Personagens Históricos
AFONSO DE ALBUQUERQUE - O LEÃO DOS MARES
Hoje revelo-lhe a história de um dos mais grandes personagens do século XVI e da nossa história.
Cavaleiro de Santiago e guerreiro valente e feroz dos mares, poucas personagens da história criaram à sua volta tamanho mito e áurea de glória. Homem extremamente culto, acomulou títulos durante a sua vida, como o de Almirante, Duque de Goa, Vice Rei e Governador da India, entre outros. Foi indiscutivelmente um "gigante" da corte de D.Manuel e da nossa história, como poucos.
Aqui tem informação completa sobre um dos nossos maiores heróis.
Texto: Português
Áudio: Português
Fontes: RTP Memória - YouTube - Wikipédia
DOCUMENTÁRIO:
AFONSO DE ALBUQUERQUE - DE PALMELA À ÍNDIA
Apresentado pelo Prof. Hermano Saraiva no seu programa "A Alma e a Gente".
Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque [1] (
Alhandra,
1453 —
Goa,
16 de dezembro de
1515), nomeado
O Grande,
o César do Oriente,
o Leão dos Mares,
o Terribil e
o Marte Português, foi um
fidalgo,
militar e o 2.º
Vice-Rei e Governador da Índia Portuguesa, cujas acções
militares e
políticas foram determinantes para o estabelecimento do
Império Português no
oceano Índico.
Afonso de Albuquerque é reconhecido como um génio militar pelo sucesso da sua estratégia de expansão:
[2] procurou fechar todas as passagens navais para o Índico – no
Atlântico,
Mar Vermelho,
Golfo Pérsico e
oceano Pacífico – construindo uma cadeia de fortalezas em pontos chave para transformar este oceano num
mare clausum português, sobrepondo-se ao poder dos otomanos, árabes e seus aliados hindus.
[3]
Destacou-se tanto pela ferocidade em batalha como pelos muitos
contactos diplomáticos que estabeleceu. Nomeado governador após uma
longa carreira militar no Norte de África, em apenas seis anos – os
últimos da sua vida – com uma força nunca superior a quatro mil homens
sucedeu a estabelecer a capital do
Estado Português da Índia em
Goa; conquistar
Malaca, ponto mais oriental do comércio Índico; chegar às ambicionadas "Ilhas das especiarias", as
ilhas Molucas; dominar
Ormuz, entrada do Golfo Pérsico; e estabelecer contactos diplomáticos com numerosos reinos da Índia,
Etiópia,
Reino do Sião,
Pérsia e até a
China.
Áden
seria o único ponto estratégico cujo domínio falhou, embora tenha
liderado a primeira frota europeia a navegar no Mar Vermelho, a montante
do estreito
Bab-el-Mandeb. Pouco antes da sua morte foi agraciado com o título de
vice-rei e "
Duque de Goa" pelo Rei
D. Manuel I,
que nunca usufruiu, no que foi o primeiro português a receber um título
de além-mar e o primeiro duque nascido fora da família real. Foi o
segundo europeu a fundar uma cidade na Ásia, o primeiro foi Alexandre o
Grande.
Primeiros anos
Afonso de Albuquerque nasceu em
Alhandra, nos arredores de
Lisboa, no ano de 1453.
[4] Era o segundo dos quatro filhos de Gonçalo de Albuquerque, 3.º Senhor de
Vila Verde dos Francos, e de sua mulher D. Leonor de Meneses, filha de D.
Álvaro Gonçalves de Ataíde, 1.º
Conde de Atouguia. Através de seu pai, que desempenhava um importante cargo na corte, descendia por via natural da família real portuguesa.
[5] Foi educado em matemática e latim clássico na
corte de
D. Afonso V, onde cresceu e travou amizade com príncipe D. João, futuro rei.
[6]
Afonso de Albuquerque serviu dez anos no Norte de África, onde
adquiriu experiência militar: em 1471 acompanhou D. Afonso V nas
conquistas de
Tânger,
Anafé e
Arzila, onde permaneceu alguns anos como Oficial na guarnição.
[6] [7] Em
1476 acompanhou o príncipe D. João nas guerras contra
Castela, tendo participado na
batalha de Toro. Participou na esquadra enviada em
1480 em socorro de
D. Fernando II rei de Aragão, Sicília e Nápoles «para reprimir o furor dos turcos» de avançar na península itálica, no
Golfo de Tarento, em
Otranto, que culminaria na vitória dos cristãos em 1481.
[8]
Em 1481, quando o príncipe D. João ascendeu ao trono como D.
João II, Albuquerque regressou a Portugal e foi nomeado seu
estribeiro-mor.
[6] Em 1489 retornou ao serviço no norte de África, onde comandou a defesa da
fortaleza da Graciosa, situada na ilha que o rio Luco forma junto da cidade de
Larache e em
1490 fez parte da guarda de D. João II, tendo regressado a Arzila em
1495, onde o seu irmão mais novo, Martim, morreu lutando a seu lado.
[6]
Primeira missão na Índia
Quando o novo rei D.
Manuel I de Portugal
ascendeu ao trono mostrou alguma reticência perante Afonso de
Albuquerque, íntimo do temido D. João II e dezassete anos mais velho. Em
6 de Abril de
1503, já numa idade madura e com uma longa carreira militar, Afonso de Albuquerque foi enviado na sua primeira expedição para a
Índia com o primo Francisco de Albuquerque, comandando cada qual três
naus onde seguiam também
Duarte Pacheco Pereira e
Nicolau Coelho. Participaram em várias batalhas contra
Calecute, onde sucederam a garantir a segurança no trono ao
rajá de
Cochim. Em retorno pelos serviços prestados obtiveram a permissão para construir uma fortaleza portuguesa em Cochim
[9]
que seria o primeiro assentamento europeu na índia e o ponto de partida
para a expansão do império no oriente, estabelecendo relações
comerciais com
Coulão. De regresso ao reino em Julho de 1504 «mais cheio de glórias que de despojos», Afonso de Albuquerque foi bem recebido por
D. Manuel I.
Capitão-mor da costa da Arábia, 1506-1509
No início de 1506, após ter participado no delinear da estratégia
para o oriente, o rei confiou-lhe uma esquadra de cinco navios na armada
de dezasseis navios chefiada por
Tristão da Cunha com destino à Índia. Seguiam com o objectivo de tomar
Socotra
e aí iniciar uma fortaleza, na esperança de fechar o comércio no Mar
Vermelho, transportando um forte de madeira para apoiar os trabalhos
iniciais.
[10]
Afonso de Albuquerque seguia como capitão-mor da "costa da Arábia" e "até
Moçambique havia de ir debaixo da bandeira de Tristão da Cunha".
[11] Levava uma carta com a missão secreta, ordenada pelo rei, de uma vez cumprida a primeira missão substituir o
vice-rei D.
Francisco de Almeida, que terminaria o mandato dois anos depois.
[12] Antes de partir legitimara um filho natural nascido em 1500.
[13] e fizera o seu testamento
[14]
Tomada de Socotra e Ormuz no Golfo Pérsico
A 6 de Abril de 1506 as duas armadas partiram de Lisboa. Afonso de
Albuquerque seguia pilotando o seu próprio navio, pois o piloto
designado desaparecera antes da partida. No
canal de Moçambique encontraram
João da Nova vindo da Índia, que aí invernava após um rombo no casco do seu navio
Frol de la mar. Resgataram-no e à nau, juntando-os à frota.
[15] De
Melinde, Tristão da Cunha enviou uma expedição portuguesa para a
Etiópia,
que então se pensava ser mais próxima. A missão incluía o padre João
Gomes, João Sanches e o tunisino Sid Mohammed (sem conseguir atravessar
por Melinde rumariam a Socotra, de onde Afonso de Albuquerque conseguiu
desembarcá-los em Filuk, perto do
Cabo Guardafui.
[16] ) Após uma série de ataques bem sucedidos às cidades árabes da costa oriental africana, seguiram para
Socotra, onde havia notícia de cristãos, e que tomaram em Agosto de 1507, iniciando uma fortaleza.
[17] .
Em Socotra os caminhos dos dois capitães separaram-se: Tristão da
Cunha partiu para a Índia, indo apoiar os portugueses cercados em
Cananor; Afonso de Albuquerque navegou com uma frota de seis navios e quinhentos homens rumo à ilha de
Ormuz no
Golfo Pérsico, um dos centros chave do comércio no oriente. No percurso conquistaram as cidades de Curiate (Kuryat),
Mascate e Corfacão (atual Khor Fakkan), aceitando a submissão das cidades de Kalhat e Soar (Sohar).
[18]
A
25 de Setembro de
1507
chegaram a Ormuz precedidos de uma temível reputação e rapidamente
tomaram posse da ilha, cujo rei concordou tornar-se tributário do rei de
Portugal. Passados poucos dias, chegou um enviado da
Pérsia que vinha exigir o pagamento de tributo ao
xá Ismail I.
O emissário persa foi enviado de volta com a resposta de que o tributo
seria apenas balas de canhão e armas, começando assim a ligação entre
Albuquerque e o xá Ismail I (muitas vezes referido por Xeque Ismael),
fundador do império
saváfida.
Como fruto do acordo com o rei de Ormuz, imediatamente Albuquerque iniciou a construção do
Forte de Nossa Senhora da Vitória em Ormuz
[21]
(mais tarde renomeado Forte de Nossa Senhora da Conceição). A primeira
pedra foi colocada com pompa e entusiasmo por Albuquerque em 24 de
Outubro, com os seus homens de todas as condições participando nos
trabalhos de construção. Contudo, na sequência da crescente contestação
dos seus capitães, que reclamavam dos duros trabalhos e difíceis
condições, vários navios desertaram para a Índia
[22]
Com a frota reduzida a dois navios e sem mantimentos, Afonso de
Albuquerque foi forçado a abandonar Ormuz em Abril de 1508. Retornou a
Socotra, onde encontrou a guarnição portuguesa passando fome, e para
reabastecer este assentamento assaltou navios muçulmanos e a cidade de
Kālhāt (
Bahrein).
[23] Voltou ainda a Ormuz e só depois rumou à Índia.
Preso em Cananor
Afonso de Albuquerque chegou a
Cananor, na Índia, em Dezembro de 1508. Aí imediatamente abriu perante o vice-rei D.
Francisco de Almeida a carta selada que recebera do rei nomeando-o Governador.
[24]
D. Francisco de Almeida, junto do qual estavam já os capitães que
haviam abandonado Albuquerque em Ormuz, confirmou que a ordem também lhe
fora participada, mas recusou-se a passar de imediato o cargo,
protestando que o seu mandato terminava apenas em Janeiro e que
pretendia ainda vingar a morte do seu filho junto de
Mirocem.
[25]
Afonso de Albuquerque, ao ver recusada a sua promessa de travar a
batalha ele mesmo, e posto que o vice-rei propôs pagar-lhe o devido ao
cargo de governador
[26] , acatou esta ordem sem confrontar D. Francisco de Almeida e foi para
Cochim, onde ficou a aguardar indicações do reino, sustentando do seu bolso a sua comitiva.
É descrito por
Castanheda
suportando pacientemente a oposição declarada do grupo que se juntara
em torno de D. Francisco de Almeida, com o qual mantinha contactos
formais. Progressivamente ostracizado, ao saber da chegada à Índia da
armada do fidalgo
Diogo Lopes de Sequeira
com a missão de chegar a Malaca, escreveu-lhe para que intercedesse,
mas este ignorou-o e juntou-se ao vice-rei. Simultaneamente Afonso de
Albuquerque recusou as aproximações dos que o desafiavam a tomar o
poder.
[26]
A 3 de Fevereiro de 1509 Francisco de Almeida avançou em força para a
Batalha de Diu, que assumiu como vingança pessoal pela morte do seu filho
Lourenço de Almeida em circunstâncias dramáticas na
Batalha de Chaul. A sua vitória foi determinante: otomanos e
mamelucos egípcios abandonaram as águas do Índico, permitindo o domínio português por mais de 100 anos.
Em Agosto, após uma petição dos antigos capitães e Diogo Lopes de
Sequeira considerando Afonso de Albuquerque inapto para a governação, D.
Francisco de Almeida enviou-o para a
fortaleza de Santo Ângelo em
Cananor.
[27] [28]
Aí permaneceu isolado, o que o próprio Albuquerque considerou ser sob
prisão. Em setembro de 1509 Diogo Lopes de Sequeira avançou na missão de
estabelecer contacto com o sultão de Malaca, mas falhou deixando para
trás 19 prisioneiros.
Governador da India Portuguesa, 1509-1515
Em Outubro, chegou a Cananor o
Marechal do Reino,
D. Fernando Coutinho. Era o mais importante
fidalgo
do reino que alguma vez se deslocara ao Índico, parente de Afonso de
Albuquerque, e trazia uma armada de quinze naus e 3000 homens enviada
pelo rei para defender os seus direitos e tomar Calecute.
[29]
A 4 de Novembro Albuquerque iniciou a governação. Após a partida de D.
Francisco de Almeida cinco dias depois, Albuquerque rapidamente
demonstrou a sua energia e determinação como segundo governante do
estado da Índia, cargo que ocuparia até à sua morte.
[30]
Afonso de Albuquerque pretendia construir fortalezas em pontos
estratégicos da costa, capazes ser abastecidas por mar, para assim
dominar o mundo muçulmano e controlar a rede de comércio no Índico,
[2] [30]
ideia a que D. Francisco de Almeida e os seus capitães se tinham
oposto, por considerarem que não havia capacidade para as manter.
Inicialmente D. Manuel I e o conselho do reino tentaram distribuir o
poder a partir de Lisboa, criando três áreas de jurisdição no Índico:
Albuquerque seguira com a missão de tomar Hormuz, Aden e Calecute,
missão que até ao fim procurou cumprir;
Diogo Lopes de Sequeira
fora provido com uma frota e enviado para o sudoeste asiático, com a
missão de tentar um acordo com o sultão de Malaca, mas falhou retornando
a Cochim e ao reino; a
Jorge de Aguiar fora dada a área entre o Cabo da Boa Esperança e
Guzerate, sendo sucedido por
Duarte de Lemos que partiu para o reino deixando a Albuquerque os seus navios.
[31]
Ataque falhado a Calecute
Em Janeiro de 1510, cumprindo as ordens do reino e sabendo da ausência do samorim, Afonso de Albuquerque avançou para
Calecute (actual
Kozhikode).
Contudo teve que recuar após o marechal D. Fernando Coutinho, contra os
seus avisos, se ter embrenhado no interior da cidade fascinado pelo
saque e sofrido uma emboscada. Para o salvar, Afonso de Albuquerque
sofreu um rude ferimento e teve que recuar.
[32]
Conquista de Goa, 1510
Vista de
Goa Velha em 1509,
in Braun e Hogenberg, 1600
Falhado o ataque a Calecute, Afonso de Albuquerque apressou-se a
formar uma poderosa armada, reunindo vinte e três naus e 1200 homens.
Relatos contemporâneos afirmam que pretendia combater a frota
mameluca egípcia no Mar Vermelho ou regressar a Ormuz. Contudo, informado por
Timoja (um corsário hindu ao serviço do
Reino de Bisnaga) de que seria mais fácil encontrá-la em Goa, onde se havia refugiado após a Batalha de Diu, dada a doença do sultão
Hidalcão e a guerra entre os
sultanatos do Decão.
[33] investiu de surpresa na captura de
Goa ao
sultanato de Bijapur. Cumpriu assim outra missão do reino,
[34]
que não pretendia ser visto como eterno "hóspede" de Cochim, e cobiçava
Goa por ser o melhor porto comercial da região, entreposto de cavalos
árabes para os
sultanatos do Decão.
A primeira investida a Goa deu-se de
4 de Março a
20 de Maio de
1510.
Numa primeira ocupação, sentindo-se impossibilitado de segurar a cidade
dadas as más condições das suas fortificações, a retracção do apoio
inicial da população hindu e a insubordinação entre os seus após um
forte ataque de Ismail Adil Shah, Afonso de Albuqerque recusou um
vantajoso acordo de paz e abandonou-a em Agosto. A frota destroçada e
uma revolta palaciana em Cochim dificultavam a sua recuperação. Quando
chegaram novos navios do reino destinavam-se apenas a Malaca, sob o
comando do fidalgo
Diogo Mendes de Vasconcelos, a quem tinha sido dado o comando rival da região.
Apenas três meses depois, a 25 de Novembro, Albuquerque reapareceu em
Goa com uma frota totalmente renovada e Diogo Mendes de Vasconcelos,
contrariado, a seu lado com os reforços de Malaca
[35]
e trezentos malabaris. Em menos de um dia tomou posse de Goa a Ismail
Adil Shah e seus aliados otomanos, que se renderam a 10 de Dezembro.
Estima-se que 6.000 dos 9.000 defensores muçulmanos da cidade morreram,
quer na violenta batalha nas ruas ou afogados enquanto tentavam escapar.
[36]
Reconquistou o apoio da população hindu mas frustrou as expectativas de
Timoja, que ambicionava tornar-se governador da cidade: Afonso de
Albuquerque recompensou-o tornando-o representante do povo, como
intérprete conhecedor dos costumes locais.
[33]
Apesar de ataques constantes, Goa tornou-se o centro da presença
portuguesa, com a conquista a desencadear o respeito dos reinos
vizinhos: o
sultão de
Guzerate e o samorim de Calecute enviaram embaixadas, oferecendo alianças, concessões e locais para fortificar.
Perante queixas de escassez de moeda local, Albuquerque iniciou nesse ano em Goa a primeira
cunhagem de moeda portuguesa fora do reino, aproveitando a oportunidade para anunciar a conquista territorial.
[37] [38] A nova
moeda mantinha o peso, forma e tamanho das
moedas locais, mas apresentava numa face a cruz e na outra a
esfera armilar que D. Manuel então adoptara como símbolo.
[39]
Tomada de Malaca, 1511
"
A Famosa" porta da fortaleza de Malaca mandada construir por Afonso de Albuquerque após a conquista.
Em Fevereiro de 1511 chegou através de um mercador hindu chamado Nina
Chatu uma carta de Rui de Araújo, um dos prisioneiros portugueses em
Malaca, instando a avançar com a maior armada possível, e dando
pormenores sobre os procedimentos. Albuquerque mostrou-a a Diogo Mendes
de Vasconcelos, como argumento para avançar numa frota conjunta. Em
Abril de
1511,
após fortificar Goa, reuniu uma força de cerca de 900 portugueses e 200
mercenários hindus, com cerca de dezoito navios. Contrariando as ordens
do reino e sob os protestos de Diogo Mendes de Vasconcelos, que
reclamava para si o comando da expedição, zarpou de Goa para o
sultanato de Malaca[40] , preparado para a conquista e instado a libertar os portugueses,
[41] . Sob as suas ordens estava
Fernão de Magalhães, que participara na embaixada falhada de Diogo Lopes de Sequeira em 1509.
Após uma falsa partida em direcção ao Mar vermelho, contornou o cabo
Comorim dirigindo-se ao estreito de Malaca. Era a mais rica cidade que
os portugueses tentavam tomar, ponto mais importante a leste da rede
onde se encontravam mercadores malaios, guzerates, chineses, japoneses,
javaneses, bengaleses, persas e árabes, entre outros, num comércio
descrito por
Tomé Pires
como senso de valores inestimáveis. Apesar da riqueza, era uma cidade
com construções civis em madeira, com poucos edifícios em alvenaria. Em
contrapartida era defendida por um poderoso exército de mercenários e
artilharia, estimado em 20.000 homens e mais de 2000 peças. A sua maior
fraqueza era a impopularidade do governo do sultão
Mahmud Shah, que ao privilegiar os muçulmanos gerara insatisfação junto das dos restantes mercadores.
Albuquerque avançou com arrojo os navios para a cidade, ornamentados
com pendões e disparando salvas de canhão. Declarou-se então senhor de
toda a navegação, exigindo ao sultão que libertasse os prisioneiros
portugueses de 1509, que pagasse os danos causados e pedindo para
construir uma feitoria fortificada. O sultão acabou por libertar os
prisioneiros, mas sem se mostrar impressionado pelo pequeno contingente
português. Albuquerque incendiou então alguns navios do porto e quatro
edifícios costeiros, para testar a resposta do sultão.
A cidade era dividida pelo rio de Malaca, e ligada por uma ponte, um
ponto estratégico. A 25 de Julho ao amanhecer os portugueses
desembarcaram numa luta renhida, onde foram atacados com flechas
envenenadas, e ao entardecer tomaram a ponte, aguardando a reacção do
sultão, mas recolheram aos navios. Sentindo que o sultão não reagia,
preparam um junco alto que fora oferecido por mercadores chineses,
enchendo-o de homens, artilharia, sacos de areia. Comandado por
António de Abreu
fizeram-no subir o rio na maré alta, até à ponte, com sucesso: no dia
seguinte todo contingente tinha desembarcado. Investindo ferozmente,
derrubaram as barricadas que tinham sido construídas entretanto. De
súbito, o sultão finalmente apareceu, chefiando o seu exército de
elefantes de guerra para esmagar os invasores. Apesar do espanto, um dos
portugueses, Fernão Gomes de Lemos, aproximou-se e espicaçou um dos
animais com uma lança, fazendo-o erguer-se e recuar.
Outros portugueses imitaram-no e a frente de elefantes recuou em
pânico, derrubando o exército que os seguia, e o próprio sultão,
lançando o caos e dispersando-o.
[42]
Seguiu-se uma semana de calmaria. Albuquerque descansou os seus homens e
aguardou a reacção do sultão. Os mercadores aproximavam-se
sucessivamente, apelando aos portugueses por protecção. Foram-lhes dadas
bandeiras para assinalar os seus estabelecimentos, sinal de que não
seriam saqueados.
Em 24 de Agosto os portugueses atacaram de novo, mas o sultão e os
seus aliados guzerates haviam partido. Sob ordens firmes procedem ao
saque da cidade, respeitando as bandeiras, no que seria mesmo assim um
saque fabuloso.
Albuquerque permaneceu na cidade, construindo de imediato uma fortaleza, preparando as defesas contra um eventual contra-ataque
malaio[41]
, distribuindo os seus homens por turnos e utilizando as pedras da
mesquita e do cemitério. Apesar dos atrasos causados pelo calor e pela
malária, foi concluída em Novembro de 1511, e ficou conhecida como "
a famosa",
de que hoje sobrevive a porta. Terá sido então que Albuquerque mandou
gravar uma grande pedra com os nomes dos principais participantes na
conquista. Como se gerou grande discussão sobre a ordem em que deveriam
surgir, Albuquerque tê-la-á mandado assentar voltada para a parede,
apenas com a inscrição
Lapidem quem reprobaverunt aedificantes. ("a pedra que os construtores rejeitaram", em latim da profecia de David, Salmos 118:22-23) na frente.
[43]
Em Malaca Albuquerque estabeleceu a administração portuguesa,
nomeando Rui de Araújo feitor e designando Nina Chatu para substituir o
anterior
bendahara, como representante da população "kafir" e
conselheiro. Além de auxiliar na governação da cidade e cunhagem de
moeda, este forneceu também o juncos onde seguiram diversas missões
diplomáticas.
[44]
Simultaneamente, prendeu e executou impiedosamente o poderoso mercador
javanês Utimuta Raja, a quem fora dado o cargo de representante da
população javanesa, mas que manteve contactos com a família real no
exílio.
Missões diplomáticas a partir de Malaca
Missões diplomáticas a Pegu, Sumatra e Sião, 1511
Em Malaca Albuquerque investiu simultaneamente em esforços
diplomáticos demonstrando ampla generosidade com os mercadores do
sudeste asiático, como os chineses, na esperança de que estes fizessem
eco das boas relações com os portugueses. Enviou várias missões aos
territórios vizinhos: Rui Nunes da Cunha foi enviado para
Pegu (actual
Myanmar), com o rei Binyaram a enviar um emissário a Cochim em 1514
[45] [46] e, conhecendo as ambições siamesas sobre Malaca, imediatamente enviou
Duarte Fernandes em missão diplomática ao
Reino do Sião (actual
Tailândia),
onde foi o primeiro europeu a chegar viajando num junco chinês que
retornava à China, estabelecendo relações amigáveis entre os reinos de
Portugal e do Sião.
[47]
Chegada às Molucas, as "ilhas das especiarias", 1512
Ainda em Novembro desse ano, ao tomar conhecimento da localização
secreta das chamadas "ilhas das especiarias", ordenou a partida dos
primeiros navios portugueses para o
sudeste asiático, comandado pelo seu homens de confiança
António de Abreu e por
Francisco Serrão, guiados por pilotos malaios.
[41] Estes são os primeiros europeus a chegar às
Ilhas Banda nas
Molucas. A nau de Serrão encalhou próximo a Ceram e o sultão de
Ternate,
Abu Lais, entrevendo uma oportunidade de aliar-se com uma poderosa
nação estrangeira, trouxe os tripulantes para Ternate em 1512. A partir
de então os portugueses foram autorizados a erguer uma fortificação-
feitoria na ilha, na passagem para o oceano Pacífico: o
Forte de São João Baptista de Ternate.
Contactos com a China, 1513
No início de
1513, navegando a partir de
Pegu numa missão ordenada por Afonso de Albuquerque
Jorge Álvares obteve autorização para aportar na
Ilha de Lintin, no delta do
rio das Pérolas, no sul da
China. Pouco depois Afonso de Albuquerque enviou
Rafael Perestrelo ao sul da China, procurando estabelecer relações comerciais com a
Dinastia Ming. Em navios de Malaca, Rafael navegou até Cantão (
Guangzhou) em 1513 e de novo em 1515-1516 para aí comerciar com mercadores chineses. Estas expedições, junto com as realizadas por
Tomé Pires e
Fernão Pires de Andrade, foram os primeiros contactos diplomáticos e comerciais directos de europeus com a China.
[48]
Naufrágio na Flor de la Mar
Réplica do navio "Flor de la mar", no Museu Marítimo de Malaca
Na noite de 20 de Novembro de
1511,
após quase um ano de permanência em Malaca, navegando de regresso à
Índia com o valioso espólio da conquista de Malaca, uma tempestade fez
naufragar a velha nau
Frol de la mar
onde seguia Afonso de Albuquerque. O naufrágio fez numerosas vítimas,
Albuquerque salvou-se em condições difíceis "apenas com a roupa que
trazia", com auxílio de uma jangada improvisada. Perdeu-se o valioso
saque da conquista de Malaca, presentes do rei do Sião para o rei de
Portugal e toda a sua fortuna.
[41] [50]
Albuquerque voltou de Malaca para Cochim. Não navegara para Goa,
porque enfrentava uma grave revolta liderada pelas forças de Ismael Adil
Shah,
sultão de Bijapur,
liderada por Rasul Khan com a ajuda de alguns dos seus compatriotas.
Enquanto se ausentara em Malaca, os portugueses que se opunham à tomada
de Goa tinham renunciado à posse, tendo mesmo escrito ao rei, afirmando
que seria melhor deixá-la. Impedido de navegar pela
monção e com poucas forças disponíveis, teve que esperar a chegada de duas frotas com reforços, de seu sobrinho D.
Garcia de Noronha e de Jorge de Melo Pereira.
Em 10 de Setembro de 1512, Albuquerque partiu de Cochim para Goa com
quatorze navios transportando 1.700 soldados. Determinado a recuperar a
fortaleza, preparou trincheiras e o derrube da muralha, mas na manhã do
ataque planeado, Rasul Khan rendeu-se. Albuquerque exigiu a devolução do
forte com toda a artilharia, munições e cavalos, e que os desertores
fossem entregues. Alguns tinham-se juntado a Rasul Khan ao serem
forçados a fugir Goa em Maio de 1510, outros durante o recente cerco.
Rasul Khan consentiu, na condição de que as suas vidas fossem poupadas,
abandonando Goa. Albuquerque manteve a sua palavra, mas puniu-os
mutilando-os horrivelmente. Um dos renegados foi
Fernão Lopes, enviado sob custódia para Portugal, que fugiu na
ilha de Santa Helena levando uma vida de "
Robinson Crusoé" por muitos anos. Após estas medidas fez da cidade o mais florescente dos assentamentos portugueses na Índia.
Regresso ao Mar Vermelho, 1513
Em Dezembro de 1512 chegara a Goa
Mateus, um embaixador da
Etiópia.
Fora enviado pela rainha regente Eleni da Etiópia, na sequência da
chegada dos enviados de Tristão da Cunha vindos de Socotra em 1507.
Seguira como embaixador para o rei D. Manuel I de Portugal e ao Papa, em
busca de uma aliança para fazer face ao crescente poder otomano na
região. Apesar da desconfiança de alguns, que o consideravam um impostor
ou espião muçulmano, Albuquerque recebeu-o com honras e imediatamente
avisou o rei, que por sua vez informou da sua chegada o Papa
Leão X em 1513. Visto como o muito esperado contacto com o lendário
Preste João e com
Pêro da Covilhã, Mateus foi enviado por Albuquerque de Cananor para Portugal.
[51] [52]
Em Fevereiro de 1513, enquanto que Mateus estava em Portugal, Albuquerque zarpou para o
Mar Vermelho
com uma força de cerca de 1000 portugueses e 400 malabares. Estava,
desde o início, investido sob ordens do reino na missão de garantir o
domínio deste canal para Portugal. A árida ilha de
Socotra revelara-se ineficaz para controlar a entrada do Mar Vermelho e fora abandonada. A sugestão de Albuquerque que
Massawa poderia tornar-se uma boa base portuguesa pode ter sido influenciada pelos contactos com Mateus.
[53] Sabendo que os
mamelucos preparavam uma segunda frota no
Suez, quis avançar antes dos reforços chegarem a
Áden e, assim, sitiou a cidade.
[54]
Aden era uma cidade fortificada e, apesar de seguir equipado com
escadas de assalto estas quebraram. Após meio dia dura batalha as forças
de Albuquerque acabaram por retirar. Cruzaram então o Mar Vermelho no
interior do estreito
Bab-el-Mandeb, como a primeira frota europeia a ter navegado nessas águas. Albuquerque tentara chegar a
Jeddah, mas os ventos eram desfavoráveis e em Maio recolheram à ilha de
Kamaran,
até que a doença e falta de água doce os forçou a partir. Em Agosto de
1513, após uma segunda tentativa para chegar a Áden, voltaram para a
Índia, sem resultados significativos. Tentando destruir o poder do
Egipto, consta que Albuquerque ponderou a ideia de desviar o
rio Nilo
para secar todo o país. Entre as intenções mais demonstrativas do seu
temperamento destaca-se o plano de roubar o corpo do profeta
Maomé, sequestrando-o como penhor enquanto todos os muçulmanos não abandonassem a
Terra Santa.
[55] [56]
Administração e diplomacia em Goa 1514
Em
1514 na
Índia Afonso de Albuquerque dedicou-se à administração e
diplomacia, a concluir a paz com
Calecute, a receber
embaixadas
e a consolidar e embelezar Goa, estimulando os casamentos com locais.
Na época poucas portuguesas chegavam ao Índico e, desde 1511 o governo
português incentivou os casamentos dos seus homens com locais, numa
política definida por Albuquerque. Para promover a fixação, o rei de
Portugal atribuía o estatuto de homem livre e isenção de pagamento de
impostos à Coroa aos então conhecidos como "casados", ou "homens casados
" que se aventuravam a estabelecer-se no exterior. Com o encorajamento
de Albuquerque, e apesar de grande oposição, os casamentos mistos
floresceram. Frequentemente nomeou locais para cargos da administração
portuguesa e não interferiu nas tradições, com excepção do "
sati", a imolação das viúvas, que proibiu.
No início de 1514 foi enviada ao
Papa Leão X a embaixada faustosíssima do rei Manuel I, liderada por
Tristão da Cunha,
que percorreu as ruas da cidade numa extravagante procissão de animais
das colónias e riquezas das Índias que impressionaram a Europa. Nesse
ano, Afonso de Albuquerque enviara embaixadores ao Sultão Muzafar II de
Cambaia (Guzerate), pedindo autorização para construir uma
fortaleza em Diu. A missão voltou sem acordo, mas foram trocados presentes diplomáticos, incluindo um
Rinoceronte-indiano. Albuquerque enviou-o ao Rei D. Manuel I,
[57]
que por sua vez o enviou como presente ao Papa Leão X. Contudo morreu
num naufrágio na costa italiana. Com base numa descrição escrita e num
breve esboço, o pintor alemão
Albrecht Dürer criou então o famoso
rinoceronte de Dürer
sem jamais ter visto o rinoceronte real, que foi o primeiro exemplar
visto na Europa desde os tempos romanos. O seu prestígio chegara ao
auge, criando as bases do
Império Português no Oriente e sendo «
Chamado o Grande pelas heroicas façanhas com que encheu de admiração a Europa e de pasmo e terror a Ásia».
[58]
Conquista de Ormuz e últimos dias, 1515
Em 1513 após regressar do Mar Vermelho, já em Cananor, Albuquerque fora visitado por um embaixador do xá
Ismail I Safávida da
Pérsia, que enviara embaixadores a Guzerate, Ormuz e Bijapur. O embaixador enviado a
Bijapur visitou Albuquerque convidando-o a nomear um enviado de volta para a Pérsia. Miguel Ferreira foi enviado através de Ormuz para
Tabriz, onde manteve várias conversações com o
xá
Ismail sobre os objetivos comuns de derrotar o sultão mameluco. Tendo
retornado com ricos presentes e um embaixador, em Março de 1515 no
regresso foram recebidos por Albuquerque em Ormuz, onde veio de
estabelecer o seu domínio.
[59] A ilha no
Golfo Pérsico rendeu-se-lhe sem resistência. Aí permaneceu, concluindo a construção da fortaleza de Ormuz em
1515, investindo em esforços diplomáticos para o seu plano de domínio dos pontos estratégicos que permitiam o controlo marítimo e o
monopólio
comercial da Índia e a receber enviados, mas cada vez mais doente. Em
Novembro de 1515, decidiu voltar, mas não sobreviveu à viagem.
A carreira de Afonso de Albuquerque teve um final doloroso e
ignominioso. Na corte portuguesa tinha vários inimigos que não perdiam a
oportunidade de espicaçar a inveja do rei D. Manuel I contra ele,
insinuando que pretendia a independência do poder na Índia. A sua
conduta, por vezes imprudente e tirânica, serviu estes fins na
perfeição. No regresso de Ormuz, à entrada do porto de Goa, cruzou-se
com um navio vindo da europa que trazia a notícia da sua substituição
pelo seu inimigo pessoal
Lopo Soares de Albergaria,
líder do grupo que se lhe opusera quando da substituição do vice-rei. O
golpe foi demasiado para Afonso de Albuquerque, que morreu no mar a 16
de Dezembro de 1515.
[60]
É-lhe atribuída a frase de "Mal com el-rei por amor dos homens, mal
com os homens por amor de el-rei.", que terá exclamado ao saber da
notícia. Pouco antes de morrer, em resposta a uma carta do rei
admoestando-o pelos gastos e conquistas excessivas, e por não se ter
dedicado ao objectivo inicial, escreveu uma carta ao rei em tom digno e
afectuoso, assumindo a sua conduta e pedindo para o seu filho natural as
honras e recompensas que eram justamente devidas a si próprio:
“ |
"Senhor.
– Eu nam escrevo a vos alteza per minha mão, porque, quando esta faço,
tenho muito grande saluço, que he sinal de morrer: eu, senhor, deixo quá
ese filho per minha memória, a que deixo toda minha fazemda, que he
assaz de pouca, mas deixo lhe a obrigaçam de todos meus seruiços, que he
mui grande: as cousas da india ellas falarám por mim e por elle: deixo a
india com as principaes cabeças tomadas em voso poder, sem nela ficar
outra pendença senam cerrar se e mui bem a porta do estreito; isto he o
que me vosa alteza encomendou: eu, senhor, vos dey sempre por comselho,
pera segurar de lá india, irdes vos tirando de despesas: peçoa vos
alteza por mercee que se lembre de tudo isto, e que me faça meu filho
grande, e lhe dè toda satisfaçam de meu seruiço: todas minhas confianças
pus nas mãs de vos alteza e da senhora Rainha, a elles m emcomemdo, que
façam minhas cousas grandes, pois acabo em cousas de voso seruiço, e
por elles vollo tenho merecido; e as minhas tenças, as quaes comprey
pela maior parte, como vossa alteza sabe, beijar lh ey as mãos pollas em
meu filho: escrita no mar a 6 dias de dezembro de 1515. Afomso
dalboquerque" carta de Afonso de Albuqerque ao rei D. Manuel I[61] |
” |
O rei D. Manuel I enviara Lopo Soares de Albergaria em Março de 1515.
Contudo em Agosto, através de contactos em Veneza, soube que o sultão
mameluco do cairo, incomodado com os avanços no Mar Vermelho, preparara
no Suez uma frota com homens e artilharia prontos para investir contra
os portugueses na Índia e, principalmente, em Ormuz. Temendo os efeitos e
arrependido de ter substituído Albuquerque, escreveu de imediato a Lopo
Soares, pedindo-lhe que caso já tivesse iniciado a governação
devolvesse a Albuquerque o comando das operações, provendo-o de meios
para que este pudesse combater as forças rivais. Contudo quando a carta
chegou, Albuquerque já havia falecido.
[62]
Segundo Brás de Albuquerque, antes e morrer Albuquerque pediu para vestir o manto da
Ordem militar de Santiago, "já que era
comendador".
Em Goa o seu corpo foi recebido por uma multidão que não acreditava que
Albuquerque tivesse morrido. Assim foi sepultado na igreja de Nossa
Senhora da Serra em
Goa»
[63] que mandara edificar em 1513, em cumprimento de um voto por se ter salvo com a sua nau "de uns baixios" na ilha de
Kamaran (esta igreja foi demolida entre 1811 e 1842, durante o breve período de domínio britânico de Goa).
[64] Em 1566, passados 51 anos, «foi trasladado, como dispusera seu testamento
[65] , ao
convento de Nossa Senhora da Graça dos Religiosos Eremitas de Santo Agostinho da corte, para onde foi conduzido em
19 de Maio de 1566 com pompa».
[66] A igreja da Graça ruiu com o
terramoto de Lisboa de 1755 e foi reconstruida, perdendo-se o rasto do túmulo original.
Legado e descendência
“
. . . . . . o grande Cavaleiro,
Que ao vento velas deu na ocídua parte,
E lá, onde infante o Sol dá luz primeiro,
Fixou das Quinas santas o Estandarte.
E com afronta do infernal guerreiro,
(Mercê do Céu) ganhou por força, e arte
O áureo Reino, e trocou com pio exemplo
A profana mesquita em sacro templo.
* * * *
O tempo chega, Afonso, em que a santa
Sião terá por vós a liberdade,
A Monarquia, que hoje o Céu levanta,
Devoto consagrando à eternidade.
Ó bem nascida generosa planta,
Que em flor fruto há-de dar à Cristandade,
E matéria a mil cisnes, que, cantando
De vós, se irão convosco eternizando.
De Cristo a injusta morte vingou Tito
Na de Jerusalém total ruína:
E a vós, a quem Deus deu um peito invito,
Ser vingador de sua Fé destina.
Extinguir do Agareno o falso rito
É de vosso valor a empresa dina:
Tomai pois o bastão da empresa grande
Para o tempo que o Céu marchar vos mande.
” |
- — Malaca Conquistada pelo grande Afonso de Albuquerque (1634), poema épico de Francisco de Sá de Meneses.[67]
|
- O rei D. Manuel I de Portugal, reconhecendo demasiado tarde a sua
fidelidade, procurou reparar a injustiça com que fora tratado cumulando
de honras o seu filho natural Brás de Albuquerque (1500—1580)[68] , cumprindo assim o último pedido de Afonso de Albuquerque. Baptizado Brás, este mudou o nome para Afonso «por insinuação do rei D. Manuel, querendo este Príncipe igualmente eternizar na sua pessoa a memória de seu ilustre progenitor».
- Em 1557 Brás de Albuquerque publicou uma selecção dos documentos de seu pai sob o título "Commentarios
de Afonso dAlboquerque capitão geral & gouernador da India,
colligidos... das proprias cartas que elle escreuia ao muyto poderoso
Rey Dõ Manuel". Seriam impressos segunda vez em 1576, com o título "Comentários do Grande Afonso de Albuquerque".
Nessa segunda edição, com já mais de 70 anos, Brás de Albuquerque
corrigira e completara a informação, como afirma na dedicatória ao rei
D. Sebastião de Portugal
- Em 1572 os feitos de Albuquerque foram celebrados por Luís Vaz de Camões em "Os Lusíadas", Canto X (estrofes 40 a 49).
- O poema heróico de Francisco de Sá de Meneses, Malaca Conquistada pelo grande Afonso de Albuquerque, em 12 Cantos e oitava rima, é publicado pela primeira vez em 1634.
- Em 1932 Fernando Pessoa retrata Albuquerque na obra "Mensagem" no capítulo a que chama Brasão, como uma asa do grifo simbólico do império português, sendo a outra D. João II de Portugal e a cabeça o Infante D. Henrique.
- Uma extraordinária e cara variedade de manga que Afonso de Albuquerque costumava trazer das suas viagens à Índia foi nomeada em sua honra e ainda hoje é vendida em todo o mundo como manga Afonso.[69]
Foram impressas duas séries de notas, de 5, 10, 20, 50, 100 e 500
rupias e de 30$00, 60$00, 100$00, 300$00, 600$00 e 1.000$00 da
Índia com a sua imagem.
Títulos e honras
Braão de Armas do Duque de Goa.
Em 1515, com o fim do seu mandato de
Governador, Afonso de Albuquerque foi agraciado pelo Rei
D. Manuel I com os títulos de
Vice-Rei da Índia,
Duque de Goa e
Senhor do Mar Vermelho e o título e tratamento de
Dom.
O título de
Vice-Rei estava apenas vago desde 1510, ano da morte de
D. Francisco de Almeida, 1º
Vice-Rei da Índia, não tendo por isso sido concedido a Afonso de Albuquerque quando foi nomeado
Governador em 1509.
[nota 1]
O título de
Duque de Goa foi o primeiro título nobiliárquico de
Duque concedido em
Portugal fora da
Família Real e o primeiro referente a um local fora do Reino. A Casa de Goa veio a extinguir-se, por efeito da
Lei Mental, com a morte sem descendência varonil do 2º duque,
D. Afonso Brás de Albuquerque, filho único do Vice-Rei D. Afonso de Albuquerque.
[70]
Notas
Importa diferenciar o título de Vice-Rei do cargo de Governador.
Afonso de Albuquerque
As incursões no Oriente por parte dos portugueses foi algo nunca igualado.
Com um pequeno conjunto de homens, os portugueses venceram um
conjunto de potências armadas, conquistando poderosos reinos como os de
Ormuz, Goa e Málaca.
Dentre os heróis portugueses no Oriente destaca-se
Afonso de Albuquerque, um dos maiores génios militares e administrativos, cujas façanhas se tornaram lendárias em todo o mundo de então.
[ Editar ]Biografia de Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque, era um homem de média estatura, com rosto
comprido e corado, e de nariz um pouco grande. Usava sempre a barba
muito comprida que lhe dava grande veneração.
Era um homem dotado de um inquebrantável espírito de justiça, sempre
bondoso, piedoso para com os pobres e muito paciente para suportar os
sofrimentos que constantemente o assaltavam, devido à inveja e
incompreensão dos homens.
Sofreu principalmente devido ao desprezo por parte de D. Manuel, rei
de Portugal, que não se mostrou à altura do grande homem que governava.
Sendo alguém honesto, dedicado ao Rei e ao seu país, Albuquerque
viveu na Índia escravizado aos planos grandiosos que levara para aí.
Dentre
os heróis portugueses no Oriente destaca-se Afonso de Albuquerque, um
dos maiores génios militares e administrativos (Autor: Imagem em domínio
público)
Nos seis anos de governo, sempre confrontado com a falta de homens,
de navios e de dinheiro, bem como pela estreiteza de vistas e pelas
suspeitas do rei, Afonso de Albuquerque tornou-se alguém conhecido desde
a Arábia até a China tendo-se apossado das chaves do Oceano Índico.
Embaixadores da Pérsia, o Sião e a Abissínia vinham até si pedindo a
sua amizade, ao mesmo tempo em que uma dúzia de reizetes indianos,
inquietos, se informavam dos seus desejos, por meio de embaixadas
respeitosas.
[ Editar ]A Vida de Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque foi o terceiro filho de Gonçalo de Albuquerque e
de D.ª Leonor de Meneses. Não se sabe exatamente onde e quando nasceu,
mas calcula-se que tenha sido entre 1461 e 1462.
Nada se sabe também de sua infância, mas pensa-se que durante esse
período recebeu instrução escolar de topo, aprendendo o latim e
estudando os clássicos.
A primeira referência a Afonso de Albuquerque ocorre em 1476, na
batalha de Toro, contra os castelhanos, ao lado de D. João II e depois,
em Arzila, na África.
Pela experiência que demonstrará mais tarde, tanto na arte da
navegação quanto na militar, deduz-se que ele passou parte da mocidade
na África.
[ Editar ]Carreira Militar de Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque entrou verdadeiramente para a História em 1506,
quando comandava uma frota incorporada à de seu primo Tristão da Cunha.
Já antes ele tinha estado na Índia com outro primo, Francisco de
Albuquerque, na armada de 1503, mas nada de notável acerca dele chegou
ao nosso conhecimento.
Mas desta vez a sua missão era a de vigiar a boca do Mar Vermelho,
para impedir que dali saísse algum inimigo que importunasse as
conquistas portuguesas na Índia.
Após separar-se de Tristão da Cunha, começou a formidável carreira de
Afonso de Albuquerque, que contava nessa época apenas com seis barcos e
460 homens, dos quais alguns estavam doentes, e escassos mantimentos
para 15 dias. No entanto, com ousadia e determinação conquistou várias
cidades das costas da África e Ásia, inclusive a opulenta Ormuz, na
entrada do Mar Vermelho, por onde passava todo o comércio do Oriente.
Outra conquista notável foi a conquista de Goa. Após tomar sem grande
esforço a fortaleza de Pangim, Albuquerque entrou em Goa praticamente
sem dar um tiro.
Mas as coisas não seriam assim tão simples. Dois meses depois, Afonso
de Albuquerque precisou de abandonar Goa, após uma heróica luta contra
os exércitos de Hidalcão, soberano destronado, que voltou para resgatar
sua cidade com 60 mil turcos, mouros e indianos, 5 mil a cavalo.
No entanto, Albuquerque reapareceu no mês de novembro seguinte com 20
velas, no dia 25, festa de Santa Catarina, a quem atribuiu depois a
vitória. Entrou novamente na cidade, apesar de esta se encontrar
fortemente defendida, e após uma luta renhida, Goa voltou ao domínio dos
portugueses, tornando-se, durante cinco séculos, numa das maiores
glórias lusas no ultramar.
Depois disso, Afonso de Albuquerque, juntamente com 1400 soldados
portugueses, lutou contra um exército de 30 mil homens, conquistando
Málaca ao fim de 15 dias de luta.
[ Editar ]Afonso de Albuquerque um Herói Incompreendido
Apesar de se ter tornado governador da Índia, havia na sua
administração homens que estavam diretamente ligados ao rei, e que por
isso não tinham que prestar contas ao governador. Por isso, eles tinham
constantes rixas com Afonso de Albuquerque, que desejava que as coisas
fossem feitas de forma ordenada.
Mas esses desentendimentos valeram-lhe uma série de cartas enviadas
pelos outros administradores ao rei, criticando o grande general.
Infelizmente, D. Manuel I acabou dando ouvidos a esses descontentes,
enviando então como substituto de Afonso de Albuquerque o seu pior
inimigo.
Esse golpe fez com que Afonso de Albuquerque perdesse a vontade de
viver, acabando por morrer vencido pelo desânimo. Após a sua morte,
Afonso de Albuquerque foi chorado pelos vários povos que ele tinha
administrado, sendo para sempre recordado como grande militar, mas mais
importante, como um grande homem.
- See more at: http://www.historiadeportugal.info/afonso-de-albuquerque/#sthash.Cm6I15SK.dpuf
Afonso de Albuquerque
As incursões no Oriente por parte dos portugueses foi algo nunca igualado.
Com um pequeno conjunto de homens, os portugueses venceram um
conjunto de potências armadas, conquistando poderosos reinos como os de
Ormuz, Goa e Málaca.
Dentre os heróis portugueses no Oriente destaca-se
Afonso de Albuquerque, um dos maiores génios militares e administrativos, cujas façanhas se tornaram lendárias em todo o mundo de então.
[ Editar ]Biografia de Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque, era um homem de média estatura, com rosto
comprido e corado, e de nariz um pouco grande. Usava sempre a barba
muito comprida que lhe dava grande veneração.
Era um homem dotado de um inquebrantável espírito de justiça, sempre
bondoso, piedoso para com os pobres e muito paciente para suportar os
sofrimentos que constantemente o assaltavam, devido à inveja e
incompreensão dos homens.
Sofreu principalmente devido ao desprezo por parte de D. Manuel, rei
de Portugal, que não se mostrou à altura do grande homem que governava.
Sendo alguém honesto, dedicado ao Rei e ao seu país, Albuquerque
viveu na Índia escravizado aos planos grandiosos que levara para aí.
Dentre
os heróis portugueses no Oriente destaca-se Afonso de Albuquerque, um
dos maiores génios militares e administrativos (Autor: Imagem em domínio
público)
Nos seis anos de governo, sempre confrontado com a falta de homens,
de navios e de dinheiro, bem como pela estreiteza de vistas e pelas
suspeitas do rei, Afonso de Albuquerque tornou-se alguém conhecido desde
a Arábia até a China tendo-se apossado das chaves do Oceano Índico.
Embaixadores da Pérsia, o Sião e a Abissínia vinham até si pedindo a
sua amizade, ao mesmo tempo em que uma dúzia de reizetes indianos,
inquietos, se informavam dos seus desejos, por meio de embaixadas
respeitosas.
[ Editar ]A Vida de Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque foi o terceiro filho de Gonçalo de Albuquerque e
de D.ª Leonor de Meneses. Não se sabe exatamente onde e quando nasceu,
mas calcula-se que tenha sido entre 1461 e 1462.
Nada se sabe também de sua infância, mas pensa-se que durante esse
período recebeu instrução escolar de topo, aprendendo o latim e
estudando os clássicos.
A primeira referência a Afonso de Albuquerque ocorre em 1476, na
batalha de Toro, contra os castelhanos, ao lado de D. João II e depois,
em Arzila, na África.
Pela experiência que demonstrará mais tarde, tanto na arte da
navegação quanto na militar, deduz-se que ele passou parte da mocidade
na África.
[ Editar ]Carreira Militar de Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque entrou verdadeiramente para a História em 1506,
quando comandava uma frota incorporada à de seu primo Tristão da Cunha.
Já antes ele tinha estado na Índia com outro primo, Francisco de
Albuquerque, na armada de 1503, mas nada de notável acerca dele chegou
ao nosso conhecimento.
Mas desta vez a sua missão era a de vigiar a boca do Mar Vermelho,
para impedir que dali saísse algum inimigo que importunasse as
conquistas portuguesas na Índia.
Após separar-se de Tristão da Cunha, começou a formidável carreira de
Afonso de Albuquerque, que contava nessa época apenas com seis barcos e
460 homens, dos quais alguns estavam doentes, e escassos mantimentos
para 15 dias. No entanto, com ousadia e determinação conquistou várias
cidades das costas da África e Ásia, inclusive a opulenta Ormuz, na
entrada do Mar Vermelho, por onde passava todo o comércio do Oriente.
Outra conquista notável foi a conquista de Goa. Após tomar sem grande
esforço a fortaleza de Pangim, Albuquerque entrou em Goa praticamente
sem dar um tiro.
Mas as coisas não seriam assim tão simples. Dois meses depois, Afonso
de Albuquerque precisou de abandonar Goa, após uma heróica luta contra
os exércitos de Hidalcão, soberano destronado, que voltou para resgatar
sua cidade com 60 mil turcos, mouros e indianos, 5 mil a cavalo.
No entanto, Albuquerque reapareceu no mês de novembro seguinte com 20
velas, no dia 25, festa de Santa Catarina, a quem atribuiu depois a
vitória. Entrou novamente na cidade, apesar de esta se encontrar
fortemente defendida, e após uma luta renhida, Goa voltou ao domínio dos
portugueses, tornando-se, durante cinco séculos, numa das maiores
glórias lusas no ultramar.
Depois disso, Afonso de Albuquerque, juntamente com 1400 soldados
portugueses, lutou contra um exército de 30 mil homens, conquistando
Málaca ao fim de 15 dias de luta.
[ Editar ]Afonso de Albuquerque um Herói Incompreendido
Apesar de se ter tornado governador da Índia, havia na sua
administração homens que estavam diretamente ligados ao rei, e que por
isso não tinham que prestar contas ao governador. Por isso, eles tinham
constantes rixas com Afonso de Albuquerque, que desejava que as coisas
fossem feitas de forma ordenada.
Mas esses desentendimentos valeram-lhe uma série de cartas enviadas
pelos outros administradores ao rei, criticando o grande general.
Infelizmente, D. Manuel I acabou dando ouvidos a esses descontentes,
enviando então como substituto de Afonso de Albuquerque o seu pior
inimigo.
Esse golpe fez com que Afonso de Albuquerque perdesse a vontade de
viver, acabando por morrer vencido pelo desânimo. Após a sua morte,
Afonso de Albuquerque foi chorado pelos vários povos que ele tinha
administrado, sendo para sempre recordado como grande militar, mas mais
importante, como um grande homem.
- See more at: http://www.historiadeportugal.info/afonso-de-albuquerque/#sthash.Cm6I15SK.dpuf
Afonso de Albuquerque
As incursões no Oriente por parte dos portugueses foi algo nunca igualado.
Com um pequeno conjunto de homens, os portugueses venceram um
conjunto de potências armadas, conquistando poderosos reinos como os de
Ormuz, Goa e Málaca.
Dentre os heróis portugueses no Oriente destaca-se
Afonso de Albuquerque, um dos maiores génios militares e administrativos, cujas façanhas se tornaram lendárias em todo o mundo de então.
[ Editar ]Biografia de Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque, era um homem de média estatura, com rosto
comprido e corado, e de nariz um pouco grande. Usava sempre a barba
muito comprida que lhe dava grande veneração.
Era um homem dotado de um inquebrantável espírito de justiça, sempre
bondoso, piedoso para com os pobres e muito paciente para suportar os
sofrimentos que constantemente o assaltavam, devido à inveja e
incompreensão dos homens.
Sofreu principalmente devido ao desprezo por parte de D. Manuel, rei
de Portugal, que não se mostrou à altura do grande homem que governava.
Sendo alguém honesto, dedicado ao Rei e ao seu país, Albuquerque
viveu na Índia escravizado aos planos grandiosos que levara para aí.
Dentre
os heróis portugueses no Oriente destaca-se Afonso de Albuquerque, um
dos maiores génios militares e administrativos (Autor: Imagem em domínio
público)
Nos seis anos de governo, sempre confrontado com a falta de homens,
de navios e de dinheiro, bem como pela estreiteza de vistas e pelas
suspeitas do rei, Afonso de Albuquerque tornou-se alguém conhecido desde
a Arábia até a China tendo-se apossado das chaves do Oceano Índico.
Embaixadores da Pérsia, o Sião e a Abissínia vinham até si pedindo a
sua amizade, ao mesmo tempo em que uma dúzia de reizetes indianos,
inquietos, se informavam dos seus desejos, por meio de embaixadas
respeitosas.
[ Editar ]A Vida de Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque foi o terceiro filho de Gonçalo de Albuquerque e
de D.ª Leonor de Meneses. Não se sabe exatamente onde e quando nasceu,
mas calcula-se que tenha sido entre 1461 e 1462.
Nada se sabe também de sua infância, mas pensa-se que durante esse
período recebeu instrução escolar de topo, aprendendo o latim e
estudando os clássicos.
A primeira referência a Afonso de Albuquerque ocorre em 1476, na
batalha de Toro, contra os castelhanos, ao lado de D. João II e depois,
em Arzila, na África.
Pela experiência que demonstrará mais tarde, tanto na arte da
navegação quanto na militar, deduz-se que ele passou parte da mocidade
na África.
[ Editar ]Carreira Militar de Afonso de Albuquerque
Afonso de Albuquerque entrou verdadeiramente para a História em 1506,
quando comandava uma frota incorporada à de seu primo Tristão da Cunha.
Já antes ele tinha estado na Índia com outro primo, Francisco de
Albuquerque, na armada de 1503, mas nada de notável acerca dele chegou
ao nosso conhecimento.
Mas desta vez a sua missão era a de vigiar a boca do Mar Vermelho,
para impedir que dali saísse algum inimigo que importunasse as
conquistas portuguesas na Índia.
Após separar-se de Tristão da Cunha, começou a formidável carreira de
Afonso de Albuquerque, que contava nessa época apenas com seis barcos e
460 homens, dos quais alguns estavam doentes, e escassos mantimentos
para 15 dias. No entanto, com ousadia e determinação conquistou várias
cidades das costas da África e Ásia, inclusive a opulenta Ormuz, na
entrada do Mar Vermelho, por onde passava todo o comércio do Oriente.
Outra conquista notável foi a conquista de Goa. Após tomar sem grande
esforço a fortaleza de Pangim, Albuquerque entrou em Goa praticamente
sem dar um tiro.
Mas as coisas não seriam assim tão simples. Dois meses depois, Afonso
de Albuquerque precisou de abandonar Goa, após uma heróica luta contra
os exércitos de Hidalcão, soberano destronado, que voltou para resgatar
sua cidade com 60 mil turcos, mouros e indianos, 5 mil a cavalo.
No entanto, Albuquerque reapareceu no mês de novembro seguinte com 20
velas, no dia 25, festa de Santa Catarina, a quem atribuiu depois a
vitória. Entrou novamente na cidade, apesar de esta se encontrar
fortemente defendida, e após uma luta renhida, Goa voltou ao domínio dos
portugueses, tornando-se, durante cinco séculos, numa das maiores
glórias lusas no ultramar.
Depois disso, Afonso de Albuquerque, juntamente com 1400 soldados
portugueses, lutou contra um exército de 30 mil homens, conquistando
Málaca ao fim de 15 dias de luta.
[ Editar ]Afonso de Albuquerque um Herói Incompreendido
Apesar de se ter tornado governador da Índia, havia na sua
administração homens que estavam diretamente ligados ao rei, e que por
isso não tinham que prestar contas ao governador. Por isso, eles tinham
constantes rixas com Afonso de Albuquerque, que desejava que as coisas
fossem feitas de forma ordenada.
Mas esses desentendimentos valeram-lhe uma série de cartas enviadas
pelos outros administradores ao rei, criticando o grande general.
Infelizmente, D. Manuel I acabou dando ouvidos a esses descontentes,
enviando então como substituto de Afonso de Albuquerque o seu pior
inimigo.
Esse golpe fez com que Afonso de Albuquerque perdesse a vontade de
viver, acabando por morrer vencido pelo desânimo. Após a sua morte,
Afonso de Albuquerque foi chorado pelos vários povos que ele tinha
administrado, sendo para sempre recordado como grande militar, mas mais
importante, como um grande homem.
- See more at: http://www.historiadeportugal.info/afonso-de-albuquerque/#sthash.Cm6I15SK.dpuf