sexta-feira, 27 de novembro de 2015

O ELMO DE BATALHA DE EL-REI DOM SEBASTIÃO

História de Portugal
O ELMO DE BATALHA DE EL-REI DOM SEBASTIÃO
É com emocionada alegria que vos apresento e revelo a história que está ligada a este tesouro da nossa História. Depois de se pensar perdido e de um périplo pela Europa e pela América, voltou a Portugal em 2011 pela mão de um atento patriota o Elmo de batalha de El-Rei D.Sebastião, que depois de vários complexos estudos, tudo indica ser o que foi utilizado por ele na Batalha de Alcácer Quibir.
Aqui fica a história e os estudos realizados a esta relíquia inestimável para nós Portugueses.

Texto: Português
Áudio: Português
Fontes: NAE - Núcleo dos Amigos do Elmo de Dom Sebastião - Projecto Grifo





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RODANDO O ESCUDO DE D. SEBASTIÃO

Por Rainer Daehnhardt

Sentado em frente à lareira acesa e rodando um escudo de D. Sebastião nas mãos, ocorreram-me os mais diversos pensamentos.

Ter o privilégio de poder ver e sentir, em simultâneo, dois dos três escudos sebastianistas conhecidos (o 3º está no Musée de l’Armée de Paris), é algo de fabuloso, que deve ser compartilhado. Sinto-me apenas o fiel depositário destes objectos que escreveram páginas da história do Mundo Português. O que são os 14 anos, tantos quantos os que detenho na minha posse um deles? São apenas 5.115 dias, ou seja, pouco mais de um quarto do número de minutos em que possuo o segundo escudo (o funerário). É o tempo que nos confunde e tudo é tão relativo quando estamos perante peças com perto de meio milénio! O próprio feitio do círculo tem algo de rotativo!

Sinto o dever de compartilhar e assim digo o que me vai na alma.


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Armadura equestre do Duque de Saboia na Real Armeria de Turim.
Foram duas armaduras destas que Emanuel Filiberto de Saboia ofereceu ao seu prtimo, D. Sebastião, Rey de Portugal.

Terá sido o Rei Menino que foi enterrado nos Jerónimos? No seu cortejo fúnebre, acompanhou-o um cavalo de sela vazia, com teliz e xairel negro, levando na sua anca esquerda este escudo funerário.

Por ora ainda não o sabemos. Porém, uma análise cuidada ao ADN, tanto dos restos mortais no sarcófago, como dos restos de sangue no elmo da batalha de Alcácer-Quibir, poderão dar as respostas definitivas.

Um dos relatos desta batalha, faz referência ao facto de o nosso jovem monarca ter trocado de cavalo e armadura com um seu escudeiro. Outro documento, diz-nos que foi um suíço que foi encontrado na armadura do Rey e que não se conseguiu tirar-lhe o elmo por ter a cabeça maior do que a de D. Sebastião.

Este relato contém um pormenor que o exame ao elmo reconhece como hipótese.

O elmo de D. Sebastião tem a protecção craniana batida de uma peça só. Esta é tão grande que chega a fechar ligeiramente à frente, permitindo apenas a entrada de uma cabeça de dimensão específica. Não há dúvida de que se tratou de uma encomenda especial, feita após a primeira ida de D. Sebastião para África (1574) e entregue antes da segunda (1578). Se, como diz o relato, o suíço era ligeiramente maior do que D. Sebastião, pode, recorrendo à força, ter conseguido encaixar a sua cabeça no elmo. O retirar do mesmo, seria então bem complicado. Em África, não se conseguiu e o corpo foi enterrado com o elmo, tanto na casa do Alcaide de Alcácer-Quibir como na nossa fortaleza de Ceuta.

Apenas em 1582, após a chegada do corpo resgatado a Lisboa, é que se conseguiu separar o defunto do elmo.

Vejo os dois escudos à minha frente.

O da armadura recuperada na Christie’s de Londres, em 1997, que fez parte dos elementos da segunda armadura milanesa oferecida pelo Duque de Sabóia, tem o fundo gravado a ouro, com 53,5 cm de diâmetro, 4.587 gramas de peso e uma espessura média de 2 mm (medidos antes da borda).

O escudo funerário recentemente recuperado através da Hermann Histórica de Munique, tem 57,5 cm de diâmetro, 2.725 gramas de peso e uma espessura média de 1 mm (medido antes da borda).

Ambos mantiveram os seus forros de origem, o que é extremamente raro. O funerário, porém, também mantém a quase totalidade das suas franjas, que faltam no outro.

Assim, podemos falar de uma diferença de cerca de dois quilos de peso entre ambos os escudos. Sendo o funerário, embora ligeiramente maior, o mais leve. Isto é natural, porque se tratou de um escudo de combate normal, transformado em escudo funerário, pela gravação a ácido dos elementos decorativos, que obedecem à chave de identificação dos elementos da armadura milanesa, fabricadas exclusivamente para o Duque de Sabóia Emanuel Filiberto.

Mas existe uma outra diferença importante: o escudo funerário é em ferro e o outro é em aço, uma das características da oficina dos Negroli, de Milão.

Se ao menos nos pudessem falar!

Junto à lista dos acontecimentos peculiares dos últimos dois anos, relacionados com revelações inesperadas ligadas à história de Portugal, o facto do aparecimento do escudo funerário sebastianista ter acontecido agora.

Por que razão alguém o tirou da parede de um castelo em França? Provavelmente foi retirado por herdeiros, que apenas desejaram dividir o seu valor comercial.

Seja como for, voltou a Portugal e está na minha frente, por alguma razão. Não me cabe investigar o porquê, apenas cumprir as tarefas que me competem!

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