Documentários
CERVANTES E A LENDA DO ENGENHOSO FIDALGO DON QUIXOTE DE LA MANCHA
Todos já ouvimos falar da obra prima da literatura Espanhola, D.Quixote de La Mancha, escrita por Miguel de Cervantes. O título original era "El ingenioso hidalgo Don Quixote de La Mancha". Na obra, o protagonista, D. Alonso Quijano, enlouquece por ler muitos livros de Cavalaria Andante, o que por si só, é já uma forte crítica a esse tipo de obras. Mas o livro encerra muito mais mensagem do que essa, pretende ser uma crítica à Nobreza e mentalidade da época, retratando vários acontecimentos importantes que então se passaram. Mas a obra tem também várias mensagens subliminares que não estão escritas, mas que se entendem da sua leitura.
Várias personalidades internacionais como Saramago e outros, analisam a mensagem da obra e o seu grande êxito. Talvez por o livro retratar a verdadeira alma do Povo Espanhol, a obra continua actual, tratando-se do livro mais lido e traduzido a seguir à Bíblia. Venha descobrir o D. Quixote. Aqui se revelam os motivos da actualidade e do sucesso da obra, as mensagens que não estão escritas, a vida do escritor e os factos históricos que influenciarão a obra e o escritor. Aqui se revelam Cervantes e a lenda de D.Quixote.
Documentários CERVANTES E A LENDA DE DOM QUIXOTE - Parte 1
Um
documentário coproduzido pela History Channel sobre o livro "D. Quixote
de la Mancha", de Miguel Cervantes, publicado em 1605. O livro foi
eleito a melhor obra de ficção de todos os tempos. No Clube do Livro da
Noruega, em 2002, por uma comissão de 100 escritores notáveis de 54
nações.
Áudio: Português - Brasil
Documentários CERVANTES E A LENDA DE DOM QUIXOTE - Parte 2 Áudio: Português - Brasil
Documentários CERVANTES E A LENDA DE DOM QUIXOTE Áudio: Castelhano
Dom Quixote
Primeira edição de Dom Quixote.
Dom Quixote de La Mancha (Don Quijote de la Mancha em castelhano) é um livro escrito pelo espanholMiguel de Cervantes y Saavedra (1547-1616). O título e ortografia originais eram El ingenioso hidalgo Don Quixote de La Mancha, com sua primeira edição publicada em Madrid no ano de 1605. É composto por 126 capítulos, divididos em duas partes: a primeira surgida em 1605 e a outra em 1615. A coroa espanhola patrocinou uma edição revisada em quatro volumes a cargo de Joaquín Ibarra. Iniciada em 1777 concluiu-se em 1780 com tiragem inicial de 1600 exemplares.4
O livro surgiu em um período de grande inovação e diversidade por parte dos escritoresficcionistas espanhóis. Parodiou os romances de cavalaria que gozaram de imensa popularidade no período e, na altura, já se encontravam em declínio. Nesta obra, a paródia
apresenta uma forma invulgar. O protagonista, já de certa idade,
entrega-se à leitura desses romances, perde o juízo, acredita que tenham
sido historicamente verdadeiros e decide tornar-se um cavaleiro
andante. Por isso, parte pelo mundo e vive o seu próprio romance de
cavalaria. Enquanto narra os feitos do Cavaleiro da Triste Figura,
Cervantes satiriza os preceitos que regiam as histórias fantasiosas
daqueles heróis. A história é apresentada sob a forma de novela
realista.
É considerada a grande criação de Cervantes. O livro é um dos
primeiros das línguas européias modernas e é considerado por muitos o
expoente máximo da literatura espanhola.
Em princípios de maio de 2002, o livro foi escolhido como a melhor obra
de ficção de todos os tempos. A votação foi organizada pelo Clubes do
Livro Noruegueses e participaram escritores de reconhecimento
internacional.5
Enredo
Rota percorrida por D. Quixote
O protagonista da obra é Dom Quixote, um pequeno fidalgo castelhano
que perdeu a razão por muita leitura de romances de cavalaria e pretende
imitar seus heróis preferidos. O romance narra as suas aventuras em
companhia de Sancho Pança, seu fiel amigo e companheiro, que tem uma visão mais realista. A ação gira em torno das três incursões da dupla por terras de La Mancha, de Aragão e de Catalunha.
Nessas incursões, ele se envolve em uma série de aventuras, mas suas
fantasias são sempre desmentidas pela dura realidade. O efeito é
altamente humorístico. O encanto da obra nasce do descompasso entre o
idealismo do protagonista e a realidade na qual ele atua. Cem anos
antes, Quixote teria sido um herói a mais nas crônicas ou romances de
cavalaria, mas ele havia se enganado de século. Sua loucura residia no
anacronismo. Isso permitiu ao autor fazer uma sátira de sua época,
usando a figura de um cavaleiro medieval em plena Idade Moderna para
retratar uma Espanha que, após um século de glórias, começava a duvidar
de si mesma.
Análise
D. Quixote e Sancho Pança (ilustração de Gustave Doré)
O livro é estruturado em duas partes, a primeira maneirista, enquanto a segunda é mais barroca.
Enquanto a primeira parte da obra deixa a impressão de liberdade
máxima, a segunda parte produz a sensação constante de nos encontrarmos
encerrados em limites estreitos. Essa sensação é sentida mais
intensamente quando confrontada com a primeira parte. Se anteriormente, a
ironia era, sobretudo, uma expressão amarga da impossibilidade de dar
realidade a um ideal, com a segunda parte nasce muito mais da
confrontação das formas da imaginação com as da realidade. Cervantes dá a
sua própria definição da obra: "orden desordenada (...) de manera que el arte, imitando à la Naturaleza, parece que allí la vence". O processo adotado por Cervantes - a paródia
- permite dar relevo aos contrastes, através da deformação grotesca,
pela deslocação do patético para o burlesco, fazendo com que o burlesco
apague momentaneamente a emoção, estabelecendo um entrelaçado espontâneo
de picaresco, de burlesco e de emoção. O conflito surge do confronto
entre o passado e o presente, o ideal e o real e o ideal e o social.
Dom Quixote e Sancho Pança representam valores distintos, embora
sejam participantes do mesmo mundo. É importante compreender a visão
irônica que o romancista tem do mundo moderno, o fundo de alegria que
está por detrás da visão melancólica e a busca do absoluto. São mundos
completamente diferentes. Sancho Pança o fiel escudeiro de Dom Quixote é
definido por Cervantes como "Homem de bem, mas de pouco sal na
moleirinha". É o representante do bom senso e é para o mundo real aquilo
que Dom Quixote é para o mundo ideal. Por fim, a história também é
apresentada sob a forma de novela realista: ao regressar a seu povoado,
Dom Quixote percebe que não é um herói, mas que não há heróis.
As figuras de D. Quixote, de Sancho Pança e do cavalo de Dom Quixote, Rocinante,
rapidamente conquistaram a imaginação popular. No entanto, os críticos
contemporâneos da obra não a levaram tão a sério como as gerações
posteriores. No século XVII, por exemplo, considerou-se que o romance
continha em si pouco mais que o tom de bom humor e de diversão, com Dom
Quixote e Sancho Pança a encarnarem respectivamente o grotesco e o
pícaro. O século XVIII foi pródigo em elogios a D. Quixote, não só na
Espanha e em Portugal, como também por parte de grandes românticos do centro da Europa.
Na história do romance moderno, o papel de Dom Quixote é reconhecido como seminal. A evidência disso pode ser vista em Daniel Defoe, em Henry Fielding, em Tobias Smollett e Laurence Sterne e, também, em personagens criadas por alguns romancistas clássicos do século XIX, como é o caso de Walter Scott, de Charles Dickens, de Gustave Flaubert, de Benito Pérez Galdós, de Herman Melville e de Fiódor Dostoiévski. O mesmo acontece no caso de alguns autores pós-realistas do século XX, como James Joyce e Jorge Luis Borges. Dom Quixote provou ser uma notável fonte de inspiração para os criadores em outros campos artísticos. Desde o século XVII
que se têm realizado peças de teatro, óperas, composições musicais e
bailados baseados no Dom Quixote. No século XX, o cinema, a televisão e
os cartoons inspiraram-se igualmente nesta obra. Dom Quixote inspirou ainda artistas como William Hogarth, Francisco Goya, Honoré Daumier, Vasco Prado e Pablo Picasso.
Referências
A
primeira tradução em Portugal é anónima, de 1794. No século XIX, foi
feita uma 2ª tradução, em 1876, pelos Viscondes de Castilho e de
Azevedo, publicada no Porto pela Companhia Literária In: Biblioteca Nacional de Portugal, e uma 3ª tradução em 1877-78, pelo Visconde de Benalcanfor, em Lisboa. In: Hallewell, 1985, p. 196
Mistérios da Humanidade
FÁTIMA - 1917 : MILAGRE, MENSAGEM E SEGREDO
Um dos maiores fenómenos e mistérios da humanidade, foram as aparições da Nossa Senhora do Rosário, em Fátima, Portugal no ano de 1917. O fenómeno é de tal forma complexo, que comporta profecias que se viriam a cumprir, milagres presenciados por milhares de pessoas, misteriosos segredos e uma mensagem da Virgem que emocionará e mudará o mundo. O mundo foi alertado para uma segunda Guerra mundial e para grandes transformações e desaparecimento de Nações. É convicção minha, que este fenómeno é e tal ordem grandioso, que apesar de ser estudado até à presente data, o Homem ainda não entendeu na sua totalidade o seu significado.
Aqui deixo uns excelentes documentários com declarações de pessoas que testemunharam os fenómenos, num precioso documento audiovisual, imagens, fotos e artigos de imprensa da época, completados com ampla informação escrita, que lhes revelará tudo o que se sabe, acerca deste impressionante fenómeno e o impacto que teve em todo o mundo. Talvez o maior fenómeno da Humanidade e que prova acima de tudo, a existência de um mundo ou dimensão divina, em paralelo com o nosso.
Áudio: Brasileiro
Texto: Português
Fontes: YouTube - Canal História - Wikipédia
Documentário FÁTIMA 1917:DOC. 1 Em Fátima-Portugal, a Mãe de Jesus Cristo apareceu a três crianças e revelou TRÊS PROFECIAS sobre grandes acontecimentos que abalariam toda a humanidade para sempre e todas se cumpriram. Em Fátima se confirmou os sinais anunciados em APOCALIPSE 12 onde a Virgem Maria se REVESTE do SOL e é PERSEGUIDA pela SERPENTE. O fim da 1ª guerra mundial, a 2ª guerra mundial com a AURORA BOREAL cor de SANGUE sobre toda a EUROPA ocorrida poucos meses antes e prevista por Nossa Senhora como O SINAL DE DEUS, e a CONVERSÃO DA RÚSSIA anunciada muitos anos antes subordinada aos seus apelos e a pedido de seu Filho celeste, Jesus Cristo, Nosso Senhor.
Documentário FÁTIMA 1917:DOC. 2 -O APOCALIPSE
Em Fátima-Portugal começou a aparecer os sinais biblicos do APOCALIPSE 12 onde o SÉCULO-XX mostrou ao mundo a luta entre A RELIGIÃO e o ATEÍSMO INSTITUCIONALIZADO, o CERTO e o ERRADO, a batalha entre a MULHER do Apocalipse-12 ( MÃE DE JESUS) e a antiga SERPENTE ( Lúcifer, o SEDUTOR DA NAÇÕES ) que "inspirou em políticos mal intencionados, o COMUNISMO ATEU INSTITUCIONALIZADO através da REVOLUÇÃO RUSSA. A Mãe de Jesus Cristo apareceu para três crianças e revelou TRÊS PROFECIAS sobre grandes acontecimentos que abalariam toda a humanidade para sempre e todas se cumpriram. Em Fátima se confirmou os sinais anunciados em APOCALIPSE 12 onde a Virgem Maria se REVESTE do SOL e é PERSEGUIDA pela SERPENTE. O fim da 1ª guerra mundial, a 2ª guerra mundial com a AURORA BOREAL cor de SANGUE sobre toda a EUROPA ocorrida poucos meses antes e prevista por Nossa Senhora como O SINAL DE DEUS, e a CONVERSÃO DA RÚSSIA anunciada muitos anos antes subordinada aos seus apelos e a pedido de seu Filho celeste, Jesus Cristo, Nosso Senhor.
OBSERVAÇÃO CIENTÍFICA: As auroras boreais SÓ ocorrem NATURALMENTE apenas nos POLOS MAGNÉTICOS dos PLANETAS e NÃO SOBRE A EUROPA como PREVIU NOSSA SENHORA ao chamar esta MISTERIOSA LUZ de o Grande SINAL DE DEUS.
Milagre do Sol
Parte da multidão em 13 de outubro de 1917 a observar o milagre
Milagre do Sol foi um fenómeno meteorológico testemunhado por cerca de 70 mil pessoas em 13 de outubro de 1917 nos campos de Cova da Iria, perto de Fátima, Portugal1
. As estimativas do tamanho da multidão variam de "trinta a quarenta
mil" por Avelino de Almeida, escrevendo para o jornal português O Século2 , a cem mil, segundo estimativa de José de Almeida Garrett, professor de ciências naturais na Universidade de Coimbra 3 . Ambos presenciaram o fenómeno.4
O Milagre
As três crianças
haviam relatado em datas anteriores que Nossa Senhora tinha prometido
um milagre para o meio-dia de 13 de Outubro, na Cova da Iria,5 "de modo que todos pudessem acreditar."6
De acordo com muitas indicações das testemunhas, por exemplo o avô
materno de Fátima Magalhães, entre muitos outros, após uma chuva
torrencial, as nuvens desmancharam-se no firmamento e o Sol apareceu
como um disco opaco, girando no céu 7
. Algumas afirmaram que não se tratava do Sol, mas de um disco em
proporções solares, semelhante à lua. Disse-se ser significativamente
menos brilhante do que o normal, acompanhado de luzes multicoloridas,
que se reflectiram na paisagem, nas pessoas e nas nuvens circunvizinhas 7 . Foi relatado que o pretenso Sol se teria movido com um padrão de ziguezague 7 , assustando muitos daqueles que o presenciaram, que pensaram ser o fim do mundo 8
. Muitas testemunhas relataram que a terra e as roupas previamente
molhadas ficaram completamente secas num curto intervalo de tempo, 9 e, também relatam curas de paralíticos e cegos, assim como demais doenças não explícitas.
De acordo com relatórios das testemunhas, o Milagre do Sol durou aproximadamente dez minutos 10 . As três crianças 11 , relataram terem observado Jesus, a Virgem Maria, e São José abençoando as pessoas dentro ou junto do Sol12 . Outras testemunhas afirmaram ter visto vultos de configuração humana dentro do Sol quando este desceu.
Página de Ilustração Portuguesa, 29 de outubro de 1917, mostrando as pessoas a observar o milagre
Avaliação crítica do evento
Durante o dia do fenómeno, não foi reportada nenhuma observação científica extraordinária do Sol em observatórios 13 .
O facto de o pretenso milagre ser anunciado antecipadamente, o
abrupto início e final do evento sobre o Sol, a natureza diversa dos
observadores, que incluía crentes e descrentes e o grande número de
pessoas presentes põem uma barreira à hipótese de alucinação em massa14
. A actividade do Sol reportada, visível a pessoas a 18 quilómetros de
distância do lugar, põe uma barreira à hipótese de histeria em massa.
Tentou explicar-se o pretenso milagre com base em fenómenos naturais151617
, Entretanto, o facto inegável da predição de que ia ocorrer em
determinada data sem qualquer previsão meteorológica, dispensa a
explicação por fenômenos naturais.
O professor Auguste Meessen do Instituto de Física da Universidade Católica da Lovaina,
afirmou que as observações relatadas foram efeitos ópticos causados
pela prolongada observação directa do Sol. Meessen alega que as imagens
residuais na retina, produzidas após breves períodos de olhar fixo no
Sol, são a causa provável dos efeitos observados de dança.
Semelhantemente, Meessen afirma que as mudanças de cor testemunhadas
foram provavelmente causadas pela estimulação excessiva das células
fotossensíveis da retina.18
Meessen adverte que milagres do Sol têm sido testemunhados em muitos
locais onde peregrinos cheios de religiosidade têm sido encorajados a
olhar para o Sol. Ele cita, como exemplo, as aparições em Heroldsbach,
Alemanha (1949), onde os mesmos exactos efeitos ópticos foram
testemunhados por mais de 10 000 pessoas. O cientista descarta ainda a
hipótese de, no caso de Fátima, se ter tratado de um OVNI,
visto que este teria de ser demasiado grande para poder ser igualmente
visto e confundido com o Sol, à mesma hora, em locais situados num raio
de 18 km dali.19
Meesen, contudo, não leva em consideração o facto de os observadores de
Fátima não terem contemplado o Sol directamente - premissa basilar para
a sua teoria - antes de enxergarem o fenómeno. Ainda, de acordo com os
relatos da época, o céu estava encoberto por nuvens, e o fenómeno
começou a ser presenciado logo que as pessoas olharam para o céu, sem
nenhuma exposição prolongada que causaria excitação na retina de
quarenta mil pessoas de forma tão sincronizada.20
Schwebel considera que o fenómeno foi extra-sensorial e supernatural.
Este autor afirma que o fenómeno não é único, conhecendo-se vários
casos de religiosos que reportaram a visão de luzes brilhantes no céu.21
Stanley L. Jaki, beneditino e autor de livros que tentam conciliar a
ciência e o catolicismo, propôs uma teoria para o milagre. Para ele, o
fenómeno pode ter sido meteorológico em natureza, mas o facto de ter ocorrido no exacto tempo prenunciado é um milagre.22
Uma outra explicação que procura conciliar os testemunhos da época, a
ciência e o que actualmente se conhece sobre fenómenos similares
ocorridos noutros locais, é a de que o Sol que as testemunhas afirmaram
ter visto a rodar e a dançar não era realmente o Sol, mas um objecto
voador não identificado (ovni) que obscureceu o verdadeiro Sol através
de nuvens artificiais ou não e se sobrepôs a ele23
, contudo, não existia tecnologia para isso, nem sequer é coerente
dispensar a explicação para aludir a uma visitação extraterrestre.
O evento foi oficialmente aceito como um milagre pela Igreja Católica em 13 de outubro de 1930. Em 13 de outubro de 1951, o cardeal Tedeschini afirma que, em 30 de outubro, 31 de outubro e 1 de novembro e 8 de novembro, o papa Pio XII presenciou um milagre semelhante nos jardins do Vaticano24 .
O facto de não poder ter sido o Sol a mover-se devido às trágicas consequências para todo o sistema solar
põe em causa a interpretação tradicionalmente aceita daquilo que os
milhares de testemunhas presenciaram no local onde o fenómeno ocorreu.
Aparições de Fátima
Lúcia (no meio, aos dez anos de idade) e seus dois primos: Francisco (nove anos) e Jacinta Marto (sete anos) segurando seus rosários (fotografia tirada na altura das aparições).
No dia 13 de Maio de 1917, três crianças, Lúcia de Jesus Rosa dos Santos (10 anos), Francisco Marto (9 anos) e Jacinta Marto (7 anos), afirmaram ter visto "...uma senhora mais branca que o Sol" sobre uma azinheira de um metro ou pouco mais de altura, quando apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, lugar de Aljustrel, pertencente ao concelho de Ourém, distrito de Santarém, Portugal.
Lúcia via, ouvia e falava com a aparição, Jacinta via e ouvia e Francisco apenas via, mas não a ouvia.
As aparições repetiram-se nos cinco meses seguintes e seriam portadoras de uma mensagem ao mundo. A 13 de Outubro de 1917 a aparição disse-lhes ser a Nossa Senhora do Rosário.1
Os relatos destes acontecimentos foram redigidos pela Irmã Lúcia a partir de 1935, em quatro manuscritos, habitualmente designados por Memórias I, II, III e IV2 e transcritos com outras fontes para este artigo.
Antes das aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria em 1917, Lúcia, Francisco e Jacinta tiveram no ano anterior três visões do Anjo de Portugal ou Anjo da Paz. Estas visões permaneceram inéditas até 1937, até Lúcia as divulgar, pela primeira vez, no designado texto Memória II. A narração é mais completa e o texto definitivo das orações do anjo é publicado na Memória IV,
escrito em 1941. As aparições do Anjo em 1916, foram precedidas por
três outras visões, de Abril a Outubro de 1915, nas quais Lúcia e outras
três pastorinhas, Maria Rosa Matias, Teresa Matias e Maria Justino
viram, também no outeiro do Cabeço, e noutros locais, suspensa no ar
sobre o arvoredo do vale "uma como que nuvem mais branca que a neve,
algo transparente, com forma humana. Era uma figura, como se fosse uma
estátua de neve, que os raios do sol tornavam algo transparente". A
descrição é da própria irmã Lúcia.3
Primeira aparição
O relato da mais velha dos videntes, Lúcia, descreve assim os
acontecimentos: "Andava eu com os meus primos Francisco e Jacinta a
cuidar do rebanho e subimos a encosta em procura dum abrigo a que
chamávamos a "Loca do Cabeço". Depois de aí merendar e rezar, alguns
momentos havia que jogávamos e eis que um vento sacode as árvores e
faz-nos levantar a vista para ver o que se passava, pois o dia estava
sereno. Então começámos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que
se estendiam em direcção ao nascente,
uma luz mais branca que a neve, com a forma dum jovem, transparente,
mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol. À medida
que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições. Estávamos
surpreendidos e meios absortos. Não dizíamos palavra. Ao chegar junto de
nós, disse: – Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo. E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitámo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar: – Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Depois de repetir isto três vezes, ergueu-se e disse: – Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas.
E desapareceu. A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão
intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um
grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha
deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito
ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi
desaparecendo. Nesta aparição, nenhum pensou em falar nem em recomendar o
segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar
sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também maior impressão, por
ser a primeira assim manifesta."4
Segunda aparição
A segunda aparição deu-se no Verão de 1916, sobre o poço da casa dos
pais de Lúcia, junto ao qual as crianças costumavam brincar. Assim narra
a Irmã Lúcia: "Fomos, pois passar as horas da sesta à sombra das
árvores que cercavam o poço já várias vezes mencionado. De repente,
vimos o mesmo Anjo junto de nós. - Que fazeis? Orai! Orai muito! Os
Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia.
Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios. – Como nos havemos de sacrificar? – perguntei. –
De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em acto de reparação pelos
pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos
pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da
sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.
E desapareceu. Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito,
como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus, como nos amava e
queria ser amado, o valor do sacrifício e como ele Lhe era agradável,
como, por atenção a ele, convertia os pecadores. Por isso, desde esse
momento, começamos a oferecer ao Senhor tudo que nos mortificava, mas
sem discorrermos a procurar outras mortificações ou penitências, excepto
a de passarmos horas seguidas prostrados por terra, repetindo a oração
que o Anjo nos tinha ensinado."
Terceira aparição
A terceira aparição ocorreu no fim do Verão ou princípio de Outono de
1916, novamente na "Loca do Cabeço", como descreve Lúcia: "Rezámos aí o
terço e (a) oração que na primeira aparição nos tinha ensinado.
Estando, pois, aí, apareceu-nos pela terceira vez, trazendo na mão um cálice e sobre ele uma Hóstia,
da qual caíam, dentro do cálix, algumas gotas de sangue. Deixando o
cálice e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três
vezes a oração: – Santíssima Trindade,
Padre, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o
preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente
em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e
indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do
Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a
conversão dos pobres pecadores. Depois, levantando-se, tomou de novo
na mão o cálice e a Hóstia e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o
cálice deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo: –
Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente
ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolei o
vosso Deus. De novo se prostrou em terra e repetiu connosco mais três vezes a mesma oração: – Santíssima Trindade…
etc. E desapareceu. Levados pela força do sobrenatural que nos
envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando-nos como Ele e
repetindo as orações que Ele dizia. A força da presença de Deus era tão
intensa que nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia
privar-nos até do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de
tempo. Nesses dias, fazíamos as ações materiais como que levados por
esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e felicidade
que sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a
alma em Deus. O abatimento físico, que nos prostrava, também era
grande."5
Brincavam os três pastorinhos na Cova da Iria, uma pequena
propriedade pertencente aos pais de Lúcia, localizada a 2,5 km de
Fátima, quando por volta do meio-dia e depois de rezarem o terço, observaram dois clarões como se fossem relâmpagos. Com receio de começar a chover, reuniram o rebanho
e decidiram ir-se embora, mas no caminho e logo abaixo, outro clarão
teria iluminado o espaço. Nesse instante, teriam visto em cima de uma
pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições),
"era uma Senhora vestida de branco e mais brilhante que o Sol,
espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água
cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente", descreve
Lúcia. "A sua face, indescritivelmente bela não era nem triste, nem
alegre, mas séria, com ar de suave censura. As mãos juntas, como a
rezar, apoiadas no peito e voltadas para cima. Da mão direita pendia um rosário.
As vestes pareciam feitas só de luz. A túnica era branca e branco o
manto, orlado de ouro que cobria a cabeça da Virgem e lhe descia até aos
pés. Não se Lhe viam os cabelos nem as orelhas." Os traços da
fisionomia Lúcia nunca pôde descrevê-los, pois a sua formosura não cabe
em palavras humanas. Os videntes estavam tão pertos de Nossa Senhora - a
um metro de distância, mais ou menos - que ficavam dentro da luz que A
cercava, ou que Ela espargia. O colóquio inicia-se da seguinte maneira: Nossa Senhora: - Não tenhais medo. Eu não vos faço mal. Lúcia: - Donde é Vossemecê? - Sou do Céu (e Nossa Senhora ergueu as mãos apontando o Céu). - E que é que Vossemecê me quer? -
Vim para vos pedir que venhais aqui seis meses seguidos, no dia 13, a
esta mesma hora. Depois vos direi quem sou e o que quero. Depois
voltarei ainda aqui uma sétima vez.nota 1 - E eu também vou para o Céu? - Sim, vais. - E a Jacinta? - Também. - E o Francisco? - Também, mas tem que rezar muitos terços. - A Maria das Neves já está no Céu? (Lúcia referia-se a uma mulher que tinha morrido recentemente) - Sim, está. - E a Amélia? - Estará no Purgatório
até ao fim do mundo. Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os
sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em acto de reparação pelos
pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos
pecadores? - Sim, queremos. - Ides pois ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.
"Foi ao pronunciar estas últimas palavras que abriu pela primeira vez
as mãos comunicando-nos uma luz muito intensa, como que reflexo que
delas expedia, que nos penetrava no peito e no mais intimo da alma,
fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente
do que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por um impulso intimo
também comunicado, caímos de joelhos e repetimos intimamente ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro, meu Deus meu Deus eu Vos amo no Santíssimo Sacramento. Passados estes momentos, Nossa Senhora acrescentou: - Rezem o terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra (na altura desenrolava-se a Primeira Guerra Mundial).
"Em seguida começou a elevar-se serenamente em direção ao nascente até desaparecer na imensidade da distância. A luz que A circundava ia como que abrindo um caminho no cerrado dos astros".6
13 de Junho de 1917
Neste dia compareceram no local cerca de 50 pessoas curiosas pelos factos entretanto revelados pelos pastorinhos. Por volta do meio-dia,
os videntes notaram novamente um clarão, a que chamavam relâmpago, mas
que não era propriamente tal, mas sim o reflexo de uma luz que se
aproximava. Alguns dos espectadores notaram que a luz do sol se
obscureceu durante os minutos que se seguiram ao início do colóquio,
outros afirmaram que o topo da azinheira, coberto de rebentos, pareceu
curvar-se como sob um peso, um momento antes da Lúcia falar. Durante a
troca de palavras entre Lúcia e a aparição alguns ouviram um sussurro
como se fosse o zumbido de uma abelha.
Lúcia: - Vossemecê que me quer? Nossa Senhora: - Quero que venhais
aqui no dia 13 do mês que vem, que rezeis o terço todos os dias e que
aprendam a ler. Depois, direi o que quero. Lúcia pediu a cura de um doente. - Se se converter, curar-se-á durante o ano. - Queria pedir-Lhe para nos levar para o Céu. -
Sim, a Jacinta e o Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais
algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar.
Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem
a abraçar, prometo a salvação e serão queridas de Deus estas almas,
como flores postas por Mim a adornar o seu trono. - Fico cá sozinha? -
Não, filha. E tu sofres muito? Não desanimes. Eu nunca te deixarei. O
meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá
até Deus. "Foi no momento que disse estas últimas palavras que abriu
as mãos e nos comunicou, pela segunda vez, o reflexo dessa luz imensa.
Nela nos víamos como que submergidos em Deus. A Jacinta e o Francisco
pareciam estar na parte dessa luz que se elevava para o céu e eu na que
se espargia sobre a terra. À frente da palma da mão direita de Nossa
Senhora estava um coração cercado de espinhos que parecia estarem-lhe
cravados. Compreendemos que era o Imaculado Coração de Maria ultrajado
pelos pecados da humanidade que queria reparação. Quando se desvaneceu
esta visão, a Senhora, envolta ainda na luz que d'Ela irradiava,
elevou-se da arvorezinha sem esforço, suavemente na direção do leste até desaparecer de todo."
Algumas pessoas mais próximas notaram que os rebentos do topo da
azinheira estavam tombados na mesma direção, como se as vestes da
Senhora os tivessem arrastado. Só algumas horas mais tarde retomaram a
posição natural.7
Ao dar-se a terceira aparição, uma nuvenzinha acizentada pairou sobre
a azinheira, o sol ofuscou-se, uma aragem fresca soprou sobre a serra,
embora se estivesse em pleno Verão. O Sr. Manuel Marto, pai da Jacinta e
do Francisco, diz que também ouviu um sussurro, como o de moscas num
cântaro vazio. Os videntes viram o reflexo da costumada luz e, em
seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
Lúcia: - Vossemecê que me quer? Nossa Senhora: - Quero que venhais
aqui no dia 13 do mês que vem, que continuem a rezar o terço todos os
dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário para obter a paz do mundo e o
fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer. - Queria pedir-lhe para nos dizer quem é; para fazer um milagre com que todos acreditem que Vossemeçê nos aparece. -
Continuem a vir aqui todos os meses. Em Outubro direi quem sou, o que
quero e farei um milagre que todos hão-de ver para acreditarem.
Lúcia apresenta então uma série de pedidos de conversões, curas e outras
graças. Nossa Senhora responde recomendando sempre a prática do terço,
que assim alcançariam as graças durante o ano. Um dos pedidos foi a cura
do filho paralítico
de Maria Carreira (que seria desde o início uma devota de Fátima).
Nossa Senhora respondeu que não o curaria nem o tiraria da sua pobreza,
mas que rezasse o terço todos os dias em família e dar-lhe-ia os meios
de ganhar a vida. Outro enfermo pedia para ir em breve para o Céu. Nossa
Senhora respondeu que não tivesse pressa, que bem sabia quando o havia
de vir buscar. Depois prosseguiu: - Sacrificai-vos pelos pecadores e
dizei muitas vezes e em especial quando fizerdes algum sacrifício: "ó
Jesus, é por vosso amor, pela conversão dos pecadores e em reparação
pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria." "Ao
dizer estas últimas palavras, abriu de novo as mãos, como nos dois meses
passados. O reflexo de luz que delas expediam pareceu penetrar a terra e
(primeira parte do segredo - "A Visão do Inferno")
mostrou-nos um grande mar de fogo que parecia estar debaixo da terra.
Mergulhados nesse fogo os demônios e as almas, como se fossem brasas
transparentes e negras, ou bronzeadas com forma humana, que flutuavam no
incêndio levadas pelas chamas que d'elas mesmas saíam, juntamente com
nuvens de fumo, caindo para todos os lados, semelhante ao cair das
fagulhas em os grandes incêndios sem peso nem equilíbrio, entre gritos e
gemidos de dôr e desespero que horrorizava e fazia estremecer de pavor.
Os demónios distinguiam-se por formas horríveis e asquerosas de animais
espantosos e desconhecidos, mas transparentes e negros. Esta vista foi
um momento, e graças à nossa boa Mãe do Céu que antes nos tinha
prevenido com a promessa de nos levar para o Céu (na primeira aparição),
se assim não fosse, creio que teríamos morrido de susto e pavor. Em
seguida, levantamos os olhos para Nossa Senhora que nos disse com
bondade e tristeza: - Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, (segunda parte do segredo - "O Imaculado Coração de Maria") Deus quer estabelecer no mundo a devoção a meu Imaculado Coração. Se
fizerem o que eu disser salvar-se-ão muitas almas e terão paz. A guerra
vai acabar, mas se não deixarem de ofender a Deus, no reinado de Pio XInota 2 começará outra pior. Quando virdes uma noite, alumiada por uma luz desconhecidanota 3
, sabei que é o grande sinal que Deus vos dá de que vai a punir o mundo
de seus crimes, por meio da guerra, da fome e de perseguições à Igreja e
ao Santo Padre. Para a impedir, virei pedir a consagração da Rússia a
meu Imaculado Coração e a comunhão reparadora nos primeiros sábadosnota 4
. Se atenderem aos meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz, se
não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições
à Igreja, os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que
sofrer, várias nações serão aniquiladas. Por fim o meu Imaculado Coração
triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e
será concedido ao mundo algum tempo de paz. Em Portugal se conservará
sempre o dogma da fé. "Então vimos (terceira parte do segredo - "O atentado ao Papa")
ao lado esquerdo de Nossa Senhora um pouco mais alto um Anjo com uma
espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, soltava chamas que pareciam
incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contacto do brilho que da mão
direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro. O Anjo apontando com a
mão direita para a terra, com voz forte dizia: "Penitência, Penitência,
Penitência!" E vimos n'uma luz imensa que é Deus: "algo semelhante a
como se vêem as pessoas n'um espelho quando lhe passam por diante" um Bispo
vestido de branco "tivemos o pressentimento de que era o Santo Padre".
Vários outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas subiam uma
escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz de troncos
toscos como se fôra de sobreiro com a casca; o Santo Padre, antes de
chegar aí, atravessou uma grande cidade meia em ruínas, e meio trémulo
com andar vacilante, acabrunhado de dôr e pena, ia orando pelas almas
dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegado ao cimo do monte,
prostrado de joelhos aos pés da grande Cruz foi morto por um grupo de
soldados que lhe dispararam vários tiros e setas, e assim mesmo foram
morrendo uns trás dos outros os Bispos, Sacerdotes, religiosos e
religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias
classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois Anjos cada
um com um regador de cristal na mão, n'êles recolhiam o sangue dos
Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus."
Terminada esta visão, disse Nossa Senhora: - Isto não o digais a
ninguém. Ao Francisco sim, podeis dizê-lo. Quando rezardes o terço,
dizei depois de cada mistério: "Ó meu Jesus! Perdoai-nos e livrai-nos do
fogo do Inferno, levai as almas todas para o Céu, principalmente
aquelas que mais precisarem. - Vossemecê não me quer mais nada? - Não. Hoje não te quero mais nada. "E como de costume, começou a elevar-Se em direção ao nascente, até desaparecer na imensa distância do firmamento." Ouviu-se então um trovão, indicando que a aparição cessara.89
19 de Agosto de 1917
No dia 13 de Agosto, quando deveria dar-se a quarta aparição, os
videntes não puderam ir à Cova da Iria, pois foram raptados pelo então
administrador do concelho de Vila Nova de Ourém, Artur de Oliveira Santos, um republicanoanticlerical e maçon1011 ,que à força quis arrancar-lhes o segredo.
Nesse dia, juntou-se uma grande multidão que aguardava pela aparição. Por volta do meio-dia,
ouviu-se um trovão, ao qual se seguiu o relâmpago, tendo os
espectadores notado uma pequena nuvem branca que pairou alguns minutos
sobre a azinheira. Observaram-se também fenómenos de coloração, de
diversas cores, nos rostos das pessoas, das roupas, das árvores e do
chão. As crianças continuaram em cativeiro e apesar das várias ameaças
físicas de que foram alvo, permaneceram inabaláveis e nada revelaram.
Na manhã do dia 15 de Agosto e a seguir a um interrogatório final, foram então libertadas e regressaram a Fátima.12
No dia 19 de Agosto de 191713
, Lúcia estava com Francisco e seu irmão João no lugar dos Valinhos,
uma propriedade de um dos seus tios e que dista uns 500 metros de Aljustrel.
Pelas 4 horas da tarde, começaram a produzir-se as alterações
atmosféricas que precederam as aparições anteriores, uma súbita
diminuição da temperatura e um esmorecimento do Sol. Lúcia, sentindo que
alguma coisa de sobrenatural
se aproximava e os envolvia, pediu ao primo João para chamar
rápidamente a Jacinta, a qual chegou a tempo de ver Nossa Senhora que -
anunciada, como das outras vezes, por um reflexo de luz - apareceu sobre
uma azinheira, um pouco maior que a da Cova da Iria.
Lúcia: - Que é que Vossemecê me quer? Nossa Senhora: -Quero que
continueis a ir à Cova da Iria no dia 13, que continueis a rezar o terço
todos os dias. No último mês farei o milagre para que todos acreditem. - Que é que Vossemecê quer que se faça ao dinheiro que o povo deixa na Cova da Iria? -
Façam dois andores, um leva-o tu com a Jacinta e mais duas meninas; o
outro que o leve o Francisco com mais três meninos. O dinheiro dos
andores é para a festa de Nossa Senhora do Rosário e o que sobrar é para
a ajuda de uma capela que hão-de mandar fazer. -Queria pedir-lhe a cura de alguns doentes. -Sim, alguns curarei durante o ano. E tomando um aspeto mais triste, recomendou-lhes novamente a prática da mortificação: -
Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas
almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas.
"E, como de costume, começou a elevar-Se em direção ao nascente." Os
videntes cortaram ramos da árvore sobre a qual Nossa Senhora lhes tinha
aparecido e levaram-nos para casa. Os ramos exalavam um perfume
singularmente suave.14
13 de Setembro de 1917
Como das outras vezes, uma série de fenómenos atmosféricos foram
observados pelos circunstantes, cujo número foi calculado entre 15 e 20
000 pessoas: o súbito refrescar da atmosfera, o empalidecer do Sol até
ao ponto de se verem as estrelas, uma espécie de chuva como que de
pétalas irisadas ou flocos de neve que desapareciam antes de pousarem na
terra. Em particular, foi notado desta vez um globo luminoso que se
movia lenta e majestosamente pelo céu, do nascente para o poente
e, no fim da aparição, em sentido contrário. Os videntes notaram, como
de costume, o reflexo de uma luz e, a seguir, Nossa Senhora sobre a
azinheira. Nossa Senhora: - Continuem a rezar o terço para alcançarem o fim da
guerra. Em Outubro, virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e
do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o Mundo. Deus
está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a
corda. Trazei-a só durante o dia.nota 5 Lúcia: - Têm-me pedido para Lhe pedir muitas coisas, a cura de alguns doentes, de um surdo-mudo. - Sim, alguns curarei. Outros não. Em Outubro farei o milagre para que todos acreditem. "E começando a elevar-Se, desapareceu como de costume."15
13 de Outubro de 1917
De acordo com os relatos da época, milhares de pessoas assistiram a um Milagre do Sol, em Fátima, no dia 13 de Outubro de 1917.
Devido ao facto de os pastorinhos terem revelado que a Virgem Maria
iria fazer um milagre neste dia para que todos acreditassem, estavam
presentes na Cova da Iria cerca de 50 mil pessoas, segundo os relatos da
época. Chovia com abundância e a multidão aguardava as três crianças
nos terrenos enlameados da serra. Lúcia assim descreve estes
acontecimentos na Memória IV: "Saímos de casa bastante cedo,
contando com as demoras do caminho. O povo era em massa. A chuva,
torrencial. Minha mãe, temendo que fosse aquele o último dia da minha
vida, com o coração retalhado pela incerteza do que iria acontecer, quis
acompanhar-me. Pelo caminho, as cenas do mês passado, mais numerosas e
comovedoras. Nem a lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se
ajoelhar na atitude mais humilde e suplicante. Chegados à Cova de Iria,
junto da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo
que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois, vimos
o reflexo da luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.
Lúcia: - Que é que Vossemecê me quer? Nossa Senhora: – Quero dizer-te que façam aqui uma capela em Minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas. - Eu tinha muitas coisas para Lhe pedir: se curava uns doentes e se convertia uns pecadores, etc. - Uns, sim; outros, não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados. E tomando um aspecto mais triste: – Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido.
E abrindo as mãos, fê-las reflectir no Sol. E enquanto que se elevava,
continuava o reflexo da Sua própria luz a projectar-se no Sol."
Foto tirada na Cova da Iria e publicada num jornal português em 29 de Outubro de 1917.
Neste momento, Lúcia diz para a multidão olhar para o Sol, levada por
um movimento interior que a isso a impeliu. "Desaparecida Nossa
Senhora, na imensa distância do firmamento, vimos, ao lado do Sol, S. José com o Menino e Nossa Senhora vestida de branco, com um manto azul." Era a Sagrada Família.
Página da edição de 29 de Outubro de 1917 da Ilustração Portuguesa com uma reportagem sobre o milagre.
"S. José com o Menino pareciam abençoar o Mundo com uns gestos que
faziam com a mão em forma de cruz. Pouco depois, desvanecida esta
aparição, vi Nosso Senhor acabrunhado de dôr a caminho do Calvário e Nossa Senhora que me dava a ideia de ser Nossa Senhora das Dores."
Lúcia via apenas a parte superior do corpo de Nosso Senhor e Nossa
Senhora não tinha a espada no peito "Nosso Senhor parecia abençoar o
Mundo da mesma forma que S. José. Desvaneceu-se esta aparição e
pareceu-me ver ainda Nossa Senhora, em forma semelhante a Nossa Senhora do Carmo, com o Menino Jesus ao colo."
Enquanto os três pastorinhos eram agraciados com estas visões (apenas
Lúcia viu os três quadros, Jacinta e Francisco viram somente o
primeiro), a maior parte da multidão presente observou o chamado O Milagre do Sol.
A chuva que caía cessou, as nuvens entreabriram-se deixando ver o Sol,
assemelhando-se a um disco de prata fosca, podia fitar-se sem
dificuldade sem cegar. A imensa bola começou a girar vertiginosamente
sobre si mesma como uma roda de fogo. Depois, os seus bordos tornaram-se
escarlates e deslizou no céu, como um redemoinho, espargindo chamas
vermelhas de fogo. Essa luz refletia-se no solo, nas árvores, nas
próprias faces das pessoas e nas roupas, tomando tonalidades brilhantes e
diferentes cores. Animado três vezes por um movimento louco, o globo de
fogo pareceu tremer, sacudir-se e precipitar-se em ziguezague sobre a
multidão aterrorizada. Tudo durou uns dez minutos. Finalmente, o Sol
voltou em ziguezague para o seu lugar e ficou novamente tranquilo e
brilhante. Muitas pessoas notaram que as suas roupas, ensopadas pela
chuva, tinham secado súbitamente. Tal fenómeno foi testemunhado por
milhares de pessoas, até mesmo por outras que estavam a quilómetros do
lugar das aparições. O relato foi publicado na imprensa por diversos
jornalistas que ali se deslocaram e que foram também eles, testemunhas
do milagre.
O ciclo das aparições em Fátima tinha terminado.16
Aparições particulares a Jacinta
Jacinta Marto, em 1917.
Jacinta vê o Santo Padre - Lúcia assim relata na sua Terceira Memória:
"Um dia, fomos passar as horas da sesta para junto do poço de meus
pais. A Jacinta sentou-se nas lajes do poço; o Francisco, comigo, foi
procurar o mel silvestre nas silvas dum silvado duma ribanceira que aí
havia. Passado um pouco de tempo, a Jacinta chama por mim: – Não viste o Santo Padre? – Não! –
Não sei como foi! Eu vi o Santo Padre em uma casa muito grande, de
joelhos, diante de uma mesa, com as mãos na cara, a chorar. Fora da casa
estava muita gente e uns atiravam-Ihe pedras, outros rogavam-lhe pragas
e diziam-lhe muitas palavras feias. Coitadinho do Santo Padre! Temos
que pedir muito por Ele. Em outra ocasião, fomos para a Lapa do
Cabeço. Chegados aí, prostrámo-nos por terra, a rezar as orações do
Anjo. Passado algum tempo, a Jacinta ergue-se e chama por mim: – Não
vês tanta estrada, tantos caminhos e campos cheios de gente, a chorar
com fome, e não tem nada para comer? E o Santo Padre em uma Igreja,
diante do Imaculado Coração de Maria, a rezar? E tanta gente a rezar com
Ele?
Visões da guerra - "Um dia fui a sua casa, para estar um
pouco com ela. Encontrei-a sentada na cama, muito pensativa. – Jacinta,
que estás a pensar? – Na guerra que há-de vir. Há-de morrer tanta
gente! E vai quase toda para o inferno! Hão-de ser arrasadas muitas
casas e mortos muitos Padres (tratava-se da Segunda Guerra Mundial). Olha: eu vou para o Céu. E tu, quando vires, de noite, essa luz que aquela Senhora disse que vem antes, foge para lá também! – Não vês que para o Céu não se pode fugir? –
É verdade! Não podes. Mas não tenhas medo! Eu, no Céu, hei-de pedir
muito por ti, por o Santo Padre, por Portugal, para que a guerra não
venha para cá, e por todos os Sacerdotes.
Visitas de Nossa Senhora - A 23 de Dezembro de 1918,
Francisco e Jacinta adoeceram ao mesmo tempo. Indo visitá-los, Lúcia
encontrou Jacinta no auge da alegria. Na sua Primeira Memória, Lúcia conta: "Um dia mandou-me chamar: que fosse junto dela depressa. Lá fui, correndo. –
Nossa Senhora veio-nos ver e diz que vem buscar o Francisco muito breve
para o Céu. E a mim perguntou-me se queria ainda converter mais
pecadores. Disse-Lhe que sim. Disse-me que ia para um hospital, que lá
sofreria muito; que sofresse pela conversão dos pecadores, em reparação
dos pecados contra o Imaculado Coração de Maria e por amor de Jesus.
Perguntei se tu ias comigo. Disse que não. Isto é o que me custa mais.
Disse que ia minha mãe levar-me e, depois, fico lá sozinha! Em fins
de Dezembro de 1919, de novo a Santíssima Virgem se dignou visitar a
Jacinta, para Ihe anunciar novas cruzes e sacrifícios. Deu-me a notícia e
dizia-me: – Disse-me que vou para Lisboa, para outro hospital; que
não te torno a ver, nem os meus pais; que, depois de sofrer muito, morro
sozinha, mas que não tenha medo; que me vai lá Ela buscar para o Céu.
Durante a sua permanência de 18 dias no hospital em Lisboa, Jacinta foi
favorecida com novas visitas de Nossa Senhora, que lhe anunciou o dia e
a hora em que haveria de morrer. Quatro dias antes de a levar para o
Céu, a Santíssima Virgem tirou-lhe todas as dôres. Nas vésperas da sua
morte, alguém lhe perguntou se queria ver a mãe, ao que ela respondeu: -
A minha família durará pouco tempo e em breve se encontrarão no Céu…
Nossa Senhora aparecerá outra vez, mas não a mim, porque com certeza
morro, como Ela me disse".17
Aparições particulares a Lúcia
10 de Dezembro de 1925 - Encontrando-se Lúcia na sua cela, na Casa das Religiosas Doroteias em Pontevedra,
apareceu-lhe a SS. Virgem e, ao lado, suspenso em uma nuvem luminosa,
um Menino. A SS. Virgem, pondo-lhe no ombro a mão e mostrando, ao mesmo
tempo, um coração que tinha na outra mão, cercado de espinhos. Ao mesmo
tempo, disse o Menino: – Tem pena do Coração de tua SS. Mãe que está
coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Lhe
cravam sem haver quem faça um acto de reparação para os tirar. Em seguida, disse a SS. Virgem: –
Olha, minha filha, o Meu Coração cercado de espinhos que os homens
ingratos a todos os momentos Me cravam, com blasfémias e ingratidões.
Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que todos aqueles que durante 5
meses, ao 1.° sábado, se confessarem, recebendo a Sagrada Comunhão,
rezarem um Terço e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15
mistérios do Rosário, com o fim de Me desagravar, Eu prometo
assistir-lhes, na hora da morte, com todas as graças necessárias para a
salvação dessas almas.
15 de Fevereiro de 1926
- Neste dia encontrava-se Lúcia no pátio que dá para a rua da mesma
Casa das Religiosas Doroteias. Apareceu-lhe, de novo, o Menino Jesus.
Perguntou se já tinha espalhado a devoção a Sua SS. Mãe. A vidente
expôs-Lhe as dificuldades apresentadas pelo seu confessor e que a Madre
Superiora estava pronta a propagá-la, mas que o confessor tinha dito que
ela, só, nada podia. Jesus respondeu: – É verdade que a tua Superiora, só nada pode; mas, com a Minha graça, pode tudo.
Lúcia apresentou a Jesus a dificuldade que tinham algumas pessoas em se
confessar ao sábado e pediu para ser válida a confissão de oito dias.
Jesus respondeu: – Sim, pode ser de muitos mais ainda, contanto que,
quando Me receberem, estejam em graça e que tenham a intenção de
desagravar o Imaculado Coração de Maria. Ela perguntou: – Meu Jesus, as que se esquecerem de formar essa intenção?. Jesus respondeu: – Podem formá-la na outra confissão seguinte, aproveitando a primeira ocasião que tiverem de se confessar.
13 de Junho de 1929
- Lúcia assim relata esta aparição: "Eu tinha pedido e obtido licença
das minhas superioras e confessor para fazer a Hora-Santa das 11 à
meia-noite, de quintas para sextas-feiras. Estando uma noite só,
ajoelhei-me entre a balaustrada, no meio da capela, a rezar, prostrada,
as Orações do Anjo. Sentindo-me cansada, ergui-me e continuei a rezá-las
com os braços em cruz. A única luz era a da lâmpada. De repente
iluminou-se toda a Capela com uma luz sobrenatural e sobre o Altar
apareceu uma Cruz de luz que chegava até ao tecto. Em uma luz mais clara
via-se, na parte superior da cruz, uma face de homem com corpo até à
cinta, sobre o peito uma pomba também de luz e, pregado na cruz, o corpo
de outro homem. Um pouco abaixo da cinta, suspenso no ar, via-se um
cálix e uma hóstia grande, sobre a qual caíam algumas gotas de sangue
que corriam pelas faces do Crucificado e duma ferida do peito.
Escorregando pela Hóstia, essas gotas caíam dentro do Cálix. Sob o braço
direito da cruz estava Nossa Senhora (era Nossa Senhora de Fátima com o
Seu Imaculado Coração na mão esquerda, sem espada nem rosas, mas com
uma Coroa de espinhos e chamas). Sob o braço esquerdo, umas letras
grandes, como se fossem de água cristalina que corresse para cima do
Altar, formavam estas palavras: «Graça e Misericórdia». Compreendi que
me era mostrado o mistério da Santíssima Trindade e recebi luzes sobre este mistério que não me é permitido revelar. Depois Nossa Senhora disse-me: –
É chegado o momento em que Deus pede para o Santo Padre fazer, em união
com todos os Bispos do Mundo, a Consagração da Rússia ao Meu Imaculado
Coração, prometendo salvá-la por este meio. São tantas as almas que a
justiça de Deus condena por pecados contra Mim cometidos que venho pedir
reparação: sacrifica-te por esta intenção e ora. Dei conta disto ao
confessor que me mandou escrever o que Nossa Senhora queria se fizesse.
Mais tarde, por meio duma comunicação íntima, Nossa Senhora disse-me,
queixando-se: – Não quiseram atender ao Meu pedido!… Como o rei de Françanota 6
, arrepender-se-ão e fá-la-ão, mas será tarde. A Rússia terá já
espalhado os seus erros pelo mundo, provocando guerras, perseguições à
igreja: O Santo Padre terá muito que sofrer.
Eventos históricos
Apresenta-se a seguir uma cronologia de alguns eventos históricos relacionados com a mensagem e as aparições de Fátima:
20 de Fevereiro de 1920 - Morre Jacinta Marto, no Hospital de Dona Estefânia. É sepultada no cemitério de Vila Nova de Ourém, no jazigo da família do Barão de Alvaiázere.
25 de Outubro de 1925 - Lúcia viaja para Espanha e é admitida como postulante de noviciado no Convento das Doroteias, em Tui. Ao receber o hábito adopta o nome de Maria (Lúcia) da Dores.20
10 de Dezembro de 1925 - Nossa Senhora pede a Lúcia, numa visão em Tui, a divulgação da prática e da comunhão reparadora nos primeiros sábados.
15 de Fevereiro de 1926 - Lúcia tem uma visão de Jesus onde Ele lhe pergunta se tem espalhado a devoção dos primeiros sábados.
26 de Junho de 1927 - O Bispo de Leiria preside, pela primeira vez, uma cerimónia oficial na Cova da Iria.
14 de Abril de 1929
- É concluído o processo canónico sobre as Aparições instaurado em Maio
de 1922. A comissão responsável entrega o relatório final ao Bispo de
Leiria.20
13 de Junho de 1929 - Nossa Senhora pede a Lúcia, noutra visão em Tui, a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração.
13 de Outubro de 1930
- O Bispo de Leiria, D. José Alves Correia da Silva, torna público
oficialmente, que as aparições de Fátima são dignas da fé pela Igreja Católica e a permissão do culto público a Nossa Senhora de Fátima.21
13 de Maio de 1931
- Primeira Consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria, feita
pelo Episcopado Português, no seguimento da Mensagem de Fátima.
12 de Setembro de 1935
- Os restos mortais de Jacinta Marto são trasladados para o cemitério
de Fátima, data em que a urna foi aberta e revelado o seu corpo incorrupto.
Dezembro de 1935 - Lúcia escreve o texto sobre a vida de Jacinta e que fica conhecido como a "Primeira Memória da Irmã Lúcia".22
21 de Novembro de 1937
- Lúcia conclui o manuscrito sobre a sua vida e as aparições e que fica
conhecido como "Segunda Memória da Irmã Lúcia". Revela pela primeira
vez as visões do Anjo.22
25 de Janeiro de 1938 - Extraordinária aurora boreal, registada por astrónomos
na noite de 25 para 26 de Janeiro. (Lúcia sempre insistiu que este
seria o sinal de Deus para o começo da guerra, conforme Nossa Senhora
havia comunicado aos pastorinhos na terceira aparição.)23
12 de Março de 1938 - Tropas nazistas marcham até Áustria para anexá-la à Alemanha do Terceiro Reich.
(Segundo o testemunho da Irmã Lúcia (carta de 8 de Novembro de 1989
para o Santo Padre), este acontecimento teria sido o verdadeiro início
da Segunda Guerra Mundial, ocorrendo durante o pontificado do Papa Pio XI (1922-1939), confirmando assim a mensagem de Nossa Senhora de 13 de Julho de 1917)
31 de Agosto de 1941
- Atendendo ao pedido feito pelo Bispo de Leiria, Lúcia redige novos
factos sobre Jacinta e revela a Primeira e a Segunda parte do Segredo,
deixando claro que existiria ainda uma Terceira parte por divulgar.
Este manuscrito é posteriormente publicado, ficando conhecido como
"Terceira Memória da Irmã Lúcia".24
8 de Dezembro de 1941 - Lúcia escreve o que ficou conhecido como a "Quarta Memória da Irmã Lúcia". A vidente escreve o texto definitivo das Orações do Anjo e acrescenta ao texto do segredo a frase «Em Portugal se conservará sempre o dogma da fé etc.».25
13 de Maio de 1942 - Grande peregrinação comemora o 25º aniversário das Aparições.
13 de Outubro de 1942
- Um grupo de mulheres portuguesas oferece uma coroa de ouro à imagem
da Capelinha em ação de graças por Portugal não ter entrado na Segunda
Guerra Mundial. Pesa 1200 gramas e é enriquecida por 313 pérolas e 2679
pedras preciosas.19
20 de Maio de 1946 - A vidente Lúcia faz em Fátima, a identificação dos lugares históricos das aparições.
25 de Março de 1948 - Lúcia retorna a Portugal para ingressar no Carmelo de Santa Teresa, em Coimbra, com o nome de Irmã Maria Lúcia do Coração Imaculado.
30 de Outubro de 1950 - Às 16:00, o Papa Pio XII presencia o Milagre do Sol
nos jardins do Vaticano e conta ainda como viu um globo opaco girando
em torno dele mesmo, movimentando-se ligeiramente para a direita e para a
esquerda, repetidamente. O fenômeno repete-se para o Pontífice ainda
nos dias 31 de outubro, 1º de novembro e 8 de novembro. O Pontífice
disse ser uma confirmação celestial à proclamação solene do dogma da Assunção de Maria de corpo e alma aos céus.
1 de Maio de 1951 - Os restos mortais de Jacinta são trasladados para a Basílica de Fátima.
13 de Março de 1952 - Os restos mortais de Francisco são trasladados para a Basílica de Fátima. É sepultado junto de sua irmã Jacinta.
7 de Julho de 1952 - O Papa Pio XII, por meio de uma Carta Apostólica, consagra os povos da Rússia ao Puríssimo Coração de Maria.
4 de Abril de 1957 - O envelope selado com a Terceira parte do Segredo é entregue ao Arquivo Secreto do Santo Ofício. Disto mesmo a Irmã Lúcia é avisada pelo Bispo de Leiria. Pio XII não o chega a abrir.24
17 de Agosto de 1959 - O Papa João XXIII toma conhecimento da Terceira parte do Segredo. Após alguma hesitação, pede para esperar e decide não torná-lo público.25
21 de Novembro de 1964 - O Papa Paulo VI,
ao encerrar a III Sessão do Concílio Vaticano II, confia o género
humano ao Imaculado Coração de Maria e proclama Nossa Senhora Matter Ecclesiae. Concede a Rosa de Ouro ao Santuário de Fátima que é entregue a 13 de Maio do ano seguinte pelo Cardeal Fernando Cento, legado Pontifício.
27 de Março de 1965
- Paulo VI toma conhecimento da Terceira parte do Segredo e decide não
publicá-lo, remetendo de novo o envelope para os Arquivos do Vaticano.25
13 de Maio de 1967
- O Papa Paulo VI desloca-se a Fátima, no cinquentenário da 1ª Aparição
de Nossa Senhora, para pedir a paz no mundo e a unidade da Igreja.
13 de Maio de 1977 - A Peregrinação do 60º aniversário da 1ª Aparição é presidida pelo Cardeal Humberto Medeiros, Arcebispo de Boston, legado Pontifício.
12 de Maio de 1982 - A Irmã Lúcia, numa carta dirigida ao Santo Padre, faz uma orientação para a interpretação da Terceira parte do Segredo.24
13 de Maio de 1982 - O Papa João Paulo II visita pela primeira vez o Santuário de Nossa Senhora de Fátima
para agradecer à Virgem ter escapado com vida do atentado que havia
sofrido um ano antes. De joelhos, consagra a Igreja, os Homens e os
Povos, com menção velada da Rússia, ao Imaculado Coração de Maria.
25 de Março de 1984 - O Papa João Paulo II, em união com os Bispos do mundo inteiro, faz na Praça de S. Pedro, no Vaticano, a Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria,
diante da imagem da Virgem de Fátima, que propositadamente viajou desde
a Capelinha das Aparições. Mais tarde, a Irmã Lúcia confirma, numa
carta de 8 de Novembro de 1989 para o Santo Padre, que este acto solene e universal de consagração, corresponderia ao que Nossa Senhora queria.24 João Paulo II entrega ao então Bispo de Leiria-Fátima, D. Alberto Cosme do Amaral,
a bala que o tinha atingido no atentado de que tinha sido vítima a 13
de Maio de 1981. Esta bala foi posteriormente colocada na coroa da
Virgem, onde permanece até hoje.19
13 de Maio de 1989 - O Papa João Paulo II publica o decreto que proclama a heroicidade das virtudes dos videntes Francisco e Jacinta Marto.
9 de Novembro de 1989 - Cai o Muro de Berlim, acto inicial da reunificação das duas Alemanhas, (RFA e RDA), acabando também com a Cortina de Ferro. Muitos apontam este momento também como o fim da Guerra Fria.
Um pedaço do Muro foi oferecido mais tarde ao Santuário de Fátima pelo
emigrante português na Alemanha Virgílio Casimiro Ferreira.18
13 de Maio de 1991 - O Papa João Paulo II visita Fátima pela segunda vez, no 10º aniversário do seu atentado na Praça de S. Pedro. Novamente, faz a consagração do mundo ao Imaculado Coração de Maria.
25 de Dezembro de 1991 - Gorbachev anuncia o fim da URSS, renunciando ao cargo de Presidente Executivo da União Soviética. Mais tarde muitas igrejas foram devolvidas aos ortodoxos, incluindo o Mosteiro de São Daniel, onde está hoje a sede do patriarcado da Igreja Ortodoxa russa. Actualmente, a Federação da Rússia permite a multiconfessão religiosa.
Outubro de 1992 - A estátua peregrina de Nossa Senhora de Fátima visita a Rússia e é exposta na Praça Vermelha em Moscovo.27
13 de Agosto de 1994
- É inaugurado o monumento que integra o pedaço do Muro de Berlim. Pesa
2.600 quilos, mede 3,60 m de altura e 1,20 m de largura. O arranjo do
monumento é do arquitecto J. Carlos Loureiro.18
13 de Maio de 2000 - O Papa João Paulo II visita Fátima pela última vez para a beatificação dos pastorinhos Francisco e Jacinta Marto. Aí se encontra pela última vez com a Irmã Lúcia. O Cardeal Ângelo Sodano, no final da solene Concelebração Eucarística presidida por João Paulo II, anuncia o Terceiro Segredo de Fátima.
26 de Junho de 2000 - O Vaticano publica o texto integral do Terceiro Segredo, acompanhado por um comentário teológico da autoria do então Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.24
8 de Outubro de 2000
- A imagem de Nossa Senhora de Fátima viaja novamente ao Vaticano e na
Praça de S. Pedro, na presença de 1500 bispos de todo o mundo e de
milhares de fiéis e peregrinos, João Paulo II consagra diante desta e em
união com todo o episcopado do mundo, o novo milénio à Virgem Santíssima.19
19 de Fevereiro de 2006
- Os restos mortais de Lúcia são trasladados para a Basílica de Fátima
onde é sepultada junto dos seus primos, Francisco e Jacinta.
12 e 13 de Maio de 2010 - O Papa Bento XVI, visita o Santuário de Fátima no 10º aniversário da beatificação dos pastorinhos Jacinta e Francisco. Concede a 2ª Rosa de Ouro ao Santuário, colocando-a aos pés da imagem da Virgem na Capelinha das Aparições.3132
13 de Maio de 2011 - Milhares de pessoas presentes no santuário de Fátima observam um halo solar,
no momento em que era exibido um filme que relatava momentos da vida de
João Paulo II e da sua ligação a Fátima. Muitos peregrinos dizem ver um
"milagre" enquanto outros dirigem os telemóveis para o Sol para
registar o momento em fotografia.34
12 e 13 de Outubro de 2013
- A imagem de Nossa Senhora de Fátima volta novamente ao Vaticano,
atendendo ao desejo do Papa Francisco. No dia 12 é acolhida na Praça de
S. Pedro pelo Santo Padre e no dia 13, o Papa faz diante da imagem a
Consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria