quinta-feira, 21 de agosto de 2014

OS TÁVORAS - A LENDA E OS FACTOS

Lendas & Mistérios
OS TÁVORAS - A LENDA E OS FACTOS
Permita que lhe revele um dos mais fascinantes processos, politicos e que mostra bem o carácter e a justiça do Marquês de Pombal, naqueles tempos.
A família dos Távoras eram das mais importantes da Nobreza Portuguesa daquela época, no séc XVIII. Àquela data o nosso Rei D. José sofre um atentado que visava matá-lo. O Marquês de Pombal, tem a responsabilidade de fazer justiça e acusa, aparentemente até hoje sem provas, a família dos Távoras como estando na origem da conspiração para matar el Rei. Até hoje, os historiadores estão convencidos de que tudo se tratou de uma vingança, ou um golpe do Marquês, para se livrar dessa família da Nobreza, de quem era inimigo pessoal. 
O processo terminou na condenação e julgamento de inúmeras pessoas, ligadas à casa de Aveiro.
Conheça agora o principal de todo esse processo, que não deixou a sociedade Portuguesa indiferente, e continua a apaixonar os amantes da nossa história.

Texto: Português
Fonte: Portugal Glorioso - Wikipédia - YouTube







A LENDA DOS TÁVORAS:

A tradição diz que os irmãos D. Tedo e D. Rausendo, os protagonistas desta lenda, que se terá passado em 1037, eram descendentes de Ramiro II de Leão. Os corajosos irmãos já há muito tempo tentavam tomar o castelo de Paredes da Beira que estava na posse do emir mouro de Lamego, sem qualquer sucesso. Mas um dia, esgotados todos os outros recursos, D. Tedo e D. Rausendo decidiram usar a astúcia para conseguirem apoderar-se da fortaleza.

Numa manhã do dia de S. João em que os mouros saíam habitualmente do castelo para se banharem nas águas do Távora, os dois irmãos e o seu exército disfarçados de mouros prepararam uma emboscada e entraram no castelo, matando a maior parte mouros que lá tinham ficado. Avisados por alguns mouros que tinham conseguido fugir do assalto, os mouros que festejavam no rio prepararam-se para voltar ao castelo quando foram atacados no rio por D. Tedo e os seus guerreiros que os dizimaram a todos.

O vale do rio onde se travou a sangrenta luta ficou a ser chamado por Vale D'Amil em lembrança dos mouros que tinham sido mortos aos mil. A lenda diz que os dois irmãos tomaram a partir da batalha o apelido de Távora, em memória do rio onde se tinha desenrolado a vitória, e adoptaram nas suas armas um golfinho sobre as ondas simbolizando D. Tedo que com o seu cavalo tinha vencido os Mouros nas águas do rio.

A Casa de Távora foi uma das mais ilustres Casas nobiliárquicas portuguesas. 
O apelido Távora, utilizado pelos membros desta família, deriva do Rio Távora - Beira Alta -,um afluente do Rio Douro, ou de uma vila ribeirinha com o mesmo nome. Uma versão estudada e bastante defendida por estudiosos, prende-se com a expansão da família Távora, a partir da vila de Trancoso, na Beira Alta, e posterior fundação da aldeia de Souro Pires, em Pinhel, onde ainda hoje existe um belo solar senhorial, construído no final do século XV, e que representa o mais importante exemplar de um solar senhorial em Portugal.

A família dos Távoras tem origens antiquíssimas, que alguns estudos genealógicos fazem remontar a um dos filhos de Ramiro II, Rei de Leão. O primeiro Senhor de Távora é Rozendo Hermingues, um nobre hispânico que viveu algures nos finais do século XI, princípios do século XII. O senhorio do morgado de Távora permanece na linha varonil desta casa. O hexaneto de Rozendo Hermingues é Lourenço Pires de Távora (c.1350-?), 8º Senhor de Távora, cavaleiro do Reino de Portugal e Senhor do Minhocal e do Couto de S. Pedro das Águias por mercê do Rei D. Pedro I.

Diz-se também, embora não haja provas documentais, que foi esta nobre família transmontana a fundadora do Mosteiro de S. Pedro das Águias. O filho primogénito de Lourenço Pires de Távora é Álvaro Pires de Távora (c.1370-?), 1º Senhor do Mogadouro por mercê do Rei D. Fernando I.
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O PROCESSO DOS TÁVORAS - A HISTÓRIA DOS FACTOS:

A História de Portugal se tem episódios gloriosos outros há dos quais temos mesmo é que sentir uma enorme vergonha. Aparecem-nos inseridos numa época propícia a exageros mas, deixam-nos muitas dúvidas analisados à luz da justiça que presidiu a tudo quanto aconteceu. Faço estas considerações pensando no processo que foi levantado aos Távoras e que culminou com a sua tortura e execução com requintes de crueldade impróprios de aceitar.


Tudo começou com um assalto à carruagem onde viajava o rei D. José I, na noite de 3 de Setembro de 1758, quando regressava de um encontro amoroso com a nora do Marquês de Távora. Dado que o rei logo deu carta branca ao seu 1º Ministro, o Marquês de Pombal, para descobrir os autores do assalto, este , diz-se, terá aproveitado a ocasião para fazer urdir uma teia envolvendo os Távoras e seus parentes mais chegados, levando a crer terem sido eles os mandantes do atentado. Tudo isto porque, Sebastião José de Carvalho e Melo mantinha determinada antipatia com a nobreza e, com aquela família em particular. Também , em relação aos Jesuítas como tinha igualmente vontade de os aniquilar, procurou e conseguiu, incriminá-los no assunto. Enfim, tudo quanto a história trouxe até nós faz-nos crer que, em boa verdade não foi justiça que se fez, antes se tratou de prepotência, pura vingança e abuso de poder.
Reparemos por exemplo que a defesa dos réus entregue às 16 horas do dia 11/1/1759, nesse mesmo dia teve já agravadas as penas previstas em lei. No dia 12 foi redigida a sentença e a execução efectuou-se logo na manhã do dia 13. Ninguém, de boa fé, pode acreditar ter havido boas intenções num caso tratado deste modo, creio eu.


Por morte de D. José I, quando a filha D. Maria I subiu ao trono, uma das primeiras decisões foi justamente afastar o 1º Ministro, ordenar um inquérito à sua actuação e providenciar uma revisão do Processo dos Távoras que os reabilitou e declarou inocentes. Tanto quanto possível foram também devolvidos os títulos e bens confiscados à família.
Bom, mas toda esta explicação foi dada foi no sentido de vos dizer que ali em Belém, justamente na rua com o mesmo nome existe um estreito beco que dá acesso a um minúsculo espaço onde podemos encontrar esta coluna que se mostra na foto. É o Padrão-memória do suplício dos Távoras e os cinco anéis que o compõem representam cada uma das cinco cabeças dos condenados. Seria ali o lugar do palácio do cunhado do Marquês de Távora (Duque de Aveiro) também incriminado e executado. O seu palácio foi arrasado e o chão foi em seguida salgado para que nada ali voltasse a nascer e, como atesta a lápide,neste terreno infame não se poderá edificar em tempo algum.

Essa maldição não se cumpriu pois, o vasto terreiro do chão salgado, foi a pouco e pouco ocupado por moradias que, hoje deixam pouco mais que o espaço ocupado pelo Padrão. Mas o nome ainda subsiste: _O BECO DO CHÃO SALGADO. Páginas pouco Dignificantes da da história de Portugal....


Processo dos Távoras






Atentado a D. José
O Processo dos Távoras refere-se a um escândalo político português do século XVIII. Os acontecimentos foram desencadeados pela tentativa, pensa-se sem se ter certeza, de assassinato do Rei D. José I em 1758, e culminaram numa execução pública em Belém. Foram espancados e depois queimados Dom Francisco de Távora e seus dois filhos, José Maria e Luís Bernardo. Brás Romeiro, grande amigo de Luís Bernardo também não escapou. Também foram logo presos o Duque de Aveiro, um dos seus criados e um irmão desse criado, e a Marquesa de Távora, D. Leonor, que foi decapitada.
O resto da família Távora, Aveiro, Alorna e Atouguia, entre eles o bispo de Coimbra D. Miguel da Anunciação1 , foram presos sendo mais tarde mandados libertar por D. Maria I, que nunca viu este processo com bom olhos, acreditando na inocência dos Távoras e restantes acusados, em prol de benefícios obscuros.
Um dos criados do Duque de Aveiro desapareceu depois da guarda ter ido à residência do Duque de Aveiro: diz-se que se desfigurou com óleo de vitríolo e que se tornou mendicante. Foram dadas ordens de captura por toda a Europa, nunca se chegando a encontrar este homem.
Na verdade nunca ficou provado que se tratasse de um atentado contra o Rei, falou-se e pensa-se que os tiros eram para um tal de Pedro Teixeira com o qual o Duque de Aveiro tinha um diferendo, mas também aqui não há certezas.
No seguimento do terramoto de Lisboa de 1 de Novembro de 1755, que destruiu o palácio real, o rei D. José I vivia num grande complexo de tendas e barracas instaladas na Ajuda, às saídas da cidade. Este era o presente centro da vida política e social portuguesa.
Apesar de constituírem acomodações pouco espectaculares, as tendas da Ajuda eram o centro de uma corte tão glamorosa e rica como a de Versalhes de Luís XV de França. O rei vivia rodeado pela sua equipa administrativa, liderada pelo primeiro-ministro Sebastião José de Carvalho e Melo, e pelos seus nobres. O primeiro-ministro era um homem severo, filho de um fidalgo de província, com algum rancor para com a velha nobreza, que o desprezava. Desavenças entre ele e os nobres eram frequentes e toleradas pelo rei, que confiava em Sebastião de Melo pela sua liderança competente após o terramoto.
D. José I era casado com Mariana Vitoria de Borbón, princesa espanhola, e tinha 4 filhas. Apesar de ter uma vida familiar alegre (o rei adorava as filhas e apreciava brincar com elas e levá-las em passeio), D. José I tinha uma amante: Teresa Leonor, mulher de Luís Bernardo, herdeiro da família de Távora.
A Marquesa Leonor de Távora e o seu marido Francisco de Assis, conde de Alvor (e antigo vice-rei da Índia), eram as cabeças de uma das famílias mais poderosas do reino, ligadas às casas de Aveiro, Cadaval, São Vicente e de Alorna. Eram também inimigos cerrados de Sebastião de Melo. Leonor de Távora era uma mulher política, preocupada com os negócios do Reino, entregue a seu ver a um novo-rico sem educação. Ela era também uma devota católica, com forte afiliação aos jesuítas, tendo como confessor um deles, Gabriel Malagrida.

O caso Távora


Brasão de Armas dos Távoras
Na noite de 3 de Setembro de 1758, D. José I seguia incógnito numa carruagem que percorria uma rua secundária nos arredores de Lisboa. O rei regressava para as tendas da Ajuda de uma noite com a amante. Pelo caminho, a carruagem foi interceptada por três homens, que dispararam sobre os ocupantes. D. José I foi ferido num braço, o seu condutor também ficou ferido gravemente, mas ambos sobreviveram e regressaram à Ajuda.
Sebastião de Melo tomou o controle imediato da situação. Mantendo em segredo o ataque e os ferimentos do rei, ele efectuou julgamento rápido. Poucos dias depois, dois homens foram presos e torturados. Os homens confessaram a culpa e que tinham tido ordens da família dos Távoras, que estavam a conspirar pôr o duque de Aveiro, José Mascarenhas, no trono. Ambos foram enforcados no dia seguinte, mesmo antes da tentativa de regicídio ter sido tornada pública. Nas semanas que se seguem, a marquesa Leonor de Távora, o seu marido, o conde de Alvor, todos os seus filhos, filhas e netos foram encarcerados. Os conspiradores, o duque de Aveiro e os genros dos Távoras, o marquês de Alorna e o conde de Atouguia foram presos com as suas famílias. Gabriel Malagrida, o jesuíta confessor de Leonor de Távora foi igualmente preso.
Foram todos acusados de alta traição e de regicídio. As provas apresentadas em tribunal eram simples: a) As confissões dos assassinos executados, b) A arma do crime pertencia ao duque de Aveiro e c) O facto de apenas os Távoras poderem ter sabido dos afazeres do rei nessa noite, uma vez que ele regressava de uma ligação com Teresa de Távora, presa com os outros. Os Távoras negaram todas as acusações mas foram condenados à morte. Os seus bens foram confiscados pela coroa, o seu nome apagado da nobreza e os brasões familiares foram proibidos. A varonia Távora e morgadio foram então transferidos para a casa dos condes de São Vicente.
A sentença ordenou a execução de todos, incluindo mulheres e crianças. Apenas as intervenções da Rainha Mariana e de Maria Francisca, a herdeira do trono, salvaram a maioria deles. A marquesa, porém, não seria poupada. Ela e outros acusados que tinham sido sentenciados à morte foram torturados e executados publicamente em 13 de Janeiro de 1759 num descampado, perto de Lisboa, próximo à Torre de Belém.
A execução foi violenta mesmo para a época, as canas das mãos e dos pés dos condenados foram partidas com paus e as suas cabeças decapitadas e depois os restos dos corpos queimados e as cinzas deitadas ao rio Tejo. O rei esteve presente, juntamente com a sua corte, absolutamente desnorteada. Os Távoras eram seus semelhantes, mas o rei quis que a lição fosse aprendida e para que nunca mais a nobreza se rebelasse contra a autoridade régia.
O palácio do Duque de Aveiro, em Belém, Lisboa foi demolido e o terreno salgado, simbolicamente, para que nunca mais nada ali crescesse. No local, hoje chamado Beco do Chão Salgado, existe um marco alusivo ao acontecimento mandado erigir por D. José com uma lápide que pode ser lida . As armas da família Távora foram picadas e o nome Távora foi mesmo proibido de ser citado.
Gabriel Malagrida foi enforcado e queimado a 21 de Setembro de 1761 e a Companhia de Jesus declarada ilegal. Todos as suas propriedades foram confiscadas e os jesuítas expulsos do território português, na Europa e no Ultramar . A família Alorna e as filhas do Duque de Aveiro foram condenadas a prisão perpétua em mosteiros e conventos.
Sebastião de Melo foi feito Conde de Oeiras pelo seu tratamento competente do caso, e posteriormente, em 1770, obteve o título de Marquês de Pombal, o nome pelo qual é conhecido hoje.

Discussão

A culpa ou inocência dos Távoras é ainda debatida hoje por historiadores portugueses. Por um lado, as más relações entre a alta nobreza e o rei estão bem documentadas. A falta de um herdeiro masculino ao trono era motivo de desagrado para muitos, e o Duque de Aveiro era de facto uma opção.
Por outro lado, alguns referem uma coincidência: com a condenação dos Távoras e dos Jesuítas, desapareceram os inimigos de Sebastião de Melo e a nobreza foi domada. Adicionalmente, os acusados Távoras argumentaram que a tentativa de assassínio de D. José I teria sido um assalto comum, uma vez que o rei viajava sem guarda nem sinais de distinção numa perigosa rua de Lisboa.
Outra pista de suposta inocência é o facto de nenhum dos Távoras ou familiares terem tentado escapar de Portugal nos dias que se seguiram ao atentado.

Consequências

Culpados ou não, as execuções dos Távoras foram um acontecimento devastador para Portugal. A execução de uma família da primeira nobreza constituiu um choque. A futura rainha Dona Maria I ficou muito afetada pelos eventos. 2 .
O desprezo da rainha pelo primeiro-ministro de seu pai foi total. Retirou-lhe todos os poderes e expulsou-o de Lisboa. Foi emitido um decreto proibindo a sua presença a uma distância inferior a 20 milhas da capital.
Do total de mais de 400 pessoas citadas, muitas escaparam e fugiram para o Brasil, sendo o caso mais conhecido o misterioso Frei Lourenço, fundador do Convento do Caraça em Minas Gerais.
Mais tarde, depois da governação de "Pombal" o desembargador frei
dr. José Ricalde Pereira de Castro, tendo sido o relator do Tribunal revisionista deste processo ("dos Távoras"), por sentença de 23 de Maio de 1781, pronunciou a inocência dos Marqueses de Távora, de seus filhos, do Conde de Atouguia, embora confirmando a culpabilidade do Duque de Aveiro. Mas tal nunca foi confirmado pela rainha D. Maria I3 .


EXTRACTO DA SÉRIE PORTUGUESA "O PROCESSO DOS TÁVORAS".


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