sábado, 10 de janeiro de 2015

OS HERÓIS DA LANCHA VEGA - INVASÃO DE DIU

Memórias de um Nobre Povo - Guerra Colonial
OS HERÓIS DA LANCHA VEGA - INVASÃO DE DIU
Memórias de um Nobre Povo pretende ser um apartado dentro da secção "Guerra Colonial" do meu Blog Revelações, que faça uma homenagem aos nossos militares e ao nosso povo que teve de batalhar pela nossa Nação, dando o seu sangue, sem outra recompensa do que a glória e a honra, nem outro intuíto do que servir a Pátria pelo grande amor e respeito que se tinha dela. Assim, neste apartado, irei publicando pequenos pedaços de históriam um exemplo para todos nós, de que houve e é possível haver, um outro Portugal, com uma outra gente, que luta pela Pátria e pelos valores correctos, em vez de se servir dela para a extorquir, explorar e violar em seu próprio e único interesse. Que nos venha à memória a todos a nobre raça de povo que sempre fomos, mesmo pobres, que mantinha a dignidade humana e não se envergonhava do seu País. Que os nossos jovens entendam que houve quem não teve uma juventude tão fácil, tendo de lutar por valores e conceitos, que hoje tão banalmente atropelamos e deixamos cair.
Aqui fica revelado o primeiro relato destas memórias, que nos transportam a 1961, durante a invasão das forças da União Indiana ao território Nacional de Diu. Uma pequena lancha de fiscalização da Marinha Portuguesa, com a sua heróica tripulação de jovens Portugueses, não exitou perante os factos que se lhes depararam e teve o valor de se enfrentar aos todos poderosos Cruzadores Indianos. Não lhes esperavam chorosas gratificações monetárias ou favores políticos para a família. Enfrentavam a morte por amor à Nação, parava servir como tinham jurado e não para se servirem dela, como infelizmente hoje tanto vemos.

Texto: Português 
Fonte: Liga dos Amigos do Arquivo Histórico Militar - Terra Web









OS HERÓIS DA LANCHA VEGA
 
"Em 18 de Dezembro de 1961, faz hoje 53 anos, durante a invasão de Diu, destacou-se a ação da guarnição da pequena embarcação de fiscalização a lancha Vega.
A embarcação encontrava-se numa missão nas proximidades de Brancavará, no extremo leste da ilha, acompanhada por uma embarcação mais pequena e desarmada, a lancha Folque, quando a bordo se ouviu intenso tiroteio em terra. Na sequência foi dada ordem para ocupar postos de combate e a lancha dirigiu-se para o porto de Diu. O radar da embarcação tinha detectado a presença de um grande eco que navegava oculto, com todas as luzes apagadas e que navegava a aproximadamente 12 milhas da costa.
A lancha voltou ao mar e identificou o navio indiano como sendo um cruzador. O navio indiano fez fogo com munição iluminante para identificar a posição da lancha.
Saindo do campo de tiro do navio, a lancha dirigiu-se novamente para uma posição entre o porto de Diu e o forte do mar.
Às 06:15 a Vega sai novamente para identificar o navio indiano com mais precisão, tendo voltado pelas 06:30.
O comandante, o 2º Tenente Jorge Manuel Catalão Oliveira e Carmo, trajou-se com farda de gala, afirmando que morreria com mais honra e perguntou quem o queria acompanhar na defesa da pátria.
Às 07:00 a força aérea indiana ataca posições portuguesas em terra e a bordo é lida à tripulação uma mensagem em que se determina que combata até gastar todas as munições, devendo a embarcação ser destruída para não cair nas mãos do inimigo.
Às 07:30 O ataque da força aérea indiana dirige-se contra a fortaleza de Diu.
O comandante dá ordem para que se ocupem postos de combate, dirige-se para a barra a toda a velocidade e ordena que a peça antiaérea de 20mm faça fogo contra as aeronaves indianas.
Estas tentam por várias vezes atacar a lancha Vega, que beneficiando da sua pequena dimensão e manobrabilidade consegue escapar várias vezes dos tiros do inimigo. A embarcação foi finalmente atingida numa manobra conjunta de duas aeronaves, tendo atingido mortalmente o marinheiro-artilheiro e ferido com gravidade o próprio comandante.
A peça de proa, uma oerlikon de 20mm, ficara impossibilitada de fazer fogo e a embarcação estava envolta em chamas. As aeronaves indianas voltaram a atacar a lancha por uma segunda vez tendo nessa segunda passagem ferindo os restantes tripulantes e morto o comandante.
A tripulação na água nadou durante três horas contra a maré que os empurrava para o mar alto. Um dos feridos, acabará por morrer antes de atingir terra firme e um dos sobreviventes ficou na água durante 7 horas.
Segundo os relatos da força aérea indiana foram atingidas três aeronaves."



*RELATO DA AÇÃO DA LANCHA VEGA :

CLICK AQUI PARA VER O RELATO DOS ACONTECIMENTOS 




*HOMENAGENS PÓSTUMAS À TRIPULAÇÃO :

Cabo Artilheiro
Aníbal dos Santos Fernandes Jardino
Lancha «Vega»
Índia
Tombou em combate em 18 de Dezembro de 1961
«Pouco se fala hoje em dia nestas coisas mas é bom que para preservação do nosso orgulho como Portugueses, elas não se esqueçam»
Barata da Silva, Vice-Comodoro
Homenagem ao Cabo Artilheiro Aníbal Jardino,
morto em combate na Índia
Imagens extraídas do Blogue Defesa Nacional, no facebook - Joaquim Jorge Santos
Numa organização conjunta da Marinha, Câmara Municipal de Bragança e da Liga dos Combatentes vai ser prestada uma homenagem ao Cabo artilheiro Aníbal Jardino nos próximos dias 02 e 03 de novembro em Bragança, de onde o militar era natural.

No dia 18 de dezembro de 1961 o Cabo artilheiro Aníbal Jardino, embarcado na Lancha “Vega” comandada pelo Segundo-Tenente Oliveira e Carmo, em missão no território da Índia Portuguesa de Diu, faleceu em combate, heroicamente ao serviço de Portugal aquando do ataque aquele território pela União Indiana. Pela coragem evidenciada, entrega e espírito de sacrifício revelados, o Cabo Jardino foi condecorado a título póstumo com a Medalha de Cobre de Valor Militar com Palma.

A forma como toda a guarnição da Lancha Vega combateu, numa luta desigual, contra várias aeronaves indianas, à vista da velha fortaleza de Diu, constitui, ainda hoje, uma das páginas mais brilhantes da História da Marinha Portuguesa.
 

Ordem da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito
 
2.º Tenente
Jorge Manuel C. de Oliveira e Carmo
Comandante da Lancha «Vega»
Índia
Tombou em combate em 18 de Dezembro de 1961
Diz o relatório elaborado pelos sobreviventes que «foi atingido mortalmente no peito» por disparos de um avião; antes, já uma rajada lhe havia cortado «as pernas totalmente pelas coxas». O segundo-tenente, de 25 anos, correu para a morte. Começou por se fardar «de branco», explicando aos marinheiros «que assim morreria com mais honra». Exortou-os a lutar até ao fim: «Fazemos parte da defesa de Diu e da Pátria e vamos cumprir até ao último homem e última bala se possível». Já ferido, despediu-se da mulher e do filho, beijando as fotografias que trazia no bolso.
"Pouco se fala hoje em dia nestas coisas mas é bom que para preservação do nosso orgulho como Portugueses, elas não se esqueçam"
Barata da Silva, Vice-Comodoro
Os Heróis da Lancha de Fiscalização «Vega»


Mortos em combate:

Marinheiro Artilheiro Apontador n.º 10030 António Ferreira
Cabo Artilheiro da RM n.º 10519 - Aníbal dos Santos Fernandes Jardino

Feridos em combate:

Marinheiro Telegrafista n.º 11027 - António da Costa Baguim
Grumete Artilheiro n.º 13032 Venâncio dos Ramos

Sobreviventes do combate:

Marinheiro Fogueiro n.º 5645 - Armando Cardoso da Silva
Marinheiro Electricista n.º 5353 - Francisco Mendes de Freitas
Marinheiro Fogueiro n.º 6788 - António da Silva Nobre

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