quarta-feira, 10 de maio de 2017

D. AFONSO SANCHES DE PORTUGAL - FILHO PREDILECTO DE D.DINIS

História de Portugal
D. AFONSO SANCHES DE PORTUGAL - FILHO PREDILECTO DE D.DINIS
Filho bastardo del Rei D. Dinis, D.Afonso Sanchez foi um personagem histórico de grande importância política, social e militar, dotado de grande inteligência e talvez por isso, foi o filho predilecto del Rei D.Dinis, apesar de ser bastardo.
Aqui tem revelada a sua história.

* José Rui Lira






DOCUMENTÁRIO
Num ambiente austero da Capela dos Fundadores, no Mosteiro de Santa Clara em Vila do Conde, recordam-se as figuras de D. Afonso Sanches, filho bastardo do Rei D. Dinis e grande figura da política portuguesa e de sua mulher D. Teresa Martins, que ali estão sepultados.
É esse o ponto de partida para a descrição da Guerra Civil que de 1320 a 1324 dilacerou Portugal e que veio a terminar com o triunfo das forças municipais acaudilhadas pelo infante rebelde, futuro D. Afonso IV.

Áudio: Português
Fonte: YouTube
 
 

 

Afonso Sanches


D. Afonso Sanches, na Genealogia dos Reis de Portugal de António de Holanda.
 
D. Afonso Sanches de Portugal (Nasceu em Cerva, Portugal a 24 de maio de 1289 - Faleceu em Escalona, Espanha a 02 de novembro de 1329) foi um nobre trovador, filho bastardo (depois legitimado em 8 de maio de 1304) e predilecto de Dinis I de Portugal, havido de Aldonça Rodrigues Talha,[1] e pretendente ao trono português.
Foi senhor de Cerva, de Alburquerque na Estremadura espanhola, senhor do castelo onde mais tarde D. Inês de Castro viveu vários anos. Deve-se-lhe a ele e à sua esposa, D. Teresa Martins, a fundação do Convento de Santa Clara de Vila do Conde, onde ambos estão sepultados.[2] Em 1722, foi aberto o processo de beatificação deste casal. Na altura, o frade franciscano Fernando da Soledade escreveu um livro intitulado Memória dos Infantes, a atestar as suas virtudes.

Conflito com D. Afonso IV

A Rainha Santa Isabel chamara para a corte todos os filhos do rei, mesmo os bastardos, proporcionando-lhes igual qualidade de educação. Por esta proximidade, e com certeza por outras razões, D. Dinis dedicava a D. Afonso Sanches uma estima especial, a ponto de lhe entregar o cargo de mordomo da coroa,[3] quase o equivalente ao cargo de primeiro-ministro na política actual. O velho rei teria até tentado deixar em testamento o reino de Portugal ao seu filho favorito.
Essa relação provocou o violento desagrado do legítimo herdeiro do trono, o infante D. Afonso. O resultado foi uma guerra civil (1319-1324) entre pai e filho. Apesar das várias escaramuças, o ponto máximo deste conflito foi a batalha de Alvalade, que acabou por nunca ocorrer por intervenção da rainha, segundo contam as lendas.
Com a subida ao trono de Afonso IV de Portugal, este exilou o meio-irmão em Castela.[3] O infante trovador ainda tentou manobras políticas e militares para tomar o trono. Depois de várias tentativas de invasão falhadas, uma das mais importantes sendo a de 1326, os irmãos assinaram um tratado de paz sob mais uma vez o patrocínio da rainha Isabel de Aragão.

Trovadorismo

Como o seu pai, D. Afonso Sanches distinguiu-se também como trovador. O espólio poético que dele chegou até nós encontra-se no Cancioneiro da Biblioteca Nacional e no Cancioneiro da Vaticana, e compõe-se de 15 poemas: uma paralelística perfeita, uma outra cantiga de amigo constituída por uma só estrofe, nove cantigas de amor, uma tenção[nota 1] e três cantigas de escárnio. Várias destas cantigas são muito fragmentárias.
Mas não tem sido muito valorizado como trovador e já se escreveu, por exemplo, que só poetava «para alardear prendas de corte»[carece de fontes]. Além disso, o trabalho dos copistas prejudicou-o bastante, como se pode verificar pela comparação das versões das cantigas que possuímos. Mas foi recentemente alvo de uma apreciação francamente positiva:
«A obra poética de Afonso Sanchez apresenta características das mais singulares dentro do âmbito da lírica galaico-portuguesa.» [4] «As nove líricas d’amor inscrevem-se, quanto à textura formal, no número das mais requintadas do género, como exemplos de cantigas de mestria à maneira provençal. Com efeito, os temas, a estrutura métrico-estrófica e a retórica revelam um poeta culto e conhecedor da tradição poética, embora capaz de variações por meio do registo irónico que, na última cantiga, adquire um aberto carácter de troça do formalismo trovadoresco.».[4]

Várias cantigas de amor de Afonso Sanches são agora consideradas de grande qualidade, realçando-se a perfeição da sua tenção com Vasco Martins de Resende, um dos seus escárnios de amor e a paralelística que traz a sua assinatura.
O seu tema quase único era o amor. Um amor no geral sem correspondência, apesar da grande coita (dor de amar e não ser correspondido) que provoca, da sinceridade e empenho com que o vive o trovador. Compreensivelmente, o núcleo principal da sua obra foi constituído pelas cantigas de amor.
A cantiga de amor era uma forma bastante fixa, em certo sentido comparável ao soneto, até no tamanho. Mas ao contrário deste, muito fixo ao nível de versificação e muito livre em relação ao tema, esta cantiga era bastante fixa relativamente ao tema e oferecia certa margem de liberdade ao nível da versificação.

Afonso Sanches tem várias cantigas dentro do esquema da cantiga de amor ao modo provençal; mas tem outras, ditas fragmentárias, que com bastante clareza se afastam dele. As primeiras são em três estrofes de versos decassilábicos, de mestria ou de refrão, de ata-finda ou não, com finda ou sem ela. O trovador mostra saber tirar partido do enjambement, do dobre, dos paralelismos e outras repetições, denotando notável versatilidade, nascida do seu domínio da técnica da cantiga e duma assinalável cultura poética.
Tematicamente, estas cantigas insistem no serviço amoroso. Como é da convenção, o poeta assume uma atitude de grande humildade frente à senhora que, no seu caso, parece ser sempre solteira – refere uma vez «huna donzela que ey por Senhor», outra vez «a donzela/ por que trobei» e, numa cantiga fragmentária de amigo, menciona-se «a donzela por que sempre trobou» certo apaixonado. Tece-lhe o elogio, mas um elogio genérico, sem particularização nem sequer ao nível psicológico-moral, quanto mais a nível físico, como era da norma. O trovador pode dirigir-se à senhora, declarar-lhe a sua «coita mortal», pode defender-se de «muitos» que lhe assacam que ele está a receber favores da amada, mas é sempre uma retórica à volta de uma paixão que não se consuma.
Estes poemas originalmente seriam de grande perfeição formal; nas versões em que chegaram até nós, apresentam às vezes falhas que desmotivam a leitura. As cantigas a que chamam fragmentárias – apesar de, em termos temáticos, terem um evidente fechamento e de as suas estrofes obedecerem, quase sem excepções, ao mesmo esquema rimático e métrico - são, em certo sentido, mais convincentes.

Casamento e descendência

Do seu casamento com D. Teresa Martins de Meneses, 5.ª senhora de Alburquerque, Medellín, La Codosera, Jarmelo, etc, filha de D. João Afonso Teles de Meneses,[5] 1.º conde de Barcelos, e de D. Teresa Sanches, filha bastarda do rei Sancho IV de Castela, nasceu D. João Afonso de Albuquerque, " o do Ataúde" que foi 6º senhor de Albuquerque, etc.[6]

Fonte: Wikipédia