreendia a situação de uma forma diferente das autoridades espanholas e as suas intenções tinham em conta os seguintes factores2 :
  • Para a defesa da Península Ibérica, considerava Portugal mais importante do que a defesa da Andaluzia e privilegiava especialmente o porto de Lisboa que proporcionava, nesta fase da guerra, as comunicações entre o seu exército e o Reino Unido;
  • Considerava que tinha melhores condições de defesa em Portugal e, nesse sentido, tinha já começado a construção das Linhas de Torres Vedras;
  • Considerava que tinha a obrigação de privilegiar a defesa de Portugal porque, ao contrário de Espanha, aquele reino colocou-se inteiramente nas mãos dos aliados e colocou todos os recursos, inclusive o exército, à sua disposição. Ao contrário do exército espanhol, o exército português tinha com ele uma relação de subordinação (Wellesley tinha recebido em Portugal, por decreto de 29 de abril de 1809, a patente de Marechal General “dos Exércitos Portugueses para dirigir as suas Operações quando combinados com o de Sua Majestade”3 ).
Por estas razões, Wellesley retirou as suas unidades para Portugal, onde se preparou para enfrentar mais uma invasão das tropas francesas.

A estratégia de Wellington


Sir Arthur Wellesley, duque de Welington, pelo pintor britânico Thomas Phillips.
"O grande objectivo em Portugal é o domínio de Lisboa e do Tejo, e todas as medidas devem ser dirigidas para esse objectivo. Existe um outro, também relacionado com aquele primeiro objectivo, para o qual deveremos, igualmente, prestar atenção, a saber: o embarque das tropas britânicas, em caso de revés". Este texto é parte do documento em que Wellington ordenava a construção das Linhas de Torres Vedras4 .
Os efectivos (das tropas regulares) dos exércitos francês e anglo-luso eram semelhantes, com alguma vantagem para os franceses, mas Wellington tinha de considerar a possibilidade de outras forças francesas, vindas da Estremadura espanhola, invadirem o território português por um eixo diferente do utilizado pelo principal exército invasor. Esta possibilidade iria obrigá-lo a dividir as suas forças e, por isso, apresentar-se-ia numa situação de inferioridade numérica perante o exército de Massena. Assim, seria difícil enfrentar o exército invasor numa batalha em campo aberto, em que as condições de terreno não favorecem significativamente nenhuma das partes. Quando se dá a Batalha do Buçaco, Wellington ocupa uma posição defensiva de primeira qualidade. É desta forma, tirando partido da morfologia do terreno, que deverá enfrentar o invasor.
Os exércitos têm de ser abastecidos dos meios necessários para a luta mas também de géneros alimentares para a sobrevivência das tropas. Na falta destes, o moral das tropas baixa, os combatentes enfraquecem e as doenças surgem com mais facilidade provocando, em situações prolongadas, um número de baixas muito elevado. O exército de Wellesley recebia por mar uma grande parte do que consumia. O porto de Lisboa tinha um papel muito importante neste processo de manter o exército apto para o combate. O exército francês, embora organizasse depósitos de géneros nos itinerários em que tal era possível, adquiria os seus géneros alimentares nos territórios em que se encontrava. Por esta razão, Wellington forçou a utilização de uma “política de terra queimada”. À medida que as tropas anglo-lusas retiravam iam abandonando às forças invasoras um território em que os recursos necessários à sua manutenção tinham sido retirados ou destruídos.
Wellington esperava, com estas medidas, forçar o exército invasor a abandonar Portugal. Mas tinha também de prever a possibilidade de não conseguir conter o avanço francês e, neste caso, colocava-se o problema de preservar o exército britânico. Era necessário criar condições defensivas que permitissem, na pior das hipóteses, retardar o avanço inimigo e proteger o embarque das forças britânicas. O local desse embarque deveria ser Lisboa.
Podem resumir-se as linhas de acção de Wellington durante a Terceira Invasão Francesa, da seguinte forma5 :
  • Não aceitar batalha em campo aberto, com o risco de ser derrotado e o seu exército destruído;
  • Tirar o máximo partido da morfologia do terreno para impedir o inimigo de avançar até Lisboa;
  • Retirar ao inimigo a possibilidade de se alimentar no território em que se encontra por períodos prolongados;
  • Manter o porto de Lisboa como porta de entrada dos abastecimentos necessários à sobrevivência das sua tropas e até da população;
  • Criar condições para retirar por mar e assim preservar o seu exército, no caso de as medidas anteriores não serem suficientes para deter o inimigo.
Com estes objectivos foram construídas as Linhas de Torres Vedras. O exército francês não deveria conseguir ultrapassar este sistema defensivo, atrás do qual se encontrava o exército anglo-luso e parte importante da população do território entre os rios Mondego e Tejo. Detido frente a este obstáculo teria, ao fim de pouco tempo, a maior dificuldade em alimentar-se. Se recebesse reforços, essa dificuldade ainda seria mais acentuada. Não restaria outra alternativa aos franceses que retirarem para poderem sobreviver. Foi isso que sucedeu.


Tenente-Coronel Sir Richard Fletcher.
O oficial do exército de Wellington responsável pelos trabalhos de engenharia era o Coronel Richard Fletcher. No dia 20 de Outubro de 1809, Wellington entregou-lhe um memorando em que especificava a estrutura das Linhas de Torres Vedras.
O estudo do terreno em volta de Lisboa, com a finalidade de organizar posições defensivas que protegessem a capital do Reino e seus arredores, remonta, pelo menos, ao início do século XVII. Num trabalho publicado em 1608 considerava-se necessário implementar o sistema de defesa afastada de Lisboa interceptando as estradas que passavam em Cabeço de Montachique e em Mafra. Em 1807, Jean-Andoche Junot encarregou o coronel de engenharia Vincent de estudar a defesa de Lisboa e, na execução dessa tarefa, esteve presente o major de engenharia José Maria das Neves Costa, do Exército Português. Após a expulsão das tropas francesas foram feitas diligências pelas autoridades portuguesas no sentido de fazer o levantamento topográfico que servisse de base aos trabalhos da defesa de Lisboa. Nesta comissão estava novamente o major Neves e Costa6 . Estes trabalhos, ainda muito incompletos, foram consultados por Wellington7 .
Após a Batalha de Talavera, Wellington examinou com o coronel Fletcher os documentos que já existiam sobre a defesa de Lisboa e percorreu as principais posições que eram indicadas para a sua defesa. Após este reconhecimento escolheu a linha principal de defesa, como sendo a que passa por Vialonga (do lado do Tejo), Serra de Serves, Cabeço de Montachique, Mafra e foz do rio Safarujo (do lado do oceano Atlântico). Ficava assim definida uma linha de defesa com cerca de 40 quilómetros. Além desta linha foram organizadas posições à volta da Fortaleza de São Julião da Barra, com o objectivo de, guarnecidas por tropas portuguesas, protegerem o embarque das tropas britânicas no caso de não conseguirem deter as tropas francesas. Esta linha tinha cerca de 2.700 metros de comprimento8 .
Além destas duas linhas defensivas, foram construídas obras avançadas que possibilitavam o controlo das principais vias de comunicação que conduziam a Lisboa: as posições de Castanheira, as de Monte Agraço e as de Torres Vedras. Estas obras apoiavam a entrada do exército de Wellington na linha de defesa que passava em Mafra e Montachique. O memorando de 20 de Outubro previa ainda a colocação de efectivos elevados naquelas posições (4.000 homens em Monte Agraço, 5.000 em Torres Vedras) assim como a colocação de forças em apoio da retirada destas tropas 9 . Aquele memorando continha também referências à distribuição das forças, das linhas de retirada, prioridades de construção, criação de obstáculos, pontos de sinalização (para as comunicações), e outras. Wellington marcou um certo número de posições, deixando ao critério de Fletcher a escolha das demais10 .
Como o exército francês demorou mais tempo que o previsto a iniciar e executar a invasão, Welligton mandou construir mais obras entre as que se destinavam a formar apenas os postos avançados, de forma que acabou por se constituir uma nova linha de defesa. Assim, a primeira linha de defesa tinha início em Alhandra, passava por Monte Agraço, Torres Vedras e terminava na foz do rio Sizandro. A segunda linha, que inicialmente tinha sido pensada como linha principal, era a que nascia em Vialonga e se estendia, passando por Montachique e Mafra, até à foz do rio Safarujo. Manteve-se a linha à volta do Forte de São Julião e considera-se também como fazendo parte deste dispositivo, um conjunto de obras ao sul do Tejo, redutos e linhas de defesa contínuas, com cerca de 1.300 metros de comprimento, destinadas a evitar que forças inimigas que conseguissem posicionar bocas de fogo de artilharia na margem sul pudessem prejudicar o embarque das forças britânicas.
Em primeiro lugar, iniciaram-se as obras que deviam proteger o embarque das tropas britânicas. A seguir, tiveram início as obras de Torres Vedras e as de Monte Agraço. Outras, como a de Castanheira, só foram iniciadas em Janeiro de 1810. À medida que se iam construindo, as obras eram numeradas, o que nos permite conhecer a sequência da sua construção. Milhares de trabalhadores portugueses, de milícias e ordenanças, esforçaram-se para completarem estas obras. Este trabalho foi pago: os camponeses chegaram a receber, na altura de maior trabalho, 10 vinténs por dia e as milícias recebiam um terço deste valor11 .
Este sistema defensivo tem sido descrito como um dos mais baratos investimentos e um dos segredos mais bem guardados na História Militar12 . As construções eram conhecidas não apenas pelos militares que se encontravam por perto como por todos os que colaboraram na sua construção. O que quase ninguém tinha era a noção da dimensão do conjunto. O tenente Rice Jones, um dos engenheiros de Fletcher, numa carta dirigida ao pai, fala das obras a Norte de Lisboa mas a leitura da carta demonstra que ele não tinha ideia da extensão que as linhas viriam a ter13 .

Descrição das Linhas de Torres Vedras

A norte do Tejo foram, portanto, organizadas três linhas defensivas. Não se tratava de uma barreira contínua como a Muralha de Adriano ou a Grande Muralha da China. Era, antes, um misto de obras defensivas e de formações naturais do terreno. Ao todo eram 153 fortificações que, estando completamente guarnecidas, implicavam a utilização de 39.475 homens e 628 bocas de fogo de artilharia. Este conjunto de três linhas estava dividido em 8 distritos, cada um com o seu comando militar14 :
  • A Primeira Linha era guarnecida por 18.683 homens e 319 bocas de fogo. Estava dividida em quatro distritos:
Distrito Guarnição

Homens Bocas de fogo de Artilharia
Distrito nº 1 - desde a posição (1)15 na linha assente sobre o Tejo, que atravessa a planície de Alhandra, até ao Moinho do Céu (11), por cima da estrada da Arruda. 6.280 96
Distrito nº 2 - desde o forte do Passo (12), na escarpa rochosa por cima da estrada da Arruda, até ao forte avançado, à direita da estrada que segue para o Sobral (152). 3.090 55
Distrito nº 3 - desde o reduto para artilharia de campanha (151) na Patameira até ao reduto sul (29), perto de Enxara do Bispo. 1.900 24
Distrito nº 4 - desde o Forte Novo da Ordasqueira (149), por cima de Matacães, para defender a estrada de Runa, até à posição (113) na foz do Sizandro. 7.413 144
  • A Segunda Linha era guarnecida por 15.442 homens e 215 bocas de fogo. Estava dividida em três Distritos:
Distrito Guarnição

Homens Bocas de fogo de Artilharia
Distrito nº 5 - desde o reduto do Salgado (33), na margem do Tejo, à direita da posição de Vialonga, até ao reduto (19) na Serra da Ajuda. 3.502 72
Distrito nº 6 - desde a plataforma para artilharia, à direita (49), no desfiladeiro do Freixial, até ao reduto (73), na estrada de Mafra, Casal do Conto.16 5.640 73
Distrito nº 7 - desde Casal da Pedra (74), no desfiladeiro de Mafra, até ao reduto de S. Julião (97), junto à costa atlântica, a sul da Ericeira. 6.300 70
  • A Terceira Linha constituía um único distrito, o Distrito de Oeiras, e era guarnecida da seguinte forma:
Distrito Guarnição

Homens Bocas de fogo de Artilharia
Distrito nº 8 - desde a fortificação principal conhecida como "Alto Algueirão" (98), onde se encontra o actual quartel-general da NATO, até à posição (110), na linha que se estende para a direita do Forte das Maias.

As duas primeiras linhas estavam, assim, concebidas para barrar os quatro eixos definidos pelas quatro estradas que as atravessavam e por onde poderiam avançar as tropas francesas: Torres Vedras-Mafra, Torres Vedras-Montachique, Sobral-Bucelas e a estrada ao longo da margem do Tejo, passando por Alhandra. Fora destes itinerários, tornava-se impossível, em muitas extensões de terreno, a passagem da artilharia e de carros de apoio, ou mesmo da cavalaria.
Os trabalhos foram cuidadosamente localizados, de forma a tirar vantagem do terreno rochoso, muito irregular e, por vezes, constituindo só por si um obstáculo. Os redutos variavam em tamanho e forma, de acordo com a importância que era dada à sua utilização e à morfologia do terreno em que se situavam. Esta grande adequação ao terreno mostra uma extraordinária adaptabilidade por parte dos engenheiros britânicos19 .
As estradas que conduziam às linhas e as que estavam traçadas paralelamente a estas, foram destruídas, assim como as pontes que nelas se situavam. Todos os vales e passagens foram bloqueados com represas, abatises ou até muros de pedra. Em algumas colinas, a aproximação já íngreme foi transformada, tornando-se quase vertical, pela remoção de muitas centenas de toneladas de terra. Muitas colinas ficaram com o seu perfil alterado.
Para facilitar os movimentos das tropas e as comunicações laterais foram construídas estradas em algumas contra-encostas, protegidas da vista do inimigo. Estas estradas permitiam o rápido movimento de forças e dos abastecimentos entre qualquer ponto das linhas, do Tejo ao Atlântico. A transmissão de mensagens estava também assegurada por um conjunto de estações semafóricas que permitia enviar informação, entre qualquer ponto das linhas e o quartel general de Wellington, num curto espaço de tempo20


  

A utilização das Linhas de Torres Vedras

O exército anglo-luso entrou nas linhas entre 9 e 11 de outubro de 1810. No dia 11 todas as tropas encontravam-se ao abrigo deste sistema defensivo. As tropas de milícias e também de ordenanças guarneceram as diferentes obras de defesa e aí receberam treino de manobras defensivas. Nos quartéis-generais, onde se encontrava o comando de cada Distrito, foram estabelecidos depósitos de abastecimento. Aí foram também colocados dois oficiais de engenharia com a finalidade de explicar a natureza e o objecto das diversas posições preparadas para que, assim, as tropas as ocupassem e utilizassem da forma mais conveniente. Foi também montado um sistema de guias a cavalo para dirigirem as colunas de tropas que iam entrando nas linhas para as áreas que lhes estavam destinadas21 .
As tropas do exército anglo-luso foram utilizadas como uma força móvel e não como guarnição as posições defensivas. Desta forma, estariam sempre disponíveis para se movimentarem para qualquer ponto das linhas onde a ameaça francesa viesse a colocar em perigo a integridade da defesa. Tendo em consideração os eixos segundo os quais um eventual ataque por parte dos franceses seria mais provável e mais perigoso, Wellington dispôs o seu exército, com excepção da 3ª Divisão (Picton), em dois blocos: um em frente ao Sobral, entre Monte Agraço e Runa; o outro, na região de Alhandra22 . O quartel-general de Wellington ficou colocado na Quinta do Barão de Manique e o de Beresford no Casal Cochim, em Pêro Negro. As unidades do seu exército foram distribuídas da seguinte forma:
  • a 3ª Divisão (Picton) foi colocada na região de Torres Vedras;
  • as 1ª, 4ª e 5ª Divisões (Spencer, Cole e Leith), a Divisão Ligeira (Craufurd) e uma Brigada Independente portuguesa (Pack) ficaram na região em redor do Sobral, entre a Cadriceira e a Arruda;
  • a 2ª Divisão (Hill), a Divisão Portuguesa (Hamilton) e uma Brigada Independente portuguesa (Lecor) ficaram na região de Alhandra;
  • o grosso da cavalaria de Welligton encontrava-se em Vialonga;
  • uma Brigada de Infantaria britânica (Anson) e um destacamento de cavalaria encontravam-se em Mafra;
  • as tropas espanholas de La Romana (cerca de 8.000 homens) foram colocadas na região a sul da Enxara do Bispo.
Estas tropas, as que ocupavam as obras defensivas, a população de Lisboa e arredores e toda uma multidão que tinha sido transferida da região a sul do Mondego, viviam agora neste espaço da península de Lisboa. Não era possível, num espaço tão pequeno, obter alimentação para tanta gente e os abastecimentos que chegavam a Lisboa, por mar, iam essencialmente para as tropas. Estima-se que 2% da população portuguesa (de 40.000 a 50.000 pessoas) tenha perdido a vida devido à fome e às doenças23 . Esta situação prolongou-se até Fevereiro de 1811, quando os Franceses começaram a retirar.

As fortificações a sul do Tejo

Na margem esquerda do Tejo foi criada uma linha de redutos que ia da Costa da Caparica a Almada. Esta linha de defesa foi concebida com o objectivo de impedir que uma força francesa, que eventualmente atingisse aquela região, tivesse a possibilidade de, com a sua artilharia, ameaçar Lisboa ou a armada ancorada no rio. Esta linha destinava-se a ser guarnecida com marinheiros e fuzileiros navais britânicos, milícias e corpo de voluntários de Lisboa, um total de 7.500 homens. Dispunha também de 86 peças de artilharia. Perto da actual localização do monumento a Cristo-Rei foi montado um posto de sinais, para comunicar facilmente com Lisboa.
 

domingo, 18 de janeiro de 2015

FERNÃO DE MAGALHÃES E A 1ª VOLTA AO MUNDO

Personagens Históricos - Documentários
FERNÃO DE MAGALHÃES E A 1ª VOLTA AO MUNDO

Na altura em que o Papa visitou as Filipinas (quando publiquei este Blog) e que é visível a grande fé desse povo na religião Católica, ocorreu-me que foi um Português de nome Fernão de Magalhães, embora navegando sob bandeira Espanhola, quem primeiro lá chegou e tentou submeter o Rei Lapu-Lapu à Coroa Espanhola e convertê-lo à fé Cristã, coisa que acabaria por lhe custar a vida. Foi no entanto pelo seu esforço, que foi possível converter esse povo, que hoje em dia, venera a fama do grande capitão Fernão de Magalhães.

Aqui se revela, através de excelentes documentários, como foi essa viagem, apoiado nos escritos do cronista António Pigafeta, que acompanhou Magalhães nessa viagem épica que foi a primeira circunavegação.
Pode também ler a informação complementar que aqui deixo publicada acerca de Fernão de Magalhães e que o ajudará a entender melhor este grande personagem da nossa história.

Áudio: Português (Brasil) - Castelhano
Texto: Português
Fontes: YouTube - Wikipédia - BBC





DOCUMENTÁRIO 1 
:
A VOLTA AO MUNDO DE MAGALHÃES
Documentário da BBC da série "Viagens dos Descobrimentos
Áudio: Castelhano





DOCUMENTÁRIO 2 :
FERNÃO DE MAGALHÃES - A 1ª VOLTA AO MUNDO
Relatos de António Pigafetta, que acompanhou Magalhães e registou por escrito, a primeira viagem de circunavegação por eles efectuada no século XVI.
Áudio: Português (Brasil)





DOCUMENTÁRIO 3 :
O DIÁRIO DE ANTÓNIO PIGAFETTA
Relatos extraídos do diário do cronista Italiano António Pigafetta que acompanhou Magalhães na sua viagem de circunavegação.
Áudio: Português (Brasil)



Fernão de Magalhães


Fernão de Magalhães
Conhecido(a) por Efetuou a primeira viagem de circum-navegação
Nascimento 1480
Sabrosa, Reino de Portugal
Morte 27 de abril de 1521 (41 anos)
Mactan, Cebu, Filipinas
Nacionalidade Português
Ocupação Navegador e explorador
Assinatura
Magellan Signature.svg
Fernão de Magalhães1 nota 1 (Sabrosa, primavera de 1480Cebu, Filipinas, 27 de abril de 1521) foi um navegador português2 , que se notabilizou por ter organizado a primeira viagem de circum-navegação ao globo de 1519 até 1522.
Nascido em família nobre, em 1506 viajou para as Índias Ocidentais, participando de várias expedições militares nas Molucas, também conhecidas como as Ilhas das Especiarias 3 .
A serviço do rei de Espanha, planeou e comandou a expedição marítima que efectuou a primeira viagem de circum-navegação ao globo. Foi o primeiro a alcançar a Terra do Fogo no extremo sul do continente americano, a atravessar o estreito que hoje leva seu nome e a cruzar o Oceano Pacífico, que nomeou. Fernão de Magalhães foi morto em batalha em Cebu, nas Filipinas no curso da expedição, posteriormente chefiada por Juan Sebastián Elcano até ao regresso em 1522.

Biografia

Primeiras viagens

Fernão de Magalhães nasceu no norte de Portugal, ca. de 1480. A vila de Sabrosa, a freguesia da Sé do Porto, Vila Nova de Gaia e Ponte da Barca reclamam a sua naturalidade.nota 2 Era filho de Rui de Magalhães e de Inês Vaz Moutinho. Irmão de Duarte de Sousa, Diogo de Sousa, Isabel de Magalhães, Genebra de Magalhães e Aires de Magalhães. Aires de Magalhães, que seguiu uma carreira eclesiástica, recebeu ordens de epístola em 1509 em Braga e, nessa matrícula, seus pais acima nomeados são ditos moradores na Sé do Porto. Seu pai, Rui de Magalhães, foi cavaleiro fidalgo da casa de D. Afonso, conde de Faro, senhor de Aveiro e alcaide-mor de Estremoz. Rui de Magalhães terá sido alcaide de Aveiro onde está documentado em 1486. Entre Junho de 1472 e Junho de 1488 está documentado no Porto onde exerce os cargos de juiz ordinário, procurador da câmara e vereador. Foram seus avós maternos Pedro Vaz Moutinho, cidadão do Porto, cidade onde foi vereador, e Inês Gonçalves de Mesquita. Fernão de Magalhães tinha cerca de dez anos quando se tornou pagem da corte da Rainha D. Leonor, consorte de D. João II. Casou-se em Sevilha em Dezembro de 1517 com Beatriz Barbosa, sua parente, filha de Diogo Barbosa e de Maria Caldeira, e teve dois filhos: Rodrigo, que faleceu muito novo, e Carlos, que faleceu ao nascer.
Em Março de 1505, com 25 anos, alistou-se na Armada da Índia, na frota de 22 navios enviada para instalar D. Francisco de Almeida como primeiro vice-rei da Índia. Embora o seu nome não figure nas crônicas, sabe-se que ali permaneceu oito anos, e que esteve em Goa, Cochim e Quíloa. Participou em várias batalhas, incluindo a batalha naval de Cananor em 1506, onde foi ferido, e a decisiva batalha de Diu. Em 1509 partiu com Diogo Lopes de Sequeira na primeira embaixada a Malaca, onde seguia também Francisco Serrão, seu amigo e possivelmente primo.5 Chegados a Malaca em Setembro, foram vítimas de uma conspiração e a expedição terminou em fuga, na qual Magalhães teve um papel crucial avisando Sequeira e salvando Francisco Serrão que havia desembarcado. Para trás ficaram dezanove prisioneiros. A sua actuação valeu-lhe honras e uma promoção.
Ao serviço do novo governador, Afonso de Albuquerque, participou junto com Serrão na conquista de Malaca em 1511. Após a conquista da cidade os seus caminhos separaram-se: Magalhães promovido, com um rico saque e na companhia de um escravo malaio, regressou. Serrão partiu na primeira expedição enviada às "ilhas das especiarias", nas Molucas. Aí permaneceu e casou com uma mulher de Amboina, tornando-se conselheiro militar do sultão de Ternate. As suas cartas para Magalhães seriam decisivas, que dele obteve informações quanto à situação dos lugares produtores de especiarias. Fernão de Magalhães, após se ausentar sem permissão, perdeu influência. Em serviço em Azamor (Marrocos) foi depois acusado de comércio ilegal com os mouros, com várias das acusações comprovadas cessaram as ofertas de emprego a partir de 15 de Maio de 1514. Mais tarde, em 1515, surgiu uma oferta para membro da tripulação de um navio de Português, mas Magalhães rejeitou-a. Em Lisboa dedicou-se a estudar as mais recentes cartas, investigando uma passagem para o pacífico pelo Atlântico Sul e a possibilidade de as Molucas estarem na zona espanhola definida pelo Tratado de Tordesilhas, em parceria com o cosmógrafo Rui Faleiro.

VIAGEM DE CIRCUM-NAVEGAÇÃO:
 
Em 1517 foi a Sevilha com Rui Faleiro, tendo encontrado no feitor da "Casa de la Contratación" da cidade um adepto do projecto que entretanto concebera: dar a Espanha a possibilidade de atingir as Molucas pelo Ocidente, por mares não reservados aos portugueses no Tratado de Tordesilhas e, além disso, segundo Faleiro, provar que as ilhas das especiarias se situavam no hemisfério castelhano.
Com a influência do bispo de Burgos conseguiram a aprovação do projecto por parte de Carlos V, e começaram os morosos preparativos para a viagem, cheios de incidentes; o cartógrafo de origem portuguesa Diogo Ribeiro que começara a trabalhar para Espanha em 1518, na Casa de Contratación em Sevilha participou no desenvolvimento dos mapas utilizados na viagem. Depois da ruptura com Rui Faleiro, Magalhães continuou a aparelhagem dos cinco navios que, com 256
homens de tripulação, partiram de Sanlúcar de Barrameda em 20 de setembro de 1519. A esquadra tinha cinco navios e uma tripulação total de 234 homens, com cerca de 40 portugueses entre os quais Álvaro de Mesquita, primo co-irmão de Magalhães, Duarte Barbosa, primo da mulher de Magalhães, João Serrão, primo ou irmão de Francisco Serrão e Estevão Gomes. Seguia também Henrique de Malaca.
Antonio Pigafetta, escritor italiano que havia pago do seu próprio bolso para viajar com a expedição, escreveu um diário completo de toda a viagem, possibilitado pelo fato de Pigafetta ter sido um dos 18 homens a retornar vivo para a Europa. Dessa forma, legou à posteridade um raro e importante registro de onde se pode extrair muito do que se sabe sobre este episódio da história.
A armada fez escala nas ilhas Canárias e alcançou a costa da América do Sul, chegando em 13 de dezembro ao Rio de Janeiro. Prosseguindo para o sul, atingiram Puerto San Julian à entrada do estreito, na extremidade da atual costa da Argentina, onde o capitão decidiu hibernar. Irrompeu então uma revolta que ele conseguiu dominar com habilidosa astúcia. Após cinco meses de espera, período no qual a nau "Santiago" foi perdida em uma viagem de reconhecimento, tendo os seus tripulantes conseguido ser resgatados, Magalhães encontrou o estreito que hoje leva seu nome, aprofundando-se nele. Em outra viagem de reconhecimento, outra nau foi perdida, mas desta vez por um motim na nau "San Antonio" onde a tripulação aprisionou o seu capitão Álvaro de Mesquita, primo de Magalhães, e iniciou uma viagem de volta com o piloto Estêvão Gomes (realmente estes completaram a viagem, espalhando ofensas contra Fernão de Magalhães na Espanha).
Apenas em Novembro a esquadra atravessaria o Estreito, penetrando nas águas do Mar do Sul (assim baptizado por Balboa), e baptizando o oceano em que entravam como «Pacífico» por contraste às dificuldades encontradas no Estreito. Depois de cerca de quatro meses, a fome, a sede e as doenças (principalmente o escorbuto) começaram a dizimar a tripulação. Foi também no Pacífico que encontrou as nebulosas que hoje ostentam o seu nome - as nebulosas de Magalhães.
Em março de 1521, alcançaram a ilha de Ladrões no atual arquipélago de Guam, chegando à ilha de Cebu nas atuais ilhas Filipinas em 7 de abril. Imediatamente começaram com os nativos as trocas comerciais; boa parte das grandes dificuldades da viagem tinham sido vencidas. Dias depois, porém, Fernão de Magalhães morreu em combate com os nativos na ilha de Mactan, atraído a uma emboscada, sendo morto pelo nativo Lapu-Lapu.
A expedição prosseguiu sob o comando de João Lopes Carvalho, deixando Cebu no início de março de 1522. Dois meses depois, seria comandada por Juan Sebastián Elcano.


Mapa da expedição: a vermelho a rota percorrida por Magalhães, a laranja a rota percorrida por Elcano.
Decidiram incendiar a nau Concepción, visto o pequeno número de homens para operá-la, e finalmente conseguiram chegar às Molucas, onde obtiveram seu suprimento de especiarias. Trinidad acabou ali permanecendo para reparos e a "Victoria" voltou sozinha para casa, contornando o Índico pelo sul, a fim de não encontrar navios portugueses. A Trinidad, após os reparos tentou seguir uma rota pelo Pacífico até a América Central, onde poderia contatar os espanhóis e levar sua carga, no entanto acabou tendo de retornar às Molucas onde seus tripulantes foram aprisionados pelos portugueses que haviam chegado. A nau "Victoria" dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1522, fez escala em Cabo Verde, onde alguns homens foram detidos pelos portugueses, alcançando finalmente o porto de San Lúcar de Barrameda, com apenas 18 homens na tripulação.
Uma única nau tinha completado a circum-navegação do globo ao alcançar Sevilha em 6 de setembro de 1522. Juan Sebastián Elcano, a restante tripulação da expedição de Magalhães e o último navio da frota regressaram decorridos três anos após a partida. A expedição de facto trouxe poucos benefícios financeiros, não tendo a tripulação chegado a receber o pagamento.
Curiosidade: Na época não existia a Linha Internacional de Data, sendo que ao chegarem a Sevilha a tripulação não subtraiu um dos 1081 dias que permaneceram a bordo da expedição. A precariedade das medições não foi suficiente para conter a discussão que seguiu-se sobre a duração da viagem; sugerindo que fosse enviado ao Vaticano uma comissão internacional sobre expedições ao redor da Terra.

Cronologia

Tripulação

Estes 18 homens regressaram a Sevilha no Victoria em 1522:
Nome Posto
Juan Sebastián de Elcano, de Getaria Mestre
Francisco Albo, de Axio Piloto
Miguel de Rodes Piloto
Juan de Acurio, de Bermeo Piloto
António Lombardo (Pigafetta), de Vicenza Supernumerário
Martinho de Judicibus, de Génova (Savona) Chefe de embarcação
Hernando de Bustamante, de Alcántara Marinheiro
Nicolas o Grego, de Nápoles Marinheiro
Miguel Sánchez, de Rodes Marinheiro
Antonio Hernández Colmenero, de Huelva Marinheiro
Francisco Rodrigues, português de Sevilha Marinheiro
Juan Rodríguez, de Huelva Marinheiro
Diego Carmena Marinheiro
Hans de Aachen (João de Aquisgrão) Artilheiro
Juan de Arratia, de Bilbao Marinheiro
Vasco Gómez Gallego o Português, de Baiona Marinheiro
Juan de Santandrés, de Cueto (Espanha) Grumete
Juan de Zubileta, de Barakaldo Pajem - Registado no livro de bordo Juan de Vizcaya com 14 anos de idade.
Apenas quatro homens dos 55 da tripulação original do Trinidad finalmente regressaram a Espanha em 1525.

O regresso

Decidiram incendiar a nau Concepción, visto o pequeno número de homens para operá-la, e finalmente conseguiram chegar às Molucas, onde obtiveram seu suprimento de especiarias. Trinidad acabou ali permanecendo para reparos e a "Victoria" voltou sozinha para casa, contornando o Índico pelo sul, a fim de não encontrar navios portugueses. A Trinidad, após os reparos tentou seguir uma rota pelo Pacífico até a América Central, onde poderia contatar os espanhóis e levar sua carga, no entanto acabou tendo de retornar às Molucas onde seus tripulantes foram aprisionados pelos portugueses que haviam chegado. A nau "Victoria" dobrou o Cabo da Boa Esperança em 1522, fez escala em Cabo Verde, onde alguns homens foram detidos pelos portugueses, alcançando finalmente o porto de San Lúcar de Barrameda, com apenas 18 homens na tripulação.

Uma única nau tinha completado a circum-navegação do globo ao alcançar Sevilha em 6 de setembro de 1522. Juan Sebastián Elcano, a restante tripulação da expedição de Magalhães e o último navio da frota regressaram decorridos três anos após a partida. A expedição de facto trouxe poucos benefícios financeiros, não tendo a tripulação chegado a receber o pagamento.
Curiosidade: Na época não existia a Linha Internacional de Data, sendo que ao chegarem a Sevilha a tripulação não subtraiu um dos 1081 dias que permaneceram a bordo da expedição. A precariedade das medições não foi suficiente para conter a discussão que seguiu-se sobre a duração da viagem; sugerindo que fosse enviado ao Vaticano uma comissão internacional sobre expedições ao redor da Terra.

Cronologia

Tripulação

Estes 18 homens regressaram a Sevilha no Victoria em 1522:
Nome Posto
Juan Sebastián de Elcano, de Getaria Mestre
Francisco Albo, de Axio Piloto
Miguel de Rodes Piloto
Juan de Acurio, de Bermeo Piloto
António Lombardo (Pigafetta), de Vicenza Supernumerário
Martinho de Judicibus, de Génova (Savona) Chefe de embarcação
Hernando de Bustamante, de Alcántara Marinheiro
Nicolas o Grego, de Nápoles Marinheiro
Miguel Sánchez, de Rodes Marinheiro
Antonio Hernández Colmenero, de Huelva Marinheiro
Francisco Rodrigues, português de Sevilha Marinheiro
Juan Rodríguez, de Huelva Marinheiro
Diego Carmena Marinheiro
Hans de Aachen (João de Aquisgrão) Artilheiro
Juan de Arratia, de Bilbao Marinheiro
Vasco Gómez Gallego o Português, de Baiona Marinheiro
Juan de Santandrés, de Cueto (Espanha) Grumete
Juan de Zubileta, de Barakaldo Pajem - Registado no livro de bordo Juan de Vizcaya com 14 anos de idade.
Apenas quatro homens dos 55 da tripulação original do Trinidad finalmente regressaram a Espanha em 1525.

 

NOTAS:  

O Alexandre Parafita escreveu que “desde tempos imemoriais, a naturalidade de Magalhães foi dada, como inequívoca, na vila de Sabrosa. Contribuiu para isso a existência de dois testamentos, um de 1504 (quando o navegador partiu para os oceanos) e outro de 1580 (de um seu sobrinho-neto exilado no Brasil), reforçados por um auto oficial de 1798 em que seis escrivães e quatro testemunhas confirmavam a genealogia do navegador ligada a esta vila. Nestes documentos são identificados bens efectivamente localizados em Sabrosa, tais como uma casa (a Casa da Pereira), a quinta da Souta (ainda hoje existente em frente ao Vale da Porca) e o legado de missas anuais no altar do Senhor Jesus da Igreja de São Salvador do qual ainda existem vestígios na actual Igreja Matriz da vila. A existência, na referida casa, do brasão da família Magalhães com as armas picadas e arrasadas, traduzindo um castigo que, no tempo de D. Manuel I, era corrente aplicar sobre quem praticasse actos considerados de traição à Pátria, assim tendo sido entendida a missão de Magalhães ao serviço da coroa de Espanha, corroboravam a mesma tese. Entretanto, há muitas décadas atrás, a veracidade destes documentos começou a ser posta em causa. Desde logo por o primeiro testamento referir a expressão “sua majestade” em relação a D. Manuel I, quando se sabe que, ao tempo, não havia esse tratamento, mas sim “sua alteza”. Ainda que no documento notarial de 1798 esteja dito que foi “fielmente copiado menos algumas palavras que por estarem mal escritas em letra gótica e o papel carcomido do tempo não foi possível poder ler”, não tem faltado quem procure todos os pretextos para desvalorizar o teor dos testamentos, como não falta também quem tal tenha rebatido, a exemplo do Abade de Baçal, que o fez minuciosamente. Estas dúvidas permitiram que outras hipóteses de naturalidade fossem sendo entretanto equacionadas. Por exemplo, do Porto se diz existir uma declaração que alude à expressão “Vecino de la cidade del puerto” e que isso indicaria ser dali natural. Contudo, sabe-se também que, num testamento feito mais tarde em Espanha, se declara do mesmo jeito: “vesino q soy desta muy noble e muy leal çibdad de Sevylha”. O que vale então esta palavra “vecino” em tais documentos? Nada de mais relevante. Apenas que Magalhães pode ter vivido nessas cidades. (…). Importa ter presente que as questões divergentes da naturalidade de Magalhães foram sendo geradas muito depois da sua morte, quando se percebeu que haveria uma notável fortuna a reivindicar da coroa de Espanha, por ser devida ao Navegador uma parte dos territórios descobertos mundo além. Foi então que vários supostos parentes foram surgindo em diversas localidades do País (incluindo Ponte da Barca), uns e outros logo impugnados e desacreditados nas suas pretensões pelo poder castelhano, que dessa forma assegurava a intocabilidade do seu património. (…)” (Alexandre Parafita - “Fernão de Magalhães: símbolo inequívoco da tradição de Sabrosa”, in Jornal de Notícias, Suplemento "Terra de Fernão Magalhães", 5 de setembro de 2009).


Bibliografia